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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°118 - FEVEREIRO DE 2009

Móveis & Tecnologia

Preparação da superfície garante pintura de qualidade

Como todos os substratos, também a madeira necessita de cuidados especiais na sua preparação. A preparação da superfície para pintura é fundamental para se obter um bom acabamento. A superfície deve estar totalmente seca. Devem-se remover por completo manchas de óleo ou gordura com solvente, efetuar rigoroso lixamento com lixa de grão adequado e remover por completo o pó com pano seco ou levemente úmido. Para preparação, é necessária uma demão de selador ou primer para madeira, para evitar que a madeira absorva tinta demais.

No processo de lixamento é essencial para a preparação do substrato. Somente após um lixamento adequado é que o acabamento atinge seus dois objetivos:

1. Preservar ou proteger a madeira;
2. Aumentar a beleza e acentuar a grã da madeira.

De forma geral, a razão para se lixar é tornar a madeira mais suave, removendo farpas geradas pelas máquinas, dentes, depressões e outras imperfeições de superfície.

Também, é necessário lixar toda a superfície imediatamente antes da aplicação do acabamento, pois a madeira é higroscópica - absorve a umidade da atmosfera, causando o inchaço da fibra resultando numa superfície toda irregular (rugosa). Se não for removida, isso será acentuado com o processo de acabamento.

O processo de lixamento pode ser feito usando uma variedade de tipos diferentes de máquinas. Cada tipo de lixadeira tem melhor desempenho na tarefa específica. O controle da velocidade é importante nas lixadeiras excêntricas; a velocidade lenta, por exemplo, permite eliminar uma camada de verniz ou tinta, lixar materiais sintéticos e polir.

É praticamente impossível obter bons resultados na remoção de material e no acabamento fino, mesmo assim os modelos de lixadeiras excêntricas apresentam boa performance em ambas as funções.

O lixamento de cantos é uma tarefa reservada às lixadeiras Delta.

Algumas lixadeiras vibratórias e as de rolos deixam uma fina faixa não tratada nos rebordos.

Vale observar que a velocidade do trabalho e o requinte do acabamento dependem ainda do tipo de lixa utilizada. De modo geral, quanto mais alto o número da lixa mais perfeito será o resultado. Por exemplo, se pretende eliminar grande quantidade de material, deve-se utilizar uma lixa com grão inferior a 60, enquanto que para se obter um acabamento perfeito o ideal é usar uma lixa com grão superior a 220.

Na maioria dos casos, o que acontece é utilizar uma sucessão de diferentes graus de abrasividade. A primeira lixa que se utiliza é para eliminar farpas e riscos mais profundos. Riscos superficiais são eliminados com lixas de grão mais finos, passo a passo até obter uma superfície lisa e polida.

Durante o processo de acabamento, lixamento adicional é realizado geralmente após aplicação do washcoat e /ou do selador, principalmente para remover fibras resultantes da absorção de umidade pela superfície.
As lixadeiras mais comuns são:

• Lixadeiras multifunções ou de cinta - Indicadas para fundos planos. Normalmente dispõem de movimento excêntrico. São também munidas de um conjunto de acessórios para lixar os contornos difíceis.

• Lixadeiras vibratórias - Apresentam base retangular que efetua movimentos pequenos e rápidos. Isto permite lixar perfeitamente, sem riscar, o que é ideal para acabamentos finos. Não é indicada para remover grandes quantidades de material, nem para eliminar resíduos duros, tais como vestígio cola. É indicada para lixar fino em superfícies planas e com grande rapidez ou lixar para alisar ou remover tinta. Com as lixadeiras vibratórias conseguem-se os melhores resultados em madeira e em metal. Devido ao seu design ergonômico, as lixadeiras vibratórias são fáceis de conduzir e permitem um trabalho sem fadiga. Os modelos menores têm base menor e geralmente quadrada. São leves e pode-se segurar com uma única mão, sendo por isso mais prática para lixar na posição vertical.

• Lixadeiras Deltas - Estes equipamentos foram desenhados para lixar cantos, convencem com o seu alto rendimento em todos os cantos e arestas. Sempre que for necessária precisão nos pormenores, as lixadeiras Delta são mestres na arte de lixar. Com o seu design ergonômico e reduzido peso, as lixadeiras oferecem uma comodidade extraordinária na utilização. Em alguns casos pode ser acrescentado uma espátula triangular ou retangular, com uma ou duas faces na qual se pode aplicar papel de lixar. Este acessório é prático para lixar os balaústres de um corrimão ou lâminas de persianas.

• Lixadeira de rolos - Equipamento pouco prático e pesado, com motor potente, destinado a fazer rodar a grande velocidade uma cinta de lixa contínua, à volta de 2 cilindros. Apesar de ser muito ruidosa é a melhor escolha para lixar rapidamente uma grande quantidade de material, porém não é adequada para acabamentos finos.

• Lixadeira Orbital - Esse tipo de lixadeiras está cada vez mais em uso, por serem leves e práticas.

Sua ação orbital contribui para eliminar qualquer marca indesejável que o disco pode deixar na superfície. Pode ser usada em superfícies curvas, em emendas e em cantos.

Umidade

Quando a madeira é exposta ao ar, o qual tem grande quantidade de umidade variável, rapidamente o teor de umidade da madeira é alterado. Essa alteração ocorre principalmente transversalmente à grã da madeira e muito pouca absorção na direção da grã.

Não importa o cuidado com que foi feita a secagem da peça. Se as condições de umidade se alterar, a peça absorverá umidade, se acomodando na nova condição atmosférica. Se o teor de umidade da madeira for maior que o equilíbrio a uma dada umidade relativa, a madeira perderá umidade e encolherá em volume.

Por outro lado, se a madeira estiver mais seca que o equilíbrio a uma dada unidade relativa, absorverá umidade e inchará.

O movimento de encolhimento e inchaço da madeira varia de espécie para espécie e com a direção da grã da madeira. Isto ocorre, pois a estrutura da madeira é diferente para cada espécie.

A quantidade de encolhimento ou inchaço é 2 vezes maior na superfície tangencial de uma tora de madeira do que na superfície longitudinal. Conseqüentemente, durante a secagem, uma peça úmida de madeira racha mais numa direção do que em outra e tende a entortar.

De modo geral, a quantidade de rachaduras é grosseiramente proporcional a perda de umidade abaixo do ponto de saturação da fibra. Essa diferença na tendência de rachadura significa que quando lâminas de madeira com diferentes teores de umidade, de diferentes espécies de madeira ou diferentes grãs são coladas lado a lado, para a composição de uma peça de madeira compensada ou para a composição de um tampo de mesa ou cômoda de madeira sólida, algumas partes encolherão ou incharão mais que outras partes, devido à mudança do teor de umidade, resultando em uma superfície toda irregular resultantes de diferentes comportamentos de expansão e contração com as alterações do teor de umidade.

Finalidade Teor de umidade final (%)

• Mobília em geral: 5 a 7;
• Flooring: 5 a 7;
• Aircraft (Exército): 8;
• Aircraft (Marinha): 12;
• Madeira para esportes (raquetes,tacos): 10;
• Armas de fogo: 6 a 8;
• Instrumentos musicais: 5 a 7;
• Demais usos: 12.

O teor de umidade na etapa de fabricação e acabamento deve ser aproximadamente a média de umidade que eventualmente a peça será exposta ao uso, ou ligeiramente menor. A umidade do ar ao redor da peça em uso orienta o tempo que a peça deve ser seca.

A variação no teor de umidade é reduzida consideravelmente com aplicação de demãos de tinta ou verniz. É comum observar que quando um acabamento numa peça racha, devido à alteração no teor de umidade, normalmente começa numa borda ou emenda sem pintura, e é mais severa próxima à emenda ou borda do que na região central.

Acabamentos econômicos podem ser aplicados no verso (costas) das peças de mobília, a fim de igualar a proteção à umidade com a superfície. Normalmente se aplica 1 ou 2 demãos, dependendo da resistência à umidade que se deseja.

Qualquer alteração no teor de umidade resultará em movimento da superfície da madeira sob o acabamento e se repetido freqüentemente, esse movimento de contração e expansão pode comprometer seriamente o acabamento.

Deve-se observar o teor de umidade da madeira, antes do acabamento da mesma, assim como a umidade relativa e a temperatura dos vários departamentos no processo de manufatura, estocagem e transporte. Madeiras muito seca na etapa do acabamento são tão ruins quantas madeiras muito úmidas, pois em ambos os casos, qualquer alteração no teor de umidade causará movimentação da madeira.

A madeira dever ser seca para o teor de umidade apropriado para o seu uso final; Esse teor deve ser mantido durante todo o processo, desde a montagem até a estocagem e uso. Desta forma grande parte dos problemas aqui mencionados serão minimizados ou totalmente eliminados.

Autor: Márcia Morikawa - Bacharel, Química Industrial