No passado, as lâminas de madeira natural utilizadas para revestimento de superfícies de madeira eram cortadas com serras mecânicas alternativas. Era um processo lento, de custo elevado e que não possibilitava obter o aproveitamento total da peça original pois perdia-se pelo menos o equivalente à espessura da serra. Além do mais, as lâminas obtidas tinham espessura acima de 2mm o que resultava num baixo índice de aproveitamento (cerca de 200m2 de lâminas por m3 de madeira maciça).
Graças ao desenvolvimento tecnológico na área da mecânica e da eletro-eletrônica, aliado a um melhor conhecimento das essências disponíveis hoje é possível obter lâminas decorativas de madeira natural de 0,63mm a 0,7mm (1/40" a 1/36") de espessura.
Isso resulta num índice de aproveitamento de até 100% pois obtém-se até 1587m2 de lâminas de cada m3 de madeira maciça. Isso é possível graças a drástica eliminação das perdas e a pequena espessura das lâminas obteníveis.
Lâminas torneadas: São lâminas utilizadas prevalentemente na fabricação de compensados e têm espessura de 1 a 3mm. São obtidas por desenrolamento contínuo. Isto é, a peça roliça (maciça) é colocada entre as ponteiras de uma máquina semelhante a um torno e encosta-se nela uma faca comprida em posição tangencial. Faz-se a peça roliça girar de encontro à faca e a lâmina contínua é retirada à semelhança do desenrolar de uma bobina de papel.
Lâminas faqueadas: Estas lâminas são exclusivamente utilizadas para revestimento de superfícies de madeira (compensados, aglomerados ou MDF) ou até paredes. A peça roliça é dividida em setores especiais tendo em vista a obtenção dos desenhos mais agradáveis. A peça selecionada, previamente abrandada em banho de água quente é segurada por garras e levada de encontro à faca num movimento vertical. O avanço é automático e ajustável, permitindo obter lâminas de 0,63 a 0,7mm (1/40" a 1/36"). A espessura é também determinada pela natureza da madeira. Assim, consegue-se lâminas finas de madeiras como figueira, imbuia e amapá. Madeiras como a sucupira e o ipê dão lâminas mais grossas.
Todas as lâminas de madeiras, faqueadas ou torneadas, apresentam uma face mais lisa e a oposta, mais áspera. A face mais lisa é agradável ao tato devendo esta receber o acabamento, enquanto que a face mais áspera deverá estar voltada para a cola. Sempre que possível, não aplique cola nas lâminas (à exceção da cola de contato). Prefira lâminas isentas de defeitos, de coloração uniforme e veios agradáveis. Naturalmente, o fator determinante será a relação custo/benefício e a aplicação que as lâminas terão.
Defeitos das lâminas:
Trincas nas bordas: as lâminas de madeira de boa qualidade deverão estar com as bordas retas, bem cortadas e isentas de trincas. As trincas poderão aparecer no processo de faqueamento ou, mais freqüentemente, durante o manuseio. Lâminas enroladas para transporte estarão mais sujeitas a apresentarem trincas nas bordas.
Trincas no topo: são trincas freqüentes que poderão aparecer em função das variações de temperatura e umidade do ar ou devido a um manuseio descuidado.
Normalmente a maioria das trincas com até 25/30cm de extensão são aceitáveis e a lâmina afetada será totalmente aproveitável. As trincas maiores deverão ser consideradas caso a caso em função do preço e do interesse que a peça despertar.
Ondulações: Todas as lâminas de madeira natural podem apresentar ondulações de algum grau localizadas em toda a extensão da peça. São mais freqüentes em lâminas como as imbuias, amapá, marfim. Menos freqüentes em lâminas de figueira, sucupira, jatobá, curupixá, cedro e mogno. A ausência de ondulações valoriza a lâmina pois facilita a sua aplicação. Lâminas com ondulações acentuadas devem ser previamente submetidas à ação da prensa por 15 minutos após estarem levemente umedecidas (não molhadas). Coloque a lâmina de madeira entre duas folhas de plástico de polietileno e leve à prensa.
Trincas na face: Este defeito inutiliza aquela região da lâmina onde estiver presente.
Espessura desigual: a espessura das lâminas de madeira deve ser uniforme em toda a extensão. A região de espessura menor poderá ser inutilizada pois a cola vai afetar a face oposta e também por não permitir um lixamento adequado.
Além do mais, a ação da prensa poderá não surtir efeito nessa área.
Manchas:
Lâminas de madeira que, em algum momento, tenham sido expostas à umidade poderão apresentar manchas provocadas por fungos. Essas lâminas devem ser descartadas.A ação da luz solar direta ou a presença de luminosidade intensa ou por período prolongado afetará irreversivelmente a área da lâmina atingida.
Furos: As lâminas obtidas de madeiras com nós como as imbuias e as rádicas apresentam furos em algum grau ou extensão. Dada a beleza dessas lâminas, os furos devem ser adequadamente calafetados ou evitados, racionalizando o uso da lâmina, aproveitando a parte íntegra e uniforme.
Terminologia das lâminas
Lâminas seriadas: são lâminas faqueadas comercializadas na mesma seqüência em que foram obtidas na fábrica. Os veios de todas elas são quase idênticos.
Quando adquirir "n" lâminas de um mesmo amarrado, deverão estar na seqüência em que foram cortadas. Numere-as e mantenha a ordem das mesmas. Retire-as, para seu uso, preferencialmente na ordem inversa. Se o seu projeto prevê utilizar lâminas seriadas, adquira com folga pois poderá não mais encontrar do mesmo lote.
Lâminas avulsas: São lâminas não seriadas.
Lâminas pomelê (pomelle): são lâminas obtidas de troncos nodosos cujos veios têm configuração semelhante às rádicas. Daí o nome de meia rádica ou quase-rádica.
Rádicas: são lâminas obtidas da parte da árvore denominada "nó vital" e que está compreendida entre o tronco e a raiz.
Pluma: estas lâminas de madeira são de corte especial e são obtidas da forquilha da árvore (entroncamento dos galhos principais).
Lâminas de corte tangencial: estas lâminas de madeira apresentam pouco brilho mas, têm veios muito chamativos como a maioria das cerejeiras. As lâminas são obtidas efetuando cortes tangencialmente aos anéis de crescimento da árvore.
Lâminas de corte radial: são obtidas efetuando um corte perpendicular aos anéis de crescimento da árvore. Apresentam brilho acentuado (frejó, figueira).
Lâminas pré-compostas:estas lâminas são obtidas por faqueamento de blocos formados de centenas de lâminas tingidas, sobrepostas e coladas umas às outras. As madeiras utilizadas são obtidas de áreas reflorestadas.
Manuseio
Amarrados devem ser manuseados preferencialmente por duas pessoas.
Ao retirar uma lâmina de uma pilha não puxe-a. Retire primeiro as de cima.
As lâminas são frágeis. Não tente dobrá-las nem curvá-las excessivamente.
Não tente lixar lâminas de madeira sem antes colá-las numa superfície rígida.
Ao deslocar uma ou mais lâminas, caso esteja sozinho, junte as extremidades e segure-as para o alto com ambas as mãos.
Não despreze os retalhos.
Armazenamento
Mantenha as lâminas em posição horizontal, ao abrigo total da luz e longe da umidade. O ambiente deve ser seco, fresco, não abafado e longe da poeira. Cubra totalmente as lâminas de madeira com plástico preto.
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