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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°93 - NOVEMBRO DE 2005

Treinamento

Auto-estima é combustível para a produtividade

Estar com a auto-estima elevada tem uma ligação direta com a motivação e resulta no aumento da produtividade

Para se destacar no atual contexto empresarial, o profissional deve saber lidar com situações de pressão, trabalhar bem em equipe, cumprir prazos e se manter atualizado para trazer soluções inovadoras para a empresa. Para manter o equilíbrio emocional e a motivação, a fim de enfrentar os constantes desafios, o profissional precisa ter uma boa auto-estima.

Segundo a consultora de Recursos Humanos, Adriana Gomes, as características mais desejáveis pelos empregadores em termos de perfil profissional são atualização profissional, competência, comprometimento e envolvimento.

Quando as empresas resolvem implantar planos de retenção de talentos, elas visam a profissionais que conseguem tirar o máximo de suas equipes, mantendo-as motivadas. Estes talentos nem sempre são profissionais com MBA e inglês fluente, mas são profissionais que conseguem manter o time motivado, apesar das diversidades. São estes profissionais que efetivamente dão retorno para a empresa e eles precisam ter muita confiança em si mesmo para conseguir passar entusiasmo a equipe. O que faz a diferença num perfil profissional atualmente é o nível cultural e a capacidade de agregar soluções. O grande diferencial dos chamados “talentos” é trazer soluções para os problemas existentes. São pessoas criativas, que conseguem identificar alternativas para possíveis crises.

O profissional do futuro é o profissional empreendedor, aquele que não fica restrito à relação "empregado–empregador". O empreendedor é o profissional que identifica a necessidade e vai se atualizar dentro daquele segmento, se destacando justamente por ser interessado e por ser uma pessoa motivada, que identifica algo que diz respeito aos seus interesses. Neste sentido, o auto-conhecimento é um fator determinante para que as pessoas busquem atividades profissionais relacionadas ao seu perfil pessoal.

No início, apenas estar trabalhando já é razão para se sentir motivado. Mas, a motivação no dia-a-dia está muito relacionada ao auto-conhecimento, pois se o colaborador sabe do que gosta, sabe qual é a sua missão e os seus objetivos, é possível traçar um plano de vida sabendo onde quer chegar.

A maior motivação que faz com que a pessoa acorde todos os dias e não tenha a sensação de estar indo a um trabalho do qual não gosta, mas sabendo que está trabalhando para um dia chegar onde almeja. Então, as adversidades do dia-a-dia acabam ficando pequenas quando se tem uma missão.

A partir do momento que o colaborador não consegue ter a visão do por quê está indo para o trabalho, as coisas perdem o sentido e o dia-a-dia fica cansativo, o que pode causar até depressão. E o mais preocupante, nesse caso é que é difícil a própria pessoa perceber que está com a auto-estima baixa, mas existem alguns sintomas que podem ser indicativos como excesso de sono, desânimo, baixa produtividade e sentimento de desvalorização.

Ao contrário, quando a auto-estima está elevada a pessoa se sente super ativa, alegre, disposta, disponível, com vontade de fazer as coisas, com idéias novas e produtiva. E é possível perceber muito bem isso na postura da pessoa, quando ela está entregue e com bastante energia.

Por outro lado, o excesso de auto confiança também pode ser prejudicial, pois pode tornar a pessoa arrogante, prepotente, negativa, e só reconhece seus próprios valores. Para perceber se um colaborador está assim, é só reparar se as pessoas estão se afastando dele por se considerar o melhor em tudo.

Como tudo na vida, neste caso o equilíbrio é fundamental. Esta é a fórmula que todo mundo procura. Não existe receita, mas é importante, de novo, que a pessoa se conheça, saiba quais são seus pontos fortes a serem aproveitados e seus pontos fracos a serem desenvolvidos. É uma busca constante pelo equilíbrio, pois ele não é permanente, uma vez que a personalidade é dinâmica, tem seus altos e baixos, e é justamente isso que faz a vida ser boa.

Clima empresarial

A partir do momento em que a empresa percebe que o clima organizacional é importante para um bom desempenho dos funcionários, já é um grande avanço. O problema é que muitas empresas chegam até a desenvolver pesquisas de cultura e clima, mas depois não sabem o que fazer com os resultados, o que acaba se tornando um grande problema para o departamento de RH da empresa.

Mas, a partir do momento em que ela utiliza ferramentas eficientes para medir o clima dentro da empresa e fazer disso realmente alguma coisa para mudar o que não está bem, a pesquisa é saudável e traz resultados. Aliás, quando a empresa tem um clima organizacional agradável, o profissional nem tem vontade de mudar de emprego. Por outro lado, muitas vezes o que faz um profissional ir embora e mudar de empresa é justamente o clima da organização.

Algumas vezes, a área de RH depara-se com índices baixos de produtividade e não consegue identificar onde está o problema. O que muitos esquecem, é que as pessoas são recursos que carregam sentimentos como medo, dúvida, ansiedade, entre outros, que acabam influenciando a auto-estima dos colaboradores e até mesmo exercendo efeitos diretos no desempenho diário.

Para saber se a equipe está com a auto-estima em baixa basta ficar alerta a alguns sintomas organizacionais que podem diagnosticar o problema rapidamente. Neste sentido, a psicóloga Sumara Jurdi, que é pesquisadora no campo das emoções e do comportamento humano, explica que a conquista pela auto-estima vai depender do histórico de cada pessoa, mas que a área de Recursos Humanos pode desenvolver ações práticas que auxiliem o profissional a acreditar mais em si mesmo e, conseqüentemente, melhorar até mesmo seu desempenho dentro da organização.

Para a especialista ter auto-estima significa ter confiança na sua capacidade de realizar, arriscar, assumir responsabilidades, ser perseverante diante de um desafio, ser flexível frente às mudanças. A auto-estima tem muito a ver com a interpretação dos fatos e das experiências que aconteceram durante toda a vida da pessoa. Ou seja, ela é desenvolvida desde o momento que nascemos, formando o conceito que temos a nosso próprio respeito, como nos vemos e o que pensamos de nós mesmos, independente da opinião dos outros.

A conquista, segundo especialistas, depende do histórico vivido por cada um. Fica mais fácil de ser conquistada, uma vez que a pessoa já tenha identificado que está com baixa auto-estima. Sumara Jurdi diz que muitas pessoas não têm a consciência de suas fragilidades, nem do que está acontecendo com elas mesmas e vivem culpando o "mundo" por seus fracassos. Depositam no outro a responsabilidade de seu sucesso, por isso não conseguem superar seus limites e nem se apoiar em seus próprios recursos. Ela explica que é importante entender que o insucesso ou erro não significa fracasso. “É sim uma oportunidade para aprender algo. Se você errou, procure a solução. Se cair, levante. Todos nós erramos e recebemos muitos "não" na vida. Vai vencer quem estiver preparado e souber encarar as frustrações e derrotas de forma positiva”.

Causas

Entre os fatores da baixa auto-estima estão a pressão por resultados e a acirrada competitividade no mercado de trabalho. A boa notícia é que dá para mudar isso, mas essa mudança envolve um esforço que deveria ser uma constante, entre empresas e colaboradores. As empresas precisam investir, não só em eficientes e contínuos programas de qualidade de vida no trabalho, como também em treinamentos que exercitem a autoconfiança e fortaleçam a auto-estima. Esta já é uma tendência nos Estados Unidos e na Europa.

O que mais tem afetado a auto-estima das pessoas no campo profissional é que muitos profissionais ainda não perceberam que o mundo mudou. As empresas mudaram, o relacionamento empresa versus funcionário mudou. Se eles continuarem trabalhando da forma com que faziam e obtinham sucesso há 10 anos, hoje estarão fadados ao fracasso. O que as pessoas têm que entender é que elas são contratadas para resultados sensacionais. Portanto, se não trazem o resultado na velocidade que a empresa precisa, o profissional está fora.

Isso vem ocorrendo porque o mercado está cada vez mais competitivo. As pessoas não estão preparadas para esse jogo, um jogo que exige mais do que o conteúdo que se aprende na faculdade. O que falta às pessoas é que elas assumam com mais maturidade e responsabilidade sua função na empresa. “As pessoas precisam entender que acabou a era dos especialistas, estamos na era dos multi-especialistas. As empresas estão sim valorizando mais do que nunca os talentos e não os "ta-lentos", observa a psicóloga.

Nesse sentido, são afetadas principalmente aquelas pessoas que não têm a habilidade em lidar com a pressão e com a competitividade. É preciso ter autoconfiança e competência para enfrentar a competitividade de frente. Isto requer treinamento, preparação, aprendizado e experiência. Não se pode ter autoconfiança quando não se está preparado.

É importante para as organizações investirem na auto-estima das equipes porque as organizações ganham em produtividade, ou seja, conseguem obter melhores resultados. Profissionais com auto-estima elevada estão mais preparados para encarar disputas em qualquer atividade. Para um novo projeto sair do papel e se concretizar, é preciso que o profissional que está diretamente envolvido tenha confiança em sua capacidade de julgar e acredite em sua própria competência e idéias.

Sintomas

Para a especialista Sumara Jurdi os cinco principais sintomas de uma empresa que apresenta colaboradores com baixa auto-estima são:

* baixa produtividade - as equipe dificilmente alcançam metas;

* são evidenciados conflitos internos;

* existe grande rotatividade de profissionais;

* há processos trabalhistas constantes e;

* o custo interno é alto.

A pesquisa de clima organizacional é uma das melhores ferramentas para identificar como está a auto-estima dos colaboradores, mas deve ser bem utilizada. Muitas organizações estão preocupadas em simplesmente diagnosticar os fatos e apagar o fogo. Se não houver um trabalho bem planejado de continuidade, a situação pode até piorar.

Para melhorar a auto-estima dos colaboradores a área de Recursos Humanos pode-se partir de conceitos muito simples como, por exemplo:

* investir em treinamentos, através de educação continuada;

* alinhar as equipe, promovendo trabalhos monitorados;

* diminuir o clima de competitividade existente entre os colaboradores;

* passar informações certas da empresa, para não gerar insegurança interna;

* melhorar o ambiente de trabalho e;

* contar com uma política de remuneração e promoção bem definida.

O investimento para a melhoria da motivação da equipe varia. Se a empresa está sempre começando projetos e parando no meio do caminho, vai estar sempre recomeçando e o investimento é absurdo. Dessa forma, a organização não terá resultado e perderá em credibilidade.

Uma política com valores e conceitos bem definidos neste segmento, um bom preparo dos líderes para execução desta tarefa e consistência no projeto podem ser a solução. Estes facilitadores devem ter como característica principal entender de gente, pois as pessoas precisam ser escutadas, valorizadas, sentirem-se queridas e importantes.

O trabalho de treinamento e motivação pode ser comparado com os cursos de inglês. Se uma pessoa começar e der continuidade até concluir, em pouco tempo aprenderá o idioma e por um valor justo. Agora, se ela começar e parar várias vezes vai estar sempre recomeçando no verb to be. Ou seja, se colocar na ponta do lápis o quanto de tempo e dinheiro foram desperdiçados no básico é uma loucura, pois não se tem o valor agregado.

No entanto, no setor de RH é mais econômico e eficiente investir em longo prazo e concretizar os objetivos do que recomeçar de tempos em tempos investindo apenas nestes re-começos.