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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°68 - DEZEMBRO DE 2002

Melhoramento

Melhoramento

Esse levantamento considerou apenas a produção de sementes das empresas RIGESA, Klabin/SC, MOBASA e Valor Florestal (ex-PISA Florestal).

Apesar da quantidade de sementes produzida em PCS’s ser suficiente parra produzir 75 milhões de mudas/ano, existe atualmente uma procura maior do que a oferta de sementes de PCS’s integrantes de programas de melhoramento bem estruturados, que produzem sementes de qualidade genética comprovada.

A qualidade genética da semente deve ser a principal preocupação de quem vai plantar Pinus taeda para produção da madeira. Afinal, o reflorestador vai esperar pelo menos quinze a vinte anos para colheita final do produto, que é o corte da árvore para aproveitamento do fuste ou tronco. O período de plantio até a colheita talvez seja a principal diferença entre a silvicultura e a agricultura. A maioria das culturas agrícolas tem ciclo anual, isto é, os agricultores plantam e colhem a cultura uma vez por ano. Isso significa que se o produtor fizer uma escolha errada da semente, o prejuízo será restrito apenas naquele ano e a situação poderá ser corrigida no ano seguinte.

Assim, no caso do reflorestamento visando a produção a madeira, é importante que o produtor invista numa semente com alta qualidade genética e que possa gerar uma plantação onde, além de crescerem rápido e produzir madeira de qualidade, as árvores devem ser resistentes à pragas, doenças ou clima adverso.

Os melhoristas florestais têm a responsabilidade de produzir sementes geneticamente melhoradas, ou mudas clonadas, com as qualidades já mencionadas. Para isso, eles estabelecem “estratégicas de melhoramento genético” que, resumidamente, podem ser entendidas como “detalhamento de cada um dos componentes de um programa de melhoramento”.

Principais componentes de um programa de melhoramento de Pinus taeda.

De um modo geral, todos os programas de melhoramento genético partem de uma População Base. Esta População Base é uma plantação originada de sementes de procedências selecionadas em testes de campo estabelecidos na região onde será realizado o plantio em escala comercial. Assim, é de suma importância estabelecer os testes de procedências em locais representativos (clima e solo) das futuras áreas de plantio, Uma região homogênea, onde são selecionadas as mesmas procedências, é chama de Zona de Melhoramento. Na prática, é preciso desenvolver um sub-programa de melhoramento para cada Zona de Melhoramento. Dessa forma, os comentários a seguir valem para cada Zona de Melhoramento.

A População Base deve apresentar uma ampla base genética que significa uma plantação com mais de 100.000 árvores (no mínimo 60 ha). Essa plantação deve ser originada de sementes colhidas de pelo menos 25 a 50 árvores não relacionadas geneticamente (parentes).

A segunda etapa é selecionar as melhores 100 árvores da População Base. Assim, se a População Base for compota por 100.000 árvores, a seleção terá uma intensidade de 1:1.000 ou 0,1%. Existem basicamente dois método de seleção de árvores mais usados em programas de melhoramento de Pinus taeda.

Seleção fenotípica, que é baseada na aparência da árvores (volume, forma de fuste, conicidade, diâmetro do galho, ângulo de inserção do galho, etc...);

Seleção baseada nos valores genéticos. Esse métodos de seleção é mais sofisticado pois é baseado em resultados de teste de progênies. Para obter esses resultados, é preciso estabelecer im experimento no campo, com sementes colhidas das árvores selecionadas e esperar qie as progênies (ou filhas) cresçam para avaliar o volume, forma de fuste, etc... Isso demanda tempo, que no caso do Pinus taeda, significa pelo menos 8 a 10 anos.

As árvores selecionadas poderão ser usadas para duas finalidades:

Produção de Sementes: parte das 100 árvores selecionadas, no caso do nosso exemplo, poderão ser propagadas por enxertia para instalação de um PCS – Pomar Clonal de Sementes de 1º Geração. O PCS é, então uma plantação planejada, estabelecida com clones selecionados, isolada contra pólen externos e manejada intensamente para produção de sementes em grande quantidade. As sementes produzidas nesse PCS podem ser usadas para estabelecimento de plantações na região.

As 100 árvores selecionadas constituirão a População de Melhoramento que serão cruzadas entre si, para gerar uma nova População Base, nesse caso, de 2º Geração. Existem duas formas de cruzamento:

b.1) polinização natural pelo vento;

b.2) polinização controlada, realizada manualmente pelo melhorista ou técnico treinado.

A polinização pelo vento é realizada naturalmente no próprio PCS e, portanto, não custa nada. No entanto, estudos recentes, têm mostrado que nem todas as árvores do PCS participam da polinização. Assim, as sementes colhidas nesses PCS’s podem ser usadas para produção de mudas para plantios comerciais, mas não devem ser usadas para melhoramento genético visando gerações avançadas.

Para gerar a População Base de Segunda Geração e dar continuidade ao programa de melhoramento, é preciso, então realizar os cruzamentos controlados entre árvores que compõem a População de Melhoramento. Existem vários métodos, mas serão destacados apenas alguns mais usados:

Cruzamento com pólen mix: usa-se uma mistura de pólen de um número (uns 10, por exemplo) de árvores selecionadas pelo valor genético para cruzar com todas as árvores da População Selecionada.

Cruzamento em meio dialélico: onde cada árvore cruza com todas as outras, mas apenas como pai ou mãe.

Cruzamento em pares simples: Cruzamento de pares de árvores selecionadas com base nos valores genéticos.

Assim, um novo ciclo de expansão (recombinação para geração da População Base) e concentração (seleção para formar a População de Melhoramento) será iniciado. É importante salientar, no entanto, que os ganhos vão se reduzindo a medida que as gerações avançam. Isso é natural pois a variabilidade genética é reduzida em cada seleção.

No entanto, a adoção de estratégicas adequadas poderão estender as possibilidade de ganhos contínuos e a longo prazo. Estratégias adequadas significam considerar a manutenção da variabilidade genética mais ampla possível no ciclo de melhoramento capturar o máximo de ganho genético, com o conseqüente estreitamento da base genética, nos Pomares Clonais de Sementes.

A melhor estratégia vai depender, portanto, da qualidade do germoplasma disponível, da qualidade técnica da equipe responsável e da disponibilidade de recursos financeiros e tempo.



A geada afeta a produtividade do Pinus taeda?

A ocorrência de geadas afeta sim a produtividade do Pinus taeda. A espécie nativa no sudeste dos Estados Unidos, encontrou um ambiente adequado para crescimento em áreas subtropicais dos planaltos da região sul do Brasil. A espécie foi, também introduzida no Estado de São Paulo, mas sua produtividade é superada por outras espécies mais tropicais do gênero Pinus. Assim, pode-se considerar que, no Brasil, a espécie é mais produtiva em regiões mais frias, onde a geada é freqüente nos invernos. Isso pode significar que, caso as previsões de aquecimento global em função do efeito estufa sejam confirmadas, parte das áreas atuais de plantios com Pinus taeda no Paraná e nas regiões menor altitude de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, deverão ser substituídas por outras espécies mais tropicais.



Como produzir uma madeira com poucos ou sem nós?

Já que não existem árvores sem galhos, só há uma maneira de produzir madeira de Pinus taeda sem nós: procurar restringir os nós na região mais próxima possível da medula, ou na parte central do fuste. Isso pode ser conseguido pela desrama natural ou através de poda manual. Em ambos os casos, o processo é facilitado se a árvore tiver ramos finos e abertos, isto é, com ângulo de inserção mais próximo possível de noventa graus.



Qual é a qualidade da madeira desejada para o Pinus taeda?

Atualmente é dificil responder essa pergunta pois a qualidade da madeira depende fundamentalmente da utilização que se pretende dar à madeira e, hoje, o silvicultor está interessado na árvore que produz as primeiras toras para laminação/serraria e o restante do fuste para painéis (aglomerados, MDF, etc) ou celulose, Assim, a importância da qualidade a fibra na fabricação do papel não é valorizada na produção de painéis ou mesmo na produção da madeira serrada/laminação. Considerando essa situação, a seleção das árvores de Pinus taeda, nos prinicpais programas de melhoramento atualmente desenvolvidos no Brasil, têm priorizado o volume (diâmetro, altura e conicidade) e a retidão do fuste, a espessura, distribuição e ângulo de inserção dos galhos, a densidade básica da madeira e as dimensões das fibras. O objetivo é produzir maior volume madeira em menor tempo (todos os usos), madeira mais densa (madeira serrada e celulose), livre de nós (laminação e madeira serrada), fibras mais longas e com maior espessura de parede (papel).



É possível estabelecer plantações clonais com Pinus taeda?

Sim, é possível. No entanto o uso de mudas obtidas por enraizamento de estacas para estabelecimento de plantações clonais em escala comercial, como no caso dos eucaliptos no Brasil e Pinus radiata no Chile, está ainda em fase de pesquisa. Isso porque, diferentemente do eucalipto, o Pinus taeda não pode ser rejuvenescido através de rebrota da touça de plantas adultas.

Os chilenos têm estabelecido plantações clonais utilizando estacas enraizadas de Pinus radiata. Estas mudas são, no entanto, originadas de polinização controlada entre árvores selecionadas, cujos cruzamentos já tenham sido testados geneticamente. A adoção da metodologia chilena demandará pelos menos dezessete anos, comerciais;

Um ano para instalação do pomar através da enxertia;

Cinco anos até que os enxertos estejam florescendo.

Antonio R. Higa

Professor Adjunto de MelhoramentoFlorestal da UFPR

Curitiba, PR

arhiga@floresta.ufpr.br