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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°89 - ABRIL DE 2005

Design

A importância da ergonomia no design

O termo ergonomia foi criado pelo polonês Woitej Yastembowsky em 1857. Apesar disso, o estudo formal da ergonomia como um ramo de aplicação interdisciplinar da ciência surgiu quase um século mais tarde, em 12 de julho de 1949, durante uma reunião de cientistas e pesquisadores. Mas foi a partir da década de 1950, com a fundação da Ergonomics Research Society, na Inglaterra, que a ergonomia se expandiu para o mundo industrializado e, mais tarde, também passou a integrar o trabalho dos designers.

Isso quer dizer que o design não se limita à função estética ou “cosmética” como afirmam alguns autores. Ainda pior é o ponto de vista de vários empresários que só contratam os serviços de designers, na etapa final de seus projetos, apenas para deixá-los “com uma aparência melhor”. É importante salientar que esta visão equivocada é muito comum no meio empresarial, sobretudo se adicionarmos a isto o fato de ainda existirem muitos profissionais de outras áreas atuando no mercado do design.

Embora seja alarmante, o quadro atual tende a mudar não somente com o aumento de profissionais com graduação em design disponíveis no mercado, e com o conseqüente aumento da massa crítica, mas também com o advento da globalização que vem provocando o rompimento de fronteiras. Não pretendo analisar se o modelo econômico globalizado é democrático ou beneficia apenas as grandes nações. Neste espaço fica apenas um convite à reflexão e a constatação de que a globalização veio para ficar.

A economia globalizada fomenta uma competição cada vez mais acirrada entre os fabricantes que vivem em busca de maiores vendas e da conquista de novos mercados. Com isso, as novas tecnologias e os planos de redução de custos têm chegado ao limite. Qual será então a saída? O uso do design! Vários países já não fabricam produtos, eles fabricam design ou, como preferem alguns, produzem conceitos de design. Não raro encontramos etiquetas, selos ou inscrições que anunciam “Design by Germany”, ainda que o produto tenha sido fabricado em Cingapura, por exemplo. Nestes casos, o que importa é a origem do conceito, da idéia e do design. Mas utilizar o design apenas para agregar charme – e valor econômico – às mercadorias não é suficiente.

O design, enquanto tecnologia, num determinado quadro de relações de produção, tem a ergonomia como parceira indispensável. O designer pode – e deve – trabalhar o projeto e, mais especificamente, a capacidade de utilização do objeto centrado no usuário. Cabe então à ergonomia o papel de combater a alienação, ao focalizar a comunicação homem tarefa- máquina. Para que o design contribua significativamente para o desenvolvimento de produtos adequados para os usuários, de modo que eles identifiquem esta contribuição – reconhecendo nos produtos valores como satisfação, prazer e segurança –, é necessária a aplicação de uma metodologia adequada.

Por meio dessa metodologia é possível compreender os usuários: como eles são e como as mudanças podem influenciar suas vidas. Para fazer isso, devemos dominar as noções básicas de ergonomia, o que nos possibilita conhecer uma gama maior de fatores que influenciam os usuários potenciais dos mais variados produtos. O design é uma profissão eminentemente técnica e multidisciplinar. Sendo assim, a interação com a ergonomia deve acontecer de forma segura e gradual, principalmente se levarmos em conta que no Brasil todos os cursos de Desenho Industrial / Design (que formam designers) possuem no mínimo duas disciplinas de ergonomia em seus currículos.

A ergonomia deve ser parte integrante do projeto e de seu desenvolvimento, sempre que houver o envolvimento entre o produto e seu potencial usuário. Em outras palavras, um projeto de produto apropriado requer interação com a prática da ergonomia. O atendimento aos requisitos ergonômicos possibilita maximizar o conforto, a satisfação e o bem-estar, além de garantir a segurança do usuário. O uso da ergonomia também ajuda a minimizar constrangimentos e custos humanos, otimizando o desempenho da tarefa, o rendimento do trabalho e a produtividade do sistema homem-tarefa-máquina.

A maioria dos produtos, principalmente os mais complexos, possui atributos que dificultam o seu uso. Esses atributos devem ser sistematicamente identificados e medidos, sempre que possível, em termos de requisitos de desempenho humano. E os resultados dessa medição devem ser incorporados ao projeto do produto. Desta forma, a ergonomia ajuda a reduzir o elemento de conjectura e aumenta o nível de confiabilidade nas decisões de projeto, no que se refere à consideração de importantes fatores do ponto de vista da satisfação, segurança e bem estar dos usuários.

Por tudo isso, a ergonomia deve estar presente em todas as etapas de desenvolvimento de um projeto. Em resumo, é preciso enfatizar o entendimento e a contribuição da ergonomia para a gestão do design. É necessário ter a ergonomia como parte integrante de todo processo de design. Isso contraria a atuação de alguns profissionais do mercado, e mesmo de alguns professores, que encaram a ergonomia como algo desvinculado do processo central do design. Isso também implica na aceitação de que as responsabilidades pelas decisões de projeto devem ser divididas entre os diversos especialistas que participam do trabalho. E as decisões devem levar em conta todos os aspectos que envolvem o produto e seus potenciais usuários.



Autor: Reginaldo Schiavini - Mestre em Eng. De Produção-Ergonomia

Desenhista Industrial/ULBRA, Mestre em Eng. de Produção-Ergonomia, Coordenador do Curso de Design de Produto da UCS-Universidade de Caxias do Sul.