Mesmo diante de algumas turbulências que marcaram o mundo no último ano, especialmente no segundo semestre, a indústria de base florestal – móveis, madeira, papel e celulose – fechou ao ano de 2001 com uma redução previsível nas exportações. Os três segmentos, que tem como sua matéria prima básica a madeira, fecharam o ano com US$ 4,19 bilhões em vendas externas, num decréscimo de 7,3% em relação ao ano anterior (US$ 4,52 bilhões). Mesmo com um leve decrescimento, a representatividade do setor é hoje muito importante no mercado externo, representando 7,2% de todas as exportações brasileiras de 2001, que chegaram a US$ 58,2 bilhões.
A queda deste último ano foi provocada pelo item pasta de madeira e celulose, que apresentou uma redução de US$ 355 milhões. O único setor que apresentou resultado positivo foi o de madeira, pois a indústria do mobiliário também sofreu uma pequena queda de 1%. Nos últimos quatro anos este segmento de base florestal tem apresentado resultados que podem ser considerados positivos, diante da conjuntura mundial. As indústrias tem focado suas vendas em mercados alternativos, investido em tecnologia e agregado valor ao produto final. Com metas bem definidas, a tendência é de repetir crescimento nas vendas este ano, impulsionada por preços mais favoráveis.
A indústria do mobiliário ainda detém a menor participação. Com um programa específico de incremento às exportações, as indústrias deste segmento estão se preparando para o competitivo mercado externo e já projetam duplicar suas vendas no prazo de dois anos. Em 2001 as exportações chegaram a US$ 508,96 milhões ( capítulo 94 da NBM), representado um decréscimo de 1% em relação ao ano anterior. Entre os itens de maior destaque nas vendas externas estão móveis de madeira para quarto, com US$ 152,5 milhões, num aumento de 1,8% em relação ao ano anterior ( US$ 148,7 milhões); assentos, suportes, estofados,com US$ 78,5 milhões, num aumento de 5,8% em relação ao ano anterior ( US$ 74,1 milhões); partes de móveis de madeira, com US$ 27,9 milhões, também com aumento de 38,5% em relação a 2000 ( US$ 20,1 milhões); móveis de madeira para cozinha, com US$ 23,6 milhões; móveis de madeira para escritório, com US$ 16,7 milhões, além de outros móveis diversos de madeira que totalizaram US$ 161,1 milhões em exportações no último ano.
Embora o número de empresas do setor do mobiliário seja expressivo no Brasil ( perto de 13 mil), as vendas ao mercado externo ainda se limitam a uma pequena fatia de indústrias – não ultrapassando a mais de 150 empresas -, concentradas nos pólos moveleiros de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná.
Nos últimos anos a indústria deste segmento tem investido em tecnologia e modernizado seu parque fabril. Hoje, encontra-se em condições de igualdade com alguns dos mais importantes produtores mundiais, o que lhe garante competitividade. Aliado a isso, a oferta de matéria prima, até certo ponto abundante, a oferta de mão de obra – que cada vez mais tem apostado na especialização – e o desenvolvimento gradual de um produto próprio, com design e características locais, garantem uma alternativa promissora para as vendas externas nos próximos anos.
Madeira
Nos últimos quatro anos as exportações de produtos de madeira vem crescendo constantemente. Em 1998 o volume de vendas externas neste segmento chegava a US$ 913,1 milhões, pulando, em 2001, para US$ 1,49 bilhão. Embora representando um aumento de apenas 0,88% em relação a 2000 ( US$ 1,47 bilhão), o ano passado é considerado como positivo para as indústrias do setor, que sofreram alguns contratempos de conjuntura mundial, mas que também afetaram outros produtores mundiais.
O item de maior volume exportado continua sendo madeira serrada, que totalizou no último ano US$ 532,1 milhões, num crescimento de 2,4% em relação a 2000 ( US$ 519,5 milhões) e positivo também em relação a 1999 ( US$ 497,3 milhões). Já o ítem compensado totalizou US$ 359,9 milhões, apresentando uma pequena queda de 3,6% em relação ao ano anterior ( US$ 373,6 milhões). O ítem portas, janelas e assoalhos fechou o ano com US$ 169,1 milhões, mantendo suas vendas estabilizadas em relação a 2000. Outros itens de destaque no mercado externo são madeira perfilada, que totalizou US$ 88,7 milhões, embora tenha apresentado uma queda de 12,3% em relação ao ano anterior (US$ 101,1 milhões), e molduras, com US$ 63,9 milhões, num crescimento de 45,6% em relação a 2000.
Alguns itens da pauta de exportações do setor também tem mostrado oscilação. Em 2001 as exportações de cavacos chegaram a US$ 48,6 milhões, mostrando uma queda de 7,3% em relação a 2000; as de madeira em bruto totalizaram US$ 17,7 milhões, apresentando uma queda de 37%; as lâminas de madeira chegaram a US$ 36,9 milhões, também com queda de 24,8%; e os painéis de fibra atingiram US$ 58,5 milhões em vendas externas, com uma pequena queda de 1,6% em relação ao ano anterior.
O crescimento nas vendas externas de madeira tem sido alicerçado por um trabalho de longa data das indústrias do setor. Nos últimos anos intensificou-se a busca por mercados alternativos, fugindo a pesada concorrência sofrida por países da Ásia, do leste europeu e países da América Latina. Algumas ações independentes tem marcado a presença de empresas brasileiras em feiras e eventos internacionais, com bons resultados. Embora vários setores já possuam programas de incentivo e orientação à exportação, o ramo madeireiro atua sem qualquer apoio, com ações isoladas.
Papel E Celulose
Da indústria de base florestal, o segmento de papel e celulose é o mais representativo nas vendas externas. De acordo com dados do Departamento de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comério, em 2001 as exportações chegaram a US$ 2,19 bilhões, representando uma redução de 13,9 % sobre o ano anterior, quando atingiu US$ 2,54 bilhões.
As projeções iniciais tinham como meta US$ 3 bilhões em vendas externas no último ano.Os problemas enfrentados nos Estados Unidos no segundo semestre e outros desajustes internacionais trouxeram reflexos negativos, reavaliando as metas.
O item que apresentou o maior volume de retração nas vendas externas foi o de pasta de madeira e celulose, onde as vendas ficaram em US$ 1.247,5 milhão, com uma redução de 32% em relação ao ano anterior ( US$ 1.602,4 milhão). Um aspecto negativo que influenciou no desempenho do ano passado foi o fato que os US$ 680 por tonelada de celulose alcançados em 2000 caíram para US$ 430 nos últimos meses de 2001. O preço negociado ficou quase 40% menor, que foi em parte equilibrado pela desvalorização do real. Essa diferença trouxe algumas consequências negativas, mas que poderiam ser bem piores aos fabricantes brasileiros do setor, uma vez que suas vendas são focadas no mercado externo.
No caso dos preços do papel, a baixa foi menor, ficando em 12%. Isso se deve pelo fato do papel ser um produto bem mais próximo do consumidor e, além disso, sua produção é mais pulverizada. Por outro lado, houve uma redução nas compras de diversos produtos de papel vindos do exterior da ordem de 11,4%.
Conforme dados da Bracelpa, o setor faturou em 2001 R$ 14,24 bilhões como um todo, representando um aumento de 1% em relação ao ano anterior ( R$ 13,66 bilhões). A produção de papel chegou a 7,28 milhões de toneladas e a produção de celulose a 7,43 milhões de toneladas. No Brasil o consumo aparente de papel é de 38,3 quilos por habitante. |