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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°68 - DEZEMBRO DE 2002

Mercado

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A maturação dos reflorestamentos de pinus implantados principalmente nas décadas de 70 e 80 permitiu uma rápida e impactante ampliação da oferta de toras de pinus no Brasil.

Isso alavancou a produção de celulose e papel, bem como o desenvolvimento das indústrias de produtos de madeira sólida, na maioria localizada na região sul do país.

Em 1990, o consumo de toras de Pinus no Brasil alcançava apenas 19 milhões de m3 , saltando para 42 milhões de m3 em 2001. Isso representou uma taxa média de crescimento da ordem de 7% aa.

Atualmente, a indústria de serrados é o principal segmento consumidor de toras de pinus no país, representando 48% (20 milhões de m3/ano) da demanda atual. O segmento de papel e celulose também é importante consumidor de toras de pinus, sendo responsável por uma demanda anual de 12 milhões de m3. A indústria de painéis de madeira (compensado, aglomerado, chapa dura, MDF e OSB ) consomem cerca de 8 milhões de m3/ano.

O forte desenvolvimento da indústria de produtos de madeira superou as expectativas de crescimento durante a década de 90, provocando já a partir de 2000 um déficit na demanda de toras de pinus.

Atualmente a demanda é superior a capacidade de produção sustentada, representada pelos reflorestamentos de pinus existentes no país. Para 2002, é projetado um déficit da ordem de 9 milhões de m3. Na região sul, onde está concentrada a maior demanda, o déficit é ainda maior (10,5 milhões de m3).

A tendência é que o déficit no suprimento de toras de pinus aumenta rapidamente nos próximos anos, uma vez que a expansão da área de reflorestamento não está acompanhada a demanda. Para 2020, é esperando um déficit na demanda de pouco mais de 27 milhões de m3.

As limitações na oferta têm impactado fortemente nos preços. Análises conduzidas pela STCP mostram que entre 1990 e 2002, considerando valores correntes em US$, o preço da tora de pinus cresceu em média 3% aa. O aumento dos preços foi muito acentuado se analisando até 1998, quando ocorreu uma forte desvalorização do real, o que provocou uma abrupta redução de preços cotados em US$. A partir de 1999, fica evidenciada a “dolarização” do preço da tora de pinus praticado no mercado doméstico, pois desde então os preços das toras de pinus em US$ praticamente tem se mantido constante. Na realidade, além da progressiva desvalorização do real, o impacto da acentuada demanda ainda não é maior porque, o déficit existente tem sido coberto momentaneamente pelos grandes estoques existentes.

Mesmo com a forte elevação do preço da tora de pinus no mercado doméstico, o Brasil apresenta preços bastante inferiores àqueles verificados internacionalmente. O reduzindo preço praticado internamente corrobora, mesmo que parcialmente, com a competitividade do Brasil em nível internacional no setor floresto-indústria.

Acredita-se que, em curto prazo, o nível de preço da tora de pinus no mercado doméstico alcançará aqueles praticados pelos principais competidores do Brasil, particularmente Chile e Nova Zelândia. Trata-se de uma tendência que dificilmente será revertida, pois a única alternativa seria o aumento da oferta, o que não devera ocorrer, tendo em vista os reduzidos investimentos na implantação de novas áreas florestais. Mesmo que tais investimentos sejam efetivados, o período de maturação das florestas é muito longo, particularmente para atender a indústria de produtos de madeira sólida, dificultando a reversão desta crítica de situação.

É importante que se tenha claro que o impacto na redução da oferta de madeira de pinus não é simplesmente no preço. Na realidade, vai muito além. A falta de madeira compromete o desenvolvimento e a ampliação da industria de base florestal brasileira. Não é possível sustentar o crescimento da indústria florestal do país no ritmo que vem ocorrendo, considerando a base florestal existente.

Diferentes entidades, representam os interesses do setor privado, estão discutindo com o Governo Federal, o estabelecimento de uma estratégia nacional, dentro contexto do PNF (Programa Nacional de Florestas), para garantir a sustentabilidade da indústria florestal brasileira através da expansão da base florestal.

Países que integram o MERCOSUL, como Argentina, Paraguai e Uruguai, dispõe de mecanismos de incentivos para a implantação de florestas. Isso coloca o Brasil em situação de desvantagem, uma vez que os mercados se apresentam mais a globalizados, expondo as economias a uma acirrada competição. A alternativa é o Brasil seguiu o exemplo dos países vizinhos e implementar mecanismos similares.

Os anúncios recentes feitos pelo PNF como pelo Ministério da Agricultura, quanto a disponibilização de créditos para ampliação dos reflorestamentos no país certamente terão um impacto positivo, porém não suficiente para alterar significativamente o cenário atual. Sem dúvida o Brasil, em curto e médio prazo passará a ser um importador de madeira, onde os principais fornecedores serão a Argentina e o Uruguai.

Ivan Tomaselli

Diretor da STCP Engenharia de Projetos Ltda e Professor da UFPR

Marco Tuoto

Gerente de Projetos da STCP Engenharia de Projetos Ltda

Maio/2003