Com tantas opções de financiamento no mercado é muito difícil resistir a uma destas alternativas para resolver as pendências da empresa ou mesmo da vida pessoal. O problema é que o resultado dos negócios dificilmente supera o alto valor dos juros cobrados pelas financiadoras, gerando a famosa “bola de neve”. Por este motivo, especialistas da área recomendam deixar os empréstimos como última alternativa na resolução de problemas financeiros.
O consultor financeiro e especialista em economia e direitos do consumidor, Cláudio Boriola aconselha a todos a limitar empréstimos ou financiamentos. “Precisamos ensinar nossa população a administrar seu salário e rendimentos, planejando ganhos e despesas. Desse modo as pessoas terão melhor qualidade de vida, as taxas de juros cairão e nossa economia estará mais fortalecida e estável”, recomenda. Ele explica que não há como tirar nenhum proveito dos empréstimos, porque as taxas de juros são muito altas e no final a conta que já era inviável quase dobra.
O melhor remédio para evitar os empréstimos é fazer um planejamento com gastos equivalentes aos ganhos. Mas, caso seja realmente necessário adquirir um empréstimo, é preciso analisar com calma todas as cláusulas e condições do contrato a ser assinado, principalmente verificando as taxas de juros. “Muito cuidado com as garantias de pagamento requeridas pela instituição que lhe fornecerá o crédito. Atenção ao assinar o contrato, elimine todos os espaços em branco, sem rasuras. Certifique-se da idoneidade da empresa”, orienta o especialista.
Prevenção financeira
A melhor forma de se prevenir contra os problemas financeiros que geram dívidas é adquirir o hábito de elaborar o planejamento financeiro. “Com ele a pessoa saberá quais são seus gastos, quanto poderá ser poupado, cortando gastos supérfluos, a fim de adquirir um bem maior”, explica Boriola.
Além do planejamento é recomendado realizar auditorias financeiras na empresa através de profissionais da área. Esses profissionais farão levantamentos e, caso haja alguma falha, será descoberta. Pequenos deslizes em determinados departamentos poderão comprometer os rendimentos da empresa em grandes montas no final do mês. É sempre bom manter as contas organizadas, isso facilita caso haja a necessidade de novos balanços e verificação de alguma falha.
Também é importante ficar atento aos primeiros sintomas de problemas financeiros que a empresa apresenta, para que dê tempo de tomar uma atitude antes de criar uma dívida impagável. Estes sintomas podem ser verificados quando o caixa começa a fechar no vermelho, as contas deixam de ser pagas e, em último grau, a empresa precisa recorrer a empréstimos para se manter em funcionamento. Verificando algum desse sintomas é preciso parar e analisar realmente a situação da empresa e a partir daí entrar com as corretivas emergenciais.
Existem varias atitudes a ser tomadas antes de contrair qualquer tipo de financiamento ou empréstimo. Segundo Boriola, é preciso fazer um levantamento completo e localizar onde está a dificuldade da empresa. Um remédio seria contratar um profissional especializado na área financeira. Diferente do que muitos pensam, esse profissional não será um gasto a mais em uma empresa que já está com dificuldades, e sim irá solucionar os problemas de forma rápida, segura e eficaz, fazendo com que o empresário poupe seu dinheiro. “Não existe uma fórmula mágica para resolver os problemas finaceiros. Cada caso é único, e deve ser analisado individualmente evitando assim o comprometimento do faturamento da empresa”, avisa Boriola.
A armadilha dos juros
Os juros sempre são uma armadilha, o melhor a fazer é evitá-los. As praticidades de conseguir empréstimos atualmente são inúmeras, porém, deve-se observar os pormenores existentes e controlar sempre o fluxo de caixa. Portanto, controlar os ganhos e despesas não cabe apenas à empresa que já esta com problemas financeiros.
A quem estourou o faturamento, o conselho de Cláudio Boriola é parar e analisar como o dinheiro está sendo gasto e como está sendo ganho. Certamente haverá uma alternativa para que este empresário saia de seus problemas financeiros sem buscar empréstimos em instituições ou descontar duplicatas mercantis em empresas de factoring, pagando juros exorbitantes. Essa atitude poderá levar a empresa à falência. Evitar fazer dívidas para pagar dívidas é um ótimo começo.
A educação financeira é a base para aprender administrar ganhos e despesas, bem como controlar a impulsividade pelo consumo e gastar com consciência. Uma pessoa que possui educação financeira passa a ter noção suficiente para saber investir seu dinheiro em negócios rentáveis. Além disso, sabendo controlar seus ganhos e despesas, as pessoas se preparam para que, no futuro, tenha uma vida financeira estável e possam viver tranqüilamente.
Neste contexto, a educação financeira surge como uma alternativa para as empresas proporcionarem aos colaboradores a oportunidade de ter uma vida financeira equilibrada, independente do valor dos salários. Com as finanças em dia o colaborador ficará mais tranqüilo e tende a produzir mais.
A educação financeira nas empresas pode ser oferecida através de palestras com especialistas, distribuição de folhetos explicativos ou mesmo artigos sobre o assunto no jornal interno. Para um resultado mais eficiente podem ser oferecidos cursos sobre o assunto.
Auxílio aos colaboradores
Ao perceber que situação financeira dos colaboradores está complicada, seja por dívidas acumuladas ou pelo desejo de adquirir algo importante, a empresa pode remediar desenvolvendo um sistema de empréstimos para funcionários. O valor pode ser descontado em pequenas parcelas mensais diretamente do pagamento desse funcionário. Para ser um benefício é importante que a empresa não cobre juros por este empréstimo, porém deverá ter um bom critério para concede-lo. E, paralelamente, deve conceder a educação financeira.
De acordo com o consultor Cláudio Boriola essa atitude fará com que os funcionários não fiquem preocupados com problemas financeiros, mantendo sua mente tranqüila e concentrada em seus afazeres na empresa. Sua produtividade será muito maior.
Para viabilizar o empréstimo o melhor é a empresa utilizar seu próprio capital de giro, afinal, nenhuma instituição irá conceder algum crédito sem a cobrança de juros. Esse benefício deve ficar somente entre empresa e funcionário, não envolvendo instituições bancárias ou financeiras nas negociações.
Antes de tudo, é preciso efetuar uma triagem do problema, constatar as supostas causas e necessidades reais. Após os procedimentos, deverá instruí-lo sobre como administrar aquele dinheiro que está sendo obtido. Ensiná-lo a conter a ansiedade na hora de comprar e a poupar o máximo que puder de seu salário, mensalmente.
Outro detalhe importante é que a empresa deve designar uma porcentagem máxima sobre o pagamento para quitar as parcelas do empréstimo. Comprometer no máximo 40% de seu salário mensal para pagar o empréstimo é uma margem recomendável. Analisar, também, qual a finalidade daquele empréstimo é bom para que o funcionário não adquira aquele dinheiro desnecessariamente ou até mesmo por impulso.
O consultor Cláudio Boriola destaca um problema comum principalmente aos micro e pequenos empresários. Na maioria das vezes o consumidor não tem o pleno conhecimento do Artigo Constitucional, totalmente desrespeitado, quanto ao tratamento favorecido às empresas de pequeno porte.
Lamentavelmente, acontece justamente o contrário: as grandes empresas recebem generosos financiamentos do sistema financeiro com juros aquém dos praticados em mercado, juros estes em torno de 12% ao ano, com carência de dois, quatro até dez anos para iniciar o pagamento, enquanto aos pequenos resta arcar com juros praticados em média de 6%, 8%, 10%, ao mês, sem qualquer carência.
Aos grandes, juros anuais; aos pequenos, juros mensais. Essa é a grande e comprovada verdade: em menos de um ano de existência mais de 70% das micros, pequenas e médias empresas paralisam suas atividades devido aos recursos produtivos não comportarem cobrança das altas taxas de juros e serviços bancários. E os bancos são os maiores responsáveis por desativá-las.
Sem o conhecimento dos direitos acima, muitos micro-empresários acabam tornando-se inadimplentes ao sistema financeiro do país.
Dúvidas mais comuns
Contratei um financiamento imobiliário e após pagá-lo durante três anos, o saldo devedor está maior do que o valor do principal. Por que isto acontece?
A principal razão é o descasamento entre a correção da prestação e do saldo devedor. Sua prestação é corrigida anualmente e o saldo devedor vem sendo corrigido mensalmente. Isto faz com que você venha pagando uma prestação menor do que a efetivamente devida. Por esse motivo, o saldo devedor está maior do que o principal financiado.
Qual é a melhor maneira de aplicar o dinheiro?
A decisão de transferir uma aplicação da poupança para um fundo de ações significa trocar uma rentabilidade menor, porém sem risco, por outra com maior potencial de rentabilidade, porém com risco mais elevado. É uma decisão subjetiva. Uma alternativa seria diversificar o dinheiro, nas duas aplicações. Por último deve ser lembrado que, a curto prazo, o fundo de ações ainda pode ter uma rentabilidade menor do que a poupança.
Estou pretendendo trocar de carro e preciso escolher entre um financiamento e um consórcio. Fui informado de que o consórcio é mais vantajoso porque não me cobra juros. Está correta a orientação?
Pode estar, dependendo de algumas considerações. Esta análise é complexa porque é preciso levar em conta vários fatores. Supondo um consórcio com uma taxa de administração igual ou menor do que 10% e onde o sorteio seja conseguido com um lance de 40% do valor do carro, ele será mais vantajoso do que qualquer financiamento de mais de 24 meses, com uma taxa de juros igual ou maior do que 1% ao mês. Entretanto essa vantagem do consórcio pode desaparecer se a pessoa tiver a oportunidade de, ao comprar o carro financiado, conseguir aproveitar qualquer desconto promocional, de 9% ou mais. |