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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°97 - JUNHO DE 2006

Preservação

Técnica de preservação é decisiva para qualidade



O método usado na aplicação de um preservante é tão importante como sua composição química. Um preservante de qualidade mal aplicado pode ser menos eficiente que um preservante de qualidade inferior bem aplicado.

A impregnação com pressão é o método mais efetivo para preservar madeira que será usada em lugares com perigo de podridão e ataque persistente de insetos.

O sistema vácuo/pressão necessita de um equipamento industrial, o autoclave – cilindro de alta pressão na qual a madeira é introduzida e depois os produtos químicos preservantes são injetados as pressões consideravelmente maiores que a atmosférica. São complexos industriais para atingir uma penetração profunda e uniforme do preservativo, proporcionando uma proteção efetiva.

Os métodos a pressão, se diferenciam nos detalhes, mas o procedimento geral é o mesmo em todos os casos que consiste em introduzir a madeira que será impregnada em autoclave, cuja porta é fechada hermeticamente e a madeira é submetida à ação dos produtos químicos preservantes, em ciclo alternativos de vácuo e de pressão.

Ciclos do Processo de Tratamento

1ª Etapa – Introduz a madeira, depois de seca, no cilindro de alta pressão (autoclave) e fechar a porta. A pressão interna é igual ao da externa.

2ª Etapa – Inicia-se o vácuo inicial, com a finalidade de extrair o ar da autoclave e das cavidades (celulares) da madeira, a 650 mmHg.

3ª Etapa – Mantendo o vácuo, se inicia o enchimento da autoclave com a solução preservante, com a ajuda do próprio vácuo existente dentro da autoclave.

4ª Etapa - Quando a autoclave está totalmente cheia com a madeira e solução preservante, finaliza o vácuo inicial, dá-se à pressão até a saturação de 18Kgf/cm².

5ª Etapa – Finalizando a fase de pressão, a solução excedente é transferida para o tanque reservatório, evaziando-se totalmente a autoclave.

6ª Etapa – Inicia-se o vácuo final para a retirada do excesso de solução preservativa da superfície da madeira. A duração do ciclo de tratamento é de aproximadamente 4 horas.

Os preservantes de madeira podem ser compostos químicos puros ou mistura de compostos. Variam amplamente em sua natureza, custo, eficiência e modo de usar nas diferentes condições.

A proteção da madeira consegue-se tratando-a com preservantes capazes de permanecer fixos em sua estrutura e que resistem ao ataque de fungos, insetos ou brocas marítimas.

Um bom preservante deve ser tóxico ao ataque de agentes biológicos, mas não para homens ou animais, uma vez introduzido na madeira.

Não deve perder sua eficácia por efeito de lixiviação e deve penetrar facilmente nas estruturas celulares da madeira, para obter uma adequada distribuição no seu interior.

Deve estar garantido por patentes industriais que resguardem sua qualidade e demonstrem sua eficiência através de testes de campos ou de vida em serviço, não deve aumentar a combustibilidade da madeira tratada e deve proporcionar uma superfície limpa e inodora.

O fator permanência é fundamental. A madeira devidamente tratada durará 40 a 50 anos ou mais; portanto, uma substancia que se evapore ou que mude quimicamente durante um curto período, ou se transforme em composto ineficiente ou se lixivie, não é adequada como preservativo de madeira.

Os produtos químicos para tratamento de madeiras devem possuir algumas propriedades e características para ser considerados um preservativo, como:

- ação inibidora, letal contra agentes deterioradores da madeira;

- alta penetrabilidade através dos tecidos lenhosos permeáveis;

- alto grau de fixação nos tecidos lenhosos;

- não ser corrosivo;

- não ser prejudicial às características físicas e mecânicas da madeira;

- apresentar segurança para manipulação.

Tipos de Preservantes

Nos preservantes oleosos o mais importante é o creosoto, que é um produto residual da destilação e processamento do alcatrão de hulha, e foi um dos primeiros produtos comerciais usados em tratamento de madeiras.

O creosoto é produto que tem uma alta toxidez a organismo que destrói a madeira. É relativamente insolúvel em água e de custo relativamente econômico.

No grupo dos hidrossolúveis existem diferentes tipos de produtos preservantes hidrossolúveis que foram estudados e aperfeiçoados ao longo do tempo, porém os mais usados são os internacionalmente conhecidos como sais, CCA a base Cobre – Cromo – Arsênio e CCB base de Cobre – Cromo – Boro.

Estes preservativos possuem alta resistência à lixiviação uma vez que reagem com os compostos da madeira e entre si, formando cadeias insolúveis que ficam fixadas dentro das estruturas celulares da madeira.

São inodoros e são anticorrosivos para os metais e deixam uma superfície limpa. São altamente tóxicos ao ataque de fungos, insetos e brocas marinhas, mas não oferecem perigo algum para o homem ou animais depois de fixados na madeira. Permitem ótima penetração e não encarem o custo de transporte, pois o acréscimo de peso na madeira tratada é mínimo.

Tratamento da madeira

Madeira osmopressurizada é o resultado de um processo que submete a madeira já seca ao produto preservativo CCA-A ÓXIDO sob regime de vácuo-pressão em autoclave, que garante a penetração de ingredientes ativos até nas camadas mais profundas da madeira. Os ingredientes ativos do produto preservativo reagem com os componentes celulósicos da madeira, fixando-se a estes quimicamente, não sofrendo os efeitos de perdas por lixiviação com chuvas ou lavagens.

Após o processo de tratamento, a madeira torna-se imune aos ataques biológicos de fungos apodrecedores e insetos xilófagos como brocas, carunchos e cupins, mesmo em contato com solo ou água doce.

O manuseio da madeira osmopressurizada é seguro e não apresenta risco a seres humanos, animais e plantas. A madeira não tem alteradas suas características de condutibilidade térmica ou elétrica, podendo receber qualquer tipo de pintura, revestimentos, colas ou adesivos habitualmente utilizados na madeira

Procedimento de tratamento da madeira



1 – Seca e beneficiada, a madeira é introduzida na autoclave;

2 – Vácuo inicial. Retira a maior parte do ar existente no interior das células da madeira;

3 – Ainda sob vácuo, a solução preservante é transferida para a autoclave;

4 – Sob alta pressão a solução é injetada na madeira até saturação;

5 – A pressão ér aliviada e a solução excedente á transferida de volta ao reservatório;

6 – Vácuo final, retirada do excesso de produto na superfície da madeira.

A tentativa do emprego do eucalipto, como poste, aconteceu em 1909, mas somente em 1935 que a Companhia Telefônica Brasileira utilizou pela primeira vez postes de eucalipto preservado com Carbolineum pelo processo Banho Quente-Frio. Esses postes foram instalados em um campo de apodrecimento da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, após 26 anos encontravam-se em perfeito estado.

Posteriormente, estudos realizados em postes de eucalipto tratados pelo processo Boucherie, Quente-Frio e Vácuo-Pressão em autoclave, instalados entre 1935 e 1955 também pela Companhia Telefônica Brasileira, apontaram que o poste de eucalipto quando submetido a um tratamento preservativo adequado tem uma expectativa de vida média de 40 anos.

No entanto, a partir da instalação da primeira usina produtora de postes, operando pelo processo Vácuo-Pressão, em 1945, com a crescente escassez de espécies nativas de resistência natural, somando-se ainda ao aumento gradativo da necessidade de expansão de redes telefônicas e elétricas, é que o poste de eucalipto preservado foi aos poucos surgindo como uma alternativa para uso em sustentação de redes de eletrificação e telefonia.

Algumas empresas reconhecem no poste de eucalipto uma boa alternativa frente a outras. Primeiramente por razões econômicas, seguidas do fato de se apresentar inúmeras vantagens relacionadas ao transporte e manuseio, além de ser obtido de recursos naturais renováveis.

A experiência internacional indica que não só os países de vocação florestal, como a Alemanha, Suécia, Estados Unidos, Finlândia entre outros países, utilizam intensamente os postes de madeira, até a Inglaterra, pobre de florestas, mas rica em cimento, carvão e ferro, prefere importar postes de madeira para suas redes elétricas.

Uma comparação entre a utilização de postes de madeira preservada no Brasil e nestes países, confirma que não estamos empregando esse material à altura do seu potencial. Nos Estados Unidos, por exemplo, o poste de madeira preservada é usado em linhas telefônicas, de distribuição e transmissão de energia para tensões de até 345 KV. O consumo de postes de madeira preservada representa por ano mais de 99% de todos os postes empregados, sendo estimada uma vida média de 30 - 35 anos.

Na América do Sul, países como o Uruguai, Peru, Chile, Colômbia e Argentina vêm usando postes de madeira há muitos anos, com ótimos resultados.

No Brasil, as empresas de energia elétrica começaram a utilizar intensamente o poste de eucalipto na década de 60. Na época, usuário e fabricante, não possuíam referenciais quanto aos processos e produtos utilizados. Freqüentemente, adotavam normas ou especificações estrangeiras, que nem sempre se referiam à madeira de Eucalyptus sp ou às nossas condições de uso, ou até mesmo, estabeleciam critérios baseados na experiência prática que possuíam.

Atualmente, com o surgimento das normas técnicas e por meio do convênio ABPM - Associação Brasileira dos Preservadores de Madeira / IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas, está parcialmente resolvido o problema da falta de referência. Apesar de ser de custo inferior ao do concreto, os postes de madeira são poucos empregados e em alguns estados o seu uso é vetado pelas concessionárias de energia elétrica, pelo fato de desconhecerem as vantagens deste material de engenharia.

Fontes: Icotema; Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais; FTM:Usina tratamento da madeiras;empresas Jimo, Prentis, Dipil, Montana Química.