A maioria dos defeitos na madeira e em seus produtos pode ser explicada em função das suas propriedades físicas e mecânicas. Por exemplo, a presença de nós vivos ou mortos além de prejudicar a qualidade da madeira, reduz sua resistência e leva a uma classificação comercial inferior e a um preço menor. O valor e a utilidade da madeira de povoamentos não manejados são reduzidos, principalmente devido a presença de nós e distorções da grã. Assim, as desramas com intensidade inferior a 40 % da altura total das árvores de Pinus elliottii são as mais recomendadas, pois produzem menores perdas de produção, maior diâmetro e uma melhor qualidade da madeira.
Técnicas silviculturais devem ser implementadas adequadamente a fim de se produzir madeira de boa qualidade, com elevada produtividade sem agredir o meio ambiente. Alguns estudos demonstram que desbastes precoces em Pinus caribaea var. hondurensis proporcionam maiores produções, principalmente de volume para laminado e serraria.
Por outro lado, os regimes de manejo que envolvem menor número de desbastes propiciam, além de uma maior produção volumétrica total, um volume comercial caracterizado por pequeno diâmetro, beneficiando a produção de produtos de fibras ou partículas de madeira. Estes autores notaram que quando se consideram diferentes épocas de desbastes, mesma intensidade e número, ocorre uma maior produção de volume total para aglomerado, volume total para serraria e volume total para laminado, naquele regime de desbaste implementado anteriormente.
As características físicas, químicas e estruturais dos solos influenciam diretamente a qualidade final da madeira produzida, pois podem interferir na taxa de crescimento dos sítios florestais e, conseqüentemente afetam as características básicas da madeira produzida.
De modo geral, quanto menor a densidade global e a resistência à penetração de raízes, maior é a porosidade total, a macroporosidade e a disponibilidade de água. Em solos que apresentam estas características obtêm-se maiores taxas de crescimento dos sítios florestais. Percebe-se também a influência positiva exercida pela floresta sobre o solo visto que as raízes permitem uma melhor estruturação das partículas do solo, melhorando a porosidade do solo, ajudando na infiltração e percolação da água, além de proteger o solo contra o impacto direto das gotas de chuva.
As madeiras de Pinnus Taeda provenientes de sítios de crescimento mais elevado, com solos de texturas argilosas, apresentaram menores valores de densidade básica, maiores teores de extrativos e lignina. Estas madeiras apresentaram também menores teores de holocelulose e celulose; traqueídeos mais curtos, largos, com paredes estreitas e com diâmetros do lúmen maiores. Conseqüentemente estas árvores apresentaram menores rendimentos em relação a produção de celulose.
Os cuidados com o ambiente, o qual está inserida uma plantação, devem ser associados às técnicas de cultivo para o incremento da produção florestal de forma a preservar os recursos naturais. O planejamento de uso dos recursos hídricos naturais em termos de sustentabilidade requer a organização e a disponibilização de informações sobre o ambiente. Para isto, são utilizadas as bacias hidrográficas como unidades de estudo, sendo definida como um sistema geomorfológico aberto que recebe energia e matéria através de agentes climáticos e perde através de deflúvio. Funciona através de contínua troca de energia e de matéria com o meio e devido a essa característica, qualquer modificação que ocorrer sobre ela acarretará uma mudança no seu comportamento.
Na natureza, a permanência dos recursos hídricos, em termos da qualidade da água e do regime de vazão dos cursos d’água, decorre de mecanismos naturais de controle pelo ecossistema. Os mecanismos de interceptação, evaporação, gotejamento e evapotranspiração são relações importantes existentes entre a cobertura florestal e a água proveniente da precipitação. Estes mecanismos estão diretamente ligados ao abastecimento do lençol freático e interferem na vazão de água das nascentes e regiões de cabeceiras de drenagem, onde se encontram e os nascedouros dos rios.
A precipitação é o elo entre a fase atmosférica e a fase terrestre do ciclo hidrológico, constituindo-se a entrada do sistema hidrológico. Os valores de precipitação em plantios de Pinus dependem de inúmeros fatores, mas se caracteriza principalmente pela localização da área. Com plantios de Pinus a precipitação efetiva média dentro das florestas de pinheiros tropicais foi de 88%, enquanto que no cerradão foi de 72, 7%.
A interceptação da água da chuva pelo dossel é um mecanismo importante que interfere na quantidade, qualidade e forma com que a gota de chuva cai no solo. O fenômeno da interceptação provoca o fracionamento das gotas da chuva e aumenta a eficiência de infiltração de água no solo. A água da chuva ao interagir com o dossel florestal lava e lixivia os nutrientes contidos nas folhas e galhos, incorporando-os ao solo. Isto contribui para a ciclagem de nutrientes, favorecendo as características químicas e nutricionais do solo. Segundo, as folhosas sofrem maior lixiviação que as coníferas.
Um estudo em uma floresta natural de Pinus, constatou que grande parte do cloro que entra no sistema pela chuva permanece no litter e apenas uma pequena parte é perdido pelo deflúvio, o mesmo acontece com o nitrogênio, enquanto que a saída de cátions foi muito maior na vazão do que a sua entrada pela precipitação. As microbacias com cobertura florestal, seja em condições normais ou em reflorestamentos, apresentam efetivo controle sobre os processos envolvidos na ciclagem de nutrientes sendo estas mais eficazes e conservadora que em outros tipos de cobertura vegetal, resultando em deflúvio com baixas concentrações de nutrientes.
Dentre os fatores que influenciam a interceptação podemos citar a intensidade e o tipo de precipitação, o comportamento do vento, a temperatura local, a densidade e forma da copa, os ângulos formados pelos ramos, formato das folhas, tipo de casca, idade das árvores e densidade do povoamento. Dessa forma, o processo de interceptação é de suma importância no manejo dos recursos hídricos e no manejo florestal visto que certas práticas silviculturais resultam em variações na vazão de cursos de água e em alterações na taxa de evapotranspiração de uma região.
A infiltração é o processo que define a entrada da água no solo. É um processo importante da fase terrestre do ciclo hidrológico, no sentido que determina quanto de água penetra no solo e quanto escoa superficialmente. O uso da terra exerce significativa influência sobre a infiltração e o homem pode modificar a capacidade de infiltração dos solos através de seus programas de manejo e, portanto, a infiltração é considerada um fator muito importante para a conservação do solo e da água.
Em Viçosa, MG, um trabalho em andamento tem mostrado a semelhança entre o escoamento superficial de água em parcelas de Pinus elliotti e outra de regeneração com mata nativa. Ambos os ecossistemas com capacidade de infiltração de água bastante elevado apresentaram em média 0,07 % de escoamento superficial, em relação a precipitação interna para o Pinus, e 0,05 % para a regeneração, numa estação chuvosa de 614mm. Este resultado mostra a grande contribuição para melhorias ambientais destes ecossistemas.
O escoamento superficial, quantidade de água precipitada que não é absorvida pelo solo, ocorre superficialmente em direção aos corpos d’água. A vegetação e a presença de matéria orgânica são fatores importantes que influenciam na condição superficial do solo e consequentemente alteram as taxas de escoamento superficial. Ambos fornecem proteção contra o impacto das gotas de chuvas, reduzindo a compactação. O uso do fogo controlado como medida silvicultural acarreta a destruição desta camada protetora, como verificado em florestas de Pinus oocarpa em Honduras, que constataram um aumento na perda de sedimentos de 80 kg/ha nas parcelas não queimadas, para 1732 kg/ha após a queima. Estes aumentos foram acompanhados de maiores perdas de nutrientes nas parcelas queimadas.
Em experimentos realizados na serra do mar, verificou-se que existe um período de retardamento de aproximadamente dois meses entre a precipitação e o escoamento base da bacia, isso devido às boas condições de cobertura do solo, o que propicia uma alta taxa de infiltração e uma menor taxa de escoamento superficial.
Em terrenos com declividade acentuada, mais da metade da precipitação total escoa superficialmente. Essa proporção pode chegar a 2/3 ou 3/4 do total quando a precipitação é intensa e a vegetação, pouco densa. A grande energia cinética alcançada pela água de escoamento superficial em terrenos muito inclinados ou montanhosos, combinada com a baixa capacidade de armazenamento dos solos, provoca erosões em solos susceptíveis e podem provocar deslizamento de rochas ou de grandes volumes de terra.
A vazão de uma determinada bacia hidrográfica pode ser alterada de acordo com o manejo da floresta e o preparo de solo. As atividades como corte da floresta ou desbaste, assim como substituições de espécies de raízes profundas por espécies de raízes superficiais promovem o aumento da produção de água, pela alteração na taxa de evapotranspiração. Aumentos na vazão verificados em trabalhos após o corte ou desbate de florestas plantadas, devem ser analisados cuidadosamente pois, deve-se verificar se o acréscimo se deve ao escoamento base ou superficial. A época do ano em que se detecta o acréscimo e a qualidade da água também são análises importantes a serem observados.
A verificação, por meio de uma análise ainda que subjetiva, de que outros usos poderiam produzir perdas mais acentuadas, principalmente aqueles usos que requerem a movimentação constante do solo, queima e ou compactação das camadas superiores, também deve se levado em consideração.
Existe uma relação direta não somente entre o corte ou desbaste da floresta como também com a precipitação. A retirada de 30% de cobertura de Pinus levou ao aumento de 10 a 71 % de deflúvio, sendo que as maiores saídas foram registradas na época chuvosa, variação essa que persistiu durante os três primeiros anos após o corte. Para plantações com espécies de rápido crescimento, como eucalipto, a avaliação no aumento de deflúvio após o desbaste seja difícil, devido ao aumento muito rápido no consumo de água em decorrência do crescimento acelerado dessas espécies. Em estudo realizado no Arizona, o corte de 75% dos indivíduos de Pinus ponderosa representou um aumento no deflúvio de 19%.
Produção correta
Inúmeros trabalhos vêm sendo realizados no sentido de promover uma produção madeireira de forma a não degradar o ambiente natural. A mibrobacia hidrográfica pode ser considerada um indicador do estado de conservação de áreas onde se localizam plantios de Pinus. A vazão de água das nascentes pode determinar o nível de infiltração de água de chuva e conseqüentemente pode-se inferir sobre a porosidade do solo.
É fundamental evitar a lixiviação de nutrientes e isso só pode ser garantido quando existe alguma cobertura vegetal sobre o solo. As características do solo serão preservadas se existir uma prática conservacionista do seu uso, e isso está diretamente relacionada à manutenção da cobertura vegetal. É sabido que as florestas exercem importantes funções para a manutenção das Bacias Hidrográficas, mais notadamente na filtragem de sedimentos, agrotóxicos e poluentes que são transportados para os cursos d’água e no aumento da infiltração de água no solo favorecendo a recarga do lençol freático.
As espécies florestais plantadas em sistemas conservacionistas de água e solo possivelmente apresentarão melhor desenvolvimento visto que as características referentes ao seu microambiente favorecem para um bom desempenho produtivo. Desta forma salientamos conclusivamente que a qualidade das propriedades físico-químicas da madeira de Pinus são reflexos também da qualidade ambiental do sistema produtivo.
Durante o período de 1967 a 1982, foram implantados, no Brasil, cerca de 1.000.000 ha de povoamentos florestais com espécies de Pinus, em função da política para uso de recursos naturais, incentivos fiscais para florestamento/reflorestamento bem como as normas para reposição florestal obrigatória. O gênero Pinus sp apresenta a vantagem do rápido crescimento, no entanto existem algumas limitações técnicas como a baixa densidade, a diferença de densidade entre os lenhos inicial e tardio e a alta permeabilidade de sua madeira. Portanto, a seleção de regimes de manejo que contemplem a escolha do espaçamento, o tipo de desbaste e a idade de corte dependem do uso final da madeira.
Autores: Equipe de Pesquisa e Extensão em Hidrologia Florestal (EPEHF):
Herly Carlos Teixeira Dias, Professor, DEF/UFV; Joana Angélica Cavalcanti Pinheiro; Mariana Barbosa Vilar; Adriana Albuquerque da Costa; Jose Geraldo de Angelo Ramos; Karine Fernandes Caiafa,; Felippe Coelho de Souza, graduandos em Engenharia Florestal, DEF/UFV. |