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Madeiras brasileiras e exóticas

Oiticica

Oiticica

Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Eurosídeas I
Ordem: Malpighiales – Em Cronquist (1981),é classificada em Rosales
Família: Chrysobalanaceae
Gênero: LicaniaSubgênero: MoquileaSeção: Microdesmia
Espécie: Licania rigida Benth.
Primeira publicação: Jour. Bot. Hooker 2:220. 1840.Sinonímia botânica: Pleuragina umbrosíssima Arruda da Camara ex Koster (1816).
Nomes vulgares por Unidades da Federação: no Ceará, oiticica e oiticiqueira;na Paraíba, no Piauí e no Rio Grande do Norte,oiticica.Etimologia: o nome genérico Licania provém de calignia, nome vernacular da espécie tipo na Guiana Francesa, provavelmente um anagrama(BARROSO et al., 1984; o epíteto específico rigida é devido ao fato de as folhas serem extremamente rígidas. Possivelmente, o nome vulgar oiticica vem do tupi uiti-icica, “o oiti resinoso ou grudento

Clima
Precipitação pluvial média anual: de 600 mm, no Ceará, a 2.000 mm, em Pernambuco.
Regime de precipitações: chuvas periódicas.

Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: as sementes maduras podem ser derrubadas da árvore batendo-se com vara nos galhos, ou colhidas do chão. Em seguida, são espalhadas em terreiro amplo, para secagem ao sol, tendo-se o cuidado de revolvê-las, diariamente, com rodo ou rastelo, para evitar sua fermentação.

Produção de Mudas
Semeadura: recomenda-se semear duas sementes em sacos de polietileno com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 10 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno de tamanho grande. Como as raízes dessa espécie crescem mais rápido do que a parte visível da planta, os sacos de polietileno devem ter profundidade suficiente para a raiz se desenvolver. Na produção de mudas de oiticica em viveiros, deve-se evitar exposição a pleno sol. Mudas de oiticica se desenvolvem melhor em condições sombreadas.
Germinação: é epígea ou fanerocotiledonar. A germinação da oiticica é tida como sendo tardia e desuniforme . A emergência ocorre em aproximadamente 50 dias, e geralmente a taxa de germinação é superior a50%.As mudas atingem tamanho para plantio, quando a planta estiver com poucos centímetros dealtura, 5 meses após a semeadura.
Propagação vegetativa: além de se propagar por sementes, a oiticica, propaga-se, também, por estaquia e por enxertia.

Características Silviculturais
As respostas de Licania rigida a diferentes níveisde irradiância indicaram maior adaptação da planta a condições sombreadas, confirmando as expectativas de que ela se comportaria como planta de ambientes mais florestais e não de ambientes mais abertos. A oiticica não tolera baixas temperaturas.
Hábito: apresenta forma irregular, sem dominância apical e ramificação pesada. A derrama natural é insatisfatória, necessitando de desrama ou de poda de condução e dos galhos, frequente e periódica.

Crescimento e Produção
Existem poucas informações sobre o crescimento da oiticica, em plantios. Contudo, seu crescimento é lento.

Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira da oiticica é densa (0,80 g.cm -3).Cor: o cerne apresenta coloração amarelo-avermelhada.
Características gerais: de textura média; grã direita, homogênea e rija.

Produtos e Utilizações
Alimentação animal: nas épocas calamitosas de seca, quando o pasto desaparece por completo, o gado aproveita as folhas mais tenras.
Apícola: a oiticica fornece pólen e néctar para as abelhas, principalmente a irapuá ou arapuá(Trigona spinipes), que se organiza em colmeias em forma de cupinzeiro. Essas abelhas costumam fazer colmeias na própria árvore.
Na região de Russas, CE, o mel produzido por essa espécie não é apreciado, por ter sabor muito amargo. Contudo, no do pé da serra do Carnutime no Vale do Acaraú, CE, a cera da abelha-arapuá é muito usada para reforçar barbante de algodão em costura artesanal e para calafetar embarcações e vasos de cerâmica. Por sua vez, o saborá ou pólen, substância de coloração marrom-amarelada e de sabor levemente ácido, encontrada nas colméias, é consumido pela população rural, no tratamento de anemia e de dores reumáticas. Artesanato: as folhas, extremamente rígidas ecoriáceas, prestam para polir artefatos de chifr.
Biodiesel: a oiticica pode ser importante para a sustentabilidade do biodiesel no Semiárido, aliada ao fato de a colheita ser feita entre dezembro e fevereiro, época de total escassez de renda para as famílias que praticam a agricultura familiar. Com a extração com hexano, as amêndoas das sementes de oiticica apresentaram teor médio de óleo de 54% em base seca. Foi observada uma variabilidade de cerca de2% no teor de óleo entre diferentes tipos de amostras, que foi atribuída a diversos fatores, como variabilidade genética, graus de maturação variados e diferentes estados de conservação dos frutos. O óleo obtido apresentou coloração de amarelada a castanha. O biodiesel de oiticica apresentou valores de massa específica e viscosidade cinemática elevados, sendo importante sua mistura com biodiesel de outras oleaginosas ou com óleo diesel de petróleo.
Constituintes fotoquímico: análises fitoquímicas dessa planta constataram a presença de ácidos graxos (ácido oleosteárico e licânico),além de taninos e flavonoides .
Energia: a madeira dessa espécie produz lenha de péssima qualidade. Segundo uma crendice popular, “não serve nem para lenha, porque a fumaça é prejudicial às vistas”.
Madeira serrada e roliça: é composta de fibras entrelaçadas, muito resistentes a esmagamento. Contudo, normalmente a madeira não tem aproveitamento. Além de muito fraca e quebradiça, apodrece muito rápido, reduzindo-se a pó.
Medicinal: em algumas regiões do Nordeste, as folhas de oiticica são usadas na medicina popular na forma de infuso ou de decocto, em substituição à água, no tratamento de diabetes e de inflamações gerais. Num estudo farmacológico com essa planta, visando confirmar as propriedades atribuídas ao uso popular, concluiu-se pela ausência de atividade estimulante e depressora do SNC(sistema nervoso central), demonstrando também ausência de alcaloides e de saponinas em suas folhas.
Óleo: o maior valor da oiticica advém da extração industrial do óleo de suas sementes, com teor de até 60% e de alto teor secativo. O óleo de oiticica é usado como substituto do óleo de tungue (Aleurites fordii) na fabricação de tintas. Entre as décadas de 1930 e 1950, essa atividade representou importante fonte de renda para os sertanejos, bem como função econômica na indústria nordestina de óleos, sabões e outros derivados. Atualmente, esse óleo é empregado na indústria de tintas para a indústria automobilística e em impressoras a jato de tinta, além de vernizes e outros fins.
Sabão: o sabão artesanal de oiticica é preto, de odor muito forte e desagradável. Conta-se que em épocas remotas, esse sabão era destinado a lavar as roupas dos escravos, de ribeirinhos, de arrieiros ou comboieiros (vendedores ambulantes que viajavam com tropas de carga). Conta-se que quando os arrieiros (tropeiros)do Vale do Jaibaras rumavam para as cidades onde comercializavam seus produtos, eram reconhecidos de longe, pelo odor do sabão de oiticica: “lá vem um oiticica!”

Principais Pragas e Doenças
Frequentemente, os frutos jovens são atacados por insetos que provocam lesões internas, impedindo seu total desenvolvimento. Em Limoeiro do Norte e em Quixeré, no Ceará, Freire et al. observaram inúmeras plantas de oiticica com grandes partes da copa totalmente secas, com a folhagem acinzentada ou prateada, contrastando com o verde-escuro da folhagem sadia. A coleta de ramos e de folhas – e o isolamento conduzido em laboratório, a partir da junção entre o tecido sadio e o tecido necrosado –permitiram o isolamento e a caracterização do fungo Lasiodiplodia theobromae, sendo essa a primeira constatação acerca da infecção de oiticica por esse fungo.

Espécies Afins
A história da oiticica começa em 1843, quando Martins a classificou no gênero Moquilia da família das Rosáceas.Licania Aublet é o maior gênero da família chrysobalanaceae, com 214 espécies, das quais210 são nea tropicais, uma africana e 3 malaias

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