tratamento da madeira deve ser realizado para prevenir sua deterioração, ampliando assim seu tempo de vida útil. O tratamento comumente utilizado é o químico, no qual ocorre a fixação de elementos preservativos na madeira, tornando-a mais resistente à ação de fungos e insetos (brocas e cupins), principalmente se a madeira ficar em contato direto com a água ou com o solo.
O tratamento da parte interna da madeira consiste na troca da seiva (madeira verde) por solução que contém elementos preservantes. Após a secagem, os elementos conservantes ficarão retidos dentro da madeira. O tratamento pode ser realizado de maneira manual ou industrial (com a utilização de equipamentos específicos).
O processo de tratamento manual é muito utilizado nas pequenas propriedades para o tratamento de mourões. Nesse sistema trabalha-se sem pressão e obrigatoriamente em galpão aberto, ventilado e com o piso impermeabilizado.
Para o tratamento de mourão, recomenda-se utilizar tambor aberto e pintado internamente com impermeabilizante. Utiliza-se madeira verde, roliça e descascada, sempre colocando a parte mais grossa para baixo no tambor que contém a solução. Após o tratamento propriamente dito, os mourões devem passar pelo processo de secagem ao ar. Para a realização dessas etapas são necessárias algumas semanas e vários cuidados, principalmente, no manuseio das substâncias utilizadas como preservantes, pois o uso incorreto pode ocasionar sérios problemas ao homem e ao meio ambiente.
Tratamento de mourão
O tratamento industrial é realizado a vácuo ou sob pressão em autoclave utilizando produtos preservativos regulamentados pelos órgãos competentes. Esses processos industriais são mais seguros para o meio ambiente, gerando uma contínua queda na utilização do sistema manual.
A autoclave é um cilindro que suporta pressão, onde a madeira é introduzida e em seguida os produtos químicos preservantes são injetados. As pressões utilizadas são superiores a atmosférica e as etapas de tratamento são: colocação da madeira; início do vácuo; injeção da solução preservante; tratamento com o vácuo; término do vácuo e retirada da solução excedente.
Os preservantes de madeira podem ser compostos puros ou misturas existindo grande variação no custo, na eficiência e no modo de usar. O preservante ideal é aquele que consegue permanecer na madeira, é tóxico aos fungos e insetos, mas que não é prejudicial aos homens e animais.
Os preservantes mais utilizados são:
• Oleossolúveis - Para o tratamento de madeira a ser usada em contato direto com o solo, os mais importantes são o creosoto e o pentaclorofenol.
• Hidrossolúveis - São constituídos pela associação de vários sais: sulfato de cobre, bicromato de potássio ou sódio, sulfato de zinco, ácido crômico, ácido arsênico, ácido bórico e outros compostos.
Existe outro processo de tratamento da madeira sem a utilização de produtos químicos, mas o mesmo não é utilizado no Brasil em escala industrial. Esse sistema, conhecido como termorretificação, apenas utiliza o calor e consiste em expor a madeira a temperaturas elevadas (120 a 200ºC), porém que não provoquem degradação dos componentes químicos fundamentais. Em alguns estudos realizados foi comprovado que a termorretificação diminui tanto o ataque de fungos quanto a variação dimensional da madeira, porém possui como conseqüência a alteração da cor da madeira que se torna mais escura.
Secagem de madeira
A secagem da madeira visa à redução do teor de umidade que varia conforme o uso final do produto. Os objetivos da secagem são: reduzir a movimentação dimensional; inibir os ataques de fungos; melhorar a trabalhabilidade e aumentar a resistência física da madeira.
A secagem pode ser realizada ao ar livre ou em estufas com ventilação forçada (com temperatura e umidade controladas). A secagem ao ar deve ser realizada em locais abertos, empilhando as tábuas espaçadas entre si de modo a permitir que o ar circule entre as peças e diminua sua umidade. A secagem ao ar é comumente utilizada em empresas para realização da pré-secagem de modo a otimizar o tempo de secagem em estufa. O ponto mais importante da secagem ao ar está na montagem da pilha de madeira que deve ser realizada com seguintes cuidados: isolamento do solo, alinhamento das peças e cobertura adequada.
As vantagens da secagem em estufa são o menor tempo do processo, maior controle e obtenção de teores de umidade mais baixos, porém há desvantagens como o maior custo de implantação desse sistema e de operação do equipamento.
A secagem em estufa é utilizada por diversas empresas da área de movelaria, painéis, esquadrias, pisos etc. Esse tipo de secagem é composto por 3 fases distintas:
- Aquecimento – é quando ocorre o aquecimento gradativo da temperatura em condições de elevada umidade do ar;
- Secagem propriamente dita – é a etapa em que a madeira irá perder água. Nessa fase, ocorre a elevação lenta da temperatura e diminuição gradativa da umidade do ar dentro da estufa. É necessário o monitoramento para melhor controle da secagem visando a adequação ao programa previamente estabelecido, determinado pelas características da madeira, pois estas influenciam na secagem;
- Uniformização e condicionamento – nessa última fase, o objetivo é homogeneizar a umidade dentro e entre as peças, tais como:
Para a realização da secagem da madeira deve-se considerar os diversos fatores que influenciam no processo:
- Fatores ligados as características da madeira: a espécie, o tipo de corte, a espessura da peça, o teor de umidade inicial, a relação cerne e alburno.
- Fatores do processo de secagem: a temperatura, a umidade relativa do ar e a velocidade de circulação do ar.
O aumento crescente da pressão sobre os recursos naturais para uso dos mais diversos fins e o uso adequado da terra, podem se tornar fatores críticos. Isto produz um novo clima de competição entre as indústrias, que sobreviverão àquelas que mais contribuírem para a melhoria da qualidade ambiental e de seus produtos, tornando-os menos agressivo ao ambiente, considerando para isso, a obtenção da matéria-prima, sua fabricação e seu emprego.
Os esforços recentes no campo da preservação biológica, até o momento, a única forma viável pela qual a madeira possa ser protegida contra os agentes biótipos e abiótipos, responsáveis pelo fenômeno natural da degradação, é pela aplicação de preservativos que retardam sua ação, assim, o preservativo introduzido se fixa na parte interna da madeira, ficando confinado.
Os riscos ambientais relacionados à preservação de madeiras, são enfocados em diversos países, principalmente no primeiro mundo. Os órgãos que legislam e regulamentam o uso de preservativos, dia após dia se integram a esta realidade vigente:
a) o caráter localizado deste tipo de risco, circunscrito à área de influência das usinas e portanto da possibilidade de um controle efetivo;
b) o alto grau de fixação dos modernos preservativos que torna reduzido o risco de contaminação dos efluentes por lixiviação dos ingredientes ativos que entram na sua composição.
Madeira preservada para postes
A tentativa do emprego do eucalipto como poste, aconteceu em 1.909, mas somente em 1.935 que a Companhia Telefônica Brasileira utilizou pela primeira vez postes de eucalipto preservado com Carbolineum pelo processo Banho Quente-Frio.
Esses postes foram instalados em um campo de apodrecimento da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, após 26 anos encontravam-se em perfeito estado.
Posteriormente, estudos realizados em postes de eucalipto tratados pelo processo Boucherie, Quente-Frio e Vácuo-Pressão em autoclave, instalados entre 1935 e 1955 também pela Companhia Telefônica Brasileira, apontaram que o poste de eucalipto quando submetido a um tratamento preservativo adequado, tem uma expectativa de vida média de 40 anos.
No entanto, a partir da instalação da primeira usina produtora de postes, operando pelo processo Vácuo-Pressão, em 1945, com a crescente escassez de espécies nativas de resistência natural, somando ainda o aumento gradativo da necessidade de expansão de redes telefônicas e elétricas, é que o poste de eucalipto preservado foi aos poucos surgindo como uma alternativa para uso em sustentação de redes de eletrificação e telefonia.
Algumas empresas reconhecem no poste de eucalipto uma boa alternativa frente a outras. Primeiramente por razões econômicas, seguido de inúmeras vantagens relacionadas ao transporte e manuseio, além de ser obtido de recursos naturais renováveis.
A experiência internacional indica que não só os países de vocação florestal, como a Alemanha, Suécia, Estados Unidos, Finlândia entre outros países, utilizam intensamente os postes de madeira. Até a Inglaterra, pobre de florestas, mas rica em cimento, carvão e ferro, prefere importar postes de madeira para suas redes elétricas.
Uma comparação entre a utilização de postes de madeira preservada, no Brasil e nestes países, confirma que não estamos empregando esse material à altura do seu potencial. Nos Estados Unidos, por exemplo, o poste de madeira preservada é usado em linhas telefônicas, de distribuição e transmissão de energia para tensões de até 345 KV.
O consumo de postes de madeira preservada nos Estados Unidos representa por ano mais de 99% de todos os postes empregados, sendo estimada uma vida média de 30 -35 anos. Na América do Sul, países como o Uruguai, Peru, Chile, Colômbia e Argentina vêm usando postes de madeira há muitos anos, com ótimos resultados.
No Brasil, as empresas de energia elétrica começaram a utilizar intensamente o poste de eucalipto na década de 60. Na época, usuário e fabricante, não possuíam referenciais quanto aos processos e produtos utilizados.
Freqüentemente adotavam normas ou especificações estrangeiras, que nem sempre referiam-se à madeira de Eucalyptus sp ou às nossas condições de uso; ou até mesmo; estabeleciam critérios baseados na experiência prática que possuíam.
Atualmente, com o surgimento das normas técnicas e por meio do convênio ABPM -Associação Brasileira dos Preservadores de Madeira/IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas, está parcialmente resolvido o problema da falta de referência.
Apesar de ter o custo inferior ao do concreto, os postes de madeira são poucos empregados e em alguns estados o seu uso é vetado pelas concessionárias de energia elétrica, pelo fato de desconhecerem as vantagens deste material de engenharia.
Fontes: Paulo Henrique Muller da Silva Engenheiro Florestal - IPEF
e Icotema.
|