A resinagem é uma atividade de grande significado no contexto econômico-social do Brasil. De importadores até a década de 80, passamos a grandes exportadores a partir de 1989.
A importância econômica da resinagem de Pinus pode ser avaliada pelo volume de produção, pela facilidade de industrialização da resina bruta e ainda pelo valor e pela diversidade de aplicações dos produtos obtidos a partir da industrialização.
No Brasil, a exploração de mais de 45 milhões de árvores, implica no emprego direto de mais de 10 mil pessoas. Juntamente com outras atividades florestais relativas à exploração de madeira, a resina contribui para dar à floresta um cunho altamente social.
É uma ótima forma de se ampliar as rendas de povoamentos de Pinus spp., que até bem pouco tempo eram restritas à produção de madeira
Se bem realizada, a exploração da resina pode tornar-se mais do que uma fonte de renda complementar à exploração da própria madeira. Por exemplo: uma árvore com 10 nos de idade, produz de 2 a 3 kg de resina por ano; e as empresas resineiras normalmente pagam ao proprietário da floresta, ao redor de 30% da resina produzida como “aluguel” das árvores. Como estas árvores podem produzir resina por 15 anos ou mais, o proprietário da floresta recebe, de acordo com o valor da resina, um montante entre U$2,50 e U$5,00 por árvore resinada, e, ao final desse período, ainda teria a madeira. Essa árvore caso fosse abatida, seria vendida por U$2,00.
Entre os fatores que interferem na produção de resina pode-se destacar, por exemplo, a espécie.
Na região sul do Brasil, a espécie mais plantada é coincidentemente a que mais produz. É o Pinus elliottii var.elliottii. Recentemente começou-se a explorar resinas dos “Pinus tropicais” destacando-se o Pinus caribaea var. bahamensis e o Pinus caribaea var. hondurensis.
A carga genética de cada árvore é responsável pela produtividade individual de resina. Nos trabalhos de melhoramento e de pesquisa, em que se acompanhou a produção individual de resina foram encontradas produções para Pinus elliottii da ordem de 7, 10 e 14 kg, em uma safra de 9 meses de exploração. Devido a essa grande variabilidade é que os programas de seleção de árvores altamente produtoras de resina devem ser incrementados.
Idade da Planta
A planta desde cedo possui resina o que não quer dizer que a sua exploração seja economicamente viável. A idade não pode ser considerada isoladamente, mas sim com os outros fatores que interferem na produção. Nas condições brasileiras, após os dez anos de idade é possível extrair-se resina comercialmente, em Pinus elliottii.
Sanidade das Árvores
Árvores sãs geralmente garantem uma produção estável por um período de tempo maior.
A presença de pragas e doenças promove uma queda no rendimento, sendo por isso necessário, manter as árvores livres de qualquer mal que possa interferir em sua produção.
Dimensões da Planta
A bibliografia sobre técnicas de extração de resina é unânime em afirmar a influência da dimensão da árvore na produção de resina.
Quanto maior o diâmetro do fuste, maior será a produção de resina. A porcentagem de copa, isto é, a relação entre a altura total da árvore e altura do fuste (sem galhos) expressa em porcentagem, também influencia positivamente na produção de resina.
Fatores Climáticos
Nesse aspecto deve-se ressaltar a temperatura, a precipitação e a umidade relativa do ar. Foi observado que quando ocorre precipitação, a exsudação diária de resina diminui.
As temperaturas baixas tornam a resina menos líquida, favorecendo a formação de “raspa”, chegando a impedir o escoamento da resina pelos canais resiníferos. Entende-se por “raspa” a resina que se solidifica no tronco da árvore. A influência da temperatura refere-se exclusivamente à extração de resina de Pinus elliottii var.elliottii, pois para Pinus tropicais, existem alguns trabalhos publicados que demonstraram resultados interessantes.
Solo e Espaçamento
A fertilidade do solo provoca a elevação da taxa de crescimento das plantas; assim, a floresta alcança mais rapidamente um maior diâmetro médio que, por possibilitar uma abertura de painéis mais largos, reflete diretamente na produção de resina, acelerando o início da produção econômica destas árvores.
Sabe-se que quanto maior o número de indivíduos em relação à uma determinada área, menor será o seu crescimento em diâmetro e em tamanho de copa das árvores. O tamanho da copa e o diâmetro da árvore influenciam diretamente na produção de resina, na proporção de 16%.
Sistema Operacional
È inegável que a produção de resina vai ser influencia pela qualidade dos serviços praticados, desde a escolha da árvore. O principal problema detectado é o vazamento, quer seja pelos lados, devido ao mau direcionamento das estrias ou por vazamento, pela má colocação do saco plástico na árvore. Ainda em relação ao sistema operacional deve ser lembrado que a aplicação do estimulante químico é fundamental para uma boa produção. Árvores sem estimulantes químicos produzem até 2 vezes menos. O estimulante mais comum é produzido a base de ácido sulfúrico.
Um modelo de manejo florestal visando a exploração de resina combinada com a produção de madeira, de forma que não haja prejuízo ao incremento médio anual do povoamento florestal é o sistema ideal. É um manejo envolvendo resinagem e desbastes periódicos, apropriado para Pinus elliottii.
Modelo I de Manejo Florestal
Existem outros modelos que podem ser seguidos. Algumas empresas estão implantando povoamentos florestais visando somente a exploração de resina. Neste caso, o espaçamento adotado é 4mx4m e a resinagem se inicia aos oito nos de idade em todas as árvores do povoamento.
As 625 árvores por hectare serão resinadas durante 15 anos, no fim dos quais serão abatidas e a sua madeira poderá ser aproveitada.
Qualquer que seja o modelo adotado é importante que as florestas formadas tenham sido originadas de sementes melhoradas para a produção de resina.
Efeitos da Resinagem
A resinagem, quando praticada sob moldes preconizados, não acarreta qualquer efeito ao lenho da árvore; portanto, a madeira não é prejudicada desde que seja aproveitada em seguida.
A pesquisa e experimentação tem demonstrado que as árvores que sofrem resinagem, mesmo por períodos longos, não apresentam qualquer defeito no lenho que venha a depreciar a madeira. Quando a árvore é deixada na floresta por muito tempo pode ocorrer o apodrecimento do lenho no local da resinagem.
Na grande prática observa-se que os serradores de árvores resinadas colocam restrições, afirmando que a madeira dessas árvores fica mais “dura”. Visualmente percebe-se que a madeira de uma árvore resinada de espécie Pinus elliottii fica mais avermelhada, dando-lhe um aspecto mais bonito.
A resina bruta é uma substância inflamável, de cor branco-amarelada, de boa fluidez (exceto algumas espécies), pelo alto conteúdo de terebentina, insolúvel em água e solúvel em álcool etílico.
A resina ou goma resina ao sair de floresta é acondicionada em tambores de 200 litros, envolvida em sacos plásticos, evitando assim o seu contato com as paredes do tambor. Em razão do método de coleta, a resina contém impurezas tais como acículas, casca, água, dentre outras, portanto requer uma filtração prévia para dar início ao processo industrial. A resina sob destilação se decompõe em dois subprodutos: breu ou colofônia que é sólido e uma parte volátil chamada terebentina ou aguarrás.
Destilação da Resina
O breu é usado na indústria de tintas e vernizes, cola para papel, na produção de plásticos, lubrificantes, adesivos, borracha sintética e chicletes.
Uso do Breu na Industrialização
A terebentina, que é um líquido oleoso, transparente, tem aplicação como solvente de certas tintas especiais, como matéria-prima de indústrias orgânicas e farmacêuticas. O principal componente da terebentina é o pineno, utilizado como matéria-prima para produção de cânfora sintética, borneol, isoborneol e óleo de pinho. Desses produtos obtêm-se as resinas terpênicas. A terebentina é transformada em óleo de pinho, resinas terpênicas, inseticidas, aromatizantes, fragrâncias, perfumes e solventes.
Material extraído do:
“RESINAGEM: Manual Técnico”
Marco A. de O. Garrido, Rogério dal Poz, José A. de Freitas, Finê T. Rocha, Leda M. do A. G. Garrido.
Instituto Florestal, CINP. Secretaria do Meio Ambiente, 1998.
Maio/2003 |