Nas feiras especializadas, principalmente na Europa, o ano de 2005 foi marcado pelas as propostas criativas do universo do móvel. Criações que consolidam as tendências existentes e apontam novas idéias e pequenas variações que estão globalizando o design do móvel em todos os estilos. Em um momento em que os estilos se mesclam e ao mesmo tempo se inspira uma tendência básica, o clássico contemporâneo domina as vitrines. O novo rústico, o móvel moderno e a vanguarda criadora compõe a era do minimalismo. A arquitetura do móvel globalizado é linear com volumes geométricos e ausência de barroquismo.
Quanto a nova perspectiva de globalização, as importações asiáticas de amplas coleções exóticas ou coloniais estão influenciando o gosto do consumidor e as tendências que imperam. Outra tendência forte é o móvel que traz uma proposta zen, compatível com a atual busca pela espiritualidade. Neste sentido o móvel oriental é favorecido, seja para móvel rústico, colonial ou decorativo.
Mas, por outro lado, o clássico contemporâneo é um estilo totalmente consolidado e está conquistando o mercado mundial frente ao clássico tradicional que lidera a exportação dos grandes projetos. O que no início foi uma aposta inovadora se converteu posteriormente em uma tendência da maioria. O clássico hoje é um estilo consolidado e uma opção para o mobiliário de espaços novos, mais reduzidos e funcionais, com tons mais escuros, a elegância do acabamento e a estética do desenho linear.
O novo clássico segue evoluindo, em algumas ocasiões de forma ordenada e coerente em outras de forma uma tanto complexa, incorporando tantas características próprias do móvel moderno que se torna exclusivo e difícil de definir.
O desejo e a busca pela liberdade de estilos de vida são impressos no design gerando quase uma anarquia de estilos. Trata-se de uma nova aposta por idéias originais onde a diferença, a competitividade e o êxito do novo rompem com a monotonia do desenho tradicional.
Há empresas que investem em desenho como fator de competitividade e seguem uma trajetória ordenada de investigação, desenvolvimento e inovação. Há empresas que carregam no desenho suas frustrações e esperanças e trocam radicalmente seu produto uma vez ou outra como se na verdade fosse uma aposta numa roleta de mercado onde só a sorte guia. A um grande número de empresas que se esforçam dia a dia por tornar seus produtos desejos do mercado.
A moda e o clássico
As tendências para o segmento moveleiro obedecem a um acúmulo de fatores, que não são apenas questões econômicas, macroeconômicas e empresariais. Para buscá-las é preciso se centrar nos materiais, cores e estilos do momento. Um debate do grupo espanhol IDI (Iniciativas de Diseño Industrial) para o setor, sugere que a moda vem de um de várias informações comportamentais.
A reafirmação do clássico contemporâneo comporta uma arquitetura que tende a horizontalidade. Quando se passam cinco anos desde a criação de um estilo e ele continua a se destacar pode se dizer que está consolidado. Desta forma o estilo pode criar subdivisões criando suas próprias tendências e lança novas propostas, bem como madeiras diferenciadas e novas cores.
O móvel mais inovador chega a introduzir chapas pré-compostas com acabamentos, chapas naturais ou pré-compostas, com detalhes e painéis lacados em tons café que combinam com novos tons de madeira.
A indústria do móvel tende para cores naturais, principalmente escuras. A madeira teca está fazendo sucesso principalmente na Espanha e Itália.
O novo rústico também inclui chapas com acabamentos rico em detalhes contrastantes. Este mobiliário vive sua própria evolução e reúne diferentes estilos e influências que introduzem a estética da natureza às casas urbanas.
A madeira maciça é a protagonista, com variações em seu acabamento, incluindo tons escuros, mel e nozes. Junto à madeira são usados materiais como bambu, coco, fibras, que seguem a tendência asiática.
Design é uma das muitas áreas de conhecimento diretamente afetadas pela globalização. A análise dos aspectos que envolvem este fato bem como as tendências que se originam da globalização são essenciais para o gerenciamento de marcas e do design de uma forma efetiva.
As diversas previsões existentes para esta área revelam alguns desafios, tanto sob o ponto de vista das corporações como das prestadoras de serviços de design:
I. Agências globais – objetivando atender aos clientes globais, empresas de design possivelmente terão que desenvolver novas estratégias de atendimento. Conforme as corporações se tornam globais, geralmente buscam alguns fornecedores capazes de atender suas necessidades de maneira consistente e coordenada nos diversos países em que a ela se encontra. Empresas em diferente setores estão comprando serviços globalmente integrados em diversas áreas: transporte, financeiro, tecnologia, telecomunicação, propaganda, etc. Pode-se esperar que o design seja gerenciado desta mesma forma. Dentro deste cenário, empresas de design poderiam explorar esta oportunidade e considerar redes de contato internacionais, possibilitando a entrega de serviços consistentes independente da localização;
II. Competitividade – a abertura das barreiras possibilita que agências de design internacionalmente reconhecidas passem a atuar em diferentes mercados, acirrando a competição que antes ocorria somente entre as agências locais. Além disso, o mercado atual é caracterizado pela constante e crescente competição sob as formas de rápida inovação de produtos e serviços, ciclo de vida dos produtos mais curtos, políticas de preço agressivas, grande competência em identificar as necessidades do consumidor/cliente. Estas características tendem a destruir regras ou normas existentes no mercado atual, acirrando ainda mais a competição;
III. Terceirização – Alguns anos atrás, terceirização era utilizada somente para a redução de alguns custos internos. Atualmente, o termo significa a transferência de responsabilidade sobre alguns processos para um fornecedor. Este novo pensamento possibilitou que diversos serviços passassem a ser terceirizados. Algumas empresas líderes de mercado focam na sua principal atividade e terceirizam praticamente todo o resto. Apesar de alguns riscos, são inúmeros os benefícios desta política: mão de obra especializada e mais barata, mais qualidade, maior acesso a inovação e novas idéias, menos impostos etc. Dentro deste cenário, design é um possível segmento a ser terceirizado globalmente ao invés de localmente. Neste caso, o Brasil passa a ser uma grande potência para terceirização tanto da criação quando da produção (juntamente com Índia e China) em função de sua criatividade e mão de obra relativamente barata.
Apesar de todas estas previsões relativamente positivas a partir da globalização, é importante que também sejam considerados fatores culturais (idioma, cultura, valores), atitudes e preferências locais .
É importante ressaltar que estas são previsões a médio-longo prazo que vão além das atuais conseqüências da globalização que já podem ser identificadas atualmente como a presença de vários idiomas na embalagem ou a criação de design para outros mercados. As possibilidades são muitas e ainda incertas, mas acredito que ao longo dos próximos anos veremos algumas destas tendências implementadas.
Fontes: El Setor de mueble y la madera; Ellen Kiss/ London College of Communication. |