O Rio Grande do Sul vive um momento histórico para o setor florestal. Um marco de afirmação deste fato deverá acontecer em abril de 2009, entre os dias 22 e 25, na cidade de Gramado, quando irá ocorrer a primeira edição da Feira da Floresta. O evento será uma feira de exposição das inovações na área da tecnologia de produção florestal e industrial, voltada a produtos madeireiros e oportunizando novos negócios. De forma simultânea, ocorrerá uma mostra educativa sobre os benefícios das florestas e um fórum de debates.
A área da Mostra Florestal será aberta à população e incentivará principalmente a visita de escolas para que os estudantes conheçam o setor florestal gaúcho, sua história, sua importância econômica e social, os produtos fabricados a partir de matéria-prima florestal e com isso haja uma desmistificação dos impactos gerados pelos plantios. Já o
Fórum Internacional do Agronegócio Florestal irá discutir os temas estratégicos para o desenvolvimento do setor, particularmente nos países do Mercosul, com análise de relevantes questões ambientais, sociais, econômicas, tecnológicas e promovendo o intercâmbio técnico e científico.
O setor florestal no Rio Grande do Sul tem uma história de 100 anos e hoje conta com plantios integrados em mais de duas centenas de municípios. No pampa gaúcho, o eucalipto era plantado desde o início do século XX, para formar quebra-ventos, servindo também para abrigo do gado e posteriormente para suprir de lenha os fogões e o tradicional fogo de chão, sendo também utilizado para moirões de cerca e construções rurais, além de abastecer as máquinas a vapor dos engenhos de arroz, as charqueadas e os barcos de transporte.
Os primeiros plantios em escala comercial iniciaram com a acacicultura, em 1928, com a introdução da acácia negra, para extração de tanino utilizado no curtimento de couros. Posteriormente, em 1930, a Viação Férrea do RS, passou a cultivar o eucalipto para produção da madeira necessária aos dormentes das estradas de ferro e para abastecer as locomotivas. Em 1953, a Companhia Estadual de Energia Elétrica passou a plantar eucaliptos para produção de postes. Em 1960, surgiram na Serra Gaúcha os primeiros plantios de pínus, posteriormente expandidos para o litoral.
O crescimento populacional demandava maior produção da base florestal. Neste sentido, a promulgação da lei que criou os incentivos fiscais ao reflorestamento era uma medida necessária na época. Empreendedores gaúchos entenderam o objetivo deste incentivo e mantiveram este recurso no Estado, promovendo o desenvolvimento do setor. Registrou-se assim um incremento das áreas plantadas com essas espécies de árvores, iniciando um processo de grande expansão desse segmento econômico.
Embora tais incentivos tenham sido encerrados em 1987, os plantios de florestas de acácia, pínus e eucalipto foram mantidos pela iniciativa privada, estabelecendo no território gaúcho uma cadeia produtiva de base florestal e promovendo o desenvolvimento de diversos setores. Assim, existe hoje a indústria moveleira, a produção de madeira serrada para diversos usos, a indústria de chapas (MDF e MDP) e aglomerados, as marcenarias e carpintarias, a produção de celulose e papel, a indústria de tanino, resinas e derivados químicos de origem vegetal (casca da acácia negra), a resinagem de pínus com produção de breu e terebintina, os postes e madeira tratada para fins construtivos, para móveis de jardim e outros de uso externo, além da produção de energia como lenha e carvão vegetal.
A cadeia produtiva de base florestal atualmente desenvolve seu projeto de crescimento baseado na expectativa de promoção da sustentabilidade, capaz de gerar crescimento econômico com justiça social e conservação ambiental. A área plantada que hoje totaliza aproximadamente 560 mil hectares, correspondendo apenas a 2% da superfície total do RS, pode crescer até a 900 mil hectares com novas indústrias que chegam ao Estado nos projetos de fábricas produtoras de celulose, chapas, entre outras. A economia gaúcha dará um salto, porque toda a cadeia produtiva será beneficiada de modo geométrico.
O potencial existente para sua expansão aliada à alta competitividade deverá colocar o Rio Grande do Sul como um importante pólo florestal-industrial brasileiro e relevante no cenário mundial. Através da pesquisa e da geração de tecnologia desenvolvida pelo setor público e privado, são projetados novos usos da madeira para o futuro. A Feira da Floresta será o momento de apresentar o que está sendo feito e o que será feito no futuro. E para isso espera reunir um público amplo que envolve desde fabricantes, representantes, distribuidores, importadores e exportadores de máquinas e equipamentos para a produção florestal, industrialização da madeira e produtos não-madeireiros, fornecedores de matérias-primas, componentes, acessórios, ferragens e ferramentas para a indústria do processamento da madeira e indústria química até os produtores rurais, prestadores de serviços, profissionais, acadêmicos e estudantes do setor, entidades, governo, entre outros.
O local escolhido para o evento é o Centro de Feiras Serra Park, situado em Gramado, o maior pólo turístico do sul do Brasil, instalado em meio a um parque de 460 mil metros quadrados e com uma vista panorâmica em um dos pontos mais altos da cidade. São 21 mil metros quadrados de área interna para exposição, além de outros 12 mil metros quadrados de área externa. O Serra Park ainda oferece 130 mil metros quadrados de área plantada com acácia negra, eucalipto e pínus, o que é fundamental para uma feira que envolve tecnologia e equipamentos para o plantio, manejo, colheita, transporte, controle e acompanhamento ambiental, assim como tecnologias e equipamentos para a produção em médias e pequenas propriedades rurais, sob a ótica da integração agrossilvipastoril.
A grandiosidade do evento também é demonstrada pela dimensão do salão de convenções da Feira que dispõe de mais de 4 mil lugares. Para atender a demanda de visitantes a cidade de Gramado é uma escolha ideal, pois possui uma rica rede hoteleira, uma variada gastronomia e um fácil acesso viário. A qualificação do local, aliada com o alto nível do conteúdo a ser apresentado na Feira Florestal, credencia o evento para marcar o momento de sua realização como um marco afirmativo para o setor florestal no RS.
Fonte: Elaborada pela Equipe Jornalística da Revista da Madeira