O Brasil figura como o maior exportador mundial de compensado de Pinus. O sul e sudeste do país concentram a maior parte de suas florestas. Sua área total é de 1,8 milhão de hectares plantados, sendo o Paraná o maior produtor com um terço do total.
O consumo de toras de Pinus no Brasil aumentou significativamente na última década. Em 1990, seu consumo era de 19 milhões de metros cúbicos e saltou para a marca de 42 milhões de metros cúbicos no último ano. Isto representa uma taxa média de crescimento na ordem de 7% ao ano.
Segundo dados da ABIMCI, em 1990 a produção de compensado de Pinus era de 120 mil metros cúbicos e aumento para 2,4 milhões de metros cúbicos em 2005, representando um crescimento de 1.950%. Estima-se que aproximadamente 3.150 empresas no Brasil utilizam Pinus nos seus processos produtivos.
A madeira de pinus, além de ser um produto de exportação com forte demanda internacional, é muito versátil e, por isso, uma das melhores alternativas em diversas aplicações que vão desde a produção de embalagens e paletes para movimentação de cargas, passando por mobiliário e painéis, até uma grande variedade de componentes para construção civil. Trata-se de um dos maiores insumos geradores de divisas para a economia brasileira.
A floresta de pinus é diferenciada pelo seu multi-uso porque a mesma árvore, em seu ciclo, pode ser destinada à indústria laminadora, que a utiliza para fabricação de compensados; para a indústria de serrados, que transforma em madeira beneficiada ou é convertida em móveis; para a indústria de papel e celulose; para a indústria de MDF e, mesmo o seu resíduo, tem sido aproveitado como biomassa para geração de vapor e energia.
Na área de papel e celulose, que só trabalha com árvores de reflorestamento, o Pinus representa 30% das plantações. Ele é importante porque contribui com as fibras longas, imprescindíveis na fabricação de papéis, que exigem maiores resistências e melhor absorção de tinta. No caso dos compensados, estas espécies são responsáveis por 61% do volume anual produzido. Em relação aos móveis, a madeira de pínus domina a preferência das indústrias.
Entretanto, a Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS) faz um alerta: a demanda por madeira de pinus que está em 42 milhões de metros cúbicos, irá aumentar para mais de 80 milhões de metros cúbicos em 2020. Caso o plantio do Pinus não aumente no decorrer dos anos, o Brasil terá sérios problemas de escassez.
No início dos anos 2000 já aconteceram os primeiros sinais de escassez de madeira de pínus. Como é um produto agrícola que precisa de muitos anos para ser explorado, os especialistas já projetam cenários futuros para o país. Eles indicam que até 2020 deverá ser plantado mais 1,9 milhões de hectares de pinus para não faltar no País.
Apesar de possuir muitas virtudes e ser uma importante alternativa para o desenvolvimento de muitas regiões, a cultura do Pinus carece de estímulo governamental e sofre muitos ataques. São diversos os mitos sobre as culturas da espécie.
Congresso Pinus
Os mitos que rondam as culturas de Pinus precisam ser esclarecidos para que se possa perceber a vantagem competitiva natural que o país tem, e transformar isso em fonte de geração de riqueza e renda.
Este é um dos objetivos principais do II Congresso Internacional do Pinus, que acontece nos dias 13, 14 e 15 de setembro, no Centro de Convenções da FIEP, em Curitiba/PR. O Evento é promovido pela Remade / Revista da Madeira, e irá reunir especialistas, empresários, estudantes, profissionais dos setores madeireiro e moveleiro, organizações governamentais e não governamentais, e representantes de Organizações Mundiais.
O Congresso passou a ser, desde 2004, quando aconteceu pela primeira vez em Santa Catarina, um fórum que discute temas sobre a evolução da espécie. Sua participação nos mercados nacional e internacional, a relação entre oferta e demanda, as políticas de incentivo e investimento, entre outros temas relevantes são discutidos de maneira clara e concisa durante o evento.
A expectativa para 2006 é que o Congresso reúna cerca de mil pessoas, de vários lugares do país. Os temas serão abordados por palestrantes e especialistas, tanto do exterior (principalmente de países onde o cultivo do Pinus é mais evoluídos que o nosso como: Chile, Canadá, Suécia, Estados Unidos) como palestrantes nacionais renomados.
O I Congresso Internacional do Pinus aconteceu em agosto de 2004, em Joinville/SC e reuniu mais de 800 pessoas, entre empresários, especialistas, estudantes e profissionais dos setores madeireiro e moveleiro. Especialistas do segmento de vários lugares do Brasil e dos países que se destacam na produção da madeira falaram sobre o mercado, apresentaram alternativas e promoveram oportunidades de intercâmbio entre universidade-escola.
Produção de Resina
Graças às florestas cultivadas com espécies do gênero botânico Pinus o Brasil ocupa o segundo lugar, atrás da China, na produção da resina extraída do tronco dessas árvores.
Ao ser processada industrialmente, essa goma resulta num resíduo sólido, chamado de breu, e num líquido, a terebintina, matérias-primas usadas na fabricação de solventes, tintas, colas, adesivos, cosméticos e perfumes.
Até 1989 o Brasil era importador dessa resina. Atualmente, essa substância rende US$ 30 milhões por ano em exportações. Resina, madeira e celulose fizeram a demanda de pínus crescer 10% ao ano.
Atualmente o País produz 95 mil toneladas de resina por ano, segundo a Associação dos Resinadores do Brasill. Do faturamento de US$ 30 milhões previsto para este ano estão inclusos tanto o produto in natura como os derivados originários da destilação da resina, o breu e a terebintina.
O maior produtor brasileiro de resina é o Instituto Florestal, que possui uma área total de 25 mil hectares (ha) com pínus espalhados por várias unidades do estado. Todo ano o instituto faz uma concorrência por meio de edital e vende a resina.
A produção na safra 2004-2005 foi de 18 mil toneladas. Cada árvore dá cerca de 3 quilos de resina por ano, podendo chegar até 12 quilos. O Instituto Florestal mantém parceria com a Aresb e a Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Universidade de São Paulo) em um projeto para a sistematização da clonagem de pínus para resina, visando à formulação de um protocolo que possa ser usado pelos produtores para produção e uso do material clonado.
Espécies de Pinus vêm sendo introduzidos no Brasil há mais de um século para variadas finalidades. Muitas delas foram trazidas pelos imigrantes europeus como curiosidade, para fins ornamentais e para produção de madeira. As primeiras introduções de que se tem notícia foram de Pinus canariensis, proveniente das Ilhas Canárias, no Rio Grande do Sul, em torno de 1880.
Por volta de 1936, foram iniciados os primeiros ensaios de introdução de Pinus para fins silviculturais, com espécies européias.
As plantações comerciais começaram como negócio a partir de 1966, quando o governo federal instituiu incentivos fiscais para reflorestamento com bons descontos no imposto de renda.
Nessa época, além do Pinus, também começou no Brasil a plantação massiva de eucalipto (Eucalyptus sp.). Assim, pínus e eucalipto se transformaram nas madeiras principais de reflorestamento do país, abrangendo 99% da área plantada. Essas duas espécies são rápido crescimento para fornecimento de madeira e celulose. Elas tiveram duas grandes funções para o País.
A primeira foi evitar o corte de mais árvores nativas e a segunda, a criação de uma base florestal que permitiu a exportação de chapas, aglomerados, compensados e móveis. Segundo dados da SBS, dos US$ 21 bilhões referentes à produção de madeira, celulose e carvão no Brasil, em 2004, US$ 17,5 bilhões são de florestas plantadas - 61% de eucalipto e 39% de pínus -, os restantes US$ 3,5 bilhões são oriundos do extrativismo legal.
Nesses números não estão incluídas, é claro, as árvores retiradas irregularmente da Amazônia, por exemplo. As exportações do setor florestal foram, em 2004, de US$ 5,8 bilhões, a segunda receita agrícola atrás apenas da soja, com US$ 10 bilhões.
Do total produzido no país no setor de reflorestamento, 45% (US$ 9,4 bilhões) são relativos à madeira e móveis, 35% (US$ 7,3 bilhões) a papel e celulose e 20% (US$ 4,2 bilhões) à madeira que é transformada em carvão para uso nos fornos das siderúrgicas. |