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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°95 - ABRIL DE 2006

Artefatos

Instrumentos musicais: qualidade da madeira define valor

“O som dos violinos é como a voz humana, cada um tem sua característica, alguns se assemelham, mas nenhum som é igual ao outro, assim como nenhuma madeira é idêntica”.

Os materiais usados na construção de instrumentos musicais são os principais fatores que implicaram no desenvolvimento acústico e na qualidade final dos instrumentos. Por isso, o mercado valoriza madeiras de alta qualidade e livre de defeitos como tensões. Os instrumentos são projetados para que vibrem e as tensões causam distorções sonoras e diminuem consideravelmente o desempenho do instrumento.

As tensões podem ser causadas por diversos fatores, como: verniz sem elasticidade; ângulo errado do braço; altura errada do cavalete; alma mal ajustada; deformações da madeira ou das peças; e outros.

As deformações aparecem normalmente em instrumentos mal construídos ou que tenham sido construídos com madeiras novas, e são causadas devido a secagem ou envelhecimento natural da madeira (encolhimento da madeira). É por isso que os melhores instrumentos são construídos com madeiras antigas ou que tenham passado por um processo rigoroso de tempera (processo lento de secagem e assentamento das moléculas da madeira).

O mercado chinês é um forte concorrente do Brasil neste segmento, fornece instrumentos musicais a preços baixos, pois possui uma mão de obra baixa, em relação a outros paises do mundo. Eles têm fácil acesso às madeiras e ferramentas necessárias para a construção de instrumentos musicais. Eles como outros países constroem bons a maus instrumentos musicais, dependendo da matéria-prima utilizada. A grande demanda de instrumentos exige que o mercado crie novas categorias de instrumentos, basicamente estas categorias são classificam como:

Instrumentos Profissionais (Luthier) - Estes são os famosos instrumentos construído pelos Liutaios ou como são mais conhecidos Luthier, usam somente materiais de extrema qualidade (madeiras que tenham passado por um processo rigoroso de têmpera, fórmulas especiais de vernizes, e outros.), dedicam centenas de horas de trabalho manual na construção de cada instrumento.

Instrumentos Intermediários (Oficinas) - Usam técnicas menos refinadas de construção, porém funcional e mais produtiva, onde contam com a supervisão de profissionais. Usam materiais intermediários (madeiras que tenham passado por um processo de tempera natural ou artificial, vernizes mistos de rápida secagem).

Instrumentos Estudante (Fábricas) - É a categoria que produz mais instrumentos, esta categoria é suprida pelas grandes fábricas que para baratear os custos finais dos instrumentos usam materiais mais baratos (madeiras verdes ou que não tenham passado por um processo de tempera adequado, verniz industrial), técnicas de construções em massa onde contam com a ajuda de equipamentos e máquinas processadoras.

Super instrumentos

Esta é uma categoria a parte, onde os mais conhecidos são os Instrumentos antigos: Amati, Stradivarius, Guarnarius e outros. Estes instrumentos se encontram em poder de Grandes Músicos, Museus e de Colecionadores.

Outros instrumentos que são considerados como a nata da Lutheria são as Réplicas e Cópias, estes são construídos por Mestres que os levam para participar de Grandes Campeonatos de Lutheria que acontece em diversos países, onde os melhores instrumentos são premiados com medalhas e títulos especiais. Eles adquirem um grande valor e prestígio, são vendidos para colecionadores e músicos e ao público interessado.

O bom instrumento é aquele que produz um som constante, limpo, equilibrado, com grande potência e fácil de ser executado. Nem sempre é tão belo, perfeito ou seu valor é alto, mas é totalmente funcional, tanto para estudantes quanto para profissionais.

A cada dia milhares de pessoas iniciam seus estudos na música, eles procuram normalmente instrumentos baratos, o que os leva a comprar instrumentos da categoria Estudante.

Depois de algum tempo estes estudantes percebem ou são aconselhados por seus professores a adquirirem instrumentos melhores, o que permitirá maior desenvolvimento musical, instrumentos mais funcionais que produzem um melhor som, mais fáceis de serem executados.

Para os que seguem a carreira musical a fim de se profissionalizar, certamente procurarão os melhores instrumentos entre custo benefício disponíveis no mercado.

Uma cena muito comum de danos irreparáveis é a troca de verniz. Muitos grandes violinos, que deveriam valer centenas de milhares de dólares, sofreram a troca de verniz. E o motivo: um simples arranhado, machucados ou manchas causadas pelo desgaste natural do tempo.

Outra história muito conhecida é a reharmonização de violinos baratos, Um violino que custa R$ 300,00, sim, merece um ajuste de R$ 240,00 ou pouco mais. Porém alguns oferecem o serviço de desmontar o instrumento para tirar madeira e trocar o verniz a fim de melhorar o som, o gasto será tão grande que dá para comprar um violino de categoria intermediaria. Sem dizer que existe a chance do som do violino não melhorar e até mesmo de piorar.

A História dos Violinos

Os primeiros violinos foram feitos na Itália em meados do século XVI (1700), evoluindo de antecessores como arebec, a vielle e a lira da braccio. A arte de fabricar violinos de primeira classe foi, por 200 anos, apanágio de três famílias de Cremona - os Amati, Guarnen e Stradivari (de que a latinização deu Stradivarius).

Embora o violino propriamente dito tenha-se mantido inalterado por 400 anos (excetuando-se a utilização de cordas mais finas e de um cavalete mais alto no século XIX), a forma atual do arco só se consolidou no século XIX(1800). Originalmente convexo em relação ao violino, o arco é agora côncavo.

O violino tem longa história na execução da música folclórica, que vem desde seus antecessores (como avielle). Durante o século XVII, substituiu a viola soprano na música de câmara, e tornou-se o fundamento da orquestra. Na orquestra moderna, os violinos estão divididos em duas seções - primeiros e segundos violinos -, as quais se distinguem, em cena medida, pelo fato de os primeiros tocarem as partes mais agudas e os segundos, as mais graves.

O repertório de música escrita para o violino é enorme, e cresceu ainda mais depois que Paganini revelou todas as suas possibilidades virtuosísticas. Incluí concertos de Bach, Vivaldi, Beethoven, Brahms, Tchaikovsky, Mendelssohn, Bruch, Berg e Paganini.

As partes de um instrumento moderno são: voluta, cravelhal, tampo, cordas, ouvidos ou fs, cavalete, estandarte, microafinador, apoio do queixo(quexeira), botão.

A família de instrumentos de arco, de quatro cordas e não trasteados, incluí o próprio violino, a viola, o violoncelo e o contrabaixo. Existe alguma confusão em torno da evolução dessa família, especialmente a respeito da extensão em que ocorreram cruzamentos com a viola da gamba. Os mais antigos instrumentos desse tipo foram as vielles e rebecs usadas pelos trovadores medievais para acompanhar o canto e a dança.

A lira da braccio desenvolveu-se a partir desses instrumentos em fins do século XV (1600), surgindo o próprio violino já em meados do século XVI (1700). Os membros dessa família tem, caracteristicamente, ombros redondos, quatro cordas, as aberturas no tampo harmônico em forma de ff, e não possuem trastes (em comparação com suas primas, as violas, que tem ombros descaídos, seis ou sete cordas, aberturas no tampo harmônico em forma de C e braços trasteados).

Origem do arco

Em sua origem, o arco dos instrumentos de cordas em tudo se assemelhava ao seu homônimo, peça de arma utilizada para arremessar flechas: vareta curvada em forma de meia-lua, a cujas pontas se atava algum tipo de corda ou cerda retorcida, mais tarde substituída por crina animal. Pois era com artefato similar que o músico da antiguidade produzia o atrito com a corda necessário à produção do som.

Na trajetória de sua evolução, o arco sofreu diversas transformações: das grandes curvaturas côncavas, passou por uma silhueta quase retilínea, até a incorporação da forma atual, convexa. Paralelamente à evolução dos instrumentos de cordas, em si, o arco, peça fundamental à sua execução, foi objeto de transformação equivalente.

França, no final do século XVIII o grande archetier ou archetaio- fabricante de arcos em francês e italiano, respectivamente –François Tourte fez uma modificação que revolucionou a técnica de todos os instrumentos de cordas: por volta de 1770 ele vergou a madeira do arco em sentido contrário, convexamente, com a barriga da curva em direção à crina. A vareta foi, assim, dotada de maior tensão e nervura, ou flexibilidade.

Foi também o mesmo Tourte, originalmente um modesto relojoeiro, o responsável por experiências que levaram à escolha da madeira ideal, hoje universalmente utilizada: o Pau-brasil, também conhecido como pau-rosado ou pernambuco, duas de suas variedades- esta última, nome do estado brasileiro onde se supõe ter sido a madeira primeiramente encontrada.Tourte também fixou as dimensões ideais para o arco, que no violino variam entre 74 e 75 cm de comprimento, com o ponto de equilíbrio (fiel) a 19 cm do talão. É verdade que inúmeras tentativas de substituir o pau-brasil como material para a confecção de arcos já foram realizadas. Desde os ensaios com tubos ocos de aço por J. B.Vuillaume,até a moderna fibra de vidro, sabe-se que ainda não se encontrou o substituto à altura. Mas, atualmente o ipê tabaco vem sendo usado com sucesso.

Quanto à construção, o arco moderno pode ser subdividido em dois grupos principais. O primeiro seria o modelo do violino, padrão também empregado pela viola e o violoncelo, assim como uma das modalidades do arco do contrabaixo, a chamada frandesa. Este último instrumento tem história e personalidade próprias, e as características de construção e utilização de seu arco lhe são absolutamente peculiares.

O que diferencia o arco Dragonetti daquele modelo adaptado do violino por Savart e Gand – o chamado arco francês do contrabaixo , além das características físicas de sua construção, é a maneira de empunhá-lo. Ao contrário do francês, sustentado como no violino (overhand) mas construído com talão de dimensões proporcionalmente maiores, o modelo Dragonetti( underhand) é empunhado por baixo, à maneira de seus antepassados da família das antigas Violas.

Uma vida dedicada a luteria

Denomina-se lutheria o local onde são restaurados ou construídos os instrumentos de cordas. O italiano Eugênio Colleti tem uma história de mais de meio século dedicados a música e a lutheria. Nasceu em Treviso, na Itália, e lá estudou música, mais tarde estudou direito em Padova, mas não chegou a trocar de profissão. Envolvido com a música desde a infância, Eugênio nunca se afastou da arte de construir e reformar violinos e outros instrumentos musicais, atividade que exerce até hoje, em Caxias do Sul, RS. O conhecimento da madeira tem sido o principal aliado de Colleti ao longo da dedicação à arte de esculpi-las.

Colleti explica que nenhum violino emite o som igual ao outro: “ o som dos violinos são como vozes humanas, cada um tem sua característica, alguns se assemelham, mas nenhum som é igual ao outro, assim como nenhuma madeira é idêntica”.

Ele fala também da importância da espécie madeireira para a qualidade do som dos violinos. O tampo do violino é feito em pinho europa, o restante é construído em acero, os acessórios podem ser elaborados em ébano e o arco feito em pau brasil é o melhor. Atualmente a dificuldade de encontrar a madeira pau brasil, devido ao fechamento da única empresa que fornecia a madeira, localizada no Espírito Santo, tem levado os luthers a fabricar os arcos em madeiras alternativas como o ipê tabaco.

A África e a Índia são fornecedores de ébano, mas Colleti recomenda o ébano africano para a construção dos acessórios, porque o ébano da índia é muito poroso, devido as chuvas intensas que ocorrem na região.

O especialista diz que o mercado oferece modelos que vão de R$ 250,00 até US$ 200 mil ou mais. Ele diz que os mais acessíveis vêm da China e geralmente não são de boa qualidade. Eugênio Colleti afirma que um bom violino usado, com o arco em pau brasil, custa em média R$ 5.800 mil.

Fonte: Atelier Labussiere.