A primeira etapa para produção de uma esquadria de madeira inicia-se com a escolha da madeira de sua fabricação, onde os principais aspectos a serem observados são além da qualidade e espécie, os seus defeitos. Assim, na escolha é importante fazer a inspeção visual onde se verifica defeitos como falhas, fendas, fissuras, incidência excessiva de nós, levando sempre em conta o tipo de sua utilização.
Os defeitos da madeira se apresentam de diversas formas, entre elas, na forma do tronco; na estrutura anatômica da madeira; causados por esforços mecânicos; e prejuízos causados pela presença de substâncias especiais.
Quando a esquadria é recebida na obra não deve apresentar desvios dimensionais além dos limites tolerados e muito menos teor de umidade acima dos padrões específicos o qual é verificado por meio de medidor eletrônico de umidade.
É recomendável que a data de entrega e o local de estocagem sejam planejados com antecedência, sendo que o primeiro depende das condições da obra e o último em local preferencialmente próximo ao de uso ou de transporte vertical. O fabricante deve orientar o comprador quanto à forma de estocagem das portas e janelas na obra caso a colocação das mesmas não ocorra de imediato.
Após a entrega da esquadria de madeira e antes de sua colocação, existe a necessidade de se aplicar preservativos para a conservação da madeira, procurando caracterizar o tratamento preventivo.
Existem dois métodos de tratamento de madeira, o tratamento preventivo que é feito antes da utilização da madeira prevenindo a deterioração em uso e o tratamento curativo que é feito para erradicar alguma deterioração que já se encontra em andamento.
É preciso considerar a espécie de madeira utilizada analisando a necessidade de tratamento preservativo e proteção às intempéries, deve-se escolher a proteção mais conveniente e o número de demãos, em função do período de manutenção desejado.
Momentos antes da instalação é recomendável a aplicação de um produto impermeabilizante no lado do caixilho (batente) que fica em contato direto com a alvenaria, de modo a proteger a madeira contra possíveis ataques do cimento e da cal. Para racionalizar a colocação da esquadria de madeira é preciso, antes de mais nada, verificar se a obra fornece condições para o início do serviço e estar de posse do detalhamento executivo para que se possa preparar o caixilho (batente) e a(s) folha(s), conforme o sistema de colocação desejada (fixado por parafusos ou por espuma de poliuretano).
Deve se considerar que a qualidade de uma esquadria e, como conseqüência, seu funcionamento perfeito, depende de uma colocação bem ajustada e da utilização cuidadosa das ferramentas, evitando danificar a madeira durante o ajuste. Sua durabilidade depende, além dos cuidados básicos durante sua vida útil, do tipo de madeira e suas características intrínsecas.
As propriedades da madeira são determinadas pela sua composição física e química. Sua principal característica é a estrutura celular. Suas fibras são feitas de celulose cimentada com um material chamado lignina. A estrutura da madeira é aproximadamente 70% celulose, 12 a 28% de lignina e 1% de outros materiais, Esses produtos são responsáveis pelas suas propriedades higroscópicas, sua decomposição e resistência.
Propriedades higroscópicas
A madeira expande quando absorve umidade e fissura quando seca. A saturação da madeira está presente em 2 formas: nas cavidades celulares como água livre e dentro das fibras como água absorvida. Na madeira seca as fibras não perdem água até toda a cavidade adjacente secar ou perder sua água livre. O ponto no qual as fibras estão cheias mas as cavidades estão vazias é chamado ponto de saturação da fibra e ocorre em torno de 30% de conteúdo de umidade. Isto representa o ponto no qual a madeira começa a trincar (fissurar).
Há quatro tipos primários de danos causados pelos fungos à madeira. São eles: manchas, mofo, decomposição e deterioração. Os fungos destroem a madeira mais do que qualquer outro organismo. Eles causam a decomposição ou o apodrecimento. Botanicamente, os fungos são formas elementares de vida vegetal. Eles não fabricam seu alimento, mas dependem da madeira para se alimentar.
Mancha é a descoloração que ocorre em toras e madeiras utilizadas para fabricação do papel, durante o armazenamento. A mancha não afeta seriamente a resistência, mas sua presença significa que a umidade e a temperatura tem sido suficientes para o aparecimento de fungos.
O mofo causa descoloração e pode ser removido por raspagem ou lavagem. Penetra profundamente na madeira e dessa forma aumenta sua permeabilidade. Outro defeito que pode ocorrer na madeira bruta é comumente conhecido como madeira ardida, ou seja a madeira se apresenta com um início de decomposição.
A madeira "ventada "é um outro tipo de defeito também comum no meio madeireiro, cujo defeito prejudica a sua utilização em esquadrias.
Análise visual
Na análise da situação atual das esquadrias, uma série de testes e ensaios podem ser executados, mas é imprescindível a inspeção visual para verificar inconvenientes, tais como: Oxidação em torno do prego; superfície mofada; madeira visivelmente deteriorada; fungos e problema de pregos repuxados.
Após a realização desta inspeção visual outros ensaios podem ser feitos visando aprofundar a análise da esquadria e procurar as causas dos defeitos encontrados.
Programa de qualidade de portas de madeira
No último ano foram aprovadas as regras do Programa Setorial da Qualidade de Portas Internas de Madeira – PSQ-PIM. O objetivo das regras estabelecidas é garantir a conformidade dos produtos oferecidos à construção civil de acordo com as normas brasileiras vigentes e futuras de portas internas. O programa prevê uma qualidade evolutiva dos produtos.
Com o PSQ-PIM, os produtos que estão no mercado serão acompanhados para que possa ser feita a verificação da conformidade em relação às normas brasileiras vigentes pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Além disso, pretende-se sensibilizar os produtores de portas de madeira e o mercado consumidor para a importância da melhoria da qualidade e da atualização das normas existentes. “Outra preocupação do setor é atender as normas européias, já que algumas empresas exportam seus produtos. Isso será levado em conta para a atualização das normas”, afirma o vice-presidente do Comitê de portas da ABIMCI, Antônio Rubens Camilotti. Uma comissão de estudos foi criada para discutir e apresentar as mudanças nas normas para a ABNT.
Os primeiros resultados dos testes realizados com as portas de madeira serão divulgados em junho. Os ensaios são de responsabilidade do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT. Os fabricantes que participam do PSQ-PIM representam mais de 55% da produção nacional de portas de madeira. “Queremos garantir ao mercado produtos com alto grau de desempenho. A preocupação não deve ser apenas com o design da peça, mas também com as vantagens que trará para o consumidor”, diz o empresário Roberto Pimentel Lopes, da MultiDoor.
A qualificação do PSQ-PIM será concedida pela ABIMCI, órgão gestor do programa. Durante o primeiro ano do projeto, os fabricantes poderão receber a qualificação nível C, que atestará que os produtores atendem as normas existentes. Em 2006, com as novas normas já aprovadas pela ABNT, o objetivo será conceder o nível B de qualificação para os fabricantes que tenham produtos de acordo com essas regras. A partir do terceiro ano da implantação do programa, receberão o nível A de qualificação, apenas os fabricantes que atenderem às novas normas e estiverem com selo do Programa Nacional de Qualidade da Madeira – PNQM, que certifica o processo de produção.
O programa foi criado no âmbito do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat – PBQP-H, coordenado pelo Ministério das Cidades, do Governo Federal, e do Programa da Qualidade na Construção Habitacional no Estado de São Paulo – Qualihab. Foi coordenado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo.
O trabalho está sendo realizado em conjunto com a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente – ABIMCI, que desenvolve o Programa Nacional de Qualidade da Madeira – PNQM, desde 1999, e conta com um grupo dos principais fabricantes de portas do Brasil. |