O setor florestal é responsável por 4,5 % do PIB nacional e assegura 3,6 milhões de empregos diretos e indiretos, resultando o sustento de 10 milhões de brasileiros. Em 1996 exportou US$ 3,7 bilhões e gerou US$ 2,0 bilhões de impostos. Cada hectare reflorestado substitui o volume de madeira obtido em, pelo menos, quatro hectares de florestas naturais. No Brasil, os reflorestamentos com Pinus abrangem cerca de 2 milhões de hectares.
O sistema SISPLAN, utilizado no planejamento de florestas de Pinus, têm propiciado US$ 43 milhões de dólares por ano de renda adicional aos produtores brasileiros. Trata-se de retorno que já vem sendo efetivado. A avaliação da tecnologia foi realizada por Alencar (1999), em tese de PhD pela Universidade de Córdoba, Espanha.
O sistema é utilizado por Empresas Rurais cujas áreas florestais somadas representam 75% das florestas de Pinus no País. Como benefícios sociais, além dos ligados aos benefícios ecológicos e à geração de empregos, destaca-se seu uso por pequenos produtores. Esta difusão ocorre pelas Associações, Emater, Institutos, Sindicatos e pela própria Embrapa Florestas.
À medida que as árvores crescem em um reflorestamento, aumenta a competição entre elas por água, luz e nutrientes. Por este motivo, são realizados desbastes que visam reduzir o excesso de competição. O mais comum é remover as árvores de qualidade inferior (dominadas, bifurcadas, tortas e doentes) assim como antecipar alguma renda ao produtor. Quando a competição volta a ocorrer de forma mais intensa, novos desbastes devem ser realizados, retirando-se linhas e/ou árvores preservando-se as árvores de melhor qualidade.
Como as possibilidades de desbastes são inúmeras, a utilização de modelagem matemática e de técnicas de simulação do crescimento e da produção florestal é o único caminho prático para obter informações, que indiquem ao produtor com o manejar sua floresta. Estas técnicas devem incorporar métodos de análise econômica para possibilitar a visão conjunta de variáveis biológicas e econômicas, permitindo uma rápida configuração de cenários para o planejamento da produção florestal com otimização da produção madeireira e dos retornos financeiros.
Foi para suprir a inexistência de tal tecnologia na América Latina que foi desenvolvido o SISPLAN. Ele integra métodos de engenharia econômica e simulação do crescimento e da produção de povoamentos de Pinus. Ele é composto por três softwares:
O simulador SISPINUS, que simula desbastes de florestas de pinus e prevê o crescimento e produção anual do povoamento, e o sortimento de madeira por classe diamétrica para usos múltiplos das árvores provenientes de desbastes e do corte final; PLANIN, que possibilita o cálculo dos parâmetros de avaliação econômico financeira e a análise de sensibilidade da rentabilidade a diferentes taxas de atratividade; e REPLAN, que gerencia um banco de dados sobre rentabilidade de regimes de manejo, tendo por base o índice de sítio, a taxa de atratividade e a idade de rotação do povoamento.
Os softwares são de fácil utilização pelos produtores, não importando o tamanho do reflorestamento. O sistema possibilita a definição do tipo de desbaste mais adequado para a floresta de pinus, a época e intensidade ideais para sua realização e a idade ideal para o corte final. Pode-se avaliar o estoque de madeira disponível no presente e a cada ano futuro, em termos de volume total e volume por tipo de utilização industrial como laminação, serraria, celulose e energia. O PLANIN considera em seus cálculos todos os segmentos de custos operacionais de implantação, manutenção e exploração florestal. O sistema viabiliza a análise econômica da produção de madeira, através de vários critérios de avaliação, e possibilita a tomada de decisão sobre regimes ideais de manejo.
SISPINUS
Para operacionalizar o sistema, o usuário fornece os dados de inventário de uma floresta de Pinus e o SISPINUS prevê o crescimento e produção, indicando o quanto de madeira a floresta produz, em qualquer idade. Ele possibilita a simulação de desbastes e o teste de qualquer regime de manejo que se deseja aplicar nos povoamentos
O SISPINUS auxilia as tomadas de decisões sobre:
- quando, quanto e como desbastar,e
- quando fazer o corte final.
- O SISPINUS indica:
- crescimento e produção da floresta,
- a produção por classes de diâmetro
- e o volume de madeira por tipo de utilização.
- O PLANIN é um software para análise econômica da produção florestal que:
- Considera os diversos segmentos de custos operacionais de implantação manutenção e exploração florestal;
- Fornece fluxos de caixa, análise de sensibilidade e critérios de análise-financeira mais utilizados pelas maiores empresas do Brasil
O REPLAN indica a rentabilidade econômica por idade, subsidiando a decisão sobre rotação (corte final) da floresta,
O SISPLAN auxilia a tomada de decisão nas atividades de manejo e planejamento da produção de florestas de Pinus, possibilitando a definição do tipo de desbaste mais adequado para cada povoamento e da época e intensidade ideais para sua realização, bem como da idade ideal para o corte final.
VANTAGENS
- A obtenção dos regimes ótimos de manejo para os povoamentos, em função do custo de produção, taxas de juros, preço de madeira no mercado consumidor e de necessidade de fornecimento de matéria prima para indústrias agregadas;
- A quantificação da produção anual presente e futura das florestas de Pinus, em função de regimes de manejo economicamente otimizados, tendo por base projeções e variações de custos e preços diversos;
- A quantificação da madeira produzida por classes de utilização industrial (laminação, serraria, celulose e energia);
- A realização de análise econômica da produção madeireira de Pinus em larga escala, através de vários critérios de avaliação;
- A realização de análises de sensibilidade para a avaliação do comportamento dos custos e da rentabilidade da produção de madeira de povoamentos de Pinus em função de variação nas taxas de atratividade e nos diversos centros de custos;
- A elaboração de cronogramas para a realização de desbastes e de cortes finais, visando a máxima rentabilidade econômica e o rendimento auto-sustentável, que serve como um dos requisitos básicos para uma empresa conseguir a certificação florestal e assim conseguir aumentar o lucro ao conseguir colocar seus produtos no exigente mercado externo;
- Os softwares PLANIN e REPLAN podem, ainda, ser utilizados para outras espécies, pois são baseados em cálculos matemáticos independentes de aspectos biológicos de crescimento e produção.
O desenvolvimento do SISPLAN iniciou-se há doze anos, com dados de crescimento dos reflorestamentos de Pinus da região Sul do Brasil e do sul de São Paulo. As espécies foram Pinus elliottii e Pinus taeda e para cada uma, foram utilizadas medições de aproximadamente duzentos locais, com idades de 6 a 30 anos, fazendose em média medições em quatro anos sucessivos. Foram também avaliados anéis de crescimento de árvores, recuperando suas alturas e de idade, em procedimento conhecido por análise de tronco. O sistema ficou completo com a tese de doutorado de OLIVEIRA (1995). No processo de seu licenciamento para uso pelas empresas, muitas passaram a constituir um sistema cooperativo visando a sua ampliação e melhoria da qualidade. O sistema foi ampliado para outras espécies de Pinus, para as demais regiões do Brasil e outros
A base matemática do simulador foi descrita por Oliveira et alii (1998), e consiste na projeção por equações de regressão não linear, ao longo das idades e número de árvores das florestas, dos parâmetros da função de densidade de probabilidades SB e SB bivariada (SBB).
Os parâmetros representam os valores mínimos de diâmetro e altura das árvores, representa as amplitudes destas variáveis. Os parâmetros e não podem ser relacionados a características individuais das florestas, mas através de expressões estimadas por métodos estatísticos relacionam-se ao desvio padrão e moda das alturas e diâmetros. Na distribuição SB bivariada ainda é considerada a correlação entre o diâmetro e alturas das árvores. Estes procedimentos detalham a estrutura das florestas e, aliados à ampla base de dados, resultaram em um sistema considerado pelos usuários altamente preciso.
Com relação aos métodos de análise econômica possibilitados pelo SISPLAN, a o foi baseada em resultado de quetionários aplicados por Fersterseifen e Saul (1993), às quinhentas maiores empresas do Brasil, sobre qual critério elas usavam para avaliar investimentos. Com exceção do critério "Payback", pouco aplicado em florestas, todos os mais usados ou correlatos foram incorporados, atendendo assim diversos perfis de administradores.
Edilson Batista de Oliveira
edilson@cnpf.embrapa.br
Embrapa Florestas
Yeda Maria Malheiros de Oliveira
yeda@cnpf.embrapa.br
Embrapa Florestas. |