MENU
Aplicações
Densidade
Desbaste
Desdobro
Doenças
Editorial
Espécies
Manejo
MDL
Mercado
Mercado - Painéis
Móveis
Nutrientes
Painéis
Pragas
Resinas
Sementes
Silvicultura
Anunciantes
 
 
 

REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°99 - SETEMBRO DE 2006

Resinas

Aproveitamento do pinus resinoso

O setor florestal brasileiro, com a importância que tem na produção, na arrecadação, nas exportações e no pagamento de salários, pode ser um dos instrumentos necessários para impulsionar o desenvolvimento da economia, podendo absorver grande parte da mão-de-obra ociosa e desqualificada, gerada pelo progresso tecnológico que tem contribuído para o aumento do desemprego, como é o caso da agricultura moderna que vem expulsando os trabalhadores do campo.

Desta forma o setor florestal pode, com o seu crescimento, absorver parte dessa mão-de-obra, pois, a atividade, mesmo em áreas acidentadas, tem se mantido viável. O desenvolvimento econômico com base no desenvolvimento florestal é uma alternativa concreta que vem sendo discutida e proposta desde a década de 1950 pela

Organização para Alimentação e Agricultura (FAO) da Organização das Nações Unidas (ONU), principalmente para o crescimento da economia dos países em desenvolvimento.

Embora tenha acontecido nos países escandinavos e no Canadá; nos países do terceiro mundo, essa possibilidade não tem sido verificada. Isso se deve à falta de uma política adequada de manejo florestal, de industrialização, de gestão e de valorização dos produtos florestais, que vise agregar valor a esses produtos.

Como se vê, o setor de reflorestamento vem ganhando importância em razão do grande potencial gerador de emprego e renda, não somente como incentivou o Governo através de programas de Incentivos Fiscais para o reflorestamento, nos moldes da lei 5.106, de 26 de setembro de 1966 e suas alterações subseqüentes, mas por um novo modelo que venha incentivar e orientar investimentos pulverizados, na implantação de pequenas áreas de florestas em propriedades de pequeno porte, através de programas de fomento.

Na região Sudoeste de São Paulo, pelas características climáticas, o gênero pinus foi o que mais se destacou, sendo a mais importante essência indicada para reflorestamentos em pequenas áreas, não só pela grande capacidade de desenvolvimento, mas também pela possibilidade do seu aproveitamento na extração da goma resina, que se constitui num produto importante do setor florestal. FAO (1993), inclui a goma resina nos estudos sobre produtos madeireiros da floresta.

A resinagem é uma atividade que consiste na extração de goma resina, em árvores vivas do gênero pinus. É considerada por muitos como uma forma de antecipar receitas de uma floresta implantada com outros objetivos, que não a produção da goma resina. Além disso, gera empregos diretos e contribui para a fixação do homem no meio rural.

A goma resina de Pinus já era utilizada desde o Egito antigo, com fins religiosos e para a mumificação de corpos. Ela foi também muito utilizada, desde a época colonial norte-americana, na construção naval, com o objetivo de calafetar peças de madeira, que eram usadas nos barcos da Marinha Real Inglesa.

Hoje, a goma resina de Pinus, tem sido utilizada na obtenção de breu (fase sólida) e terebintina (fase liquida), com grande importância nas indústrias de tintas e vernizes, cola para papel, borrachas e adesivos, entre outros.

No Brasil, a extração de goma resina é uma atividade relativamente recente, tendo iniciado a partir da década de 70, em árvores de Pinus elliottii implantadas através de incentivos fiscais nos anos 60 e 70.

A grande maioria das florestas, onde se faz resinagem, é ainda oriunda daquela época do incentivo fiscal. Essas árvores foram plantadas em sistema adensado, visando

apenas a produção de matéria prima para indústrias de celulose e papel. À medida que foram se desenvolvendo, foram sendo feitos desbastes, deixando-as com espaçamento maior, havendo um maior desenvolvimento do tronco e da copa. Isto viabilizou a extração de goma resina, que apesar de ser uma atividade secundária na floresta, levou o Brasil da condição de importador, para exportador, na década de 80 . Hoje, o País é o 2º produtor mundial, ao lado da Indonésia e abaixo apenas da China. Segundo ARESB, a produção brasileira de goma resina está estimada em aproximadamente 88.000 toneladas, para atual safra 00/01. Novas florestas que estão sendo implantadas, da mesma forma vêm utilizando espaçamentos reduzidos, com a agravante que, as grandes empresas de reflorestamento, visando maior mecanização, fazem apenas um corte em toda a floresta ao mesmo tempo.

Estas árvores, plantadas apenas com o objetivo de produção de celulose e papel, inviabilizam tanto a extração de goma resina, como a produção de toras para indústrias de serraria e laminação. A falta de reflorestamentos para atender o segmento de serraria e laminação, faz com que matas naturais sejam utilizadas com este objetivo, o que resulta em maior eliminação da cobertura florestal do país.

O gênero Pinus produz madeira de excelente qualidade visual, especialmente quando obtida a partir de árvores de grande diâmetro, desramado artificialmente durante os eus estágios de crescimento. Este fato, associado à possibilidade de grande produção de adeira em curto espaço de tempo, gera interesse em estudar as suas qualidades físico- uímicas e mecânicas que visam determinar suas adequadas utilizações.

O Brasil possui um dos maiores reflorestamentos do mundo em coníferas, o que aliado à riqueza das suas características edafoclimáticas, proporcionam seguramente uma enorme vantagem sobre outras nações produtoras.

É notório no entanto que se não houver plantio, não haverá o que colher no futuro, principalmente em se tratando de resinagem e madeiras com diâmetro economicamente viável para produção em serrarias e laminação.

O setor de produtos sólidos derivados da madeira, que requer uma matéria-prima mais refinada, com diâmetros mais avantajados e por se tratar de matéria prima que demande mais tempo para ser produzida, certamente será um dos setores mais atingidos. Conforme quadros acima, até o ano de 2.010, o déficit de madeira para esse setor (madeira serrada, laminações, moveleira, etc) atingiria a marca de 271 milhões de metros cúbicos.

RESINAGEM

Sabe-se que as árvores se distribuem, no globo em folhosas e coníferas ou resinosas, mas nem todas são possíveis de serem exploradas economicamente

Entre as inúmeras espécies existentes, em várias partes do mundo, apenas as do gênero pinus são verdadeiramente produtoras de goma resina, ainda que a produção varie dentro desse gênero, de espécie para espécie. O volume de goma resina e produtos dela obtidos, consumido pelo mercado mundial, são produzidos apenas por 5 espécies principais; P. elliottii var. elliottii, P. caribaea Morelet (englobando as variedades caribaea, hondurensis e bahamensis), P. palustris, P. pinaster e P. sylustris, sendo a primeira a maior produtora.

Origem das espécies:

Pinus elliottii Eagelm – Estados Unidos Slash pine, yellow slash, swamppine, hill pine.

A espécie mais cultivada no Brasil, nos Estados Unidos, é tida como a espécie mais importante, oferecendo a mais alta produção de goma resina.

Pinus caribaea Morelet – Cresce na América Central e no Brasil é conhecida como pinus tropicais. Sendo cultivada em climas mais quentes, como o triângulo mineiro.

Pinus pallustris Muller – Estados Unidos. Souterm Yellow pine - hard pine - longstrow pine - longleaf pine. Nos Estados Unidos. é cultivada principalmente na área que abrange desde as Carolinas até o Texas.

Pinus pinaster Ait – Espécie Européia, denominado pinheiro marítimo. Desenvolve principalmente em solos arenosos.

Pinus sylvestris– Cresce na Europa, principalmente na França, Espanha e Portugal. Explorado na Finlândia, Turquia, Rússia, Alemanha e outros países da Europa.

Espécies no Brasil:

Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, com clima mais ameno, a espécie mais plantada é o Pinus elliottii var. elliottii que coincidentemente é uma das mais produtoras de goma resina. Em outras regiões mais quentes, recentemente começou a explorar goma resina do “pinus tropicais” destacando-se o Pinus caribaea var. bahamensis e o Pinus caribaea var. hondurensis.

A qualidade da goma resina varia conforme as espécies, tanto em sua forma de extração, como em sua composição física e química.

No campo, a goma resina do Pinus elliottii não oxida no painel, enquanto a goma resina do “pinus tropical” oxida nos painéis, dificultando sua coleta..

A goma resina do Pinus elliottii é composta de 68% de breu, 17% de terebintina, 10% de umidade e 5% de impurezas sólidas e água das chuvas, enquanto que a goma resina do “pinus tropical” possui 68% de breu e de 4 a 9% apenas de terebintina. A qualidade do breu obtido da goma resina de Pinus oocarpa não é muito boa, devido ao seu alto teor de materiais insaponificáveis. A goma resina de Pinus pátula foi a que forneceu breu de pior qualidade, pelo teor de insaponificáveis enormemente alto. O breu obtido da goma resina do Pinus insalubris, por sua vez, foi o que apresentou melhores valores para número de saponificação, número de acidez, teor de insaponificáveis, cor e ponto de amolecimento. A goma resina obtida do Pinus pátula forneceu terebintina de pior qualidade, devido ao baixo teor de alfa e beta-pineno nela existentes. No entanto o autor afirma que as gomas resina de Pinus elliottii e Pinus caribaea, produziram derivados com qualidade razoável para uma exploração comercial.

Os fatores que influenciam a produção de goma resina podem ser divididos em duas classes: fatores intrínsecos e fatores físicos ou externos

São fatores determinantes para a implantação do projeto de reflorestamento: A escolha da espécie, sua procedência e constituição genética são determinantes básicas, como salientado anteriormente, pois existem espécies com maior potencial que outras, para a produção de goma resina. Assim, o Pinus elliottii var elliottii é a que apresenta maior potencial.

- Sanidade da planta: Uma árvore sadia e vigorosa tem tudo para ser uma boa produtora de goma resina.

- Idade da Planta: O desenvolvimento vegetal está ligado ao conceito de idade, e portanto é um componente importante da produção. A resinagem em Pinus elliottii var elliottii, na região de Itapeva, Estado de São Paulo, é realizada em povoamentos com mais de 8 anos de idade.

- Espaçamento: Sabe-se que quanto maior o número de indivíduos em relação a uma determinada área, menor será o seu crescimento em diâmetro e em tamanho de copa das árvores.

- Dimensões da planta: A bibliografia é unânime em afirmar a influência da árvore na produção de goma resina. Demonstram haver relação direta entre a produção de goma resina, a copa e o diâmetro da árvore explorada. Em geral, seleciona-se para resinar, árvores com DAP superior a 16 centímetros.

Estudos com Pinus elliottii var. elliottii, para verificar a influência do diâmetro e da copa, na produção de goma resina, durante um período de 9 meses, concluíram que o DAP influencia na quantidade de goma resina produzida na ordem de 11 %, segundo o coeficiente de determinação obtido.

Estudando a produção de goma resina, de acordo com o diâmetro, em árvores de Pinus elliottii, constatou-se que a cada 1 cm de acréscimo no DAP, correspondeu um aumento de 10,54 gramas na produção de goma resina, por planta e por estria.

Fatores externos ou físicos estão relacionados com o sistema operacional. A produção de goma resina é influenciada pela qualidade dos serviços praticados, iniciados a partir da escolha da árvore a ser resinada. Pode-se chamar de artesanal, a arte em resinar, pois é dependente da mão de obra e os funcionários que trabalham nesta atividade, devem ser bem preparados e motivados, para executar com carinho, as operações nas árvores resinadas.

O principal problema detectado, à nível de campo, é o vazamento lateral da goma resina, que não chega a cair diretamente no recipiente (saco) que deve acondicionar a goma resina produzida. Quer seja pelo mau direcionamento das estrias, vazamento pela má colocação do saco plástico ou mesmo quando esse saco plástico estoura em sua solda ou deprecia pelo tempo de uso.

Sabe-se que a goma resina encontra-se sob pressão no lenho dos pinheiros, dentro de canais resiníferos verticais e horizontais.

A atividade resineira, no princípio, consistia no corte da casca e do lenho, de maneira a expor os canais resiníferos e permitir o fluxo da goma resina.

Como o processo antigo era muito dispendioso em termos de mão de obra, ensaiaram vários produtos, para manter o fluxo de resina, sem ser necessário fazer estrias tão freqüentes.

Atualmente, para destruir as paredes celulósicas dos canais resiníferos e permitir a livre exsudação da goma resina, faz-se a operação de estria, que consiste na remoção periódica (aproximadamente 15 dias), de parte da casca da árvore (aproximadamente 2 cm de altura), e em seguida são aplicados junto à linha de contato da casca com o lenho, cerca de 2 gramas de pasta estimulante à base de H2SO4.

Para acondicionar essa goma resina que exsuda da árvore, fixa-se na base da árvore, saco plástico (35x25x0,20), com arame (material removível) . Quando cheio de goma resina, retira-se em latas de 20 litros e acondiciona em tambores metálicos de 200 quilos para transporte até as indústrias de breu e terebintina, ou mesmo para exportação in natura.Durante uma safra de resinagem (9 meses) faz-se em média 18 a 20 estrias com altura média de 2 cm e largura aproximada de 20 cm, determinando um painel de aproximadamente 800 cm2.

Assim, determina-se a longevidade da atividade na árvore, que economicamente torna-se viável, durante aproximadamente 16 anos. O painel (largura e altura) explorado durante a safra, é fator determinante da produção anual, porém, sabe-se que tecnicamente na análise dos custos, deve-se usar a unidade/quantidade, em gramas produzidas por área (cm2) explorada na árvore.

O rendimento da operação de resinagem é de 15.120 árvores /homem/safra-ano, e para a ARESB, o rendimento é de 10.000 árvores/homem/safra-ano, realizando todas as etapas, com retorno a cada 14 dias. No período mais frio do ano (junho a agosto), é feita a raspa da goma resina que ficou no tronco resinado e em seguida reinstalam-se os sacos que vão acondicionar a goma resina da próxima safra. No frio, a produção de goma resina diminui e por isso essa operação instalação de materiais, é realizada nessa época, aproveitando a mão de obra, sem dispensar os trabalhadores, além de permitir um “descanso” da árvore.

A segurança do trabalho é de suma importância, sendo considerada atividade INSALUBRE, porque há o envolvimento direto do homem na atividade.

Os E.P.I. exigidos pela CIPA, para funcionários que atuam na resinagem são:

• Na aplicação de pasta estimulante e estrias:

o Botas de P.V.C., luvas de P.V.C., aventais plásticos, viseira e capacete.

• Na coleta da goma resina:

o Luvas de P.V.C., botina e capacete.

• No transporte interno da goma resina:

o Sapatos com biqueira de aço, luvas de P.V.C. e capacete.

A goma resina obtida pela exsudação das árvores de pinus, é uma mistura de hidrocarbonetos de cadeia longa, compostos por vários ácidos resínicos, tendo como principal deles, o ácido abiético, que após destilação, torna-se a parte sólida, chamado breu e a parte volátil, composta de cíclicos aromáticos, chamada terebintina.

Breu:

Partindo de citações bíblicas sobre o uso do pinheiro e de sua resina, para calafetar a Arca de Noé ou para impermeabilizar o cesto-berço de Moisés, o breu tem sua história intimamente ligada à construção naval. Navegadores fenícios e ingleses da era vitoriana, independente do tempo que os separam, usaram a goma resina, de modo parecido na calafetação de barcos e na impermeabilização de velas, sendo os ingleses responsáveis pela denominação coletiva de naval stores (suprimentos navais) usada nos países de língua inglesa, até hoje, para denominar os derivados da goma resina.

Os grandes volumes de aplicação de breu, na atualidade, são para colas utilizada

na fabricação do papel, tintas e vernizes, hot melt, adesivos, borrachas sintéticas; sendo o restante aplicado nas áreas de cosmética, alimentícias, e outras.

APLICAÇÕES DO BREU

281.000 ton Tintas de Impressão

271.000 ton Cola Papeleira

313.000 ton Adesivos

142.000 ton Emulsionantes/Borrachas

50.000 ton Outros Segmentos

*Outros segmentos: dentre eles, cosméticos, sabões, detergentes, e indústrias alimentícias como chicletes.

Fonte: Naval Store

Atualmente, a obtenção do breu é decorrente de três modos, sendo dois deles por métodos destrutivos (breu de cepo e breu de tall oil), e o terceiro breu “vivo” produzido a partir da goma resina extraída de árvores vivas, o qual trata-se do foco deste trabalho. O breu de cepo, ou breu morto, é obtido pelo aproveitamento da base remanescente do corte da floresta, juntamente com as raízes grossas. Método muito antigo, ainda utilizado em parte dos Estados Unidos. Tem custo de extração elevado, justificando-se apenas em áreas de terras de alto valor e que necessitam ser destocadas para serem utilizadas para outra finalidade, razão pela qual ocupa apenas 3% da produção mundial.

O breu de tall oil é resultante do aproveitamento obrigatório do resíduo da industrialização da celulose de fibra longa.

Esse resíduo, também chamado de lixívia negra, tem grande poder de poluição, devido a lavagem da celulose por solventes, os quais arrastam consigo a goma contida na madeira, no momento do processamento.

Como o número de fábricas de celulose e papel de fibra longa é muito grande nos Estados Unidos e norte da Europa (Finlândia, Noruega e Suécia), a quantidade desse breu também é grande, tornando-se forte concorrente ao breu vivo oriundo da resinagem emárvores vivas. A sua participação de mercado, em 33%, é bastante significativa, mesmo com qualidade inferior, devido preço atraente.

A extração da goma resina, através do método de resinagem em árvores vivas, em que focamos nosso trabalho, é responsável por 64% da produção mundial de breu, e esse é denominado breu vivo , colofônia, pez ou gum rosin. Destaca-se, por ser matéria prima natural, renovável e não poluente.

PRODUÇÃO MUNDIAL DE BREU

673.000 ton BREU de RESINAGEM

352.000 ton BREU de TALL OIL

32.000 ton BREU de CEPO

FONTE Naval Store

PRODUÇÃO MUNDIAL DE BREU VIVO

390.000 ton China

62.000 ton Indonésia

50.000 ton BRASIL

23.000 ton México

23.000 ton Portugal

20.000 ton Argentina

105.000 ton Outros

Países da América Central e Ilhas do Caribe, além de Rússia, França, Vietnã. A China é o maior produtor de goma resina do mundo. Segundo Naval Store , a China produz em torno de 570 mil toneladas/ano de goma resina, representando 58% do mercado mundial de breu vivo, com 390 mil ton breu vivo/ano. Enquanto o Brasil e Indonésia disputam o segundo lugar no mercado.

Através de coleta de dados disponível no site da ARESB, a produção brasileira para a safra atual, 2000/2001, está estimada em 88.000 toneladas de goma resina, sendo aproximadamente 50 % para consumo interno e o excedente exportado em forma de breu vivo ou de goma resina in natura, gerando divisas para o país. Essas 88.000 toneladas de goma resina in natura, geram em torno de 58 mil toneladas de breu vivo, conforme aproveitamento industrial de 68%.

Terebintina:

O nome terebintina possui origem grega e era dado à resina obtida de Pistaciaterebinthius da família anarcadiaceae A terebintina, também chamada de aguarrás vegetal, obtida pela destilação da goma resina, é um líquido oleoso, transparente, rico em ? e ? pineno, que são compostos cíclicos aromáticos; os quais permitem sua utilização como matéria prima para industrialização de grande número de produtos, tais como acetato de terpenila, isobornila, terpineol que serão utilizados na indústria de fragrâncias e perfumaria. Os desinfetantes “pinho” que possuem ação germicida (fungicida e bactericida) levam em sua formulação, o óleo de pinho oriundo da industrialização da terebintina.

Passando pela indústria de química fina, a terebintina também dará produtos nobres, tais como: vitaminas, componentes de inseticidas naturais, resinas politerpênicas para colas especiais, dentre outros. O seu uso estende como solventes de tintas especiais, bem como, na área farmacêutica, fazendo parte de produtos como Gelol, Vick VapoRub, pomada de basilicão e outros.

Manejo florestal

A seleção massal como método de melhoramento, em certas condições, pode ser usada para eliminar indivíduos de baixo valor agrícola, sendo, portanto, de grande utilidade na purificação de variedades existentes.

Ao desbastar uma floresta, estamos não só antecipando receitas, como também eliminando árvores defeituosas, dominadas e de baixa produção de goma resina.

Fato relevante quando se considera que a produção de goma resina é influenciada pelo manejo, sendo superior em áreas que sofrem desbastes, e concluem que o maior ganho ocorre quando o desbaste é seletivo.

Experiências demonstram que as plantas obedecem, além de um plano em seu manejo para madeira, também manejo para goma resina. Assim, a mesma espécie em um mesmo ambiente, depende da maior ou menor densidade das plantas por unidade de superfície, para ter um melhor desenvolvimento em sua altura, diâmetro e copa que são fatores intrínsecos para produção de goma resina.

Estudos dos efeitos da resinagem no desenvolvimento das árvores concluíram que há uma diminuição no incremento diamétrico de árvores resinadas, porém, não há diferença significativa no incremento em altura entre árvores resinadas e não resinadas.

Avaliando um povoamento de Pinus elliottii Engelm. var. elliottii, localizado em Telêmaco Borba, PR, com 23 anos, concluiu que a floresta resinada, apresentou um ganho de U$ 504,30 / ha, em reação à floresta não resinada. A pesquisa e experimentação têm demonstrado que as árvores que sofrem resinagem, mesmo por períodos longos, não apresentam qualquer defeito no lenho, que venha a depreciar a madeira.

Na prática observa-se que os serradores de árvores resinadas colocam restrições, afirmando que a madeira dessas árvores fica mais “dura”.

Visualmente percebe-se que a madeira de uma árvore resinada da espécie Pinus elliottii fica mais avermelhada, dando-lhe um aspecto mais bonito.

Verifica-se que árvores de Pinus elliottii quando submetidas a resinagem, apresentou uma diminuição no crescimento médio em diâmetro, proporcional à produção de goma resina. É mínimo o prejuízo causado pela resinagem no incremento da madeira.

No início da atividade de resinagem, eram usados como recipiente coletor, materiais que eram fixados na árvore, com pregos, além de calhas condutoras confeccionadas com materiais galvanizados e esses muitas vezes ficavam nos troncos das árvores, prejudicando e condenando o uso industrial em serrarias, dessa parte nobre da árvore. Hoje, não há mais esse inconveniente, pois os coletores são sacos plásticos amarrados com arame, sem uso de calhas e são removidos facilmente das árvores, deixando-as livres para a industrialização final.

Ao reflorestar uma propriedade, traz-se inúmeros benefícios indiretos para a natureza, equilibrando o meio ambiente e renovando a matéria orgânica do solo. Dentre tantos benefícios já conhecidos por todos, o que mais aparece na mídia nos dias de hoje é comrelação à fixação de CO2.

O uso intensivo, pelo homem, de recursos fósseis não renováveis (CH4=metano), como carvão, petróleo e gás natural, aumenta as emissões de dióxido de carbono. Esse gás existe naturalmente na atmosfera, mas em excesso, aliado a outros gases, provoca o efeito estufa: aprisionamento do calor que causa aumento da temperatura e mudanças climáticas. O desmatamento contribui para esse fenômeno, uma vez que as árvores absorvem o CO2, liberando oxigênio e carbono limpo.

Ao investir em plantios de floresta, colabora-se para que o Brasil passe da intenção à ação, no que se refere ao objetivo do Protocolo de Kyoto. Afinal, a não emissão de gases é apontada, hoje, como condição para o equilíbrio do ambiente, sabendo-se que no mundo, as áreas verdes não crescem na mesma velocidade da produção industrial do mundo.

Cada folha verde, sabe-se agora, também tem um valor. Estima-se, hoje, em aproximadamente R$.0,46 (Quarenta e seis centavos de Real) por tonelada de carbono absorvido da atmosfera. Cada hectare de floresta de Pinus com mais ou menos 600 m3 , é capaz de seqüestrar aproximadamente 300 toneladas de CO2.

A definição de uma política florestal contribui para o abastecimento de matérias primas e para reduzir a pressão dos desmatamentos sobre as matas nativas ainda existentes. Da mesma forma, pode indicar melhor aproveitamento das terras ociosas, sub utilizadas ou degradadas e, ainda, ser um agente de conscientização do homem do campo no uso adequado dos recursos naturais.

No Brasil, a exploração de mais de 45 milhões de árvores, implica no emprego

direto de mais de 10 mil pessoas. Juntamente, com outras atividades florestais relativas à exploração de madeira, a goma resina contribui para dar à floresta um cunho altamente social.

Além do aproveitamentod a mão de obra familiar, a resinagem contribui para aumentar a renda per capita nas pequenas propriedades, evitando o êxodo rural. Nestas propriedades pode-se otimizar a utilização do terreno, consorciando o Pinus com outras culturas e até com gado de corte.

Na China a atividade é exercida por pequenos produtores, que se ocupam de pequeno número de árvores (1.000 a 1.500) e de propriedade do Estado, resinando-as intensivamente.

O Brasil foi, até meados de 1980, um grande importador de breu (32.459 ton.) e, a partir de 1989 o Brasil tornou-se exportador, competindo com países tradicionais no mercado internacional, como a China, por exemplo.

A resinagem constitui numa ótima forma de se auferir rendas de povoamentos florestais de Pinus spp servindo de estímulo a uma atividade, que até pouco tempo atrás, estava restrita a produção de madeira, despertando interesse de novos investimentos em reflorestamentos, concorrendo para evitar a falta de produtos e subprodutos provenientes de madeira. E que se bem realizada, pode tornar-se mais do que uma fonte de renda complementar à exploração da própria madeira. A resinagem, além de gerar muitos empregos diretos o ano todo, gera muita renda aos proprietários de florestas que arrendam as árvores para os resinadores explorarem durante o crescimento e o corte final; quando essas árvores serão transformadas em vários produtos como: papel, celulose, carvão, lenha e madeira serrada.

A atividade de extração de goma resina ficou tão atraente economicamente que várias novas florestas estão sendo implantadas com o objetivo principal de produzir mais goma resina, além de ter mais cuidados técnicos como o uso de sementes selecionadas, desbastes na hora certa e desgalhamentos para eliminação dos nós mortos, obtendo troncos retos e grossos para o uso em serrarias e laminações no final do ciclo destas florestas.

Prevê-se uma elevação dos preços da resina, praticada pela China, como resultado da política salarial e aumento do consumo interno, o que proporcionará novas perspectivas ao mercado brasileiro.

Os custos atuais de implantação e condução de floresta de Pinus resinífero, para pequenos módulos, com espaçamento 3,30 por 2,80 metros, e população inicial de 1.080 plantas/ha é de R$.556,78/ha. no 1 o ano (Implantação) – ano 0, e manutenção no 2oano – ano 1 de R$.156,10/ha., no 3º ano – ano 2 de R$. 96,21/ha. e do 4 ano em diante (anos 3 à 24), ignorou-se os custos, pois os mesmos, em se tratando de pequenos lotes são incorporados com outras atividades marginais à floresta; e os preços de venda apurados são em regime de matagem, ou seja, preço da árvore “em pé”.

Entre os pontos fracos e fortes da atividade estão:

?

Projeto de longo prazo.

?

Investimento na terra: imobilizado alto.

?

Risco de incêndio: resina é inflamável.

?

A goma resina é uma commodity.

?

Produto renovável e não poluente.

?

Produto não perecível.

?

Mudança na política salarial, com aumento de consumo na China.

Ameaças e oportunidades

Avanço do mercado Chinês.

?

Clonagem de matriz altamente produtiva.

?

Aumento de produção de tall oil

?

Poucos vão ter florestas resiníferas.

?

TIR alta.

?

n

É viável o investimento, do ponto de vista financeiro, pois a Taxa Interna de Retorno (TIR) obtida de 27,13 % a.a., é superior à taxa no projeto de reflorestamento sem resinagem (16,70% a.a), e, também supera a taxa SELIC do Banco Central.

Essa significativa elevação na TIR do projeto com resinagem, demonstra que a atividade representa uma excelente alternativa capaz de alavancar a implantação de novos reflorestamentos.

Os resultados obtidos através da aplicação dos conceitos de avaliação de ativos, Valor Presente Líquido (VPL ou VAL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Taxa Mínima de Atratividade (TMA), permitem concluir que a atividade de reflorestamentoconjugada comresinagem é rentável e atrativa.

Verifica-se a inexistência de políticas públicas e programas de incentivos para reflorestamentos, a exemplo do ocorrido na década de 1960, Lei 5.106 de 26/09/66, voltada para orientar e capacitar pequenos investidores e os pequenos produtores rurais que contam com áreas de terras ociosas e indicadas para a implantação de florestas para resinagem e extração de madeiras. Para isto, seria necessário adequar o atual sistema de crédito agrícola à silvicultura, que exige longo período de carência e de maturação do investimento.

Quando se pensa em reflorestamentos no Brasil, naturalmente a atividade é associada a grandes empreendimentos e a grandes proprietários; normalmente vinculados a projetos ligados à produção de celulose de grandes empresas, ou a investidores de grande porte e a instituições financeiras. Este modelo, adotado equivocadamente através de programas de incentivos fiscais a partir de 1966, Lei 5.106, não proporcionou aos pequenos proprietários de terras, brasileiros, a mesma oportunidade dada aos grandes investidores, alijando-os do processo de desenvolvimento experimentado por paises como o Canadá, a Suécia, a Finlândia e Noruega, que possuem os maiores índices de desenvolvimento socioeconômico e qualidade de vida, atribuída em grande parte a programas semelhantes ao brasileiro.

Os pequenos proprietários teriam uma renda bruta significativa, o que por si só pode até não representar lucratividade, mas se analisarmos que a produção florestal, empequenas áreas, é muitas vezes feita com baixos custos, por não ser considerada investimento único no imóvel, ou em parcerias com grandes empresas, teríamos eventualmente muitas situações em que o lucro estaria muito próximo da receita bruta. Além disto, deve-se considerar que o empreendimento não é feito em solos de grande aptidão agrícola, podendo ser distribuída por áreas de pouco valor no mercado e de baixa fertilidade, portanto, sem competir com outras atividades pelo recurso da terra.

Como recomendações surge o consórcio com pecuária e outras culturas.Com o espaçamento largo de 3,30 por 2,80 metros e como o retorno do reflorestamento se dá a partir do oitavo ano, quando há o primeiro desbaste e começa a colher a resina, a área poderá ser usada neste período, para culturas como feijão, milho ou até mesmo para a criação de gado de corte.

O consórcio favorece o pequeno produtor, interessado em formar florestas para a produção de resina e madeira, pois gera receita e otimiza a mão de obra também nas grandes propriedades, onde o Pinus pode ser plantado em pequenos módulos, aproveitando áreas degradadas, marginais e inclusive nas margens de matas ciliares, protegendo-as contra várias ações de degradação.

Ocupação de áreas degradadas:

Estas áreas mostram-se impróprias para a agricultura e a pecuária, mas podem prestar para a silvicultura se o plantio das árvores for possível e, muitas vezes, recomendável. plantio de espécies florestais adequadas, ajuda a rápida recuperação da capacidade produtiva dos solos.

No Brasil, a maioria das espécies plantadas nestas áreas é exótica, em sua quase totalidade, principalmente as dos gêneros Pinus e Eucalyptus, pelo fato de serem rústicas e agressivas, desenvolvendo-se de forma satisfatória na maioria dos terrenos usados na silvicultura brasileira.

Proteção de matas ciliares:

A vegetação ciliar é aquela que margeia os corpos de água, como rios, riachos e lagoas e sua remoção causa prejuízos para o homem e à natureza. Por isso, a legislação brasileira considera a vegetação ciliar como área de preservação permanente, exigindo a manutenção ou reconstrução da vegetação original, através de faixas nas margens dos cursos de água, cujas dimensões variam conforme suas larguras.

O plantio de espécies florestais de rápido crescimento, participa na proteção das nascentes e cursos de água.

Geração de receitas:

O estabelecimento de plantações florestais na pequena propriedade rural é uma excelente forma de utilizar a terra, possibilitando a produção de diversos benefícios diretos e indiretos. A seguir alguns podem ser destacados:

- Permitir a produção de madeira para uso na própria propriedade rural;

- Propiciar a disponibilidade de um capital acumulado. Promover um melhor uso das terras e do potencial produtivo d propriedade;

- Proteger os solos contra a erosão;

- Proteger os mananciais e os cursos d’água de assoreamento;

- Diminuir a pressão sobre florestas naturais;

- Utilizar a mão-de-obra familiar, ou contratada, quando ociosa.

Pesquisa

Generci Assis Neves

Carlos Alberto Martins

Jorge Miyasava

Adelson Francisco de Moura

Orientador:

Prof. Sérgio Luiz Lepesch

Sorocaba – São Paulo

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade – FEA

Fundação Instituto de Administração – FIA

MBA de especialização em Agribusiness.