As necessidades mercadológicas e ambientais de cultivar florestas, em todo o mundo, repercutiram no Brasil através da criação do Conselho Brasileiro de Manejo Florestal – CBMF. A nova organização não governamental não possui fins lucrativos e visa promover no país a certificação florestal do FSC - Forest Stewarship Council.
Existem hoje no Brasil 870.511 ha de florestas certificadas, desde o estado do Amazonas até o Rio Grande do Sul, e mais de 100 produtos almejam o selo FSC. Em todo o mundo, as florestas certificadas totalizam 24 milhões de hectares e somam mais de 20 mil os produtos com selo FSC.
Junto aos princípios e critérios estabelecidos pelo FSC em todo o mundo, existem também padrões nacionais ou regionais, que traduzem esses critérios para os diversos tipos de floresta e a realidade local. Para que o produto busque o selo FSC é preciso que todo o processo seja certificado, investigado desde sua comercialização até a floresta de onde é extraída a madeira ou outro insumo florestal utilizado como matéria-prima.
De acordo com entidades governamentais, ligadas ao governo, a criação de uma entidade com autonomia, como o CBMF deve garantir agilidade na certificação de manejo florestal.
O primeiro Conselho Diretor do CBMF, eleito com mandato até abril de 2003, é representado pelas Câmaras Ambiental, Econômica e Social. Na Câmara ambiental estão representantes do Greenpece, Rede Mata Atlântica e WWF-Brasil. Na Câmara Econômica estão componentes da Aimex- Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira dos Estados do Pará e Amazonas, Indústrias Klabin e Abracave-Associação Brasileira de Florestas Renováveis. E na Câmara Social estão o GTA-Grupo de Trabalho Amazônico, OSR-Orgazição dos Seringueiros de Rondônia e Vitae Civilis.
Certificação consolidada
Os produtos de origem sustentada têm uma demanda cada vez maior no Brasil. Uma prova disso é o sucesso do Grupo de Compradores de Produtos Florestais Certificados, integrado por 59 empresas (indústrias, varejistas e designers), dois governos estaduais (Acre e Amapá) e uma prefeitura (Guarujá), em São Paulo, além de dois sindicatos moveleiros (de Brasília e do Pará).
O conjunto desses compradores demanda hoje 1 milhão de m³/ano, caso toda a sua produção seja de madeira certificada. Cerca de 90% da madeira certificada adquirida pelo grupo é de eucalipto e mais da metade (entre 60 e 70%) é utilizada em produtos destinados à exportação. A meta do Grupo é chegar a 2005 com 50% de suas compras de madeira certificadas oriundas de florestas nativas e 100% no caso de reflorestamento.
Em países como Escandinávia, Austrália, Japão, França e outros já há mais de 8,5 mil empresas (grandes, médias e pequenas) que procuram operar somente com madeira certificada. A Rede de Floresta e Comércio Global é integrada por representantes de 16 países. Assim como o Brasil, outros grupos de compradores de madeiras certificadas estão se organizando também na Itália, África do Sul e Sudeste Asiático.
Entre as empresas que integram o CBMF está a Gethal Amazônia S.A, com projeto de exploração sustentável no município de Itacoatiara, no Amazonas. A Gethal possui 40,8 mil ha, exploradas há sete anos, num projeto-modelo na Amazônia. Produz 2,4 mil m³/mês de compensados de madeira, com faturamento anual de cerca de US$ 8 milhões, 75% para o mercado. A coleta e produção do material obedecem regras de certificação.
A Klabin, fabricante de papel e celulose também faz parte do Conselho. Certificada desde 1998, a empresa tem uma área de 229 mil ha no interior do Paraná, da qual 123 mil ha em reflorestamentos e 85 mil em florestas nativas. Parte da matéria-prima vai para indústria moveleira.
Outra integrante do CBMF é a Faber Castel com 9 mil ha de plantação certificada na cidade do Prata, na região do Triângulo Mineiro. Esses plantios foram certificados em julho de 1999. É a primeira plantação de madeira para lápis certificada no mundo. |