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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°61 - NOVEMBRO DE 2001

Portos e Logística

Modal marítimo amplia opções

Hoje cerca de 95% das exportações brasileiras são feitas via modal marítimo, significando um aumento pela opção de 25% ao ano, desde 1993, quanto foi adotada a lei de modernização dos portos. A reforma refletiu diretamente nos preços dos transportes marítimos, que vem apresentando baixas significativas. Em 1993 o valor médio por contêiner era de US$ 500 e hoje o preço é de US$ 250 no Porto de Santos e de até US$ 160 no Porto de Rio Grande. O custo é ainda menor na Bahia, após a privatização dos terminais de contêiner, ficando em US$ 120.

Atualmente, no Brasil existem cerca de 65 terminais portuários privados cuja movimentação individual de cargas é superior a 100 mil toneladas anuais. Estão espalhados por toda a costa brasileira, porém mais concentrados nas regiões Sudeste e Sul.

A Lei 8.630, de 1993, autorizou os terminais privativos a operarem cargas de terceiros, e liberou-os da vinculação a qualquer política tarifária dos portos. Isto significa que também na atividade portuária, essas empresas podem praticar preços livremente, contratados com seus clientes.

Com a intensa demanda por modal marítimo muitas agências de logística concentram suas operação neste segmento. Um exemplo de agência que atua somente com modal marítimo é a Orion. Há 27 anos no mercado, com sede em Rio Grande, RS, atende todo o sul do Brasil, conta com subagentes nos principais portos brasileiros e possui filiais em Porto Alegre, Imbituba, São Francisco do Sul, Itajaí, Paranaguá e Curitiba. De acordo com a Gerente comercial, Jacqueline Zapp, a Orion está negociando com um armador americano afim de disponibilizar outros benefícios para seus clientes, como o serviço de navio ro-ro, entrega porta a porta e outros. A negociação deve estar concluída até o final deste ano e a empresa estima um incremento em 60% na cartela de clientes, com as novas vantagens.

Na atuação de todos os modais está, por exemplo, a operadora francesa SDV Groupe Bolloré. A sede da empresa no Brasil fica em São Paulo, mas a empresa também atende o mercado carioca, gaúcho e paranaense. A SDV possui 600 escritórios no mundo e mantém 30 mil empregados diretos. Assim, a agência pode concentrar as operações logísticas de seus clientes em todos os países de destino.



Operações



O Centro Logístico Eichenberg & Transeich criou uma nova divisão denominada Logística Mercosul que vai trabalhar na implementação da visão logística da multimodalidade e de serviços de movimentação e armazenagem

em terminais próprios e de terceiros. A divisão almeja também ampliar a participação das operações em 30% sobre o faturamento total da Transeich, estimado em US$ 15 milhões para 2001 e consolidar o conceito LLP (Leading Logistics Provider – Provedor Líder de Logística).

A concepção operacional LLP atua de maneira ampla em todas as atividades inerentes à cadeia logística internacional. O gestor administra todas as atividades, preocupando-se com a conectividade das operações, desde fornecedor de insumos, gerenciamento de estoques em trânsito, suprimento da fábrica na modalidade “just-in-time” e toda a distribuição de produtos acabados, até o consumidor final.

Ao dispor de recursos como unidades de armazenagem, centros de distribuição e sistemas de rastreamento, a Eichenberg assume toda a cadeia

logística empresarial, do gerenciamento de matéria-prima para a produção à

distribuição dos produtos, incluindo todas as atividades de transporte. Este trabalho pode propiciar vantagens como redução de custos, dispensando estruturas e equipamentos próprios além de melhorar produtividade, eficiência e controle. Através de um sistema informatizado, os clientes podem acompanhar, via Internet, todo o processo de envio de mercadorias.



Experiência no setor



A agência marítima Supermar, no mercado desde 1980, começou a atuar no setor madeireiro em julho de 2000. Hoje, já transporta cerca de 5 mil m³ de madeira mensalmente para os Estados Unidos, via Porto de Rio Grande. O principal enfoque da Supermar é a armazenagem e o serviço de carga e descarga de mercadorias.

A empresa funciona durante 24 horas diárias, possui armazéns em área portuária, oferece seguro total da carga e informatização dos processos, com acesso via Internet. Os armazéns da Supermar são arrendados do Porto de Rio Grande. Com esse procedimento a operadora economiza em transportes e viabiliza preços competitivos.

Para o setor, a agência faz marcação de madeira, oferece software com código de barra e faz manutenção das cargas substituindo madeiras com pequenos defeitos causados pela movimentação.



Está em estudo a ampliação da navegação entre os portos Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre. Com a atuação conjunta será possível reduzir os custos, pois o transporte por hidrovia é mais acessível, ampliando assim o número que cargas, que já é crescente.

Nos nove primeiros meses deste ano o Porto movimentou 13.240.643 toneladas de mercadorias, superando o total do ano passado que ficou em 13.221.996 toneladas. Somente de granéis sólidos, incluindo madeira, foram 9.036.249 toneladas. Até setembro foram 2.035 viagens, dessas 1.013 de longo curso, 137 de cabotagem, 875 de navegação interior e dez de alto-mar.

O complexo portuário é dividido em Porto Velho, Porto Novo e Superporto. A Autoridade Portuária Constituída, incentiva a utilização do Porto Velho como Patrimônio Histórico-Cultural. O local possui cinco armazéns e 640 metros de cais. A estrutura do Porto Novo comporta 16 armazéns e 1950 metros de cais, além do prédio da administração e várias estruturas da antiga Portobras. Atua como cais comercial, com 36 empresas operadoras portuárias que não possuem terminal, movimentando mercadorias de diversos segmentos, inclusive madeira e celulose. Em 2000 o departamento movimentou 1,3 milhão de toneladas de mercadorias diversas.

A área do Superporto vai desde a Ponte dos Franceses até o início dos Molhes da barra, incluindo oito terminais portuários especializados e de administração privada. Estão nessa área os terminais Tecon Rio Grande S/A, que opera contêineres, Termasa, Tergrasa, Petrobrás, Trevo, Bianchini e Bunge Alimentos.



Tecon



Este terminal apresenta uma das melhores produtividades operacionais do país, movimentando em média, de 35 a 40 contêineres/hora. Ocupa hoje um área total de 670.000 m², dos quais 200.000 são destinados a estocagem de contêineres e 17.000 são áreas cobertas para a armazenagem de cargas. A recepção de cargas é feita através de 10 gates de entrada e saída. Possui 600 metros de cais, com um calado de 40 pés, equipado com 2 portêneres Post Panamax, 2 auto-guindastes e 1 guindaste, proporcionando a operação simultânea de dois navios. A movimentação interna dos contêineres é atendida por 8 reach stackers (41 t), 4 top loaders (37 t), 3 top loaders (15 t), 3 front loaders (9 t) e 60 outros equipamentos. A capacidade estática é de 15 mil TEUs. O Tecon foi o primeiro terminal de contêineres do Brasil a ser certificado pela Norma ISO 9002.



Já o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) registrou aumento de 10% na movimentação de cargas, na comparação de janeiro a setembro com igual período do ano passado. Foram transportadas 193.623 TEUs (unidade que corresponde ao contêiner de 20 pés), ante 175.748 nos nove primeiros meses de 2000. “A curva ascendente pode ser explicada pelo processo de conteinerização de cargas, a industrialização da economia paranaense, a melhoria nos serviços e a entrada em operação de novos equipamentos no terminal”, afirma o gerente comercial Marcelo Marder.

Na comparação com o movimento de cargas antes da privatização do terminal, o crescimento é ainda mais significativo. Em 1998, o Porto de Paranaguá registrou movimentação de 140 mil TEUs – número que agora já foi ultrapassado bem antes do final do ano. Neste mês, o TCP começou a utilizar os primeiros equipamentos que vão modernizar a operação portuária e transformar o terminal num dos mais competitivos da América Latina. A empresa já está operando os caminhões especializados em operações portuárias, com a função de transportar contêineres horizontalmente, ligando as operações de terra com as operações de mar (carga e descarga de navio).

Os 12 terminal tractors e 14 terminal traillers fazem parte do investimento de R$ 56 milhões em novos equipamentos, que deverão estar instalados até o fim deste ano

Além dos terminal tractors e terminal traillers, outro equipamento de grande porte que está sendo montado no terminal é um dos dois portêineres (STS) - grandes guindastes que vão fazer a operação pátio-navio. O primeiro deverá entrar em teste no próximo mês, e o segundo, em dezembro. Os transtêineres e portêineres estão sendo certificados pelo Lloyd´s Register (certificador internacional de qualidade dos equipamentos).

Com a entrada em operação desses novos equipamentos, o terminal deverá aumentar as operações imediatamente para 20 contêineres por hora, por portêiner. Numa segunda fase, poderá chegar a 30 contêineres por hora, por portêiner – o que significa 60 contêineres por hora, nos dois portêineres. Atualmente, a média é de 8 movimentos por hora, por guindaste.

Os novos equipamentos fazem parte de um amplo processo de mudanças pelo qual o TCP está passando. Além dos R$ 56 milhões em novos equipamentos, o terminal está investindo até agosto do próximo ano R$ 72 milhões em obras e infra-estrutura. Nesta primeira fase, o terminal terá 230 mil m² de pátio pavimentado para armazenagem de contêineres.