O recorde nas exportações de 2004 projetou o Brasil como um bom parceiro de negócios internacionais. O volume total das exportações brasileiras no último ano atingiu US$ 96,4 bilhões, representando um saldo na balança comercial de US$ 33,7 bilhões. As exportações no ano de 2005 começaram em alta e permitem projetar vendas externas de US$ 108 a US$ 112 bilhões, de acordo com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. O ministro ressalta ainda que a previsão para 2006 é de US$ 120 bilhões.Mesmo enfrentando várias barreiras, bem como os altos preços da carga tributária, os empresários brasileiros investem nas exportações para fortalecer suas empresas. A notável expansão das exportações brasileiras é creditada a quatro fatores principais: ao acréscimo na quantidade exportada; a alta de preços dos produtos básicos; à recuperação de importantes mercados para os produtos brasileiros, como os da Argentina, México e Venezuela; e ao crescimento da demanda da China. Entretanto, os exportadores brasileiros têm exigido a intervenção do governo para inverter o rumo do real, isto é, uma mudança na política cambial de taxa de câmbio flutuante.
As principais reivindicações da classe empresarial ao governo tratam da melhoria da eficiência da infra-estrutura e a redução e/ou eliminação dos impostos que incidem sobre os investimentos nas exportações. Hoje, infelizmente, o Brasil tributa investimentos. Com isso, há uma perda de competitividade.
Com relação à infra-estrutura, o ministro Furlan observa que este tema é prioridade do governo. Para melhorar o ambiente de negócios, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) está elaborando propostas que visam desonerar investimentos, aliviando a carga tributária.
No ano passado a América Latina e o Caribe tiveram o maior crescimento dos últimos 24 anos, de acordo com o relatório Financiamento do Desenvolvimento Global, apresentado pelo Banco Mundial. A região cresceu 5,7% no ano passado, muito acima da média dos anos anteriores. Mas o crescimento previsto para os próximos anos é bem menor: 4,3% em 2005 e 3,7% no próximo ano, seguindo a tendência mundial de expansão mais moderada nos próximos anos.
O economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, Guillermo Perry diz que os fundamentos dos países são sólidos, mas a região precisa adotar uma política prudente para reduzir sua vulnerabilidade ao aumento das taxas de juros e à desaceleração do crescimento mundial.
O relatório prevê que a combinação de um crescimento mundial mais lento com o aumento das taxas de juros e da pressão inflacionária será responsável pelo desempenho menor da economia em 2007.
Perry diz que os países da região precisam aproveitar esses momentos favoráveis para programar o futuro, com prudência nos gastos públicos sociais, criando superávits fiscais e reduzindo a dívida pública.
De acordo com o relatório, a América Latina e o Caribe cresceram graças a uma forte demanda mundial dos produtos exportados pela região, à elevação dos preços das commodities e das baixas taxas de juros e spreads internacionais. Esses fatores contribuíram para o crescimento no México, Chile e, em menor proporção, no Brasil.
Por outro lado, países como Argentina, Uruguai e Venezuela, cresceram na recuperação da grave crise que tiveram nos anos anteriores. A Argentina teve o maior crescimento da região no ano passado, de 8,6%, de acordo com a estimativa do Banco Mundial, depois de uma expansão de 8,8% no ano anterior.
O relatório também mostra o aumento do volume de remessas de trabalhadores estrangeiros para seus países de origem. No ano passado, essas remessas totalizaram US$ 125,8 bilhões.
A América Latina e o Caribe são as regiões com o maior volume de remessas enviadas por trabalhadores no exterior. O México é o segundo maior receptor do mundo, com um volume de US$ 14,6 bilhões no ano passado, abaixo apenas da Índia, que recebeu US$ 17,4 bilhões. Na região, o Brasil é o terceiro maior, depois da Colômbia, com um total de US$ 2,8 bilhões, e o oitavo maior do mundo.
Aumentou também, em 2004, o volume de investimento direto estrangeiro na região, de US$ 36,5 bilhões em 2003 para US$ 42,4 bilhões no ano passado. O maior destino foi o Brasil, que recebeu US$ 15,3 bilhões, 50% mais do que no ano anterior.
A América Latina deve crescer entre 4% e 4,5% este ano, depois da expansão de 5,5% no ano passado – a maior em duas décadas – de acordo com a previsão do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
De acordo com o presidente do BID, Enrique Iglesias há sinais positivos e preocupações também. O sinal positivo, segundo Iglesias, é que continua o otimismo na economia internacional, da qual a região é fortemente dependente. Por outro lado há preocupações sobre o que vai acontecer com a taxa de juros nos países desenvolvidos, com o preço das commodities, com o ajuste das economias dos países industrializados e com o futuro da China.
O crescimento de 5,5% no ano passado foi superior à previsão do BID, que no encontro anual do ano passado projetou uma expansão de 4%. O banco também mostrava preocupação com as perspectivas de longo prazo.
O presidente do BID citou, ainda como aspectos positivos, o fato de que a maioria dos países da região está implementando políticas macroeconômicas e monetárias consideradas sensatas pelos organismos internacionais, com câmbio flexível. Isso faz pensar que se a conjuntura econômica não mudar de forma abrupta, a economia latino-americana poderá ter um período de crescimento maior do que o último ano.
No entanto ainda há vulnerabilidades e, apesar da melhora da situação fiscal, muitos países ainda têm uma dívida pública bastante elevada. O desemprego e a pobreza também melhoraram no ano passado, mas apenas ligeiramente.
A maturidade das economias da região pode ser comprovada pelo fato de que Brasil, México e Colômbia fizeram em 2004 captações de recursos no mercado com papéis em moeda local.No ano passado, o BID concedeu mais de US$ 6 bilhões em empréstimos para obras, principalmente de infra-estrutura e desenvolvimento, na região. Metade desse volume foi destinado a projetos sociais, e 42% deles para programa diretos ligados à redução da pobreza. |