A atividade florestal no Brasil contribui de forma relevante para o desenvolvimento do País, gerando renda, tributos, empregos e divisas, bem como um impulso ao desenvolvimento.
No decorrer de décadas de investimentos, as empresas de base florestal avançaram, com expressivo desenvolvimento tecnológico e de gestão, demonstrado pelas muitas certificações ISO 9000 e 14000, bem como produtos de excelência direcionados ao mercado interno e externo, projetando o Brasil à ocupar a 7ª posição mundial na produção de celulose e à 12ª colocação como fabricante de papel, ostentando a cifra de US$ 2,8 bilhões de faturamento em 2000.
No atual cenário, é de relevante importância a sustentabilidade e o contínuo aprimoramento dos processos tecnológicos de produção florestal, de modo a garantir um retorno mediante altos índices de qualidade e incremento em madeira, bem como a otimização de técnicas operacionais envolvidas em tais processos.
Neste contexto, uma das ferramentas que dispomos para o planejamento estratégico das empresas florestais quanto a implantação e manutenção inicial de um povoamento, é o uso de herbicidas destinados ao controle de plantas indesejáveis em áreas programadas para o estabelecimento definitivo de mudas. A formação de uma floresta artificial é o período compreendido entre o plantio da muda no local definitivo até o momento em que estas plantas passam a dominar a vegetação expontânea do local. Diante desta definição, torna-se claro que qualquer medida de manejo de plantas indesejáveis que venham a competir, por água e nutrientes do solo, e comprometer o desenvolvimento das mudas é importante para o sucesso no reflorestamento de uma espécie.
Poucos trabalhos literários destacam a importância da matocompetição em áreas de implantação de povoamentos florestais. Ao se pensar em um programa de controle de plantas daninhas em reflorestamento, é necessário que saibamos em que época elas representam o maior grau de competição com a cultura e o método mais apropriado para a execução do controle, evitando-se assim um aumento da porcentagem de falhas e de árvores dominadas, fato que afeta significativamente a produtividade final das florestas.
Hoje, os herbicidas são aceitos ambientalmente e economicamente como uma das alternativas que complementam e/ou substituem métodos mecânicos e manuais convencionais de controle da matocompetição em áreas de reflorestamento no Brasil.
Entre os fatores que afetam o seu desempenho estão:
1- Solo
Várias características do solo podem afetar o desempenho dos herbicidas. Uma das mais importantes é a textura. A textura resulta das proporções relativas de areia, sedimentos em partículas finas e de argila no solo. As partículas de argila são pequenas, as de sedimentos finos são um pouco maiores e as de areia são as maiores partículas presentes.
Devido ao fato de haver mais partículas de argila, a área superficial total das partículas de argila é maior que a de areia em um mesmo volume. E, ao aumentar a área superficial, haverá mais pontos de aderência do herbicida na mesma, o que faz com que a quantidade de herbicida que adere às partículas do solo seja menos disponível para fins de absorção pela planta daninha. As partículas de matéria orgânica são também muito pequenas e, por conseguinte, apresentam uma área total superficial relativamente grande. Consequentemente, da mesma forma que os solos argilosos, os solos ricos em matéria orgânica podem adsorver o herbicida e torná-lo menos disponível para a absorção pelas plantas daninhas.
Assim, uma regra geral que se deve ter em mente é que quanto maior for a proporção de argila no solo e maior for a porcentagem de matéria orgânica, maior será a capacidade para atrair e fixar os herbicidas.
Por outro lado, os solos mais leves, ou seja, aqueles que contém porcentagens mais altas de areia e com baixo teor de matéria orgânica e argila, são incapazes de adsorver e reter grandes quantidades de herbicidas.
Entretanto, poder-se-ía pensar que os solos leves são aqueles em que haveria a possibilidade de dissolução dos herbicidas através dos mesmos.
Uma das medidas da capacidade de adsorção de herbicidas por parte do solo é a CTC (Capacidade de Troca Catiônica). Tal medida indica quantas partículas positivamente carregadas podem ser atraídas e mantidas na superfície das partículas do solo. E, uma vez que alguns herbicidas são positivamente carregados, a CTC é uma indicação da quantidade destes que podem ser removidas da solução do solo e mantidas nas partículas (argila, areia e matéria orgânica).
Os solos pesados tendem a apresentar uma CTC mais alta que os solos leves.
Outra característica do solo que pode afetar o desempenho do herbicida quando aplicado é o pH. O pH da maioria dos solos agriculturáveis é, aproximadamente, de 5,5 a 7,5. Valores extremos de pH podem alterar o comportamento dos herbicidas.
2 - Dosagem
Para que um herbicida seja eficaz, deve-se dispor de uma quantidade adequada do produto para controle de plantas indesejáveis na cultura.
A dosagem de herbicida depende muito das características do solo acima supra citadas. Se houver grande adsorção de herbicida, haverá necessidade de maior dosagem do mesmo na solução do solo para que possa ser captado pelas ervas.
Nos solos mais leves, isto é, aqueles que contém maior quantidade de areia e de partículas finas, a adsorção será menor, embora seja possível a ocorrência de lixiviação. Também neste caso, doses mais altas do que as recomendadas nos rótulos podem ser necessárias para garantir a disponibilidade do herbicida em quantidade suficiente para controle da planta daninha.
Devemos ter em mente que a dosagem compensa fatores, tais como adsorção e lixiviação. E como estes fatores podem variar de acordo com a área, também podem variar as dosagens recomendadas para tais áreas. A dosagem de herbicida aplicada deve satisfazer primeiramente as características de adsorção e de dissolução do solo, ao mesmo tempo em que deve garantir a disponibilidade da quantidade conveniente na solução do solo para controle de ervas daninhas.
3 - Aplicação
Para ser eficaz, o herbicida deve ser direcionado ao local adequado para captação por parte das plantas daninhas.
Todos os herbicidas necessitam da participação pluvial ou de alguma forma de umidade para sua ativação ou aplicação adequada.
O banco de sementes de plantas gramíneas e de folhas largas estão presentes em todo o perfil do solo. As sementes de menor tamanho, como as de gramíneas, posicionam-se numa camada mais superficial (cerca de uma polegada), assim como algumas sementes de plantas de folha larga também de tamanho reduzido. Uma vez que esta camada superficial do solo aquece-se mais rapidamente, este banco variado de sementes tende a germinar e desenvolver-se também rapidamente mediante condições ideais de umidade e temperatura, concorrendo com a cultura desejada.
Entretanto, sementes de plantas de folha larga de maior tamanho podem germinar e emergir de camadas mais profundas do solo. Como estas camadas aquecem-se mais lentamente, o banco de sementes presente nesta profundidade pode germinar numa fase mais tardia da estação.
Nestas condições, o uso de herbicidas com ação de solo é relevante, pois, permanecendo na solução do solo por um determinado período de tempo, permite o controle mesmo em fases tardias de germinação de plantas infestantes na cultura.
As sementes grandes de plantas de folha larga que situam-se próximas à superfície do solo naturalmente podem germinar cedo. Assim, deve-se dispor do herbicida no local adequado do perfil do solo, na ocasião apropriada.
Os herbicidas penetram no perfil do solo até sua posição apropriada, juntamente com a chuva, irrigação ou por incorporação mecânica. Mesmo os herbicidas mecanicamente incorporados exigem alguma umidade para se integrarem na solução do solo e serem absorvidos pelas plantas indesejáveis.
O índice pluviométrico necessário para que o herbicida penetre até sua posição devida é afetado principalmente pela sua solubilidade em água. Um herbicida de alta solubilidade requer menor índice pluviométrico para penetrar no perfil do solo, contrariamente a um herbicida de baixa solubilidade. Naturalmente, um herbicida altamente solúvel pode penetrar mais profundamente no perfil do solo, até abaixo da zona de controle da planta.
A volatilidade também afeta o desempenho do herbicida no solo e constitui-se na perda do produto por volatilização. Diante disso, torna-se fundamental a incorporação imediata no solo quando utilizados herbicidas altamente voláteis.
Alguns herbicidas também são decompostos pela ação da luz solar. É o que se chama de fotodecomposição e constitui-se em outro motivo pelo qual alguns herbicidas devem ser incorporados.
Edison Perrando |