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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°90 - JUNHO DE 2005

China

Gigante asiático quer madeira brasileira

O comércio entre Brasil e China deverá gerar negócios no valor de US$ 35 bilhões até 2010. Segundo o diretor de Importação e Exportação do Ministério de Comércio da China, Li Minglin os setores que poderão atrair maior interesse são os de madeira e de montagem de eletrodomésticos

A China vem se tornando um país parceiro e não um concorrente no mercado brasileiro de madeira. Para ajudar a competitividade chinesa em compensados, o governo chinês eliminou a alíquota de importação de toras, em 1999.

Uma das preocupações dos empresários é em relação à falta de políticas públicas para o setor no Brasil. De acordo com estudos, a perspectiva é que em 2020 a diferença entre oferta e demanda de toras de pinus alcance pouco mais de 27 milhões de m³. Para se ter uma idéia, esse volume representa o consumo anual de toda a indústria brasileira de madeira processada mecanicamente. “Após a morte do líder Mao Tse Tung, houve uma mudança cultural no país para torná-lo um grande exportador. No Brasil ainda falta visão política e econômica para crescer”, afirma o presidente da Câmara de Comércio Brasil China, Charles Tang.

Hoje, a China consome por ano uma média de 138 milhões de m³ de madeira. Em 2010 deve chegar a 239 milhões de m³. O governo chinês, preocupado com a perda de cobertura vegetal no país diante da demanda por madeira, aprovou uma lei no fim dos anos 90 banindo a extração em várias regiões.

Assim, enquanto o mercado de madeira explodiu nos últimos anos, a China conseguiu aumentar em 17,5% sua área coberta por florestas. O fornecimento acabou vindo do exterior e a estimativa é de que, em 2010, a produção nacional não dê conta nem de 50% do mercado interno.

A China já compra do exterior 94 milhões de m³ de madeira por ano, volume 300% maior do que o de 1994. Só em toras as importações passaram de 3,2 milhões de m³ em 1994 para 25,5 milhões em 2003.

Mais da metade da importação chinesa vem da Rússia, Malásia e Indonésia. O Brasil está na 13.ª posição. Mas no caso da polpa do produto o País é um dos principais exportadores - em 2003 mandou para lá 2,3 milhões de m³ do produto, volume superado só pelos Estados Unidos.

Segundo a WWF, a tendência é de que o Brasil ganhe amplo espaço nos próximos anos. Isso porque a demanda na China pela polpa da madeira passará dos atuais 12,8 milhões de m³ para 29 milhões em 2015. Para a WWF, essa demanda fará que as demais florestas no mundo sofram ação depredatória. Para evitar que isso ocorra, pede que os chineses desenvolvam métodos mais eficientes do uso da madeira e importem de regiões onde ela seja produzida de forma sustentável.

Negócios

O comércio entre Brasil e China deverá gerar negócios no valor de US$ 35 bilhões até 2010, de acordo com estimativa do diretor de Importação e Exportação do Ministério de Comércio da China, Li Minglin. E os setores que poderão atrair maior interesse são os de madeira e de montagem de eletrodomésticos. "Só neste ano a previsão é alcançar a marca de US$ 12 bilhões no comércio bilateral", salienta.

O secretário brasileiro de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, também disse trabalhar com expectativas otimistas. E destacou o potencial de crescimento das exportações brasileiras para a China, embora no ano passado o Brasil tenha participado com apenas 1% no total das importações chinesas (US$ 400 bilhões).

As relações políticas entre Brasil e China tiveram início em 1974, ainda em tempos de ditadura militar. Itamar Franco, em 1993, firmou parceria estratégica com os chineses que culminou no estreitamento dos laços comerciais. Mas, 2004 foi o ano que marcou a aproximação definitiva dos dois países, que consagrou um crescimento comercial que avança desde 2000, ano seguinte à desvalorização do real.

Em maio do ano passado, o governo brasileiro esteve no País com uma comitiva de quase 500 empresários. Os governos dos dois países assinaram dez documentos com o objetivo de impulsionar uma parceria considerada estratégica. Os acordos abrangeram áreas como infra-estrutura, segurança de produtos alimentícios, saúde, vigilância de medicamentos, ciência e tecnologia, concessão de vistos e esportes. Foi oficializada a instalação do Conselho Empresarial Brasil-China e ainda foram assinados 15 contratos comerciais entre empresas brasileiras e chinesas.

A retribuição veio no final do ano, quando o presidente chinês, Hu Jintao, e empresários estiveram no Brasil. Desta vez, os 11 acordos governamentais englobaram extradição, produção de etanol, combate ao crime organizado, construção do satélite CBERS-2B (Satélite Sino-brasileiro para Captação de Imagens da Terra), apoio a empreendimentos conjuntos (joint ventures) e cooperação nas áreas de regulamentação fito e zoosanitária, infra-estrutura, energia, gás natural, proteção ambiental, meios de transporte, biotecnologia e mineração.

Em 1974, o volume de negócios entre os dois países era de US$ 17 milhões. De 1992 para 1993, as trocas comerciais praticamente dobraram, ultrapassando pela primeira vez a casa do bilhão. Em 1995 já eram mais de US$ 2,2 bilhões, volume que se sustentou até 1998, quando o real sobrevalorizado reduziu os negócios. A partir de 2000, houve uma esplêndida retomada, com as trocas crescendo cerca de US$ 1 bilhão ao ano. De 2002 para 2003, esse faturamento subiu de US$ 4,074 bilhões para US$ 6,680 bilhões, segundo números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Até novembro de 2004, as trocas comerciais foram de US$ 8,434 bilhões. Em trinta anos, o comércio entre os dois países multiplicou por 496 vezes.

Diversas são as previsões para a ampliação dos negócios. Estudo realizado recentemente pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, aponta que as trocas entre brasileiros e chineses chegarão a US$ 11 bilhões em 2007.

Em sua passagem pelo Brasil, o presidente chinês, Hu Jintao, propôs que os dois países intensifiquem os negócios para que nos próximos três anos o comércio bilateral atinja a marca dos US$ 20 bilhões. Já o diretor de Importação e Exportação do Ministério de Comércio da China, Li Minglin, afirmou que Brasil e China terão negócios no valor de US$ 35 bilhões até 2010.

Apesar do crescimento acelerado e do superávit de US$ 1,678 bilhão até novembro, os produtos brasileiros representam apenas 1% do total importado pela China. Soja e minério de ferro totalizam 46% das exportações brasileiras. A diversificação da pauta é o caminho mais promissor para o Brasil avançar nesse mercado. Atualmente há excelentes oportunidades para venda de aço, celulose, máquinas e instrumentos mecânicos, madeira, couro e peles, automóveis e suco de laranja. Alguns especialistas acreditam que a complementariedade dos setores econômicos dos dois países é vital para o alinhamento dos negócios.

A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil na Ásia e o terceiro maior mercado de destino das exportações brasileiras, atrás apenas dos Estados Unidos e da Argentina. No sentindo oposto, o Brasil é o maior parceiro comercial da China na América Latina.