Apesar de que muitos países estarem competindo em um mercado global, a concentração que está acontecendo atualmente mundialmente na indústria dá a impressão de que o mundo está encolhendo e ficando menor a cada dia.
Uma das principais razões para isso é que as regras econômicas que se aplicam as serrarias são muito parecidas de um país para o outro.Particularmente quando se fala de países onde espécies diferentes de pinus foram plantadas.
Radiata, Taeda, Elliotis, Pinaster e outras espécies de Pinus estão crescendo mais rápido ou mais lentamente dependendo do país onde foram plantados, mas no fim eles são responsáveis por 50% a 75% do custo total de produção das serrarias aonde são processados.
Obviamente, este é um dado impossível de se esquecer quando trata-se de gerenciar uma serraria para manter o lucro ou melhorar o processo para aumentá-lo.
Às vezes você pode ouvir pessoas dizendo que a melhor maneira de gerar lucro é aumentando os volumes produzidos.Essa teoria só pode levar a espalhar os custos fixos, o que está longe de ser uma verdade gerencial universal e um gerador de lucros.
Procurar por novas fontes de lucro somente na direção de volumes maiores pode ser extremamente perigoso para a empresa, bem como para a indústria como um todo.
A verdadeira chave para o lucro é a melhoria dos fatores de conversão da matéria-prima.Aumentar o que é geralmente chamado de fator de recuperação ou retorno no foco principal em serrarias de pinus, simplesmente porque a matéria prima representa mais do que 50% do custo, enquanto custos fixos não passam de 20%, no geral.
A única vantagem que o aumento de volume pode trazer no gerenciamento da serraria é ajudar a diminuir custos fixos por meio de espalhá-los em um número maior de metros cúbicos.Porém, há duas limitações:
1º limite: o investimento para produzir mais é tão alto, que custos fixos por metro cúbico não diminuem por causa de maiores custos de depreciação.
2º limite: o fato de comprar mais toras causa impactos no preço, o que as vezes ultrapassa todas as vantagens que foram perigosamente previstas.
Há alguns exemplos na Europa de serrarias que se depararam com esse tipo de problema. Consequentemente, temos que admitir que se o volume é necessário para atingir o início de novas tecnologias, volumes simplesmente nunca são o foco principal para o lucro em uma serraria de pinus.
Muito mais importante do que a idéia do quanto, em valores, pode ser criado por metro cúbico ou dólar ou matéria prima que compramos.Claro que a questão do nível de produção é importante bem como a questão do custo de mão-de-obra por metro cúbico produzido, mas só virá numa segunda parte da análise, e não como um parâmetro que justifique todo tipo de investimento.
A questão do fator de conversão apresenta dois aspectos principais: um é o fator de conversão em valor.Claro que no fim, todas as questões de conversão resultam no valor que a serraria é capaz de contabilizar do seu suprimento de matéria prima.Não obstante, e só para uma melhor compreensão, vamos segregar os dois aspectos.
A conversão em volume significa que a serraria tem que lutar para sempre obter o volume máximo que possa conseguir de cada tora.Cada tora é um caso individual em serraria de pinus, com seu formato específico, diâmetro, ovalidade, curvatura, afilamento e todos os tipos de defeitos resultantes do modo como foi preparada na floresta.Cada tora em individual, quando posicionada nas máquinas de corte, serra-fita, picador, serra circular ou outras, está numa posição que não será a mesma que a posição das toras anteriores ou seguintes.
Consequentemente, cada tora individual só atinge seu volume de produtos serrados se for otimizada de acordo com suas características geométricas próprias e sua própria posição quando colocada na máquina.
Separar as toras em um separador não ajuda muito para se conseguir o máximo de cada tora, mesmo que algumas razões organizacionais possam ser aceitas para que se separe pelo tão chamado diâmetro.Além disso, investir dinheiro em um separador de toras não é justificável pela otimização de volume de toras quando se trata de espécies de pinus.
O segundo aspecto trata do fator de conversão em valor.Em outras palavras, o padrão de serragem que é selecionado pode não ser o melhor no tocante a conversão de volume, mas o é quando se trata do valor total que pode-se obter dos diferentes produtos a serem cortados.
As tecnologias que foram desenvolvidas para solucionar esta otimização de valor estão um pouco mais sofisticadas agora do que aquelas que dedicam-se tão somente à conversão de volume, mas elas existem e funcionam perfeitamente hoje no mundo todo.
O Plano de Previsão de Otimização de corte desenvolvido pela Ciris Engenharia é uma das descobertas mais interessantes para serrarias de pinus.
Na maior parte do mundo , citando a América do Norte, sul da Europa, parte da América do Sul, Nova Zelândia, Austrália, estas técnicas são empregadas hoje com sucesso.
Na verdade, onde quer que as toras não sejam perfeitamente cilíndricas, retas e circulares, a otimização individual é a única resposta certa para aumentar a conversão de fator. E melhorias na conversão de fator é a chave para melhorar lucros em serrarias de pinus.
Esses aspectos são de extrema importância, porém não é muito simples averiguar o problema claramente para selecionar os parâmetros certos e então encontrar as soluções corretas.Cada empresa pode estar procurando pelo mesmo objetivo global, mas o caminho para chegar lá irá variar bastante de uma serraria para outra.
É por isso que a engenharia é tão importante nesse sentido.Uma compreensão completa das toras que estão para ser cortadas, um conhecimento preciso das tecnologias que podem ser aplicadas são necessários para continuar essa atualização das serrarias.
Como destaques, serrarias de pinus no mundo todo têm muito em comum, mas provavelmente o objetivo principal para elas hoje é aumentar seu fator de conversão em volume e valor.Este objetivo está intrinsicamente relacionado com o aumento do lucro.Há maneiras de aumentar o fator de conversão, no entanto cada serraria deve encontrar uma solução personalizada, de acordo com seu planejamento econômico, comercial e técnico.A engenharia é comprovadamente a melhor maneira hoje de compreender o problema, comparar soluções e implementar novos sistemas que precisam ser personalizados para cada serraria.
Jean-Pierre OLGIATI, engenheiro, diretor-presidente da Ciris Engenharia (França)
Maio/2003 |