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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°118 - FEVEREIRO DE 2009

Painéis

Produção de painéis de madeira deve aumentar 66% até 2010

A indústria de painéis está em um bom momento e a previsão é de que esta fase positiva continue nos próximos anos. Alguns fatores estão influenciando positivamente o setor, como o aumento do poder de compra da população, o crescimento da construção civil e maior facilidade na obtenção do crédito ao consumidor. A Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (ABIPA), prevê para 2010, um incremento de 66% na produção de painéis em relação à capacidade atual, que é de 6,0 milhões de m³ e deve passar para 10 milhões de m³ anuais. Para este ano, a entidade prevê um aumento de 8% na produção de MDP e de 5% na de MDF.

O presidente da Abipa, vice-presidente executivo e diretor de relações com investidores da Eucatex, José Antonio Goulart de Carvalho, explica sobre os fatores que irão influenciar neste crescimento. “O setor de painéis tem como principais segmentos a Indústria Moveleira e a Construção Civil. O primeiro segmento tem como principais vetores a determinar seu crescimento o nível de emprego, renda, confiança do consumidor e crédito. Todos esses têm tido um bom comportamento e espera-se que assim continuem”, disse. “O segmento de construção civil, além de se beneficiar em parte desses mesmos vetores, tem ainda o fato do grande volume de recursos captados pelas construtoras no mercado de capitais e o grande interesse das instituições financeiras no financiamento de novos imóveis”, completou.

Goulart acredita que agora é o momento para a indústria - moveleira e de painéis industrializados - investir no segmento da construção civil. “O elevado déficit habitacional no país exige a construção de aproximadamente 2 milhões de moradias/ano, conforme cálculos apresentados pela FGV Projetos. Apostar numa linha de financiamento de móveis em conjunto com o financiamento da casa própria e apoio da Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil já é um exemplo de iniciativa que está acontecendo no Paraná e Espírito Santo”, informou.

Outro fator de influência na produção de painéis é o aumento do potencial de compra de móveis pelas classes mais baixas. “Quando se combina um ambiente econômico favorável, dando a população mais carente a sensação de segurança de emprego e renda, com a dilatação dos prazos de pagamentos dos financiamentos e, portanto, prestações menores, o resultado é um forte crescimento na demanda”, explicou o presidente da ABIPA.

De 1997 a 2005 a indústria de painéis recebeu investimentos na ordem de US$ 1,3 bilhão e a estimativa é que o setor receba de 2007 a 2010, US$ 1,0 bilhão em investimentos, com a instalação de novas unidades industriais de MDF, HDF e MDP. O faturamento bruto total do setor em 2007 foi de R$ 4,5 milhões. O presidente da ABIPA explicou que dos investimentos realizados nos últimos 10 anos, os avanços foram significativos nos setores industriais e florestais, tanto na modernização das plantas já existentes e na implantação de novas unidades industriais, como na expansão das áreas de reflorestamento. Para driblar as adversidades cambiais, Goulart disse que a Associação tem participado ativamente das negociações bilaterais promovidas pelo Brasil, no sentido de melhorar o acesso a mercados com a redução de barreiras às exportações.

Com todo este investimento e com a previsão positiva da entidade, o que se pode esperar da indústria de painéis é, segundo José Antonio Goulart, uma indústria moderna, dinâmica e pronta para atender um mercado cada vez mais aquecido, proporcionando uma oferta ampla e variada de produtos. “O Brasil pode se tornar, a exemplo do que já acontece em outros setores industriais de base florestal, um pólo exportador para o mundo, dadas as condições de competitividade das florestas locais”, afirmou.

O vice-presidente comercial da indústria de painéis de madeira para móveis Satipel, Roberto Szachnowicz, não está tão confiante como a Abipa. Embora a empresa tenha crescido 8% em faturamento no primeiro trimestre de 2008 em relação ao ano anterior, e esteja inaugurando uma nova unidade de produção (de MDF) em Uberaba (MG), Szachnowicz acredita que a capacidade de produção de 10 milhões de m³ em três anos, não esteja operativa. Para este ano, o vice-presidente comercial da Satipel acredita que a produção de MDP deve crescer pouco, pois, segundo ele, os produtores já estão com a capacidade limitada há algum tempo. “No MDF a produção crescerá muito mais com a chegada das novas linhas da Satipel, Berneck, Guararapes e Sudati. A Satipel tem intenção de aumentar sua produção através da eliminação de gargalos”, disse.

Para Szachnowicz, a disponibilidade de crédito na compra de móveis, o aumento da massa salarial e do poder de compra do consumidor, o crescimento do setor de construção civil e um número crescente de novas unidades habitacionais, a redução da taxa de juros e o aumento da confiança do consumidor, são fatores que estão influenciando positivamente a indústria de painéis. O vice-presidente comercial da Satipel também explicou a relação do setor com a construção civil e a indústria moveleira. “Entendemos que estamos diretamente ligados apenas com defasagem de tempo.

O crescimento na construção se dá em um primeiro momento, o da compra de móveis em um segundo e o de painéis em um terceiro, dependendo de termos capacidade. É por isso que estamos investindo. O nosso crescimento se dá em degraus. O dos móveis é mais gradual. “Precisamos estar prontos para o futuro crescimento da indústria de móveis no Brasil que é pujante e competitiva”.

A indústria de painéis de madeira para móveis e arquitetura de interiores, Masisa Brasil, planeja crescimento para 2009, quando entrará em produção a nova fábrica de painéis de MDP da Masisa, em Montenegro (RS). De acordo com o diretor comercial da Masisa Brasil, Jorge Grandi, a linha de produção de MDP que será instalada na fábrica de Montenegro terá uma capacidade nominal de produção de 750 mil m3/ano. “Já temos previsão também para uma linha de melamina com capacidade nominal para revestir 300 mil m3/ano”, informou. Recentemente a Masisa firmou um contrato de compra e venda de ações com a Louisiana-Pacific South America S.A. (LP), que transferiu à LP, 75% de sua linha de produção de painéis estruturais OSB, localizada na fábrica da Masisa em Ponta Grossa (PR).

O diretor comercial da Masisa Brasil destaca que todos os esforços da empresa estão direcionados à construção da nova fábrica - que será a primeira unidade da Masisa em toda a América Latina a fabricar painéis de MDP. “Nossas linhas de MDF e de Melamina, em operação na fábrica de Ponta Grossa, já trabalham em sua capacidade máxima e, mesmo assim, vêm ampliando essa capacidade e estabelecendo novos recordes de produção, graças a medidas de melhoria contínua adotadas pelas equipes”, disse.

A Masisa tem uma meta corporativa para 2010, de que 10% das vendas da empresa sejam realizadas junto à consumidores da base da pirâmide social, e de gerar negócios inclusivos. Para ele, não há duvida de que o maior acesso ao crédito tem permitindo que mais pessoas possam comprar móveis. “Nossa meta é mais do que simplesmente vender produtos a clientes de baixa renda, é também promover iniciativas financeiramente rentáveis e ambientalmente/socialmente responsáveis, que utilizam os mecanismos do mercado para levar mais qualidade de vida a pessoas de baixa renda”.

Fonte Elaborada pela Equipe Jornalística da Revista da Madeira