Esta é uma questão que tem sido muito abordada no meio florestal, pois alguns especialistas consideram o Pinus como espécie propulsora de contaminação biológica ou seja, invasora. Por outro lado, esta teoria é muito contestada por outros que têm no Pinus uma opção de suprimento para o setor industrial madeireiro da região sul. Estes últimos ainda defendem o lado ambiental da espécie, considerando que a mesma é uma alternativa para a indústria madeireira de espécies tropicais, muitas delas ameaçadas de extinção.
No Estado do Paraná, foi realizado um trabalho da pesquisadora Silvia Renate Ziller – UFPR, enfocando o Pinus como invasora, o qual considerou especialmente a região da estepe gramíneo lenhosa do segundo planalto do Paraná, e fez um diagnóstico ambiental da área com enfoque à contaminação biológica. O estudo indica que a escolha de espécies a serem utilizadas para a produção florestal, a posição e a forma do povoamento no relevo, o tipo de vegetação e de uso e a ocupação das áreas circundantes são fatores chave para a determinação da suscetibilidade de um ambiente à contaminação biológica. A autora não é contra o plantio de Pinus desde que seja feito o manejo adequado. Portanto seguem-se algumas recomendações deste trabalho:
Utilizar espécies que, comprovadamente, não apresentam elevada capacidade de invasão, tais como Eucalyptus spp. e Grevillea robusta, no plantio de árvores para cinturões de proteção como quebra-ventos.
Estabelecer faixas de quebra-vento ao redor de povoamentos florestais de Pinus spp., preferencialmente com uma espécie de crescimento mais rápido como Eucalyptus spp., a fim de reduzir a disseminação de sementes. Na maior parte dos casos, três fileiras de árvores de outra espécie seriam suficientes para reduzir significativamente a dispersão, em especial na direção dos ventos predominantes.
Evitar corte raso em povoamentos florestais na época das queimadas a fim de reduzir o potencial dos processos erosivos através de exposição dos solos, e/ou trabalhar com povoamentos multiâneos a fim de evitar a denudação total dos solos e conseqüente erosão acelerada em épocas de corte. Evitar a prática da queima após o corte raso dos povoamentos florestais, pela mesma razão.
Utilizar mapas de direção de vertentes e outros recursos de geoprocessamento para planejar a alocação de novas áreas produtivas e, especialmente, de povoamentos florestais com espécies do gênero Pinus, visando diminuir circunstancialmente o problema de dispersão de sementes tanto por vias anemocóricas como pelo fluxo dos cursos d’água da região.
Planejar e trabalhar a forma dos povoamentos florestais considerando a posição no relevo referente à altitude, cursos d’água, com e direção dos ventos. Por exemplo, um plantio localizado ao longo de toda uma encosta, desde o topo até abeira de um rio, substituindo a floresta ciliar, poderia ter como solução mais plausível o seguinte:
posicionar os povoamentos em meias encostas, a fim de evitar os ventos mais fortes e manter distância dos cursos d’água, com manutenção e/ou recuperação da Floresta Ombrófila Mista Aluvial, que funcionaria como faixa de proteção à dispersão fluvial;
realizar os plantios em forma trapezoidal, de modo que os dois lados angulados do trapézio fiquem expostos um nordeste e outro para noroeste, direções predominantes dos ventos ao longo do ano. Assim, os próprios povoamentos limitariam a dispersão de sementes ao seu próprio interior ;
contornar os povoamentos de Pinus spp. com três linhas de árvores de uma espécie que não apresente
tendência à contaminação biológica na região, também visando minimizar a dispersão de sementes. Eucalyptus spp. e Grevillea robusta tem sido tradicionalmente empregados como quebra-ventos na região, não havendo até o presente sinais de dispersão natural.
Maio/2003 |