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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°94 - FEVEREIRO DE 2006

Móveis & Tecnologia

De onde vêm as tendências

Elas não são capricho de modistas. São determinadas pela percepção dos acontecimentos da sociedade.

As revistas de decoração nos fazem pensar que as tendências consistem na aplicação das cores e formas ditadas pelos centros da moda. Quem faz isto na verdade está copiando. Tendência é a aplicação em produtos das manifestações, sensações e sentimentos que se instalam na coletividade humana a partir da sua evolução. Estas provêm de várias fontes, das quais citamos alguns exemplos:

Uma delas refere-se aos atentados do 11 de setembro que geraram nos americanos um novo sentimento de patriotismo, nação e solidariedade. Como tendência criou-se aplicações de bandeiras e símbolos americanos. Volta às tradições americanas (móvel colonial americano).

A queda do muro de Berlim gerou um novo sentimento de comunidade e de alegria e liberdade;Tendência: móveis e peças humorísticas.

A imagem da Terra transmitida desde o espaço pelos astronautas dá um novo sentido de lar global; Tendência: produtos com consciência ecológica e de economia e racionalização de recursos e materiais: minimalismo, móveis com apelo ecológico, componentes recicláveis.

As tendências podem partir também de movimentos e ideologias: o caso dos hippies dos anos 60, cuja estética pop influiu nos móveis. O fascismo dos anos 30 criou uma estética de poder baseada no monumental.

A partir de sensações e necessidades psicológicas, frente à complexidade da tecnologia, se gera a necessidade de produtos que evoquem tempos mais rústicos, porém sem abrir mão das comodidades modernas.

A partir de estilos de vida, nas sociedades de consumo, se encontram o que o pessoal da moda chama “tribos”: consumidores que se identificam entre si por características especiais – “yuppies”, “punks”, tecnológicos, ecologistas, tradicionalistas, afinados com culturas orientais, tecnológicos, minimalistas etc. Aparecem produtos específicos baseados nas características e necessidades destes tipos de consumidor.

Por idade. Você já pensou que sempre existiu o vírus da AIDS para a geração que agora ingressa no mercado consumidor, e que não conheceu discos Long Play, máquina de escrever? Para esses os patins sempre foram “Em Linha”, Michael Jackson sempre foi branco e a pipoca, feita no forno microondas. Naturalmente as expectativas e interesses são diferentes.

Por influências de outras culturas e modos de vida. O desejo de mais tempo livre se traduz em móveis com visual de praia. Móveis africanos nos dão a “sensação” romântica de estar em um “safári”. Por influências de outros produtos ou avanços: assim como o design automobilístico se reflete dois anos depois nos eletrodomésticos, estes influenciam os móveis. A Apple lançou os computadores translúcidos. Dois anos depois temos em Milão móveis coloridos transparentes.

Existem empresas internacionais cuja função é a pesquisa para determinar mudanças de humor da sociedade, a partir do comportamento dos consumidores. Estas empresas agrupam pesquisadores nas maiores metrópoles mundiais, que, câmara nas mãos, registram desde a maneira de se vestir ate as mudanças nos comportamentos. As empresas interessadas compram esta informação e a aplicam a novos produtos, e não só no setor de vestuário.

Infelizmente pela complexidade da tarefa é difícil determinar a importância de fatores locais ou os comportamentais em cidades ou regiões diferentes de Nova Iorque ou São Paulo onde se concentram estas pesquisas. Como São Paulo é diferente de Belém do Pará e não só por questões climáticas, quem leva estas recomendações à risca sem considerar o seu próprio mercado pode-se dar muito mal. Como as empresas que contratam estes estúdios de tendências usualmente trabalham para mercados altos, os fatores sociais e econômicos são olimpicamente ignorados.

Outro grande perigo é generalizar a respeito das cores. A luz é a responsável pela percepção. A cor de moda na primavera de Milão, cidade do centro da Europa, terá um espectro totalmente diferente à luz do sol tropical do Rio de Janeiro na mesma época. Isto muda totalmente a percepção – a bela cozinha italiana alaranjada não é tão bonita assim quando chega a Recife.

De modo que, se o empresário pensar em seguir a tendência de Milão, pense primeiro que vai vender no Brasil. A tendência é valida se o seu conteúdo e mensagem também são válidos para o nosso tipo de freguês, o que nem sempre tem de acontecer.

Autor: Jorge Montana - designer industrial com mestrado em design de móveis