O Manejo Florestal é a administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema. Com a adoção do manejo a produção de madeira pode ser contínua ao longo dos anos. O manejo florestal também está associado aos determinantes do desenvolvimento em bases sustentáveis que são: promover o capital natural, o capital humano e institucional e ser objeto de análise econômica.
O plano de manejo define como a floresta será explorada, o que inclui o zoneamento da propriedade distinguindo as áreas de exploração, as zonas de preservação permanente e os trechos inacessíveis. Em seguida, planeja-se a rota das estradas secundárias e divide-se a área total de manejo em talhões de exploração anual. Por último, define-se a seqüência de exploração do talhão ao longo do tempo. Esta medida visa reduzir os impactos da exploração madeireira sobre a fauna e aumentar a proteção da floresta contra o fogo.
De acordo com a legislação vigente, o código florestal brasileiro, editado em 1965, no seu artigo 15, define que as florestas da Amazônia só poderiam ser utilizadas através de planos de manejo. Em 1989, a Ordem de Serviço 001-89/IBAMA-DIREN, definiu um extensivo protocolo de plano de manejo, incluindo especificação de técnicas de extração para diminuir os danos à floresta, estimativas do volume a ser explorado, tratamentos silviculturais e métodos de monitoramento do desenvolvimento da floresta após a exploração. O ciclo de corte mínimo foi fixado, na época, em 30 anos.
Entre as razões para se manejar a floresta podemos citar:
• Continuidade da produção - A adoção do manejo garante a produção de madeira na área indefinidamente, e requer a metade do tempo necessário na exploração não manejada.
• Rentabilidade - Os benefícios econômicos do manejo superam os custos. Tais benefícios decorrem do aumento da produtividade do trabalho e da redução dos desperdícios de madeira.
• Segurança de trabalho - As técnicas de manejo diminuem drasticamente os riscos de acidentes de trabalho. No Projeto Piloto de Manejo Florestal, os riscos de acidentes durante o corte na operação manejada foram 17 vezes menor se comparado às situações de perigo na exploração predatória.
• Oportunidades de mercado - As empresas que adotam um bom manejo são fortes candidatas a obter um "selo verde". Como a certificação é uma exigência cada vez maior dos compradores de madeira, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, as empresas que tiverem um selo verde, provando a autenticidade da origem manejada de sua madeira, poderão ter maiores facilidades de comercialização no mercado internacional.
• Conservação florestal - O manejo da floresta garante a cobertura florestal da área, retém a maior parte da diversidade vegetal original e pode ter impactos pequenos sobre a fauna, se comparado à exploração não manejada.
• Serviços ambientais - As florestas manejadas prestam serviços para o equilíbrio do clima regional e global, especialmente pela manutenção do ciclo hidrológico e retenção de carbono.
Benefícios do manejo
Manejo florestal é uma forma de extrair produtos da floresta sem destruí-la: diminui os custos de produção; promove o aumento da produtividade; reduz os desperdícios de madeira; possibilita a abertura de mercado e preços melhores; além de conservar e preservar as funções ecológicas da floresta. O manejo florestal traz benefícios sociais, ambientais e econômicos porque:
- pode diminuir os custos da exploração em pelo menos 10% porque cada atividade no Manejo é planejada e mais eficiente;
- pode ser combinado a outros usos da floresta, como colheita de frutos, cipós, palhas, produção de carvão e lenha;
- diminui riscos de acidentes na atividade madeireira;
- gera empregos e promove o desenvolvimento rural;
- mantém a floresta e sua biodiversidade, garantindo seu uso continuado tanto pelos empresários quanto pela população local e as gerações futuras.
O manejo florestal atualmente é utilizado por mais de 1,200 proprietários que exercem atividades florestais em todo o Brasil.
Pode ser feito por populações tradicionais (ribeirinhos, indígenas , seringueiros, quilombolas) e pequenos produtores rurais para quem existem leis e procedimentos simplificados.
A sua aplicação é cada vez mais exigida por bancos e agentes financeiros como condição para financiamento da produção florestal.
Plano de manejo florestal é o documento que servirá como guia para quem vai extrair produtos de uma área de floresta. Nele constam as informações da área a ser manejada, como por exemplo: quantidade do produto que pode ser extraído: localização e distribuição dos produtos; técnica de coleta, extração e transporte e o monitoramento da floresta.
O plano de manejo é um procedimento legal e deve ser aprovado pelo Ibama e pelo Órgão Estadual do Meio Ambiente, responsável por licenciar e autorizar todas as atividades florestais.
Para começar bem é importante consultar a legislação sobre Manejo florestal e cumprir os passos a seguir:
- Delimitar a área e planejar a infra-estrutura necessária; por exemplo, construção das estradas de acesso à área e aos pátios de estocagem;
- Realizar e analisar o inventário florestal dos produtos de interesse comercial;
- Elaborar o Plano de Manejo Florestal;
- Planejamento e execução da exploração florestal;
- Monitorar o crescimento e o desenvolvimento da floresta para definir a próxima colheita.
Capacitação
Capacitar equipes para executar o Plano de Manejo Florestal melhora a eficiência e a produtividade das atividades florestais, reduzindo danos e desperdício.
Os operadores de máquinas pesadas podem diminuir em até duas vezes a área afetada com a abertura de estradas e em 50% os danos às árvores remanescentes.
Os operadores de moto-serra podem reduzir em até três vezes o desperdício de madeira dentro da floresta com o uso de técnicas apropriadas de corte das árvores.
A equipe capacitada pode reduzir o desperdício na colheita de produtos florestais não madeireiros como sementes, frutos, óleos, resinas e outros. Além disso, a mão-de-obra treinada diminui os riscos de acidentes de trabalho;
Os técnicos e engenheiros florestais planejam cada etapa do manejo da área, organizam, gerenciam e implementam o Plano de Manejo Florestal com maior eficiência.
Os ganhos de produtividade e redução dos desperdícios podem aumentar o lucro do manejo florestal.
O manejo da vegetação reduz a freqüência dos incêndios florestais, reduzindo conseqüentemente a perda da biodiversidade. Um grande número de incêndios se inicia a partir das margens das estradas que cruzam a floresta. Como conseqüência, a vegetação invasora se espalha gradualmente para ao interior da floresta acentuando o risco de destruição.
Nos trechos das estradas onde é elevada a ocorrência de incêndios, deve-se proceder a substituição de gramíneas invasoras por espécies menos flamáveis a partir das margens, formando-se aceiros verdes. Além de ser úteis na prevenção de incêndios, os aceiros verdes têm contribuído para a redução de custos de manutenção das faixas marginais das estradas e valorização da paisagem.
As usinas hidrelétricas alteram não só a paisagem, mas o clima o solo a flora e a fauna da região onde são instaladas. Deve-se atentar principalmente para influência do reservatório sobre a vegetação, tendo em vista as alterações na regeneração natural da comunidade florestal que podem ser promovidas.
É necessário tomar medidas mitigadoras que possibilitem a redução de emissões de carbono para a atmosfera através de práticas de manejo florestal e através de políticas de reflorestamento. |