As madeiras de reflorestamento, especialmente pinus, que até pouco tempo eram vistas com cautela por produtores céticos, agora ganham credibilidade e impulsionam a produtividade. O ano de 2005 foi estável para o segmento de compensados de pinus. A produção foi de aproximadamente 2.400.000 m³ (basicamente o mesmo volume produzido em 2004). As exportações também se mantiveram estáveis (2.284.000 m3). Trata-se do mesmo nível exportado em 2004. O mercado externo é muito representativo para o segmento. Atualmente cerca de 80% da produção brasileira é exportada. No caso do compensado de pinus, os Estados Unidos e o Reino Unido lideram como destino das exportações brasileiras. Juntamente, eles demandam quase mais de 50% das vendas externas brasileiras.O mesmo acontece com o compensado tropical.
Atualmente, estima-se que existam em operação cerca de 200 indústrias produtoras de compensado no Brasil, embora atualmente as empresas que utilizam o pinus como matéria-prima estão obtendo maior espaço no mercado.
Dados preliminares da STCP Engenharia de Projetos indicam que a produção nacional de compensado tropical caiu quase 10% em 2005. Estima-se que em 2005 a produção nacional de compensado tropical atingiu 1.250.000 m³. Isso ocorreu basicamente em função da diminuição das exportações, uma vez que a demanda do mercado doméstico manteve-se estável. Em 2005, as exportações de compensado tropical caíram para 731.000 m³, o que representa uma variação negativa de 27% em relação a 2004.
A fabricação de compensado já tem cerca de oitenta anos no Brasil. Começou com a madeira do pinheiro do Paraná existente nas florestas naturais da época, localizadas principalmente no sul do país. Com a expansão da agricultura e a excessiva derrubada do pinheiro do Paraná, as reservas dessa árvore foram diminuindo gradualmente fazendo com que, nos anos sessenta, a indústria do compensado começasse a mudar-se para o norte, para a região amazônica.
Novas mudanças tiveram lugar no começo dos anos noventa e, durante os últimos dez anos, plantações de pinheiros, localizadas principalmente no sul, vieram a tornar-se uma importante fonte de matéria-prima para a indústria do compensado.
Nas últimas três ou quatro décadas a indústria aprendeu a investir na mudança da floresta natural de coníferas do sul do país para as folhosas tropicais e, mais ainda, teve que passar a usar toras de diâmetros menores provenientes das plantações de pinheiros no sul. O próximo passo será o das plantações de folhosas, inclusive o eucalipto e outras espécies. Essas plantações de folhosas tropicais deverão ser, já no começo da próxima década, uma importante fonte de matéria-prima para a indústria de compensado no Brasil.
A produção brasileira de compensado está crescendo, apesar da forte concorrência dos outros painéis de madeira, como o particulado, o MDF, o OSB e outros produtos não em madeira. A produção total nacional chegou a 3,8 milhões de metros cúbicos em 2004.
A produção de compensado tropical aumentou de aproximadamente 900 mil m³ em 1995 para 1,4 milhões em 2004, num aumento de perto de 55%;
Entre 1995 e 2004, a produção de compensado de pinho aumentou de 700 mil m³ para 2,4 milhões, o que representa um aumento de 240% no período.
Esse aumento na produção foi o resultado de vários fatores, como a disponibilidade de matéria prima (sobretudo a proveniente de plantações de pinho), investimentos feitos pela indústria no sentido de aumentar a produtividade e a qualidade do produto.
Comercialização
O Brasil tem uma população de aproximadamente 180 milhões e a indústria madeireira considera o mercado interno como sendo da maior importância. Mercado esse que foi, por muitos anos, o objetivo principal da indústria nacional.
Na realidade muito pouca gente sabe que o Brasil já foi um importador de produtos de madeira. Para dar-lhes um exemplo, até 1910 a maioria da madeira consumida no País vinha importada do Canadá, Estados Unidos e da Finlândia. Problemas de fornecimento na Primeira Guerra Mundial fizeram com que uma indústria madeireira nacional viesse a se desenvolver.
Apenas recentemente o Brasil começou a aparecer no mercado internacional de produtos de origem florestal, fazendo com que a fatia ocupada pelo país, nesse mercado, aumentasse de pouco mais que um por cento no começo dos anos noventa para aproximadamente quatro por cento em 2004. Atualmente o Brasil exporta US$ 7,5 bilhões em produtos florestais anualmente, a metade disso sendo constituída de produtos de madeira sólida.
A indústria de compensado tem, hoje, nas exportações, uma parcela importante de seus negócios. Em 2004, essas exportações totalizaram 2,9 milhões de m³, ou 75% do total produzido. Perto de 65% de todo o compensado hoje exportado é de pinho.
Nos últimos dez anos o total exportado aumentou aproximadamente 300%, num crescimento médio anual de 14,5%.
As exportações de compensado de pinus aumentaram de aproximadamente 200 mil em 1995 para 1,9 milhões em 2004, num crescimento impressionante de 850% no período.
As exportações de compensado tropical praticamente dobraram no mesmo período, de aproximadamente 500 mil m³ para 1,1 milhões.
O aumento nas importações aconteceu a partir de um aumento na participação de vários mercados, uma vez que os mercados mais tradicionais não apresentaram aumentos significativos e, em alguns casos, chegaram até a se retrair.
Fatores extra-setoriais (como o câmbio, por exemplo) foram importantes na obtenção desses resultados, mas não resta dúvida que a indústria de compensado teve competência e capacidade para direcionar investimentos no sentido de aumentar a produção, a qualidade dos produtos e força suficiente para aumentar a sua fatia de mercado.
Programas de qualidade como o PNQM - Programa Nacional de Qualidade da Madeira, foi elaborado no sentido de promover o uso dos produtos de madeira, facilitando ao mesmo tempo o acesso ao mercado. No momento, a ABIMCI – Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada continua trabalhando no PNQM, no sentido de:
- Incorporá-lo no sistema nacional de certificação para, no futuro, solicitar o reconhecimento mútuo dentro do sistema internacional de certificação;
- Atrair um número cada vez maior de empresas para a certificação, prestando uma atenção toda especial às pequenas e médias empresas;
- Aumentar a eficiência do programa no sentido de reduzir os custos.
Uma outra iniciativa importante da ABIMCI para melhorar o acesso ao mercado foi a contribuição feita ao Sistema Nacional de Certificação Florestal, o CERFLOR. Tal iniciativa resultou de um projeto financiado pelo ITTO e implementado pela ABIMCI. O CERFLOR concretizou, inclusive, um acordo com o sistema europeu de certificação florestal.
Entre os desafios do setor está a competitividade, tendo em vista que o preço continua sendo o problema mais importante. A China está invadindo os mercados e, a certificação já não pesa tanto na competitividade. Possíveis problemas provenientes do uso de compensado não certificado na construção civil parecem não sensibilizar o mercado comprador.
No entanto, os associados da ABIMCI têm investido mais de US$ 2 milhões na certificação de fabricantes de compensado, construção de laboratórios, ajuste de padrões e assinatura de acordos com organizações internacionais de certificação. A tendência é que o setor seja solidificado com uma fatia do mercado que prioriza a qualidade e aceita preços competitivos.
Fonte: Abimci e STCP Engenharia de Projetos. |