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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°96 - MAIO DE 2006

Oriente Médio

Pauta diversificada incrementa parceria com árabes

A diversificação marcou os negócios entre Brasil e Oriente Médio no início deste ano. A Arábia Saudita importou principalmente carnes de frango e bovina, açúcar e madeira. Os Emirados compraram carnes de frango e bovina, produtos de madeira e papel; o Líbano bois vivos, carne bovina e café e o Egito carne bovina, papel e fumo. A pauta comercial apresenta boas oportunidades para o setor nos primeiros meses de 2006, sinalizando um ano promissor.

As exportações do Brasil para os países árabes cresceram 30% em fevereiro de 2006 em comparação ao mesmo mês do ano passado. Os brasileiros faturaram US$ 395 milhões com vendas para as 22 nações da Liga Árabe no último mês, um aumento de US$ 90,6 milhões. Em fevereiro de 2005, a receita que o país teve com exportações foi de US$ 304 milhões. "Como sempre o mercado árabe superou as expectativas", diz o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Antonio Sarkis Jr. A projeção feita pela entidade para o crescimento das exportações em 2006 é de 20%.

As exportações do agronegócio brasileiro para os países árabes renderam US$ 201,8 milhões em fevereiro e ficaram um pouco abaixo do total registrado no mesmo mês do ano passado, que foi de US$ 202,5 milhões. Os dados são do Ministério da Agricultura. As exportações em geral, porém, aumentaram em 30% e chegaram a US$ 395 milhões em fevereiro de 2006, o que demonstra um crescimento dos embarques de bens manufaturados.

Os principais clientes do agronegócio no mês foram a Arábia Saudita (US$ 74,7 milhões), Emirados Árabes Unidos (US$ 20,3 milhões), Somália (US$ 17,9 milhões), Egito (US$ 17,4 milhões) e Líbano (US$ 9,7 milhões). A grande surpresa foi a Somália, que aumentou em 183% suas importações . O açúcar respondeu pela totalidade dos negócios com o país africano.

No bimestre, os embarques do setor renderam US$ 443,7 milhões, ante US$ 444,8 milhões no mesmo período de 2005. Os principais destinos foram Arábia Saudita (US$ 125,8 milhões), Emirados (US$ 70,6 milhões), Egito (US$ 59,5 milhões), Marrocos (US$ 46 milhões) e Somália (US$ 23,2 milhões).

Além da Arábia Saudita, também a Somália aumentou bastante as suas importações do Brasil. O país africano saiu de compras de US$ 6,5 milhões em fevereiro de 2005 para US$ 17 milhões no último mês. Tanto que ocupou o quarto lugar como maior importador do Brasil, em receita, entre os árabes. "Exportamos commodities para a Somália", diz Michel Alaby, secretaria-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira . De fato, praticamente todo o aumento e também o valor exportado pelo Brasil ao país árabe se deve a embarques de açúcar.

O ranking dos maiores importadores árabes de produtos brasileiros de fevereiro tem a Arábia Saudita no topo, seguida do Egito, com US$ 68 milhões, dos Emirados Árabes Unidos, com US$ 39 milhões, da Somália, e do Marrocos, com US$ 13,7 milhões. Entre os que mais aumentaram as compras em percentuais, porém, estão países que ainda não fazem compras significativas, como o Djibuti, cujas vendas cresceram 1.187%, mas ficaram em apenas US$ 309 mil.

Também Ilhas Comores aumentaram as compras em 235% para US$ 188 mil. Já o Sudão comprou 627% a mais, mas o volume foi de US$ 2,9 milhões. "O Sudão vem mantendo um crescimento constante nas suas importações do Brasil", diz Sarkis.

O comércio do Brasil com os países árabes cresceu 28,3% no ano passado e alcançou US$ 10,5 bilhões, resultados de exportações brasileiras de US$ 5,2 bilhões e importações de US$ 5,3 bilhões. . No acumulado dos últimos 12 meses, as exportações ficaram em US$ 5,4 bilhões, com alta de 32,1% sobre o ano anterior. Em 2004, a corrente comercial entre o Brasil com o mundo árabe ficou em US$ 8,192 bilhões. Os dados são da Secretária de Comércio Exterior do governo federal.

O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Antonio Sarkis Jr., comemorou o resultado. "O comércio está equilibrado. O crescimento das exportações e importações foi praticamente o mesmo", disse Sarkis. As exportações brasileiras para os países da Liga Árabe aumentaram 29%, enquanto as importações cresceram 28% no ano passado.

Em 2004, o Brasil faturou US$ 4 bilhões com vendas para os árabes e gastou US$ 4,1 bilhões com compras de produtos da região. "O déficit foi o mesmo também", lembrou Sarkis. Assim como no ano passado, em 2004 o comércio com os árabes também foi deficitário para o Brasil em cerca de US$ 100 milhões.

A corrente comercial cresceu em US$ 2,3 bilhões no ano passado, dos quais US$ 1,17 bilhão correspondeu a exportações brasileiras e US$ 1,15 bilhão a importações. "Superamos as expectativas. Não se previa um crescimento tão grande", disse o secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby. No começo do ano de 2005, a Câmara Árabe estimava aumento de 13% para as exportações brasileiras ao mundo árabe. A meta foi elevada para 20% no decorrer do ano.

Fatia árabe

Também aumentou a participação do mercado árabe nas exportações brasileiras: de 4,18% em 2004 para 4,41% no ano passado. "Cresceu 5,5%", afirmou Alaby. O secretário-geral destaca como um dos principais fatores para o aumento das vendas para as nações da Liga Árabe a elevação dos preços do petróleo. "Com o aumento do preço do petróleo, os países árabes acumularam mais divisas e puderam aplicar o dinheiro em importações. Os países cresceram em função do petróleo".

O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira também destacou a realização da cúpula dos países árabes e sul-americanos, que ocorreu no ano passado em Brasília, como um dos fatores que impulsionaram o comércio. O encontro reuniu líderes governamentais e empresariais das duas regiões. "Hoje os árabes conhecem mais o potencial brasileiro. Estamos começando a ser conhecidos no mundo árabe pela qualidade e competitividade de nossos produtos", disse Sarkis.

Alaby enfatizou o empenho da Câmara Árabe na promoção do comércio. De acordo com o secretário-geral, a entidade participou de 17 eventos no mundo árabe e recebeu mais de 200 empresários árabes no Brasil no decorrer de 2005. Para 2006, as projeções continuam sendo positivas.

As exportações do agronegócio brasileiro bateram um novo recorde e chegaram a US$ 43,6 bilhões no ano passado. O valor significou aumento de 11,8% ou US$ 4,5 bilhões sobre 2004, quando o setor faturou US$ 39 bilhões com vendas externas.

O saldo comercial alcançou US$ 38,4 bilhões, 12,6% superior aos US$ 34,1 bilhões de 2004. O agronegócio respondeu por 37% das exportações totais brasileiras no ano passado.

Os produtos que mais contribuíram para o aumento das vendas externas, segundo o Ministério, foram carnes (31%), açúcar e álcool (49%), café (42%) e papel e celulose (17%). O crescimento desses produtos compensou as perdas do complexo soja, cujo valor exportado caiu 5,7% por causa da queda de 15% nos preços. As exportações do complexo ficaram em US$ 9,476 bilhões em 2005.

Perspectivas

Diversificação de mercados e ampliação da pauta de exportações. Esses são os principais objetivos da Câmara de Comércio Árabe Brasileira para 2006, depois que o Brasil atingiu os US$ 10,5 bilhões na corrente comercial com os países árabes em 2005. O resultado superou a previsão feita no início do ano e gerou um crescimento de 28,3% em relação a 2004, quando a corrente comercial entre brasileiros e árabes somaram US$ 8,2 bilhões.

Em 2005 o equilíbrio das contas externas entre as duas regiões foi mantido. As exportações brasileiras para os países árabes totalizaram US$ 5,2 bilhões, um crescimento de 29% em relação a 2004, enquanto as importações do Brasil tiveram um aumento de 28%, alcançando a cifra de US$ 5,3 bilhões.

Os números são grandiosos, cerca de 66% das exportações brasileiras para os árabes estão relacionadas ao agronegócio – 34% de todo açúcar e 23% da carne bovina exportada pelo Brasil foi enviada aos países árabes. Do lado das importações desses países 92% referem-se a compra de petróleo.

A pauta das exportações brasileiras para os mercados árabes, porém, já está amadurecida vide a diversificação de produtos, cerca de 1900 dos mais variados setores. Por exemplo, há o crescimento da venda de produtos com maior valor agregado, como veículos, motores, aviões, calçados e máquinas agrícolas, entre outros. Da mesma forma, existe uma demanda cada vez maior entre os árabes por serviços em áreas em que a experiência brasileira é reconhecida, como na construção civil.

A evolução no comércio bilateral também fez com que as 22 nações que compõem a Liga Árabe respondam, juntas, pela quinta colocação (4,4%) entre os maiores destinos das exportações brasileiras, atrás apenas de Estados Unidos, Argentina, China e Holanda. Os árabes ainda ficaram à frente de países como Alemanha, México, Chile, Japão e Itália.

Do volume total de US$ 5,2 bilhões exportados pelo Brasil para os países árabes, a liderança entre os maiores compradores é da Arábia Saudita, com US$ 1,2 bilhão, seguida de Egito (US$ 868 milhões), Emirados Árabes Unidos (US$ 728 milhões), Marrocos (US$ 414 milhões) e Argélia (US$ 384 milhões). Esses cinco países mantiveram no ano passado a posição obtida do ranking de 2004, mas com diferentes taxas de crescimento.

No entanto, alguns países, apesar do volume ainda reduzido em números absolutos, apresentaram grande crescimento na importação de produtos brasileiros. É o caso do Catar que aumentou em 180% a aquisição de

itens fabricados no Brasil. As exportações brasileiras também tiveram incremento expressivo para a Líbia (83%), Iêmen (52%), Kuwait e Comores (50%), além do Sudão (42%).

No caso das importações brasileiras, destacam-se a Argélia, com US$ 2,8 bilhões em vendas ao Brasil, seguida de Arábia Saudita (US$ 1,3 bilhão), Iraque (US$ 523 milhões) e Marrocos (US$ 311 milhões).

Em termos relativos, a lista de importações brasileiras também registra forte crescimento na compra de produtos originários de Omã (aumento de 2.348%), Síria (957%) e Iêmen (467%). Todas essas variações comprovam como os empresários brasileiros e árabes procuraram aproveitar as oportunidades oferecidas por cada país, consolidando os espaços conquistados e buscando ampliar mercados onde existia essa possibilidade. Esse movimento tende a se intensificar neste ano.