O pínus pode ser atacado por diversas pragas, destacando-se dentre ela, as seguintes: formigas, vespa-da-madeira e pulgões.
Entre as formigas cortadeiras, as saúvas(Atta spp.) e os quenquéns (Acromyrmex spp.) são herbívoros dominantes na Região Neotropical, consumindo mais vegetação do que qualquer outro grupo animal, incluindo-se os mamíferos. Elas atacam quase todas as espécies de plantas cultivadas, podendo causar desfolha total e até a morte, tanto de mudas quanto de árvores adultas. Os maiores prejuízos ocorrem nos dois primeiros anos após o plantio, podendo causar a mortalidade das plantas.
A identificação das formigas é baseada na forma das operárias:
As operárias da saúva variam de tamanho, de 12 a 15 mm de comprimento, apresentam três pares de espinhos dorsais e seus ninhos podem atingir profundidades de mais de 5 m, sendo caracterizados, externamente, pelo monte de terra solta.
As operárias da quenquém, com 8 a 10 mm de comprimento, apresentam cinco pares de espinhos no tórax. Seus ninhos, geralmente, não apresentam terra solta aparente.
O monitoramento do ataque de formigas requer observações constantes das colônias e dos prejuízos causados. O controle das formigas cortadeiras deve ser feito antes do preparo do solo para o plantio pois o revolvimento do solo, no caso de quenquéns, poderá multiplicar o número de colônias.
O manejo integrado de formigas cortadeiras pode ser implementado mediante controle mecânico ou químico .
Formigas cortadeiras
Os sauveiros novos podem ser localizados pelos montículos formados de grânulos de terra solta e amontoados ao redor dos olheiros iniciais. Em colônias de quenquéns,os ninhos podem, ou não, ser formados por um monte de terra solta, saliente sobre a panela de fungo, entre as raízes das árvores, sob os entulhos ou folhas, podendo ser escavados e destruídos.
O controle químico envolve o uso de formicida nas seguintes formulações:
• isca granulada, comercializada em embalagens contendo de 5 e 10 g, para aplicação direta no campo ou em embalagens maiores para utilização em porta-iscas recomendadas, preferencialmente, nas fases de crescimento e maturação da floresta;
• pó, aplicado com polvilhadeira, contra formigas que fazem ninhos pouco profundos;
• solução concentrada (termonebulígenos), recomendada contra saúvas, é aplicada diretamente nos olheiros, por meio de um termonebulizador.
Para o uso de produtos descritos nos itens "a" e "b", há necessidade do cálculo da área do formigueiro para se determinar a dosagem adequada; A aplicação de produtos químicos requer a utilização de equipamentos de proteção individual.
Vespa-Da-Madeira
A vespa-da-madeira (Sirex noctilio) é um inseto originário da Europa, Ásia e norte da África e,no Brasil, atingiu, aproximadamente 350.000 ha de Pinus taeda nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, até o ano 2002. As iniciativas para o controle desta praga, no Brasil, foram tomadas pela Embrapa Florestas, com estudos bioecológicos desse inseto. Os danos provocados são severos, podendo acarretar prejuízo estimado em U$6,6 milhões anuais.
Os insetos adultos variam de 1,0 a 3,5 cm de comprimento, apresentam coloração azul escura metálica; os machos apresentam partes alaranjadas em seu corpo e as fêmeas, ovipositor em forma de ferrão de até 2 cm de comprimento, partindo do abdômen.
As larvas de S. noctilio apresentam coloração geral branca, formato cilíndrico, fortes mandíbulas denteadas e um espinho supra-anal. As pupas são de cor branca e apresentam tegumento fino e transparente.
Durante a postura, além dos ovos, a fêmea introduz na árvore os esporos de um fungo simbionte, Amylostereum areolatum e uma mucosecreção. O fungo e o muco, juntos, são tóxicos à planta, causando clorose nas acículas.
As larvas eclodem cerca de 20 dias após a postura e logo iniciam a sua alimentação, construindo galerias no interior da madeira. A secreção salivar e os nutrientes são ingeridos e os fragmentos de madeira, em forma de serragem, são regurgitados e depositados em forma compacta, obstruindo as galerias.
Na fase de transformação em pupa, as larvas dirigem-se para próximo à casca. Na maioria dos casos, o ciclo biológico dura um ano. Entretanto, em árvores muito estressadas ou quando o ataque ocorre em uma bifurcação, pode ocorrer um ciclo curto, de 3 a 4 meses.
As árvores atacadas pela vespa-da-madeira apresentam os seguintes sintomas:
- Respingos De Resina que surgem das perfurações feitas pelas fêmeas para depositar seus ovos; em alguns casos observa-se o escorrimento de resina;
- amarelecimento da copa após o ataque, variando desde um tom amarelado, em um estágio inicial, passando pelo marron-avermelhado e seca, até a queda das acículas;
- orifícios de emergência facilmente visíveis na casca, por onde os adultos emergem;
- manchas azuladas em forma radial na madeira atacada, causadas por um fungo secundário, Botryodiplodia;
- galerias no interior da madeira, construídas pelas larvas.
A vespa-da-madeira é atraída para árvores estressadas que apresentam condições ideais para o desenvolvimento das suas larvas. As preferidas são as árvores de menor diâmetro e as dominadas.
O dano principal é provocado na ocasião da postura. O fungo e o muco injetados desencadeiam várias reações nas árvores, culminando com a sua morte. A madeira das árvores atacadas torna-se imprópria para uso.
O ataque da vespa-da-madeira ocorre, geralmente, da segunda quinzena de outubro até a primeira quinzena de janeiro. A partir do mês de março, grande parte das árvores já apresenta os sintomas de ataque.
A vespa-da-madeira é, essencialmente, uma praga secundária e a prevenção contra ela pode ser feita mediante vigilância e tratos silviculturais. Assim, é importante a observação das seguintes recomendações:
- Desbastar os povoamentos de Pinus nas épocas adequadas para evitar a ocorrência de plantas estressadas;
- Remover do povoamento as árvores mortas, dominadas, bifurcadas, doentes e danificadas, bem como restos de poda e desbaste com diâmetro maior que 5 cm;
- Intensificar o manejo em sítios de baixa qualidade, onde haja solos rasos e pedregosos;
- Não efetuar poda e desbaste dois meses antes e durante o período de revoada (segunda quinzena de outubro à primeira quinzena de janeiro);
- Evitar o plantio em áreas declivosas, onde seja difícil realizar tratos silviculturais;
- Tomar medidas de prevenção e controle de incêndios florestais;
- Treinar empregados rurais, de serrarias e de transporte de madeira na identificação da praga;
- Manter e intensificar a vigilância de rotina;
O transporte de madeira das regiões infestadas para outras aumenta a probabilidade de dispersão do inseto. Assim, as medidas de quarentena são importantes.
O monitoramento da vespa-da-madeira é realizado instalando-se árvores-armadilha. Como a vespa é atraída para árvores estressadas, aplica-se herbicida para promover esse estressamento, tornando-as atrativas ao inseto. Isso facilita a detecção precoce da praga, auxiliando na tomada de medidas rápidas como a liberação de inimigos naturais. As árvores-armadilha devem ser instaladas em povoamentos com nível de ataque de até 1%. Em áreas com níveis maiores que este, deve-se interromper a instalação das árvores-armadilha e investir mais nas medidas de controle.
Controle
O monitoramento aéro-expedito é uma técnica muito eficiente, usada, rotineiramente, nos Estados Unidos, no monitoramento de danos causados por pragas e doenças em florestas. Esta técnica, agora disponível no Brasil, através da Embrapa Florestas, auxilia no monitoramento da vespa-da-madeira.
O controle biológico da vespa-da-madeira é feito utilizando-se o nematóide Deladenus siricidicola e os parasitóides Ibalia leucospoides, Megarhyssa nortoni e Rhyssa persuasoria.
O nematóide é o principal inimigo natural da vespa-da-madeira. Ele é criado, massalmente, no laboratório da Embrapa Florestas. Ele parasita as larvas da vespa-da-madeira e se instala no aparelho reprodutor de machos e das fêmeas da vespa-da-madeira. Assim, uma fêmea parasitada, ao emergir, faz posturas em outras árvores mas seus ovos estarão inférteis, podendo conter de 100 a 200 nematóides cada um.
Para o controle biológico, os nematóides são inoculados em tronco de árvores atacadas para que infectem as larvas da vespa-da-madeira que estiverem nesse tronco. A quantidade de troncos a serem inoculados é determinada após um levantamento da intensidade de ataque.
A vespa-da-madeira pode ser controlada mediante uso de parasitóides que são, também espécies da vespas. As fêmeas perfuram a madeira, com o seu ovipositor, até encontrar uma larva da vespa-da-madeira que recebe uma picada e é paralisada. Um ovo é colocado sobre a larva hospedeira e, quando eclode, sua larva inicia a alimentação sobre o corpo do hospedeiro, destruindo-o totalmente. As espécies utilizadas como parasitóides são Rhyssa persuasoria e Megarhyssa nortoni. Após atacarem as larvas da vespa-da-madeira, as larvas de Rhyssa e de Megarhyssa permanecem nas galerias construídas pelas larvas da vespa-da-madeira.
Rhyssa persuasoria que é uma espécie de vespa, de corpo preto, com manchas brancas localizadas na cabeça, tórax e abdômen. As pernas são de cor marron-avermelhada e as antenas totalmente pretas. O comprimento do corpo varia de 9 mm a 35 mm. As fêmeas apresentam ovipositor ligeiramente mais longo que o corpo. O abdômen do macho é alongado e levemente alargado na região posterior;
Megarhyssa nortoni, também, uma vespa, de coloração marrom, preta e amarela, com uma fileira de manchas ovais ao longo de cada lado do abdômen. O comprimento do corpo varia de 15 a 45 mm, com pernas amarelas ou levemente marrons e antenas pretas. As fêmeas apresentam ovipositor semelhante ao de R. persuasoria. No entanto, de comprimento duas vezes maior que o comprimento do corpo. O abdômen do macho é geralmente longo e estreito mas, nos espécimens muito pequenos, este é levemente alargado;
Ibalia leucospoides, também, é uma espécie de vespa, cujas fêmeas adultas, de tamanho variando de 7 a 14 mm, apresentam cabeça preta com antenas quase tão longas quanto o abdômen. Seu tórax é preto e alongado. As asas apresentam coloração cinza e as pernas escuras, tendendo para cores avermelhadas. O abdômen, em vista dorsal, é semelhante a uma lâmina. A principal distinção nos machos, que medem entre 6,5 mm a 12 mm de comprimento, está no abdômen. Este, em vista lateral, apresenta um contorno distinto, com a porção posterior menos aguda. Este parasitóide é um endoparasitóide que coloca os ovos em larvas da vespa-da-madeira de primeiro e segundo estágios de desenvolvimento. Ele passa por quatro estágios de desenvolvimento larval, sendo três dentro das larvas da vespa e o último, externamente, quando saem da larva, destruindo-a. Nesta fase, permanecem nas galerias construídas pela vespa-da-madeira para empupar próximo à casca e emergir, normalmente, um ano após a postura.
Pulgões
Os pulgões (Cinara spp.) são pequenos insetos sugadores, exclusivamente fitófagos, que causam danos diretos, pela sucção da seiva e, algumas espécies, pela injeção de saliva tóxica. Esses insetos ocorrem em coníferas, encontrando-se distribuídos por várias regiões do mundo. As espécies C. pinivora e C. atlantica atacam somente os Pinus. Elas são nativas da América do Norte, de onde foram introduzidas, estão presentes nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, de onde poderão se dispersar por todos os plantios de Pinus no Brasil. C. pinivora tem sido encontrada atacando Pinus taeda e P. elliottii e, raramente, as espécies tropicais. No entanto, C. atlantica ataca, também, as espécies de pínus tropicais.
Os pulgões atacam as brotações, os ramos, o caule e as raízes dos pínus. Eles apresentam características que, geralmente, os tornam praga de importância econômica, tais como:
- Polimorfismo, com presença de formas sem asas e aladas;
- Formas de reprodução:
a) assexuada, através da partenogenia, na qual as fêmeas vivíparas dão origem a formas jovens (ninfas), sem a passagem pelo estágio de ovo;
b) sexuada que, em regiões temperadas, ocorre no final do outono e no início do inverno, dando origem a machos e fêmeas ovíparas;
- Alta fecundidade e alta velocidade de reprodução, com ciclo de 12 dias desde a fase de ninfa até adulto e cada fêmea vive cerca de 27 dias, podendo gerar, em média, 44 ninfas.
Embora similares Cinara pinivora e C. atlantica apresentam algumas características distintas. A mais marcante é a forma dos sifúnculos, estrutura de coloração escura, localizada no abdomen, uma em cada lado do corpo. Em C. pinivora, ele apresenta uma base menor e o formato assemelha-se a um cone. Em C. atlantica, o sifúnculo é achatado, com a base mais larga, assemelhando-se a um "ovo frito". A diferenciação do sifúnculo é mais facilmente visível em insetos adultos.
Os pulgões ocorrem em maiores populações entre o outono e o inverno. Entretanto, C. atlântica é encontrada, também, na primavera e no verão. Normalmente, em Pinus tropicais, ocorre maior incidência desta espécie quando a temperatura é mais alta.
Os pulgões se alimentam em colônias localizadas nos brotos, ramos, caule e nas raízes. Onde há alternância de períodos secos e úmidos, os pulgões são mais abundantes em períodos secos. Os ataques mais intensos e com danos severos ocorrem em mudas e em plantios novos. As árvores atacadas pelos pulgões podem apresentar os seguintes sintomas:
- Clorose;
- Deformação e queda prematura das acículas;
- Redução significativa do crescimento em diâmetro e altura da planta;
- Entortamento do fuste;
- Seca dos brotos e superbrotação devido à destruição do broto apical;
- Presença de um fungo, denominado fumagina, de coloração escura, que se desenvolve sobre a substância açucarada ("honeydew") produzida pelos pulgões. Este fungo recobre os ramos e a folhagem, interferindo no desenvolvimento da planta;
- Associação com formigas que se alimentam do "honeydew" e protegem os pulgões de seus inimigos naturais;
- Seca progressiva dos ramos e, eventualmente, a morte das plantas infestadas;
- Desaciculação e distúrbio no crescimento, assim como redução da resistência ao ataque de outros insetos ou patógenos.
Os pulgões são atacados por predadores que incluem as joaninhas, as moscas, o bicho lixeiro e outros insetos. Contudo, estes predadores são de baixa eficiência no controle dos pulgões, por não serem específicos para C. pinivora e C. atlantica e por ocorrem em populações pequenas durante o inverno (período em que a população de pulgões é maior). Existem, também, alguns inimigos naturais específicos como as pequenas vespas que parasitam as ninfas dos pulgões.
Fonte: Susete do Rocio Chiarello Penteado Bióloga; M.Sc. pela Universidade Federal do Paraná; Pesquisadora em Entomologia Florestal;
Edson Tadeu Iede Biólogo; M.Sc. pela Universidade Federal do Paraná; Pesquisador em Entomologia Florestal ;
Wilson Reis Filho, Engenheiro-agrônomo; Doutor pela Universidade Federal do Paraná; Pesquisador em Entomologia Florestal; Coordenador do projeto "Manejo Integrado de Formigas Cortadeiras".
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