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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°92 - OUTUBRO DE 2005

Colheita Florestal

Ferramentas computacionais no planejamento da colheita florestal

O alto custo e os problemas ambientais inerentes a colheita florestal faz com que o planejamento se torne de suma importância para esta atividade. A viabilidade técnica, econômica e ambiental dos módulos de colheita adotados numa empresa só são alcançados com o auxílio de um bom planejamento. Através deste recurso pode se estabelecer rotas mais adequadas para a remoção da madeira do talhão, podendo assim reduzir a movimentação de máquinas no solo, o que contribui para a minimização dos processos de compactação e erosão. O traçado, realizado de forma mais rápida e eficiente, proporcionará também uma diminuição da emissão de gases na atmosfera, resultando assim na melhoria da qualidade do ar. Um outro aspecto positivo neste caso seria o maior rendimento das operações mecanizadas, com a conseqüente redução dos custos de produção.

Através do planejamento pode-se, também, contemplar o aspecto estético e paisagístico do local, garantindo desta forma a minimização dos impactos visuais proporcionados pela remoção das árvores. Para uma colheita florestal eficiente, são essenciais a melhoria da quali¬dade, a minimização de impactos ambientais, o aumento de produtividade e a redução dos custos operacionais. Para atingir tais objetivos, é importante o uso de metodologias com base científica de planejamento. No Brasil, a pesquisa operacional e o sistema de informação geográfica são as duas ferramentas que têm auxiliado no planejamento da colheita florestal. Os métodos de planejamento mais comuns nesta fase são: método da Tentativa, Imitativo e Científico.

? Método da Tentativa: neste caso, o planejador deve possuir grande experiência, pois se baseia em fatos e atos semelhantes ocorridos em situações passadas. Podem surgir situações em que o planejador decidirá intui¬tivamente ou por suposições, em virtude da ausência, em sua vida profissional, de ocasiões semelhantes.

? Método Imitativo: é um método pelo qual o planejador procura subsídios em outras empresas do setor, o que lhe consome pouco tempo e recursos. Neste caso há risco de erros em virtude de se basear em adivinhações, palpites e opiniões de outras pessoas.

? Método Científico: é um método que se apoia em condições lógicas, por meio de dados coletados em situações reais e, quando possível, extra-polados para novas situações. O método científico trabalha com dados reais, podendo empregar, por exemplo, as técnicas da pesquisa ope¬racional, os sistemas de informações geográficas e os sistemas com¬putacionais específicos, dentre outros.

Na pesquisa operacional deve-se buscar a elaboração de modelos eficientes que possam traduzir as condições pretendidas. A resolução desses modelos normalmente é assistida por programas computacionais, os quais derivam uma solução ótima para uma dada situação. Na colheita florestal, por exemplo, poderia ser trabalhada a questão da minimização dos custos, no sentido de se ter uma atividade menos onerosa. Este aspecto mostra-se de suma importância dada a grande representatividade da colheita no custo final da madeira.

Quando o objetivo for a melhoria dos parâmetros ambientais, uma boa alternativa é a utilização do sistema de informações geográficas (SIG). Neste caso, pode-se trabalhar com sobreposição de cartas temáticas (solo, categoria de declividade, classes de estabilidade do terreno, etc.) de uma determinada área. A partir da sobreposição desses temas, pode se realizar um planejamento visando uma colheita de baixo impacto, levando em consideração os problemas relacionados à erosão, assoreamento, turbidez, dentre outros. Para se estabelecer tal planejamento, algumas variáveis teriam que ser definidas a nível de campo como, por exemplo, aquelas envolvidas no cálculo do índice de estabilidade do terreno. Este cálculo pode ser realizado através da seguinte equação matemática:

Através de um programa computacional, pode-se calcular e, ao mesmo tempo, comparar os valores encontrados com aqueles já definidos em classes de estabilidade. Assim, dependendo do valor encontrado, o solo poderá enquadrar numa classe de estabilidade ou instabilidade. A partir desse parâmetro, pode-se então estabelecer cartas temáticas relacionadas com a estabilidade do terreno. Assim, nos talhões que apresentam características instáveis (I.E<1,00), uma alternativa seria a adoção de métodos de extração de baixo impacto, no sentido de se minimizar os problemas ambientais nestas áreas.

O planejamento, quando assistido por programas computacionais, pode apresentar maior eficiência no controle dos aspectos técnicos, econômicos e ambientais da colheita florestal. Tal fato mostra-se de grande importância haja visto a potencialidade de geração de impactos e o alto custo envolvido na referida atividade.





Autores:

Luís Carlos de Freitas , Doutorando em Ciência Florestal - UFV.

Carlos Cardoso Machado. Professor Titular do Dep. de Engenharia Florestal - UFV.

Giovani Levi Sant'Anna , Doutorando em Ciência Florestal - UFV.

Heber Tormentino de Sousa, Graduado em Ciência da Computação - UFV.