Nos últimos anos observou-se o crescimento das plantações florestais, em especial de eucalipto destinado à produção de lenha e carvão vegetal, visando atender principalmente a demanda da siderurgia. O ritmo de plantio anual, entretanto, tem sido aquém das necessidades das empresas siderúrgicas, o que aumenta, a cada ano, o déficit florestal.
A ausência, por vários anos, de uma política voltada para o desenvolvimento sustentável do setor, aliado à falta de linhas de crédito adequadas às características da produção florestal, contribuiu para a escassez de madeira, que poderá tornar-se preocupante no futuro próximo, mesmo que se considere somente o atendimento da demanda do parque industrial instalado.
Para atender o consumo atual anual de madeira estima-se a necessidade de plantio em torno de 188,2 mil hectares, superior em 23,3% ao plantio florestal esperado para 2004, de 152,6 mil hectares. Estima-se, portanto, um déficit aparente de 36 mil hectares a partir de 2004 .
O grande desafio dos empreendedores inseridos no Complexo Florestal e Industrial, em conjunto com o poder público, é buscar a solução para o desafio de eliminar o risco do “apagão florestal” decorrente do aumento da demanda de produtos de base florestal, para atender o mercado interno e para a exportação, face a estoques florestais insuficientes.
Para o atendimento da demanda atual seria necessário um incremento anual mínimo de 35,6 mil hectares na área atualmente plantada. Considerando o efeito multiplicador da atividade na geração de postos de trabalho, renda e proteção dos recursos naturais, o impacto da ampliação da área refletiria positivamente em Minas Gerais e no Brasil nos segmentos ambiental, econômico e social.
A ampliação da área plantada de eucalipto, atingindo os 188 mil hectares anualmente, contribuiria para aumentar em 20,4 mil a oferta de empregos em 2004/2005, crescendo até chegar em 31,9 mil em 2010/2011, somente nas atividades de plantio e manutenção. A partir de 2012 - época da primeira colheita -, poderiam, ainda, ser gerados outros 21,7 mil empregos, diretos e permanentes, nas atividades de colheita e carbonização da madeira
Os investimentos diretos poderão chegar a R$220 milhões/ano, aumentando também os tributos arrecadados. Ainda como resultado do plantio adicional, seriam preservados cerca de 532 mil hectares de matas nativas, representadas por áreas de preservação permanente e reservas legais.
Incrementos econômicos, sociais e ambientais, por ano, decorrentes da reposição florestal para suprimento da demanda anual e atual de carvão vegetal em Minas Gerais (2004 - 2012)
Diante desse quadro de importantes e rápidas transformações porque passa a economia nacional, e de modo especial o Complexo Florestal e Industrial, faz-se necessário que os setores público e privado, procurando maior sintonia com a sustentabilidade da produção, busquem mecanismos que lhes permitam antecipar os desafios presentes e futuros.
Lino Amaro Nunes Vieira, Thelma Shirlen Soares,
Rosa Maria Miranda Armond Carvalho, João Batista Rezende |