As estatísticas revelam que, nos últimos anos, a área de plantio florestal vem crescendo. Em 2.005 foram plantados 553 mil ha, em 2006 outros 627 mil hectares (SBS), em 2.008 estima-se 750 mil hectares. Para atender a demanda de mudas para o plantio será necessário produzir em torno de 1,3 bilhões de mudas, gerando assim mais de 11 mil empregos diretos nos viveiros e movimentando 300 milhões de reais em produção.
Para atender este aumento de produção as Empresas investiram em atualização, ampliação e implantação de novos viveiros florestais. Porém, tais medidas não foram suficientes para atender a demanda repentina de mudas, tornando necessário o incentivo e investimentos em parcerias com Viveiros Particulares.
As mudanças que ocorrem nos viveiros florestais foram significativas, principalmente na modernização das estruturas físicas e melhorias nos processos de produção de mudas (clonagem).
Estruturalmente os viveiros ganharam um novo “lay out” de produção, semelhante as “Linhas de Montagens” industriais. A reorganização do fluxo de produção de um viveiro é de fundamental importância, pois a mão-de-obra participa com 60 a 70% dos custos das mudas. Portanto, numa produção em escala comercial não pode haver pontos de estrangulamentos no processo, pois pode ocasionar redução dos rendimentos operacionais e déficit na produção.
Os ambientes físicos dos setores de produção, tais como: Jardins Clonais, Enraizamentos e Patamares de Aclimatação foram protegidos em Casas de Vegetação com estruturas galvanizadas, automatização dos controles climáticos, fertilizações e irrigações. Em regiões onde o clima é mais desfavorável, com altos riscos de geadas, chuvas pesadas e ventos, os viveiros estão sendo protegidos com estruturas metálicas com tetos móveis e, às vezes, com aquecimento ou resfriamento ambiental.
O uso de bandejas plásticas e embalagens 53 ml (tubetes), apoiadas em canteiros suspensos a 90 cm do piso, facilitaram sobremaneira a mecanização de várias operações, reduziu a incidência de pragas e doenças nas mudas e facilitou os ajustes ergonômicos das operações.
Neste processo de melhoria também os operários foram atendidos. Foram formulados exercícios laborais, ferramentas mais anatômicas, altura de bancadas, luminosidade de ambientes de trabalho, entre outros benefícios.
Outros avanços consideráveis no processo vieram das pesquisas com substratos e materiais genéticos. Os testes clonais para escolha dos genótipos mais produtivos a determinados “sites”, aliados aos testes de rendimentos fabris de celulose, consolidaram o uso da propagação vegetativa de
Eucalyptus sp como método de produção massal de mudas.
Ganhos importantes também foram obtidos no cultivo intensivo das “matrizes” em Mini Jardins Clonais, com ambientes controlados. Os clones foram manejados em canteiros suspensos, em substratos inertes (areia), com fertirrigações de macro e micronutrientes controladas por EC (condutividade elétrica), monitoramento nutricional foliar sistemático das cepas e manejos adequados de cortes para otimizar a produção das miniestacas.
O domínio e a padronização da qualidade dos propágulos (miniestacas), trouxeram inúmeras vantagens à produção, tais como: aumento de enraizamento, redução de doenças, redução de área de jardins, redução de tempo na formação das mudas, aumento de produtividade operacional e aumento considerável na qualidade das mudas produzidas.
Apesar dos avanços ocorridos, os viveiros ainda carecem de outras melhorias, tais como: - melhor treinamento de mão-de-obra; - capacitação de gestores e operadores para otimizar o potencial das novas estruturas e processos; - ajustes e treinamento no uso dos sistemas de irrigação para redução de água, evitando doenças radiculares e lixiviação de fertilizantes; - coleta e reciclagem de água de chuvas sobre o viveiro ou excedentes de irrigações para seu reuso; - utilização de energia solar para aquecimento de água na assepsia de materiais (bandejas, tubetes, casas etc), reduzindo o consumo de energia elétrica; - criação de indicadores sociais, ambientais e econômicos, que favoreçam o monitoramento e a evolução das operações de viveiro.
Com relação aos Viveiros Particulares estes prestaram um grande serviço ao Setor Florestal, na complementação das mudas para os plantios das empresas e, principalmente, no atendimento dos pequenos agricultores ou empreendedores, aqueles não contemplados nos programas de arrendamentos e fomentos das Empresas Florestais.
Outros benefícios também prestados pelos Viveiros Particulares foram a geração de emprego e renda das comunidades em torno dos viveiros, facilidade de acesso às compras de mudas pelo público interessado em plantios florestais, divulgação das técnicas de plantios e manejo florestais e, principalmente, desmistificar junto a população e formadores de opinião sobre o “enigma” dos plantios de Pinus e Eucaliptos.
Outra contribuição que não se pode esquecer é a produção de mudas de espécies nativas para atender as exigências de plantio das áreas ambientais, reservas legais, paisagismo em geral e áreas multadas pelos órgãos competentes.
Sem dúvida que a demanda de produção de mudas criou-se um novo mercado propício para abertura de pequenas e médias empresas, especializadas em plantios e manutenções florestais e em produção e comercialização de mudas.
Para construção de um Viveiro Particular, como meio de negócio, se devem respeitar todos as regras recomendadas para qualquer empreendimento (ver SEBRAE). Além disso, deve haver uma escala mínima de produção para que haja o equilíbrio de caixa e retorno do capital investido. Pelos estudos dos diversos projetos elaborados e implantados pela AGRIFLORA – Mudas Florestais, pode-se afirmar que a produção mínima é na ordem de 1,5 a 2,0 milhões de mudas anuais, ou seja, 250 mil mudas/mês, com uma eficiência de ocupação das estruturas do viveiro em 60 a 70% ao ano, ou seja, 7 a 8 meses. O investimento é em torno de R$500 a R$600 mil reais (Viveiro Clonal), com retorno em 4 a 5 anos. Por ser uma atividade com alto consumo de mão-de-obra é necessária uma equipe de 15 funcionários.
Por outro lado, para que os Viveiros Particulares não se tornem apenas um meio de negócio, multiplicando materiais genéticos desconhecidos e informações técnicas enganosas aos novos empreendedores florestais, o que pode gerar um descrédito e prejuízos ao Setor Florestal, há necessidade se cumpra o Decreto Lei - 5.153, de 23 de julho de 2004, que regulamenta o Sistema Nacional de Sementes e Mudas (SNSM) – MAPA, e que obriga os viveiros se cadastrarem junto ao RENASEM e a produção passe a ser acompanhada e responsabilizada por um profissional habilitado para tais funções.
Também há necessidade de esclarecer junto aos novos Produtores de Mudas e Consumidores dos riscos inerentes oferecidos pelos plantios clonais massivos implantados em condições edafoclimáticas adversas, ou seja, em “sites” desconhecidos. Tais ocorrências podem gerar frustrações de produtividades, prejuízos e levar os programas de plantios florestais ao descrédito.
É de conhecimento técnico que a máxima produtividade de um clone só é obtida com a máxima interação do genótipo x ambiente. Se o ambiente de plantio for inadequado (não testado) corre-se o risco de obter baixa produtividade ou até mesmo perda total da floresta, em casos onde possam ocorrer fortes déficits hídricos, geadas, pragas, doenças etc.
Assim sendo, recomenda-se, para minimizar os riscos dos plantios clonais, que os novos “fazendeiros florestais”, utilizem em “sites” desconhecidos as variabilidades genéticas oferecidas pelas espécies e procedências que são transmitidas pelas mudas seminais, melhoradas em APS, PSC, PSM, PSCH etc, a quais oferecem maior segurança de produção, produtividades semelhantes aos clones e, às vezes, superiores, além da maior diversidade de uso da madeira das florestas.
Autor: Eng. Ftal - José Zani Filho - Consultor Florestal - Diretor Agriflora – Mudas Florestais -
zanifilho@agriflora.com.br