Em função dos fatores solo, clima e da destinação da matéria prima, as espécies, bem como o grau de melhoramento genético destas espécies, são fundamentais na agregação da qualidade e valor do produto final industrializado.
Deve ser observado que determinadas espécies apresentam aplicações bastante genéricas e pouco rentáveis, enquanto que espécies melhoradas poderão ter aplicações mais específicas, para usos mais nobres e, portanto, com maiores retornos financeiros.
Exemplos típicos são as espécies de eucalipto que, quando empregadas sem grau de melhoramento, apresentam restrições de uso. Entretanto, quando determinadas características são melhoradas, a qualidade da madeira produzida permite uma infinidade de aplicações.
O espaçamento de plantio é uma das principais técnicas de manejo que visa a qualidade e a produtividade da matéria-prima. Deve ser definido em função dos objetivos do plantio, considerando-se que a influência do espaçamento é mais expressiva no crescimento em diâmetro do que em altura.
O planejamento da densidade de plantio também deve visar a obtenção do máximo de retorno por área. Se, por um lado, a densidade for muito baixa, as árvores não aproveitarão todos os recursos como água, nutrientes e luz disponíveis e, por conseqüência, haverá menor produção por unidade de área; mas por outro lado, se a densidade de plantio for muito elevada, tais recursos não serão suficientes para atender a demanda do povoamento, o que também repercutirá no decréscimo de volume e na própria qualidade das árvores.
Normalmente os plantios são executados com espaçamentos variando entre 3x2 e 3x3 metros, os quais favorecem os tratos culturais mecânicos. Empresas integradas destinam a madeira dos primeiros desbastes para energia ou celulose, e as árvores remanescentes, com porte expressivo, são utilizadas para a fabricação de serrados ou para a laminação.
Os espaçamentos maiores (densidade baixa) possuem produção em volume individual; menor custo de implantação; maior número de tratos culturais; maior conicidade de fuste e desbastes tardios. Já, os espaçamentos menores (densidade alta) apresentam produção em volume por hectare; rápido fechamento do dossel (menor número de tratos culturais); menor conicidade do fuste e desbaste precoce.
Quanto à forma dos espaçamentos, os quadrados ou retangulares são os mais indicados e praticados, podendo ser bastante apertados para produção de madeira para fins energéticos, ou mais amplos, quando se deseja matéria-prima para fins de fabricação de celulose ou madeira.
A produção de um maciço florestal depende dos fatores genéticos das espécies e sementes utilizadas, da capacidade do sítio e das técnicas de manejo adotadas. Após o plantio, a produção florestal pode ser influenciada por três fatores: melhoramento das condições ambientais, como adubações controle de pragas e competição por ervas daninhas; diminuição da população original, através de desbastes, disponibilizando melhores condições de luz, nutrientes e água às plantas e, aprimoramento da qualidade das árvores, através da poda.
Existem dois problemas imediatos após o plantio: a mortalidade das mudas e o crescimento extremamente lento ou crescimento travado. Algumas semanas após o plantio, faz-se uma estimativa sobre o número das mudas que estão mortas. Por exemplo, em um plantio onde uma em cada 5 mudas está morta, significa que há uma porcentagem de sobrevivência de 80% ou uma mortalidade de 20%. Se a mortalidade das plantas apresenta-se muito alta, é preciso efetuar o replantio nos espaços livres. É necessário tomar cuidado com a demora do replantio, pois certos atrasos podem causar às mudas replantadas desvantagens permanentes, em crescimento e desenvolvimento
As mudas destinadas ao replantio devem ser de boa qualidade, um pouco maior que o normal e com raízes bem desenvolvidas. O crescimento lento e deficiente, mesmo sem a ocorrência de pragas, pode ocorrer em qualquer período. Normalmente acontece antes do fechamento do dossel. Como aspectos visíveis: a má formação das acículas ou folhas e um crescimento anual de 1 ou 2 cm; contudo, existem vários fatores podem causar esta deficiência em crescimento e desenvolvimento:
Seleção errada das espécies.
Deficiência de nutrientes.
Drenagem insuficiente do solo ou lixiviação excessiva.
Problemas no solo, como compactação, erosão.
Deficiência ou ausência da associação micorrízica.
Capinas insuficientes, criação intensiva de animais, e outras.
Através de uma correta adubação, pode-se conseguir melhorar as condições dos solos empobrecidos ou compactados, enriquecer os solos, favorecer o crescimento das mudas, aumentar a resistência das plantas contra fungos, insetos e doenças. A adubação é recomendada, conforme os resultados das análises de solo realizadas em laboratório e de acordo com as exigências da espécie selecionada.
Em relação à limpeza do terreno, para evitar a competição de água, luz e nutrientes pelo mato e por ervas daninhas, há o método manual, através de coroamentos e roçadas; o mecânico, através de gradeação superficial, e o químico, através da aplicação de herbicidas.
Sempre que houver a competição por mato ou ervas daninhas, independente da época, deve-se fazer a limpeza. Principalmente na época de crescimento (primavera), o plantio deve estar isento destes problemas para facilitar e estimular um bom desenvolvimento, sem a competição.
Os desbastes são executados com diferentes finalidades, entre elas: o
aumento da produção volumétrica, a melhoria da qualidade do produto final e para acelerar o retorno dos investimentos, diminuindo os riscos do projeto.
Os métodos de desbaste são:
Seletivo: tem por objetivo a seleção e a proteção das melhores árvores pela
eliminação da competição com as árvores vizinhas. São classificados em:
Desbastes baixos - visam a supressão apenas de árvores dominadas
(árvores que apresentam copas raquíticas comprimidas ou unilateralmente desenvolvidas), sendo empregados com bastante freqüência em povoamentos de Pinus. É a forma mais comum de desbaste seletivo. O resultado é um povoamento com um estrato apenas de árvores dominantes e codominantes.
Desbastes altos - visam a retirada principalmente de árvores codominantes
(árvores que apresentam copas formadas, mas fracas, em desenvolvimento) dando às dominantes melhores condições de sobrevivência e crescimento.
Sistemático: neste desbaste não se leva em consideração a classe da copa
nem a qualidade das árvores a serem retiradas. Normalmente são retiradas linhas inteiras de árvores; sendo assim, o peso do desbaste dependerá do número de linhas retiradas.
Seletivo-sistemático: neste caso corta-se, a cada número fixo de linhas,
uma linha inteira e nas linhas que ficam faz-se um desbaste seletivo, de onde se retiram as piores árvores (finas, bifurcadas, quebradas).
Plantios
A silvicultura brasileira pode ser considerada uma das mais ricas em todo o planeta, tendo em vista a biodiversidade encontrada, as variações dos fatores edafo-climáticos e a boa adaptação de materiais genéticos introduzidos. Entretanto, todas estas vantagens podem também se manifestar como verdadeiras armadilhas, quando o conjunto destes fatores não são devidamente analisados na tomada de decisão.
Num País de extensões territoriais como as do Brasil, onde a variação climática é muito grande, uma das tarefas mais difíceis é exatamente a escolha do gênero e da espécie a serem cultivados.
Tomando como exemplo o gênero Eucalyptus, tem-se observado uma grande variação de espécies: ao sul predominam espécies de maior tolerância ao frio, como E. dunnii e nitens; já na região leste e centro oeste, ocorre o E. grandis, saligna e urophylla, ou híbridos destas espécies.
A elaboração de mapas do projeto florestal é o primeiro passo a ser seguido, devendo conter a área total do projeto, área útil de plantio, locações de reservas legais, aceiros e estradas, entre outros.
A locação de estradas e carreadores é de fundamental importância, uma vez que estes influenciarão nos custos de implantação, colheita, índice de aproveitamento de área e custos de conservação de solos, que transcorrem por todo o período do projeto.
Esta etapa exige dos técnicos um acompanhamento em campo, para adequações em termos de obstáculos naturais, declividade do terreno e outras variáveis que podem influenciar nos custos da implantação florestal.
Projeto
A elaboração de um projeto florestal merece a participação de técnicos de formações multidisciplinares, para contemplar todos os aspectos cujas influências definirão o sucesso do empreendimento.
Um projeto bem elaborado deve contemplar o início e o término do plantio, as definições das operações a serem executadas, material genético e, por fim, um cronograma de atividades e orçamento bem definido.
A definição do material genético é o fator de maior importância em todo o projeto florestal, tendo como base a complexidade dos fatores ambientais, descritos anteriormente e que devem ser contemplados. Uma falha nesta fase pode comprometer todo o sucesso do empreendimento e o futuro abastecimento de matéria-prima, que, por sua vez, poderá comprometer a performance e talvez a sobrevivência da própria indústria.
A eleição do gênero e da espécie no projeto devem estar completamente alinhados às necessidades, características e qualidade da matéria-prima da indústria. Neste aspecto, fatores como a procedência, grau de melhoramento genético e método de produção das mudas terão pesos significativos nos custos de formação florestal e no resultado da produtividade futura da floresta.
Produção de Mudas
Nas últimas décadas, a produção de mudas tem passado por profundas e significativas evoluções. Há pouco tempo, a formação de mudas era essencialmente realizada através de sementes e em recipientes de sacos plásticos ou outros de qualidade ainda inferiores a este . Mais precisamente na década de oitenta, foram introduzidas alternativas consideradas até então revolucionárias no sistema de produção de mudas, principalmente as de eucalipto.
As principais inovações foram ocasionadas através de uma série de automações nos viveiros florestais brasileiros, entre elas, a produção de mudas em série através de viveiros modulados e compartimentalizados, em que cada fase do crescimento ficou bem definida.
A automação dos viveiros possibilitou também a utilização de outros recipientes, como os tubetes, resultando numa expressiva redução de custos, rendimentos operacionais, além da grande melhoria na qualidade das mudas, principalmente sob o aspecto de formação do sistema radicular e aspectos fitossanitários, por possibilitar suas disposições a níveis mais elevados em relação ao solo.
Também na década de oitenta, sementes com alto grau de melhoramento genético, como as gerações F2 e híbridas, tiveram suas contribuições no aumento da qualidade dos povoamentos florestais. Ainda neste período, o processo da propagação vegetativa, micropropagação e cultura de tecidos foram os destaques entre os fatores que mais contribuíram para o incremento da produtividade.
A definição de um ou outro sistema de produção de mudas e a escolha do material genético mais ou menos evoluído afetarão substancialmente os custos do projeto.
O início das operações de implantação de um projeto florestal apresenta inúmeras variáveis, dependendo da espécie a ser cultivada e principalmente das condições do relevo, solo e clima.
A abertura de carreadores e estradas normalmente é o início do processo, vindo em seguida o desmatamento (ou limpeza da vegetação), o qual pode ser representado pela vegetação nativa ou restos da cultura vegetal da própria espécie em cultivo.
A execução desta atividade requer máquinas pesadas, roçadas mecânicas, manuais ou químicas, dependendo do grau de infestação da vegetação ou do grau de mecanização que se pretende adotar.
Controle de Formigas
As formigas cortadeiras são as principais pragas no estabelecimento de um povoamento florestal, com potencialidade de danos significativos inclusive durante os anos de crescimento da floresta.
Após a limpeza de vegetação, enleiramento, roçadas ou trituração de resíduos florestais, recomenda-se a espera de aproximadamente 30 dias para que o combate às formigas seja iniciado, tempo suficiente para que os formigueiros se restabeleçam e retornem às suas atividades normais.
Normalmente nas áreas propensas às infestações de formigas, ocorrem diversas espécies e até gêneros diferentes, o que exige diferentes métodos, processos e produtos para seu eficiente controle.
As formigas consideradas potencialmente mais críticas em termos de danos à silvicultura brasileira, e que ocorrem em quase todos os estados, são as do gênero Atta, comumente conhecidas como saúvas, e as Acromyrmex.
Vários métodos e produtos para o controle são normalmente utilizados, muito embora os controles manuais com inseticidas granulados, atualmente à base de sulfluramidas, são os mais empregados e recomendados, devido ao menor dano ao meio ambiente e pela maior disponibilidade no mercado, o que os tornam mais competitivos em termos de custos e porque sua distribuição no campo torna-se bastante prática e com alto rendimento operacional, fazendo com que seu custo seja viabilizado.
Outros produtos como os termonebulizáveis, são também empregados em larga escala e com bastante sucesso em algumas regiões, principalmente onde a infestação com espécies de saúva é muito elevada. Os custos, rendimento e eficiência do controle, são largamente variáveis em função do grau de infestação, sistema operacional e produto utilizado; por isso é fundamental um bom planejamento técnico florestal.
Preparo do Solo
Nesta operação incidem o preparo do solo propriamente dito e as operações de sua conservação. O preparo tem por objetivo potencializar as condições ambientais para o máximo aproveitamento de todos os recursos disponíveis ao crescimento das mudas.
O preparo do solo com ênfase à conservação é feito com intuito da preservação contra erosões, perda de nutrientes e retenção da água e matéria orgânica, fundamentais e indispensáveis para a perpetuação da produtividade florestal. Nesse caso, tanto o preparo quanto o plantio deverão ser efetuados preferencialmente em curvas de nível.
Uma ampla variedade de máquinas e equipamentos é utilizada na efetivação desta operação, normalmente máquinas mais pesadas são as preferidas em solos mais argilosos e agregados, e máquinas mais leves ou de menor potência para solos arenosos e com baixa estruturação.
Os custos desta operação são dependentes diretos do tipo de máquina a ser usada e do grau de preparo necessário. Preparos manuais também podem ser executados em situações nas quais a viabilização de máquinas fica comprometida.
A primeira adubação, também chamada de adubação de plantio, normalmente é realizada concomitantemente ao preparo do solo ou sulcamento. No passado, as adubações em eucalipto com os elementos N, P e K e formulações próximas de 10:20:10 eram quase que unanimidades nas empresas florestais, mesmo sabendo que muitas delas eram localizadas em condições completamente distintas.
Contudo, com o passar dos anos e a introdução de materiais clonais com comportamento e necessidades nutriciais diferenciados, mais ou menos responsivos às adubações, houve a necessidade de definição de novas formulações, combinações e dosagens, considerando as inter-relações entre ambiente e material genético.
Para a contemplação destas inter-relações, tem-se utilizado um conceito bastante moderno, denominado de unidades de manejo químico (U.M.Q.).
Atualmente, na maioria das empresas florestais, as unidades de U.M.Q. contemplam não somente as adubações à base dos nutrientes N, P, K, Ca e Mg, como também leva em consideração as necessidades de diferentes micronutrientes, como B, Zn, Cu e Mn, principalmente.
Outras adubações também empregadas são as denominadas de adubações orgânicas, através do uso de resíduos industriais, como cinza de caldeiras de biomassa , resíduos de clarificadores, e, em casos peculiares, resíduos do tratamento de lixo urbano.
Os tratos culturais são todas as operações florestais com ação de eliminação da concorrência da cultura em questão com outras plantas, classificadas como ervas daninhas. O período de maior atenção com tratos culturais é aquele que corresponde à fase de estabelecimento e adaptação das mudas às novas condições do campo.
Os tratos silviculturais visam uma melhoria das condições de crescimento de indivíduos isolados ou alterações das condições ambientais em povoamentos para melhorar a estabilidade biológica. Entre os tipos temos:
• Coroamento: deve-se fazer logo após ao plantio: ao redor da muda, faz-se a limpeza.
• Capina: raspa-se a parte superficial do solo (plantas rasteiras são eliminadas).
• Roçadas: corta-se a vegetação mais alta.
• Gradeação: faz-se entre as linhas de plantio; é uma limpeza superficial.
•Herbicidas: o controle das ervas daninhas é normalmente executado com utilização de herbicidas, podendo ser de pré ou pós emergência. Os de pós emergência mais usados são à base de gliphosate e os de pré são os conhecidos como oxifluorfen. Também outros meios são amplamente adotados nesta operação, como as roçadas, gradagens e limpezas manuais. |