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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°68 - DEZEMBRO DE 2002

Geoprocessamento

Geoprocessamento

Tradicionalmente, o conhecimento da cobertura florestal terrestre tem sido baseado na investigação parcial das áreas, através de amostras. Em função da necessidade crescente de planejamento contínuo e administração dinâmica de empresas e reservas florestais, estes métodos tradicionais podem ter ficado inadequados ou insuficientes. A importância de uma fonte de informação de custo não elevado e que cubra regiões inteiras em lugar de somente áreas amostrais tem sido cada vez maior.

O geoprocessamento provê uma solução perfeita e disponibiliza ferramentas para o monitoramento preciso e atualizável do uso da terra ou padrões de cobertura da terra, facilitando também a elaboração de mapas temáticos e a derivação de informações estatísticas.

O uso de técnicas vinculadas ao geoprocessamento tem se intensificado nas últimas décadas, sendo o resultado do desenvolvimento de tecnologias vinculadas ao sensoriamento remoto como captação da informação (diferentes sensores, tipos de imageamento), formas de processamento (do manual para o digital) e técnicas de processamento (envolvendo contraste e filtros), além de novos equipamentos (maior capacidade de processamento) e softwares (processamento de imagens integrado a banco de dados e outras informações geográficas especializáveis) e ainda ferramentas auxiliares como o GPS e tecnologias associadas, como o Sistemas de Informações Geográficas (SIG’s).

A natureza digital dos dados satelitários torna, assim, possível a associação de imagens com outros dados temáticos em SIG’s. Deste modo, podem ser combinados dados especializados do uso da terra com outras informações, espécies, regimes silviculturais, etc., para análises espaciais integradas, ao mesmo tempo em que se permite ao gerente florestal efetuar consultas sobre a localização espacial de determinada unidade de manejo.

O geoprocessamento , desde a década de 70 começou a apresentar maior contribuição aos estudos florestais, focando,principalmente na quantificação e classificação de tipologias florestais.

No Brasil, investigações envolvendo a análise de parâmetros de populações florestais e a resposta espectral de espécies de pinus nas imagens satelitárias ( principalmente a série Landsat) foram inicialmente desenvolvidas por Shimabukuro et al., 1989. Souza (1997) avaliou imagens sintéticas para detectar alterações em volume devidas a interferências como desbastes em pinus. Oliveira (1999) também correlacionou respostaespectral com volume no campo e buscou avaliar o potencial do Landsat TM para a diferenciação de espécies Pinus taeda e Pinus elliotti.

Resumindo o resultado destes trabalhos, dir-se-ia que, em circunstâncias muito especiais, como povoamentos bem maduros e áreas não muito grandes, é possível detectar diferenças em coloração entre as espécies de Pinus elliotti e Pinus taeda, mas quando muitos regimes de manejo, idades e diferentes espécies estão presentes numa mesma cena e esta possui maiores dimensões, a discriminação torna-se dificultada. Pode-se dizer, também, que a banda localizada na região infra-vermelho médio (banda 5) do Landsat responde melhor para a detecção de diferenças em volume (ou biomassa) nos povoamentos.

A presença constante de nuvens em algumas regiões pode prejudicar a aquisição de imagens de sensores ópticos como o Landsat. Nesse sentido, sensores radares orbitais, que operam na faixa de microondas do espectro eletromagnético, representam uma alternativa viável para o imageamento da superfície terrestre sob condições climáticas adversas, inclusive durante a noite. Rosot (2001) avaliou o uso de produtos híbridos, resultantes da fusão de imagens dos sensores Landsat 5 (ópticas) e JERS-1 (radar), para a elaboração de mapas de vegetação em áreas de reflorestamentos. Foram testadas diversas combinações, sendo que algumas delas permitiram discriminar talhões de Pinus elliotti e Pinus taeda após o segundo desbaste.

O potencial do sensoriamento remoto em fornecer dados que suportem programas de Manejo de Pragas e Doenças tem sido avaliados por diversos grupos de pesquisa, principalmente nos Estados Unidos e Canadá (Ciesla, 2000). Justifica-se tal busca em função de que danos causados por insetos, doenças e outros agentes freqüentemente são muito visíveis de longas distâncias. Entretanto, vários fatores devem ser analisados: a) se o tipo de dano é realmente visível do ar; B) época do ano em que se efetua a avaliação, em função de picos de danos sazonais; c) estratégia de manejo, que normalmente envolve a necessidade de detecção precoce do dano.

No Brasil, alguns trabalhos têm usado técnicas de sensoriamento remoto visando subsidiar o manejo de pragas e doenças (Ponzoni, 1993). Uma das pragas que tem despertado maior atenção tem sido o Sirex noctilio, que auxiliou a chamar a atenção dos grupos de pesquisa para um problema que até então não era economicamente expressivo no país, ou seja, o ataque de insetos a plantios comerciais de espécies introduzidas, no caso o gênero Pinus. A detecção do problema foi reportada no final dos anos 80 (Iede et al, 1988). Desde então, várias tentativas têm sido feitas usando imagens de baixa resolução, como o Landsat TM 5 (Lingnau 1995, 1996; Ponzoni, 1996; Disperati et al, 1998), todas relatando insucesso ou sucesso muito relativo e pontual (Kirchner et al 2000). O uso de fotografias aéreas 35 mm inclinadas também foi testado (Disperati et al 1998) reportando a possibilidade de detecção do dano em duas classes de intensidade (alto e médio). Entretanto, trata-se de técnica relativamente cara, já que os filmes têm custo elevado e necessita-se de câmaras e filmes específicos. Outras ferramentas potenciais são: videografia multispectral, câmaras digitais de diferentes formatos e fotos oblíquas, infravermelho ou colorido normal, imagens satelitárias de alta resolução e levantamentos aéreos expeditos (LAE, ou aerial sketch-mapping, como é conhecida em seu país de origem).

Esta última técnica tem sido usada nos últimos 50 anos, nos Estados Unidos e Canadá para mapear árvores mortas ou danos foliares provocados por insetos ou doenças (Ciesla, 1998, 2000). No Brasil, a mortalidade de árvores foi acessada por LAE em um experimento conduzido em uma fazenda florestal atacada pela praga (Ciesla et al, 1999). Três classes de dano foram definidas e a curacidade entre dados de campo e classificação aérea obtida foi de 62,7% (a unidade de medida foram talhões de pinus), com aproximadamente uma hora de vôo sobre aproximadamente 3.986 há. A mortalidade de árvores era claramente visível e a maior fonte de erro foi a classificação de dano moderado como sendo dano leve.

A Embrapa Florestas estabeleceu parceria com o USDA Forest Service (Serviço Florestal Americano) e realizou u curso no mês de abril deste ano em que a técnica foi repassada a nove participantes. O Objetivo foi treinar os participantes do curso para reconhecer, num vôo, aquilo que é visto nos mapas dos satélites. Os resultados foram muito promissores, não só para o treinamento da “assinatura” – aspecto do ataque visto de cima – da vespa-da-madeira, como outros problemas que hoje estão sendo preocupações dos gerentes florestais que manejam povoamentos de pinus. Exemplos seriam os danos causados pelo macaco-prego (Cebus apella) que descasca a parte superior da árvore e danos decorrentes da presença do fungo Armilaria sp.

Em outro esforço adicional para contribuir com o mapeamento da ocorrência da vespa-da-madeira no Estado do Paraná, a Embrapa Florestas, reconhecendo não ser possível detecta-la via sensores tradicionais de média resolução, optou, em conjunto com o Serviço Florestal Americano, por elaborar o mapeamento de risco de ataque da praga. Desta forma, usando imagens Landsat 7 ETM de todo o Estado, primeiramente está mapeando a presença de talhões de pinus nas diferentes regiões do Estado, obtendo-se desta forma a localização espacializada dos plantios de pinus no Paraná. Espera-se que o produto possa servir de base para um programa de monitoramento da praga, a longo prazo, já que sua presença em determinada região servirá de alerta para as propriedades vizinhas, que, sendo proprietárias de talhões de pinus, estarão mapeadas.

Maio/2003