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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°97 - JUNHO DE 2006

Esquadrias

Normas indicam como obter qualidade

Por questões de economia e praticidade boa parte das esquadrias utilizadas nas aberturas são feitas em madeira, sobretudo as portas. Nas janelas observa-se uma tendência para o alumínio, no entanto a madeira continua sendo muito mais utilizada, tanto em conjuntos habitacionais de baixa renda quanto em residências de alto padrão. Independente do tipo de aplicação é importante observar o método construtivo das aberturas, para garantir qualidade.

Existe um conjunto de normas que especificam os padrões que devem ser seguidos nas diversas etapas de sua execução, ou seja: para o fabricante da esquadria, os cuidados com o recebimento da matéria-prima classificando a madeira quanto ao seu tipo e estado em que se encontra bem como a forma de armazenamento desse material são fundamentais para garantir a qualidade do produto. Para o construtor ou empreiteiro, as normas também especificam como devem ser executadas a colocação dessas esquadrias.

No entanto, muitas dessas esquadrias de madeira utilizadas nessas aberturas, apresentam uma série de defeitos e problemas que prejudicam não só o aspecto estético, mas, também sua funcionalidade. Além da matéria-prima, a mão-de-obra deve ser bem treinada para realizar um bom trabalho.

Um importante aspecto para a qualidade das esquadrias é considerar que elas passam por diversas etapas até sua colocação definitiva. Essas etapas podem ser definidas como: o corte da madeira no campo, seu desdobramento, transporte, recebimento da madeira pelo fabricante, sua transformação em esquadria, novo transporte e colocação nas edificações. Considerando que cada uma dessas etapas pode originar um tipo de defeito ou problema que afeta o produto final é importante identificar a etapa que origina o defeito para propor solução adequada.

O conhecimento da anatomia da madeira, a forma como ocorre sua deterioração bem como o que dever ser feito para preservar, são aspectos fundamentais para o estudo das patologias em esquadrias de madeira. A necessidade da correção dos defeitos das esquadrias de madeira que tem como origem a utilização inadequada dos diversos produtos oriundos da madeira leva a um custo social elevado.

O fato de conhecer a fundo os aspectos de projeto e execução dessas esquadrias, junto ao aprofundamento teórico, são facilitadores que permitem uma expectativa de uma contribuição de peso nesta área. A madeira é um produto orgânico que pode ser inesgotável desde que tenha as devidas providências. Essas características colocam a madeira como material insubstituível por outro em curto prazo.

Escolha da madeira

A primeira etapa para a execução de uma esquadria de madeira inicia-se com a escolha da madeira de sua fabricação, onde os principais aspectos a serem observados são: além da qualidade e espécie, os seus defeitos. Assim, na escolha cabe a inspeção visual onde se verifica defeitos como falhas, fendas, fissuras, incidência excessiva de nós, levando sempre em conta o tipo de sua utilização. Classifica-se os defeitos da madeira da seguinte forma: na forma do tronco; na estrutura anatômica da madeira; causados por esforços mecânicos; e prejuízos causados pela presença de substâncias especiais.

Quando a esquadria é recebida na obra não deve apresentar desvios dimensionais além dos limites tolerados e muito menos teor de umidade acima dos padrões específicos o qual é verificado por meio de medidor eletrônico de umidade. É recomendável que a data de entrega e o local de estocagem sejam planejados com antecedência, sendo que o primeiro depende das condições da obra e o último em local preferencialmente próximo ao de uso ou de transporte vertical. O fabricante deve orientar o comprador quanto à forma de estocagem das portas e janelas na obra caso a colocação das mesmas não ocorra de imediato.

Após a entrega da esquadria de madeira e antes de sua colocação, existe a necessidade de se aplicar preservativos para a conservação da madeira, procurando caracterizar o tratamento preventivo.

Existem dois métodos de tratamento de madeira: o tratamento preventivo que é feito antes da utilização da madeira e, para a proteção ao intemperismo. O primeiro preveni a deterioração em uso e o tratamento curativo que é feito para erradicar alguma deterioração que já se encontra em andamento. Recomendam considerar a espécie de madeira utilizada analisando a necessidade de tratamento preservativo.

Para a proteção ao intemperismo, deve-se escolher a proteção mais conveniente e o número de demãos, em função do período de manutenção desejado. Momentos antes da instalação é recomendável a aplicação de um produto impermeabilizante no lado do caixilho (batente) que fica em contato direto com a alvenaria, de modo a proteger a madeira contra possíveis ataques do cimento e da cal.

Funcionalidade

Para racionalizar a colocação da esquadria de madeira é preciso, antes de mais nada, verificar se a obra fornece condições para o início do serviço e estar de posse do detalhamento executivo para que se possa preparar o caixilho (batente) e a(s) folha(s), conforme o sistema de colocação desejada (fixado por parafusos ou por espuma de poliuretano).

A qualidade de uma esquadria e seu funcionamento perfeito depende de uma colocação bem ajustada e da utilização cuidadosa das ferramentas, evitando danificar a madeira durante o ajuste. Sua durabilidade depende, além dos cuidados básicos durante sua vida útil, do tipo de madeira e suas características intrínsecas.

As propriedades da madeira são determinadas pela sua composição física e química. Sua principal característica é a estrutura celular. Suas fibras são feitas de celulose cimentada com um material chamado lignina. A estrutura da madeira é aproximadamente 70% celulose, 12 a 28% de lignina e 1% de outros materiais, Esses produtos são responsáveis pelas suas propriedades higroscópicas, sua decomposição e resistência.

A madeira expande quando absorve umidade e fissura quando seca. A saturação da madeira está presente em duas formas: nas cavidades celulares como água livre e dentro das fibras como água absorvida. Na madeira seca as fibras não perdem água até toda a cavidade adjacente secar ou perder sua água livre. O ponto no qual as fibras estão cheias, mas, as cavidades estão vazias é chamado ponto de saturação da fibra e ocorre em torno de 30% de conteúdo de umidade. Isto representa o ponto no qual a madeira começa a trincar (fissurar).

Há quatro tipos primários de danos causados pelos fungos à madeira. São eles: manchas, mofo, decomposição e deterioração. Os fungos destroem a madeira mais do que qualquer outro organismo. Eles causam a decomposição ou o apodrecimento.

Botanicamente, os fungos são formas elementares de vida vegetal. Eles não fabricam seu alimento, mas dependem da madeira para se alimentar. Mancha é a descoloração que ocorre em toras e madeiras utilizadas para fabricação do papel, durante o armazenamento. A mancha não afeta seriamente a resistência, mas sua presença significa que a umidade e a temperatura tem sido suficientes para o aparecimento de fungos.

O mofo causa descoloração e pode ser removido por raspagem ou lavagem. Penetra profundamente na madeira e dessa forma aumenta sua permeabilidade.

Outro defeito que pode ocorrer na madeira bruta é comumente conhecido como madeira ardida, ou seja, a madeira se apresenta com um início de decomposição. A madeira "ventada "é um outro tipo de defeito também comum no meio madeireiro, cujo defeito prejudica a sua utilização em esquadrias.

Na análise da situação atual das esquadrias, uma série de testes e ensaios podem ser executados, mas é imprescindível, até por questões econômicas, a inspeção visual, onde algumas indicações de acumulação de umidade e decomposição são abaixo listadas.

1 - Oxidação em torno do prego.

2 - Superfície mofada.

3 - Madeira visivelmente deteriorada.

4 - Fungos.

5 - Pregos repuxados.

Após a realização desta inspeção visual outros ensaios podem ser feitos visando aprofundar a análise da esquadria e procurar as causas dos defeitos encontrados. O quadro abaixo apresentado, relaciona alguns desses ensaios indicando suas vantagens e limitações de uso.

Dentre as propriedades observadas na madeira bruta, o quadro abaixo indica quais podem ser analisadas com a esquadria em funcionamento.