O Congresso Mundial de Bioenergia 2006, realizado em Jönköping, na Suécia, reuniu o maior grupo de pessoas conhecedoras no campo da bioenergia, com representantes de mais de 50 países participantes.
O Primeiro Ministro da Suécia, Göran Persson, disse, eu seu discurso, que, numa visão de futuro, será possível se libertar da dependência do petróleo e dos combustíveis fósseis. Há seis meses ele designou uma Comissão de Petróleo na Suécia, onde o objetivo estabelecido foi de diminuir a dependência do petróleo até 2020. “Não vamos nos desfazer do petróleo; apenas da nossa dependência”.
Persson explica que para que tenha êxito, a bioenergia deverá exercer um papel crucial. Não se trata de uma solução completa, mas parcial. Isso em si já é importante. O conhecimento tecnológico nesse campo já está em operação. Não apenas o know how, mas, também, o "show how" (mostrar como fazer).
Existem várias razões pelas quais deveríamos nos livrar da dependência do petróleo. A mais importante delas é a ameaça da mudança climática. Tal ameaça, a partir da queima da gasolina, do carvão e do gás não pode ser ignorado. Trata-se de uma profunda questão moral. Uma questão de solidariedade.
É por isso que os mais pobres, aqueles que já vivem nos lugares mais vulneráveis ao redor do mundo, são aqueles que serão mais afetados pela mudança climática. São eles que se virão forçados a abandonarem os seus lares.
A outra questão é entre gerações. Não temos o direito de usufruir de um mundo em melhores condições do que aquele que deixamos para os nossos filhos. Essa mesma questão exige que tentemos fazer algo para resolver tal questão. Mas, no que diz respeito à dependência do petróleo, existe uma problemática que vai além da perspectiva moral. Também inclui políticas - política de segurança e economia. “Quando falo de nos libertarmos da dependência do petróleo, não se trata de um sonho a respeito de tempos passados. Trata-se, contudo, de novas tecnologias e novas soluções, apesar de geralmente enraizadas em idéias previamente testadas. Isso está relacionado a novos investimentos, pesquisa e desenvolvimento”.
Na Suécia, desde 1994, a intensidade energética na sociedade foi reduzida em quase 20%. Emissões de dióxido de carbono foram reduzidas. “Introduzimos impostos ambientais, bem como outras alavancas políticas. E, simultaneamente, presenciamos um crescimento per capita mais alto do que o da UE, da OCDE ou dos EUA, em termos de média, nos últimos dez anos. Portanto, não acredito muito quando dizem que as elevadas ambições ambientais representam ameaças a empregos e crescimentos. Na verdade, o oposto é verdadeiro”, concluiu o Primeiro ministro.
O Congresso Mundial de Bioenergia reuniu em três dias 1.150 delegados da conferência de 60 países, mais de 100 expositores, e 4.005 visitantes da feira. A edição deste ano, a segunda realizada, foi provavelmente a maior conferência e feira de bioenergia realizada até hoje. "É excepcional que uma feira comercial se consagre tão rápido internacionalmente," observa o líder de projetos da Elmia, Alan Sherrard.
O próximo evento do Congresso Mundial de Bioenergia será entre os dias 27 a 29 de maio de 2008, e também será em J?önkö?ping, com conferência, excursões e uma feira de comércio com a Elmia e a Svebio como organizadores.
“Bioenergia é essencialmente um assunto profundamente ético. Como podemos deixar um mundo para os nossos filhos que esteja em melhores ou piores condições do que aquele que herdamos de nossos pais?” pergunta o Primeiro-Ministro G?ran Persson em seu discurso de abertura.
Uma imagen do potencial de exportação para bioenergia sueca: o Primeiro-Ministro G?ran Persson senta ao lado de uma delegação da maior empresa de energia do mundo, a State Grid Corporation da China.
Oportunidade
O governo sueco estabeleceu a meta de livrar-se da dependência sueca no petróleo até 2020. Apesar de não ser impossível, a tarefa será difícil e exigirá muito trabalho árduo, por parte de todo mundo. Em jogo não está apenas um mero meio copo de petróleo, como no exemplo da Torre Eiffel, mas todo um oceano de um líquido cada vez mais caro.
"Ninguém ficará surpreso se os preços de petróleo chegarem, em breve, a cem dólares o barril - um nível que era considerado impossível há poucos anos," disse o Primeiro-Ministro sueco.
Contudo, simultaneamente ele disse que a tarefa proporciona enormes oportunidades para a Suécia, que é um dos líderes no desenvolvimento de novos sistemas de energia. Cerca de 25% da demanda energética dessa nação já provém de biocombustíveis.
A visão da Suécia como independente do petróleo atraiu a atenção no exterior. Em seu discurso ele enfatizou que a Suécia já obteve avanços significativos. Apenas 10% dos lares dessa nação são aquecidos com petróleo. A Suécia possui 40 anos de experiência com fábricas distritais de aquecimento, nas quais o petróleo já foi substituído, em grande parte, por biocombustíveis.
Person acrescentou que o foco da Suécia em biocombustíveis não se trata apenas de uma questão econômica e ambiental. As reservas mundiais de petróleo estão, em grande parte, localizadas em partes politicamente instáveis do mundo. A dependência no petróleo gera um risco de segurança, algo que o Presidente norte-americano George W. Bush está deixando cada vez mais claro.
No caso da Suécia, os aspectos positivos para um distanciamento do petróleo predominam. A bioenergia é um campo crescente, que gera empregos e divisas, na exportação. Em sua visão de uma nação livre do petróleo, Persson encontrou um conceito que une o cuidado com o meio ambiente com a geração de empregos e um crescimento econômico continuado. A Suécia do futuro não será dependente de nenhum tipo de energia, nem de bioenergia. E a matéria prima de base florestal é um recurso que obviamente não se esgotará enquanto o país possuir uma indústria de base florestal inteiramente dependente desse recurso. |