MENU
Canadá
China
Editorial
Estados Unidos
Exportações Brasil
Exportações Setor
Fenam
Índia
Industrialização
Logística
México
Oriente Médio
Prêmio Exportação
Rússia
União Européia
E mais...
Anunciantes
 
 
 

REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°90 - JUNHO DE 2005

Industrialização

Madeira industrializada atrai mercado

A globalização da economia levou ao acirramento da concorrência entre as empresas de base florestal. Cada qual passa a se preocupar e a tomar decisões no sentido de tirar o máximo proveito da matéria-prima disponível e de otimizar o processo produtivo. Os objetivos das empresas passam a ser o baixo custo e a alta qualidade, definindo quem permanece no mercado.

O nível tecnológico na industrialização da madeira está diretamente ligado à capacidade de investimento. A falta de capital implica no uso de sistemas e equipamentos inadequados à obtenção de bons rendimentos e qualidade.

As principais deficiências são os desbitolamentos e umidade inadequada (para lâminas e madeira serrada), que resultam em problemas de colagem no acabamento superficial e no comprometimento do valor e das possibilidades comerciais do produto. Por outro lado, o real conhecimento da matéria-prima pode maximizar seu potencial de uso e minimizar os problemas no processo produtivo.

A qualidade da madeira é a soma de todas as características e propriedades que afetam o rendimento em produtos finais e sua adequação para as aplicações pretendidas. A qualidade final dos produtos pode ser afetada por características, como: densidade, rigidez, estabilidade, presença de nós, cerne, bolsas de resina, teor de lignina, teor de extrativos e outros.

É comum empresas trabalharem em segmentos de produtos e sistemas produtivos adaptados a florestas pré-existentes, normalmente implantadas para outras finalidades. Os resultados são os baixos níveis de rendimento e da qualidade dos produtos finais. É sempre importante chamar a atenção sobre o fato de que o custo de produção é fortemente afetado pelo manejo da floresta e pela distância que as toras devem percorrer até a unidade de produção.

É importante o entendimento da amplitude das variações das propriedades da madeira encontradas entre e dentro dos diferentes gêneros (ex: Pinus, Eucalyptus, Araucaria, etc.) e espécies. Essas variações são causadas, além do material genético, pelas diferenças de manejo, idade de corte, porção a ser retirada da árvore, e outros.

A densidade representa a quantidade de madeira em determinado volume. A densidade básica é uma característica de qualidade de grande interesse, devido à facilidade de determinação e pelo fato de estar diretamente associada à resistência, retrações e estabilidade da madeira no caso de produtos sólidos, e no rendimento em celulose, dependendo este, também, do teor de lignina.

Há uma significativa variação da densidade básica entre espécies, dentro das espécies e mesmo dentro da árvore nos sentidos longitudinais e radiais. De forma geral, pode-se dizer que a densidade é mais baixa em povoamentos jovens do que em árvores maduras.

A densidade deve variar em função da utilização. No uso em compósitos, por exemplo, prefere-se madeiras de baixa densidade, enquanto que, para piso, demanda-se madeira de mais alta densidade e dureza.

Existe grande variação para a rigidez entre as espécies, a qual é alta em madeira de eucalipto jovem. Recentemente, tem sido dada importância à influência do baixo ângulo microfibrilar para alta rigidez e baixa retração, particularmente em madeira juvenil. A alta rigidez e o baixo peso são características que, em novos designs de móveis ou mesmo em produtos engenheirados, levam ao aproveitamento mais eficiente dos recursos.

A tensão causada pelo rápido crescimento em algumas espécies, e que se manifesta através do rachamento quando a madeira é cortada e a tensão liberada.

Alguns gêneros apresentam altos níveis de tensão de crescimento, como o gênero Eucalyptus, os quais se manifestam através das rachaduras de topo.

As tensões variam dentro das árvores, entre árvores de uma mesma espécie e entre outras espécies. As tensões também são afetadas pela taxa de crescimento.

A seleção genética e o manejo são técnicas utilizadas para minimizar este problema, que causa perdas de rendimento e de dimensões dos produtos, devido ao nível de distorção no processamento primário e na secagem.

Nó e o rendimento

A presença de nós tem grande influência no rendimento do processo. O efeito dos nós depende do seu tamanho, número, distribuição, característica (solto/vazado) e associa-se ao desvio de grã e à madeira de reação. Também podem reduzir a resistência da madeira devido ao desvio de grã ao seu redor.

As técnicas de manejo podem aumentar sensivelmente a proporção de madeira clear. As operações de desrama elevam de forma significativa os custos de produção, porém, devem ser consideradas por agregar valor em todo o processo produtivo, influenciando desde o rendimento de madeira serrada em classes de qualidade superior, até a redução de cortes a que se deve submeter a madeira para seu aproveitamento.

A formação do cerne varia de acordo com o gênero e a espécie analisada, a partir da deposição de extrativos, causando variação de cores, afetando a durabilidade da madeira ou mesmo a colagem.

O cerne afeta indiretamente a permeabilidade da madeira e causa alterações de comportamento na secagem, chegando a causar retrações e colapso em algumas espécies.

A qualidade da tora afeta os rendimentos no processamento e por conseqüência os custos de produção. Neste aspecto, cuidados no abate, arraste, operações de carregamento e descarregamento são relevantes.

No planejamento das operações de corte o correto direcionamento de queda, o arraste e a redução das distâncias de empilhamento podem evitar ou minimizar quebras e danos mecânicos e reduzir rachaduras, otimizando desta forma o aproveitamento da madeira.

O carregamento e o descarregamento também são operações que podem causar danos significativos quando realizadas por equipamentos ou formas inadequadas.

A seleção e a classificação das toras por defeitos (tortuosidade, conicidade, galhos, nós) e por dimensões facilita o processamento e o direcionamento do uso da madeira.

Outras perdas comumente observadas são devido à manipulação inadequada de estoques, alterando-se a ordem do material que foi primeiramente cortado e enviado para o processamento. O resultado disso é o ataque fúngico (mancha azul) no caso de coníferas; rachaduras no caso de toras de eucalipto, e perdas de velocidade de processamento, já que a velocidade de corte acaba sendo reduzida com a secagem das toras.

Qualidade

A madeira para construção precisa apresentar: resistência; rigidez; retidão; estabilidade dimensional; isenção de empenamentos e defeitos; longos comprimentos e durabilidade.

Para os produtos re-manufaturados ou seja, portas, estantes, reformas, parquês e pisos laminados, bem como decks, estrutura de móveis, e outros, a qualidade requerida da madeira é superior a da madeira para construção.

Existem grandes restrições a imperfeições, menor tolerância a distorções e padrões exigentes de qualidade. Dureza e usinabilidade são muito importantes para a qualidade do produto final. Os longos comprimentos são menos importantes. A classe de qualidade inferior pode ser direcionada para embalagens, decking ou pallets, onde a resistência é muito importante.

Algumas propriedades de adesão tornam-se importantes quando as utilizações finais são vigas laminadas, painéis, ou mesmo quando na composição de compensados.

A madeira de uso aparente é aquela de qualidade superior utilizadas para móveis, painéis decorativos, pisos, lâminas de alta qualidade, torneados, e outras. Cor, trabalhabilidade, características de grã e, particularmente, estabilidade, tornam-se muito importantes.

Pouquíssimas imperfeições na superfície são admitidas. Fissuras ou outros problemas oriundos da secagem são inadmissíveis, principalmente se a superfície venha a sofrer tingimentos ou cobertura. As manchas causadas por ataques de fungo são totalmente inaceitáveis.

A madeira para produtos reconstituídos e composta de resíduos da produção dos materiais citados anteriormente e sem grandes exigências com a qualidade.

A madeira para produção de papel e celulose provém de várias espécies de Eucalyptus e Pinus. A escolha destas espécies para reflorestamento foi baseada principalmente em seu rápido crescimento. As propriedades físicas e químicas também definem a qualidade da madeira para este fim. As espécies cultivadas no Brasil apresentam madeira cuja massa específica, a 15% de umidade, varia de 600 a 1.600 kg/m3, para o eucalipto, e de 400 a 520 kg/m3 para o pinus.

A composição química da madeira é de aproximadamente 50% de celulose, 20% de hemicelulose (polioses), de 15% a 35% de lignina e de até 10% de constituintes menores.

Quanto maior o teor de lignina e de extrativos na madeira, menor será o rendimento em celulose e a qualidade do papel produzido.

A qualidade da madeira para a produção de carvão depende da densidade e do teor de resina. Quanto maior a densidade e o teor de resina na madeira, maior é o seu poder calorífico. Isso faz com que o pinus apresente maior poder calorífico que o eucalipto.

A análise cautelosa de cada um desses fatores mencionados faz com que se minimize os riscos de perdas de rendimento e qualidade além da maximização do aproveitamento dos ativos florestais, gerando com isso mais recursos para investimentos no processamento.

A qualidade da madeira sempre influencia a industrialização dos produtos madeireiros, de forma que o manejo da floresta, o melhoramento genético e as pesquisas em tecnologia da madeira devem ser conciliados para a obtenção de um produto final de qualidade, agregando valor e incrementando as taxas de retorno do empreendimento