Alguns anos depois da implantação dos pinus sub-tropicais (elliottii e taeda), que se adaptaram ao clima da Região Sul do País, foram introduzidos os pinus tropicais nos Estados de São Paulo, Minas, Goiás, Mato Grosso e Bahia, provenientes do Caribe e da América Central. As espécies que melhor se aclimataram e apresentaram bons rendimentos foram o oocarpa, o caribaea hondurensis e o caribaea caribaea.
Atualmente com uma idade média entre 20 e 30 anos, essa primeira geração de pinus tropicais vem mostrando suas qualidades: maior densidade que os sub-tropicais, boa formação, boa distância entre nós, etc., e por esses motivos têm tido procura crescente por serrarias e laminadoras do sul do país, que estão em busca de novas fontes de fornecimento, com a crescente escassez de florestas em sua região.
O mercado aceitou bem os clears e blocos dos pinus tropicais, e algumas fábricas de compensados vêm dando preferência a essas espécies, tanto para capas como para miolo. As fábricas de fósforos só utilizam essas espécies tropicais, o mesmo ocorrendo com lápis e palitos.
Com o esgotamento das florestas de pinus tropicais em São Paulo, a maior concentração dessas espécies está em Minas Gerais, em dois pólos: o do centro do estado, a 300 km ao norte de Belo Horizonte, e o do Triângulo Mineiro, a 400 km da capital.
O pólo do Triângulo, baseado em Uberlândia e Uberaba, está praticamente todo comprometido com indústrias que se instalaram na região em função da disponibilidade que existia: a Satipel ampliou sua fábrica de aglomerados e está construindo uma unidade de MDF; a Johan Faber-Castell concentrou sua produção de lápis na região, o mesmo acontecendo com a Rela, o maior fabricante brasileiro de palitos e produtos congêneres. A floresta da Caxuana abastece fundamentalmente sua própria serraria, voltada para produtos de exportação, clears e blanks.
O pólo do centro do estado, com base nos municípios de Pirapora, Várzea da Palma e Grão Mogol, tem ainda florestas de expressão, que não estão totalmente vinculadas a indústrias consumidoras.
O maciço da Serra do Cabral Agro Indústria S/A (SCAI), por exemplo, hoje com 20 mil hectares, visava inicialmente suprir uma fábrica de celulose de fibra longa, que na década de 70 era mais valorizada. Com a evolução tecnológica, a fibra do eucalipto (fibra curta) passou a ser priorizada, e a idéia não vingou. Com perseverança, os administradores da Serra do Cabral conseguiram manter a floresta e executar um extenso programa de desbaste, produzindo carvão vegetal, que é uma “comodity” no estado, responsável pela maior produção siderúrgica do país.
O resultado é que essa floresta, hoje com 25 anos de idade, está toda desbastada, com a maioria das árvores acima de 20 e 25 cm de diâmetro, e um estoque de toras superior a 3 milhões de estéreos, disponíveis para produtores de laminados, serrados para móveis, embalagens e pallets.
As florestas da região estão desenvolvendo um programa de estímulo a implantação de unidades de laminação e serrarias, com o apoio das prefeituras locais, que oferecem terrenos gratuitos nos seus distritos industriais ou compram terrenos de particulares, se a necessidade de área for maior que a dos lotes padrão. Recentemente mais de uma dezena de fábricas se instalou na região, atraídas pela disponibilidade de toras de boa qualidade a longo prazo.
A região está se tornando um pólo fornecedor de toras, a exemplo do que ocorre com a Klabin, em Telêmaco Borba, e a Pisa em Jaguariaiva. E a localização no centro de Minas tem várias vantagens: fica perto do mercado regional do sudeste, centro e nordeste do país, e dos portos de exportação do Rio de Janeiro e Vitória, ambos com estrutura para containeres. Além disso o clima seco permite a secagem ao ar com baixo grau de umidade. |