A produção industrial madeireira já atingiu 200 milhões de metros cúbicos por ano, com uma parcela de 50% de florestas plantadas, responsável por 8,5% das exportações efetuadas pelo país no ano de 1995, ou 3,87% bilhões de dólares americanos.
Apesar da cifra citada acima, os países importadores impõe exigências cada vez maiores quanto à qualidade dos produtos de origem florestal, em especial para a madeira sólida, onde a maior parte dos produtos químicos normalmente utilizados para a prevenção eficaz e econômica de ataque de fungos e insetos não são permitidos. Dessa forma, a madeira tratada com os produtos alternativos tiveram redução em qualidade, em decorrência da menor eficiência dos produtos preservantes permitidos ou, quando eficientes a ponto de dar a proteção desejada, majoração no custo de produção, muitas vezes tornando o produto final não competitivo com os de outros países.
Dentre os agentes biológicos que mais afetam a qualidade da madeira sólida produzida para exportação, principalmente a de Pinus spp., encontram-se os fungos manchadores e emboloradores.
Embora uma boa alternativa para prevenir o ataque da madeira por fungos, seja a secagem forçada a baixa ou alta temperatura, este método exige investimentos fora do alcance de um grande número de empresas e, mesmo que o utilizem, o tratamento preventivo ainda se faz necessário, pois durante o transporte a madeira fica armazenada em ambiente úmido por tempo prolongado, favorecendo a sua umidificação e o ataque por fungos.
Torna-se indispensável o tratamento da madeira para prevenir o ataque de agente xilófagos, em especial fungos, com produtos eficazes e não tóxicos, mas que sejam econômicos para que este produto industrial seja competitivo.
Atualmente as possibilidades de tratamento da madeira existentes, dizem respeito apenas ao tratamento químico com princípios ativos de baixa toxicidade ao homem e a animais domésticos, de pouca agressividade ao ambiente, entre outras especificações efetuadas pelos importadores, que elevam em demasia o custo do produto em questão. Contudo, os resultados almejados não são alcançados em sua plenitude, pois torna-se quase impossível atingir todos estes objetivos, dentro de uma relação custo-benefício favorável.
Naturalmente, existe maior interesse no desenvolvimento de pesquisas visando o emprego dos preservantes ora permitidos. Exemplo disso são pesquisas recentes com excelentes resultados em função de interações que ocorrem entre os princípios ativos óxido de bis(tributil-estanho) (TBTO) e 3-iodo- propinil butil carbamato (IPBC), embora produtos contendo combinações favorecidas por este tipo de interação ainda não estejam disponíveis no mercado. Este fato se dá em decorrência da necessidade de aprovação prévia pela Agência de Vigilância Sanitária- Ministério da Saúde, e da morosidade no trâmite de processos para tal finalidade.
Devido a alta resistência que os fungos emboloradores possuem à maior parte dos princípios ativos empregados para a proteção da madeira no estado verde (tratamento temporário), observa-se, sem exceção, que todos os trabalhos realizados em busca de eficiência e de melhor relação custo-benefício são voltados ao emprego de produtos químicos. Desta forma outras possibilidades de proteção da madeira são totalmente negligenciadas, mesmo quando uma possível combinação com o tratamento químico possa surtir efeitos positivos apreciáveis.
Considerando-se o conjunto da situação atual, torna-se imperioso o descobrimento de novos produtos para dar proteção adequada à madeira recém serrada, e/ou da combinação destes ou dos permitidos para esta finalidade, com outros efeitos que venham a aumentar sua eficiência e a conseqüente redução na relação custo-benefício, de forma a tornar a madeira sólida produzida no Brasil mais competitiva frente a produzida em outros países.
A UFPR através do Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal desenvolve um trabalho de pesquisa que objetiva atender as necessidades atuais na área de tratamento de madeiras recém serradas, suscetíveis ao ataque por fungos emboloradores e manchadores, bem como reduzir ou eliminar a conseqüente desvalorização comercial.
A pesquisa busca identificar princípios ativos que atendam as exigências dos países importadores, bem como a utilização de extrativos de origem vegetal que promovam a instalação e desenvolvimento de fungos emboloradores não prejudiciais na superfície da madeira, que controlem biologicamente aqueles que se instalam e que são prejudiciais.
O estudo visa a proteção da madeira no estado verde com meios que poderão ser empregados diretamente pelo industrial madeireiro, independendo da aquisição de produtos preservantes comerciais, ou pelo menos de grandes quantidades destes. Com isto, se reduzirá o custo do produto industrializado, tornando-o mais competitivo junto aos países importadores. Para tanto, os produtos a serem empregados serão aqueles com características específicas para a prevenção do ataque de fungos pretendida, disponíveis no mercado, plantados ou passíveis de serem plantados nas proximidades das indústrias madeireiras.
Prof. Dr. Joâo Carlos Moreschi
Prof. Dr. Márcio Pereira da Rocha
Acadêmica Cilene Cristina Borges
Acadêmico Ronaldo Cesar Carvalho
Maio/2003 |