Para respeitar as condições de geometria do torno desfolhador é indispensável executar e manter uma afiação adequada das ferramentas. As operações de afiação devem ser tratadas com o mesmo cuidado que as operações posteriores de montagem e regulagem das ferramentas e funcionamento do torno. A afirmação é da professora Ghislaine Miranda Bonduelle, supervisora do livro Tecnologia de Laminação de Madeira.
A máquina de afiar facas e barras de compressão é uma máquina de retificar. Ela exige uma excelente manutenção. Seu bom funcionamento e sua utilização racional permitem a produção de lâminas de boa qualidade, devendo por esta razão, ser considerada como uma máquina essencial na indústria.
A máquina de afiar deverá, de preferência, ser totalmente automática sendo equipada de um dispositivo de aspersão, líquidos de resfriamento, de acordo com as concentrações recomendadas pelos fabricantes das máquinas de afiar. Esses líquidos, tipo óleos de corte, têm a grande vantagem de evitar a oxidação da própria máquina e das ferramentas.
Aumentar as doses prescritas não é a solução. Um grande concentração pode destruir a textura dos rebolos e atenuar artificialmente a abrasão, desgastando prematuramente a textura abrasiva. Assim, os rebolos se desgastam rapidamente.
O sistema de fixação das ferramentas na mesa da máquina de afiar será magnético ou mecânico, dependendo do tipo das máquinas.
O aço utilizado para a fabricação das facas possui uma dureza elevada (dureza Rockwell C= aprox. 60). Por isso, a afiação só será executada corretamente por rebolos e segmentos leves. As características dos rebolos são dadas nas especificações descritas em etiquetas coladas.
Como exemplo, um rebolo ou segmento que respondam à seguinte cadeia de especificações: A 48 G8 VG. O grau é caracterizado pela dureza do aglutinado da textura abrasiva.
Os abrasivos são utilizados tanto na forma de rebolo tipo copo, como na forma de segmentos fixados mecanicamente sobre uma flange porta-segmentos. O conjunto equipado é chamado de rebolo segmentado.
Os melhores resultados são obtidos com rebolos segmentados, cuja coroa abrasiva é fracionada, sendo contínua para os rebolos tipo copo. Essa disposição reduz notavelmente as possibilidades de acúmulo de sujeira e aquecimento.
Deve-se afiar a faca para obter uma superfície afiada ligeiramente côncava, aproximadamente 0,04 mm para uma largura de 44 mm. Com isso, a operação de polimento com pedra será facilitada, reduzindo o tempo. Além disso, facilita a adaptação à curvatura da tora, dando mais latitude para a regulagem do ângulo de incidência.
Um rebolo, cuja coroa abrasiva esteja paralela ao plano de afiação, determinará uma face afiada plana. Ao inclinar essa coroa, a superfície de afiação será côncava e a curvatura dessa concavidade aumentará na mesma proporção da inclinação.
O valor da flecha F da concavidade obtida está ligado ao diâmetro do rebolo, a inclinação da superfície abrasiva, a espessura da faca e ao ângulo de afiação determinado.
Afiação e retificação
Usa-se aqui o termo afiação para as facas, e retificação para as barras de compressão. Nos dois casos, trata-se de grandes superfícies que exigem precauções essenciais, para evitar o aquecimento que sempre acarreta danos à integridade dos tratamentos térmicos das ferramentas.
Afiação da faca
Trata-se de afiar a faca, única ferramenta de corte. O ângulo de afiação da faca está invariavelmente fixado em 21º. De uma afiação para outra, este valor deverá ser reproduzido, e sua constância em toda a extensão da ferramenta é igualmente indispensável. A medição precisa na ferramenta será executada através de um transferidor ou esquadro combinado.
O sentido de rotação do rebolo deverá ser de modo que as marcas da afiação sejam orientadas no sentido do gume em direção ao corpo da faca.
Quanto ao sentido de rotação, o rebolo deverá estar inclinado para um dos lados, de modo que se obtenham marcas de afiação orientadas.
Assim, o material próximo do gume é repetido para o corpo da faca e contribui para a formação de um fio nítido e resistente.
Para eliminar as asperezas do gume, oriundas do esmirilamento, deve-se fazer o polimento. Esta operação será executada com o auxílio de uma pedra com duas faces de texturas diferentes. Uma das faces terá uma textura mais grossa (mais abrasiva) para a retirada das rebarbas.
Duração das ferramentas
O princípio utilizado é o comprimento do corte efetuado. No caso de lâminas de desenrolamento é o comprimento da lâmina produzida. Tomadas precauções como a qualidade das afiações e retificações, a precisão da montagem e também os cuidados com a regulagem da máquina, as ferramentas poderão ser utilizadas, de modo válido, por 6.000 a 8.000 metros de corte para a faca e as mesmas medidas de função para a barra de compressão.
Esses valores são muito importantes e devem ser considerados para provocar a decisão de troca e reposição mais freqüente das ferramentas. Esses valores, expressos em, metros lineares, se transformados em metros cúbicos são modificados de acordo com a máquina utilizada. Por exemplo:
Torno desfolhador para embalagem, com uma capacidade de comprimento de 800 mm, produzindo uma lâmina de 600 mm (sentido das fibras) com espessura média de 3mm: 10 a 15 m³ para a faca, e 100a 150 m³ para a barra de compressão).
Torno desfolhador para compensado, com uma capacidade de comprimento de 2.700 mm, produzindo um laminado de 2.500 mm (sentido das fibras) com espessura média de 2,5 mm: 35 a 50 m³ para a faca e 350 a 500 m³ para a barra de compressão.
Recomenda-se o pré-descasque e a limpeza das toras, a fim de eliminar as impurezas que se alojam na casca, tais como areia e pequenas pedras, que danificam a afiação da faca e a retificação da barra de compressão.
Afiação dos canivetes
Não é possível indicar valores definitivos para os diversos ângulos que deverão ser considerados na afiação dos canivetes.
O ângulo I, formado pelo dorso do canivete e seu fio de corte, será função da inclinação da superfície anterior do suporte do contra-facas.Essa superfície terá uma inclinação diferente de acordo com os tipos de máquinas. Ela constituirá a referência de apoio para o dorso do canivete.
O ângulo I poderá assim variar entre 20 e 35º, o gume se formará segundo um ângulo de 5 a 10º com relação ao plano vertical (cf.esquema 34). Essa precaução dará uma maior resistência à extremidade, evitando qualquer quebra do canivete.
As duas superfícies afiadas, cuja interseção forma o gume de corte, terão inclinações simétricas com relação ao plano mediano do canivete. Essas duas superfícies deverão formar entre si um ângulo de 25 a 35º (cf.esquema 35).
Recomenda-se a realização de um gabarito especial, capaz de conter uma dúzia de canivetes de mesma seção, correspondendo a cada tipo de torno desfolhador.
O gabarito será fixado na mesa da máquina de afiar. O procedimento será ajustar os canivetes com o gabarito, visando a obtenção de dois perfis semelhantes, simétricos.
Na maioria das indústrias, efetua-se a afiação à mão livre sobre um tambor; essa técnica aproximativa resultará em perfis variados. Mas, a amputação da extremidade poderá ser executada sem inconvenientes à mão livre. Um polimento com pedra, nas faces afiadas, melhorará sensivelmente o poder de corte. |