A grande maioria da empresas, em face do cenário mundial, vêm investindo na qualidade dos produtos e serviços e na satisfação de clientes. Estas iniciativas visam o crescimento da produtividade e da competitividade, através de menores preços, atendendo às novas exigências do mercado.
A globalização é a maior responsável por este cenário. Ela tem gerado grandes impactos e exige adaptações rápidas por parte das empresas devido à concorrência que investe cada vez mais em programas diferenciados. Estes programas contribuem na sua gestão, no sentido de melhoria da produtividade, qualidade, custos, prazos de entrega e principalmente nas relações trabalhistas.
O mercado globalizado vem demandando novas abordagens em termos da questão da qualidade e da produtividade. Uma adequada gestão pela qualidade, que tem decisiva contribuição para alavancar a competitividade, passou a ser decisiva para a sobrevivência das empresas, no ambiente de grande competição hoje observado.
Para o especialista em Desenvolvimento em Potencial Humano nas Organizações, José R. Maia, é este o ponto fundamental que precisa ser desenvolvido por uma empresa. “Onde as pessoas fazem a diferença é que está provocado insônia em muitos empresários, gerentes e da liderança de um modo geral. Neste sentido, o que se busca é o desenvolvimento das pessoas, dos sistemas e das organizações, onde o papel da liderança é fundamental na implantação de programas voltados para a busca de resultados” explica.
No Brasil, a partir do início da década de 90, vem sendo observado um grande movimento em prol da melhoria da qualidade de produtos e serviços. A criação pelo Governo Federal do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade, a abertura econômica, que expôs as empresas brasileiras a um ambiente de grande competição, a evolução do cidadão brasileiro enquanto consumidor, que passou a exercer mais plenamente seus direitos e deveres, e a estabilização da moeda foram fatores indutores e decisivos para esse movimento.
Nesse período qualidade deixou de ser preocupação exclusiva dos técnicos, para ser de todos, mais em particular do gerente. O conceito atual é de que qualidade e produtividade são adequações ao uso, cujos requisitos devem estar pré-estabelecidos.
De acordo com o SEBRAE, todo processo que não agrega qualidade não desperta satisfação no cliente, pois ele é o fiel da balança de nosso sistema de qualidade. Já a produtividade pode ser influenciada por diversos fatores como a disponibilidade de recursos, a tecnologia, o ambiente de trabalho, as relações empregado/empregador, o custo dos insumos, os métodos, os equipamentos, etc.
A adequação dos métodos de produção, a redução de ineficiência dos equipamentos, o uso de técnicas mais avançadas como: estudos de tempo e movimentos, layout e movimentação de materiais, são aspectos de grande relevância e contribuem para redução de perdas e, conseqüentemente, para melhoria da produtividade.
Segundo o SEBRAE, para conseguir melhor qualidade é importante:
- Que ao detectar falhas em produtos, processos ou serviços, soluções devem ser prontamente tomadas, principalmente se estiverem afetando diretamente o consumidor;
- Ter planos emergenciais que protejam o cliente, fazem parte de um sistema eficaz de atendimento;
- Padrões e procedimentos propiciam organização aos processos e demonstram os níveis de organização da empresa, acordados por todos, permite que se saiba o que e, como fazer certo na primeira vez;
- Planejar metas desafiadoras, mas possíveis de serem alcançadas;
- Analisar recursos, processos, implicações;
- Integrar todo ambiente (externo/interno) aos resultados esperados, monitorando resultados e relatando progressos;
- Motivar toda a equipe de trabalho, pois é ela que faz a qualidade.
Já para conseguir melhor produtividade é importante:
- Desenvolver um ambiente de trabalho harmônico, seja em seu aspecto físico ou no relacionamento com os colegas (ambiente limpo, seguro, arejado, num clima de amizade e confiança);
- Investir na formação básica e na qualificação profissional dos funcionários (cursos de alfabetização, supletivos, de habilidades e atualização tecnológica);
- Valorizar o profissional, afastando-o do medo, da insegurança, propiciando o conhecimento de assuntos de interesse de seu trabalho (palestras, encontros, trabalhos em grupo, feiras);
- Estabelecer metas e controlar resultados que estejam associados às melhorias das operações (controles de documentos, absenteísmo, atrasos de produção e entrega desperdícios, redução da ociosidade, paradas de máquinas, etc.).
Qualidade
O objetivo de qualquer desenvolvimento de qualidade e produtividade é preencher a lacuna existente entre o que as pessoas realmente fazem e o que poderiam fazer se dessem o melhor de si.
“Se todos em uma empresa estivessem sempre profundamente comprometidos, o futuro seria brilhante. A qualidade pessoal é a base para qualquer outra qualidade”, é como define o presidente da Time Manager International, empresa européia de treinamento empresarial, Claus Moller.
Para Moller, o futuro de uma empresa depende de sua capacidade de atender os requisitos de qualidade que o mundo externo lhe solicita. Ela precisa produzir e entregar bens e serviços que satisfaçam as demandas e expectativas de clientes e usuários. “É difícil de se imaginar que uma empresa atenda com freqüência os requisitos de qualidade do mundo externo sem que seus bens e serviços sejam produzidos e entregues por pessoas dotadas de um alto nível de qualidade pessoal”, afirma.
Segundo ele, os peritos em qualidade têm focalizado tradicionalmente a qualidade de produto e a qualidade de empresas produtoras de bens. “Segundo minha avaliação, tem-se dispensado pouquíssima atenção à qualidade das pessoas cujos esforços são cruciais tanto para a qualidade do produto quanto do serviço. Os esforços e desempenho do indivíduo determinam a percepção que o cliente tem sobre a qualidade do serviço, a qual se torna praticamente sinônimo de qualidade pessoal” relata.
O melhor ponto de partida para o desenvolvimento da qualidade em uma organização é o desempenho e a atitude dos indivíduos em direção à qualidade. A qualidade pessoal dá início a uma reação em cadeia de sucessivos aprimoramentos, em que estão esses indivíduos. Departamentos com altos níveis de qualidade criam produtos e serviços de qualidade superior. A qualidade em todas essas áreas conduz a uma "cultura", a qual exerce influência sobre a empresa como um todo.
Uma empresa de qualidade tem clientes e ambientes satisfeitos. Clientes satisfeitos se traduzem em melhores resultados financeiros, em aprimoramento de imagem e futuro mais brilhante.
Um sentimento de orgulho em relação às conquistas da empresa cria um sentido de bem-estar e encoraja o desenvolvimento de um ambiente criativo, o espírito de equipe e um alto nível de qualidade pessoal. Dessa forma, um ciclo positivo de desenvolvimento tem continuidade e se fortalece.
Moller acredita que a qualidade pessoal pode determinar o futuro de uma empresa, mas que, entretanto, levantamentos feitos em empresas revelam que nem todos os funcionários estão motivados a dar o melhor de si.
Um importante estudo envolvendo a força de trabalho nos EUA, conduzido pelo Fórum de Assuntos Públicos, revelou os seguintes e alarmantes resultados:
- Menos de 25% dos empregados respondem "sim" quando lhes é perguntado: você sempre dá o melhor de si?
- Metade dos entrevistados disseram que não emprimiam mais esforços em seu trabalho do que o necessário para manterem seus empregos.
- 75% dos empregados admitiram que poderiam ser mais eficientes do que estavam sendo no momento.
Os empregados disseram que o motivo de seu desempenho pouco satisfatório decorria do fato de não se sentirem motivados a fazer o esforço que sabiam que eram capazes de fazer. Os EUA não constituem nenhum caso especial; essas descobertas são válidas para a maior parte das nações industrializadas.
A tarefa mais importante da gerência é motivar as pessoas - recurso mais valioso que a organização possui - a darem o melhor de si. Cabe à gerência inspirar cada funcionário a entregar um alto padrão de qualidade pessoal. Os funcionários devem ser convencidos de que não é apenas a empresa que se beneficiará se as pessoas fizerem um bom trabalho. Os benefícios para o indivíduo serão ainda maiores.
Para que uma organização mobilize a energia, faça emergir a criatividade e a iniciativa de seus funcionários, é necessário que se crie uma cultura comum disposta a aceitar mudanças.
Programas de Valorização
A visão organizacional tem aspecto amplo, entendendo qualidade e produtividade não apenas sob o ponto de vista técnico; também a cultura, as crenças e valores das pessoas influem diretamente na produtividade e competitividade da organização como um todo.
Segundo a Especialista em Recursos Humanos e Consultora Organizacional Inmaculada Figols Costa, muitas empresas estão inovando na valorização do capital humano. Porém, não são todas as empresas que estão atentas a essa nova situação. Segundo Inmaculada, em algumas empresas os investimentos com os seres humanos estão voltados à saúde e segurança, ou seja, elas promovem ações de qualidade de vida mas não possuem uma visão holística do ser humano.
As primeiras organizações que implantaram ações de qualidade de vida no trabalho em nosso país, há 10 anos, trouxeram modelos estrangeiros, e sua principal preocupação estava voltada à prevenção e promoção da saúde, objetivando a diminuição dos custos de assistência médica, redução de absenteísmo, turn-over e melhoria da imagem da organização.
Essa visão, com o tempo, tornou-se mais global, passando pela forma de enfrentar os problemas da qualidade e da produtividade. No contexto empresarial a qualidade de vida está inserida na qualidade do trabalho, e repensar a empresa leva a uma reformulação profunda nos processos de trabalho.
Em contrapartida, encontramos organizações que iniciam ações de qualidade de vida de forma isolada e independente do programa, com envolvimento de algumas áreas de recursos humanos, principalmente do departamento médico e da área de benefícios da organização. Tal ação é vista, ainda, como uma redução dos custos ou como um benefício a mais para os empregados.
Mas organizações modernas tentam cada vez mais valorizar os seus recursos humanos em busca de maior competitividade, resgatando sua qualidade pessoal, sua auto-estima e motivação, considerando seus valores pessoais e possibilitando, assim, autonomia nas decisões para atingir uma performance que permita ótimos resultados.
Também existe grande preocupação com o comportamento das pessoas, pois influenciam direta e indiretamente os objetivos das organizações. Portanto, o comportamento humano passa a ser estudado por alguns psicólogos que concluem que todo comportamento é motivado, isto é, provocado a partir de alguma necessidade dentro do homem e não imposto a ele.
Acredita-se que o grande desafio desses profissionais é buscar constantemente a integração das pessoas no projeto coletivo da organização para o indivíduo, dando assim um sentido ao seu projeto de vida de uma forma integrada.
Ao investir no potencial de seus colaboradores, as empresas aumentam o espaço para a participação das pessoas na melhoria da qualidade e produtividade. Os funcionários que antes tinham suas idéias podadas, agora usam seus talentos para satisfazer as expectativas dos clientes.
Com o conhecimento adquirido diariamente pela observação do seu trabalho, o colaborador tem condições de avaliar os pontos críticos que comprometem a performance do resultado final e pode melhorá-los com ferramentas próprias. "É um processo de incentivo às novas idéias com um compromisso de ouvi-las, analisá-las e implementá-las, permitindo que aflore em cada pessoa a criatividade", acredita Mauro Antunes, gerente da Icolub.
Antunes acrescenta que o objetivo é ter uma organização onde todos colaborem intelectualmente para o seu crescimento e não apenas um pequeno grupo. Segundo ele, é preciso que todos os trabalhadores de uma organização, incluindo a alta gerência, tenham oportunidade de desenvolver os seus talentos. Assim, ao democratizar o espaço para novas opiniões, ampliam-se as possibilidades de atingir a excelência.
Um clima organizacional envolvente e estimulante, e ainda a auto-estima elevada, são alguns elementos que facilitam a potencialização dos talentos. Com as pessoas se sentindo seguras e conscientes da importância do seu trabalho, todos os componentes do processo de qualidade evoluem na mesma harmonia.
Porém, a grande dificuldade ao se dar espaço aos funcionários para que tenham voz ativa, é vencer antigos paradigmas. "Por sermos uma sociedade elitista, não permitimos que os níveis mais baixos das empresas se manifestem. Sufocamos, assim, uma imensidão de belas propostas", explica Antunes.
A antiga máxima de que o colaborador não é pago para pensar e sim para fazer o que mandam, não é válida no processo participativo. Neste, o comprometimento de cada pessoa,
Com a globalização da economia, que exige cada vez mais rapidez nas decisões dos negócios, a participação ativa dos colaboradores é fundamental. Assim, a responsabilidade em encontrar soluções para a resolução de determinados problemas não fica restrita aos níveis superiores das organizações. "Acredito que o sucesso da empresa no futuro estará vinculado ao talento de todos os seus colaboradores. Aquelas que se preocuparem em estimular o potencial, dando espaço para a criatividade das pessoas, certamente estarão na frente", analisa Antunes, da Icolub.
Segundo o Diretor da Qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo, a qualidade e a produtividade observaram diferentes abordagens ao longo do tempo, sendo até hoje fator chave de sucesso para as empresas. “Com o acirramento da competição, como conseqüência da economia globalizada, a questão da adequada abordagem no trato da qualidade passou a ser uma questão de sobrevivência no mundo empresarial”, relata. |