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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°99 - SETEMBRO DE 2006

Aplicações

Indicações para escolha de espécies de Pinus

Nos últimos anos a utilização de Pinus na indústria madeireira brasileira tem sido crescente. As estimativas indicam que 35% do volume de madeira serrada produzida é formado de madeira desse gênero e no país existem, aproximadamente, 1,9 milhão de hectares de plantações. Portanto, tratam-se de espécies fundamentais para o fornecimento de matéria-prima, com destaque as Regiões Sul e Sudeste. Porém, apesar da demanda, a indústria madeireira está preocupada com a progressiva diminuição da sua oferta. O problema ainda não atinge as grandes empresas do setor afetando as pequenas, incapazes de manter vastas áreas próprias para reflorestamento .

O estabelecimento e o manejo de florestas plantadas com Pinus vem possibilitando o abastecimento de madeira que, anteriormente, era suprido com a exploração da araucária. Essa prática é importante para ecossistemas florestais nativos, pois vem suprindo uma parcela cada vez maior da necessidade atual de madeira. As condições de adaptação do Pinus aos solos ligeiramente ácidos, que constituem a grande maioria dos solos do país, permitiram a implantação de extensas áreas que, juntamente coma adoção de práticas silviculturais adequadas, tornam as espécies deste gênero importante fonte de matéria-prima, proveniente de florestas estabelecidas dentro dos padrões de sustentabilidade .

A floresta de Pinus é diferenciada pelo seu “multi-uso” porque, após o corte, sua madeira pode ser destinada à indústria laminadora, que a utiliza para fabricação de compensados; para a indústria de serrados, que a transforma em madeira beneficiada ou é convertida em móveis; para a indústria de papel e celulose; para a indústria de MDF e, mesmo o seu resíduo, tem sido aproveitado como biomassa para geração de vapor e energia.

Na área de papel e celulose, que só trabalha com árvores de reflorestamento, o Pinus representa 30% das plantações. Ele é importante porque contribui com as fibras longas, imprescindíveis na fabricação de papéis, que exigem maiores resistências e melhor absorção de tinta .

No caso dos compensados, estas espécies são responsáveis por 61% do volume anual produzido. Estima-se que aproximadamente 3,15 mil empresas no Brasil utilizam Pinus nos seus processos produtivos.

O potencial silvicultural das espécies de Pinus no Brasil é um fator fundamental para a sustentação do parque industrial madeireiro, sendo as mais plantadas e industrializadas o Pinus elliottii Engelm. e P. taeda. No entanto, existem muitas outras espécies de Pinus com grande potencial de utilização, que devem ser objetos de pesquisa tecnológica.

Apesar desta grande potencialidade, no Brasil poucas são as pesquisas sobre as características e a qualidade da madeira de Pinus. Os poucos estudos existentes, em geral orientados mais para o setor de papel e celulose, são de pouca aplicabilidade na indústria de transformação mecânica da madeira.

A escolha da espécie ideal é fundamental para eficiência e eficácia do plantio, portanto deve-se levar em consideração a finalidade e aspectos gerais do local, como clima, solo, entre outros.

Espécies de Pinus indicadas em função do uso

Arborização, parques e jardins: P. caribaea, P. elliottii, P. kesiya, P. montezumae, P. oocarpa, P. pinea, P. pseudostrobus, P. radiata, P. roxburghii, P. strobus, P. taeda, P. tecunumanii e P. virginiana

Celulose: P. caribeae, P. taeda, P. maximinoi, P. patula, P. kesiya, P. pseudostrobus, P. tecunumanii, P. virginiana, P. strobus e P. echinata

Caixotaria: P. kesiya, P. pinea e P. virginiana

Construções: P. elliottii, P. kesiya, P. palustris, P. radiata, P. sylvestris, P. taeda, P. tecunumanii e P. wallichiana

Dormentes: P. palustris e P. taeda

Estacas e moirões: P. elliottii, P. caribaea var hondurensis, P. oocarpa, P. kesiya e P. pinea

Laminação: P. taeda, P. elliottii, P. strobus, P. caribaea, P. chiapensis, P. maximinoi, P. oocarpa e P. tecunumannii

Lenha e carvão: P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P. oocarpa e P. roxburghii

Móveis: P. taeda e P. elliottii

Particulados (aglomerado, OSB, waferboard): P. taeda, P. oocarpa, P. pinea, P. palustris, P. pinaster, P. patula, P. caribaea, P. chiapensis, P. maximinoi e P. tecunumannii

Postes: P. palustris, P. pinea e P. taeda

Resina: P. taeda, P. elliottii, P. tecunumanii, P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P. pinaster, P. sylvestris, P. oocarpa, P. kesiya, P. merkusii, P. patula, P. montezumae, P. palustris, P. ponderosa, P. roxburghii, P. pseudostrobus, P. leiophylla, P. montezumae, P. hartwegii e P. echinata

Serraria: P. taeda, P. elliottii, P. palustris, P. patula, P. oocarpa, P. maximinoi, P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P.caribaea var caribaea

Espécies de Pinus indicadas em função do clima

Equatorial: P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P.caribaea var caribaea, P. maximinoi e P. oocarpa

Tropical Brasil Central: P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P.caribaea var caribaea, P. oocarpa, P. tecunumanii, P. maximinoi, P. patula, P. montezumae, P. kesiya, P. pseudostrobus, P. wallichiana, P. taeda e P. elliottii

Tropical Zona Equatorial: P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P.caribaea var caribaea, P. maximinoi e P. oocarpa

Teperado: P. taeda, P. elliottii, P. patula, P. echinata P. montezumae, P. virginiana, P. radiata, P. kesiya, P. wallichiana, P. maximinoi, P. chiapensis, P. hartwegii, P. leiophylla, P. pinea, P.pinester, P. sylverstris, P. greggi, P. roxburghii, P. strobus, P. palustris, P. merkusii e P. ponderosa

Espécies de Pinus indicadas em função do solo

Argilosos: P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P.caribaea var caribaea, P. taeda e P. tecunumannii

Textura média: P. kesiya e P. elliottii

Arenosos: P. maximinoi, P. pinaster, P. hartwegii, P. leiophylla, P. maximinoi, P. elliottii, P. taeda, P. caribaea var hondurensis, P. caribaea var bahamensis, P.caribaea var caribaea e P. tecunumannii

Hidromórficos: P. elliottii, P. contorta, P. palustris, P. taeda, P. tecunumanii, P. chiapensis e P. caribaea var hondurensis

Distróficos: P. elliottii

Fonte: Acadêmica Giovana Beatriz Theodoro Marto

Supervisão e orientação do Prof. Luiz Ernesto George Barrichelo e do Eng. Paulo Henrique Muller - ESALQ