A China mostra-se hoje um dos mais promissores mercados para os produtos de madeira do Brasil. Com mais de 20% da população mundial (1,3 bilhão de pessoas), mas contando com somente 4% de área florestal do mundo, a China é um país considerado pobre na oferta de madeiras internas. O consumo de produtos de madeira, entretanto, tem se elevado rapidamente nos últimos anos.
Em alguns produtos como compensados, polpa de papel e papelão, a China alcançou o segundo lugar do mundo em consumo, enquanto o consumo de madeira está em terceiro lugar. De acordo com estatísticas, a demanda anual de madeiras na China é de 260-280 milhões de m³, enquanto o suprimento anual é de cerca de 142 milhões de m³.
A produção chinesa de madeiras está longe de suprir as necessidades do mercado de construção e mobiliário chinês. O modo mais efetivo para suprir tais demandas terá que ser o incremento das importações de madeiras. E como forma de facilitar este processo, a China reduziu suas tarifas de importação de madeiras de 50% para cerca de 5%, de forma a encorajar as importações.
No ano passado o volume de importações de madeiras elevou-se a 70 milhões de m³. E a tendência é que este volume venha a aumentar consideravelmente nos próximos anos, favorecidos pela entrada da China na OMC e o crescimento sustentado da economia nacional, que está promovendo um desenvolvimento ainda maior das indústrias de construção e de material decorativo, o que tem aumentado o consumo de madeiras.
O próprio governo chinês já admitiu que existe uma dependência na importação de madeira para os próximos 30 a 50 anos. Para 2010 a estimativa é de que a população urbana da China chegue a 630 milhões de habitantes, com necessidade de crescimento no sistema de urbanização. Somente em Shanghai são construídos a cada ano 150 mil apartamentos, totalizando uma área de 14 milhões de m². Para isso são necessários móveis, assoalhos, madeira, painéis.
As exportações brasileiras de madeira e seus produtos registraram crescimento de 37,7% nos primeiros seis meses de 2004 em relação ao mesmo período de 2003, índice que apresentou uma pequena queda no segundo semestre, mas acabou fechando o ano em US$ 137 milhões. No conjunto com outros produtos no primeiro semestre de 2004 foram exportados US$ 2,41 bilhões, enquanto o acumulado de janeiro a junho de 2003 foi de US$ 1,75 bilhão, mostrando uma tendência contínua de crescimento.
Em 2004 as exportações para a China continuaram crescendo, principalmente nos segmentos de madeira e móveis. Se comparadas as vendas somente de madeira de 2004 com as vendas de madeira de 2003 para a China, já é percebido um aumento de 12,3%.
Negócios
O intercâmbio comercial entre o Brasil e a China deve superar US$ 10 bilhões neste ano, com um fluxo de comércio favorável ao Brasil, que exporta mais do que importa dos chineses. A afirmação é do secretário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho.
Este aumento se dará tanto via importação, quanto exportação - principalmente de manufaturados, como auto-peças. Já neste ano haverá crescimento no intercâmbio comercial entre os dois países, tanto no que diz respeito ao lado das exportações quanto das importações. "Do ponto de vista das exportações, particularmente, nós ainda acusamos hoje uma presença bastante grande de produtos básicos na pauta de exportação do Brasil para a China, mas acreditamos que novos negócios surjam, com uma diversificação maior da pauta das exportações com mais produtos manufaturados, produtos de maior valor agregado", destaca Ivan Ramalho.
O fechamento de 2004 registrou o fluxo de comércio entre os dois países na casa dos US$ 9 bilhões. O secretário salienta, porém, que embora a China seja hoje o terceiro maior comprador dos produtos brasileiros, as nossas exportações absorvem apenas cerca de US$ 5 bilhões - cerca de 1% dos cerca de US$ 450 bilhões que a China importa anualmente, em todo o mundo. "E a China importa do mundo não apenas matérias primas e insumos básicos, como já compra do Brasil, mas também uma gama de produtos manufaturados. Então, há um potencial de crescimento muito grande para todos os manufaturados nacionais - que, alias, nós já exportamos e com competitividade".
Até o ano de 2010 o comércio entre Brasil e China deverá ultrapassar a casa dos US$ 35 bilhões, de acordo com estimativa do diretor de Importação e Exportação do Ministério de Comércio da China, Li Minglin Lin. E os setores que poderão atrair maior interesse são os de madeira e de montagem de eletrodomésticos.
A China é, hoje, o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, mas as vendas externas do País aos chineses correspondem apenas a 1% de tudo o que a China compra mundialmente - cerca de US$ 450 bilhões ao ano.
Para viabilizar este crescimento vem sendo desenvolvidas diversas ações, entras elas a construção do China Trade Center, um edifício de 11 andares em estilo chinês (com réplicas de dragões e da Muralha da China na entrada) na rua Pamplona, em São Paulo, onde abriga o escritório de representação comercial da China em São Paulo. A entidade ocupa três andares do prédio.
Em 2004, Brasil e China consolidaram trinta anos de relações comerciais e culturais e iniciaram um inédito processo de intensificação de comércio e relações diplomáticas. No primeiro semestre, o governo brasileiro embarcou para a sexta maior economia do mundo acompanhado de ministros, governadores, parlamentares e cerca de 400 empresários, na maior missão internacional desde que foi eleito.
A viagem foi retribuída em novembro pelo presidente chinês Hu Jintao, seguida de comitiva empresarial no início de dezembro. Inúmeros acordos governamentais foram assinados, apoios explícitos declarados e negócios fechados. "Estamos redesenhando o mapa mundial no que se refere ao fluxo de mercadorias e ao estabelecimento de novas rotas comerciais", sentenciou o presidente Lula durante a visita de Jintao ao Brasil.
O discurso encontra suporte nos números da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. De janeiro a outubro de 2004 o intercâmbio comercial entre Brasil e China cresceu 26,7%, totalizando US$ 7,723 bilhões (6% da corrente comercial brasileira), com saldo favorável de US$ 1,75 bi para Brasil e a previsão é encerrar 2004 com US$ 9 bilhões, contra US$ 6,68 bilhões registrados em 2003.
As exportações cresceram cerca de 20% na comparação com o mesmo período do ano passado - as commodities continuaram liderando a pauta, engordada este ano com o setor automotivo segundo dados da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico. Já as importações de produtos chineses tiveram incremento de 41,27% graças ao aumento expressivo da compra de alguns produtos como produtos químicos, fertilizantes, carvão, componentes eletrônicos e material de telecomunicações. "As duas maiores empresas chinesas de telecomunicações montaram fábricas no Brasil e isto interferiu na estatística de importações", explica o diretor da Câmara, Paul Liu.
Já, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, acredita que as visitas presidenciais impulsionaram os negócios uma vez que fizeram com que empresas de ambos os países voltassem o olhar aos mercados brasileiro e chinês. "Criaram uma maior visibilidade e atraíram uma grande atenção para o comércio bilateral e as parcerias entre os dois países", diz. Tang destaca outro aspecto fundamental: "As visitas deram um cunho de apoio oficial para o relacionamento das duas nações."
Neste sentido, Paul Liu aponta como particularmente importante o memorando de entendimento assinado por Lula e Hu Jintao em novembro último, no qual o Brasil reconhece a China como economia de mercado. "Apesar da resistência de muitos empresários brasileiros, tenho certeza de que isto vai abrir portas para parcerias futuras. Do ponto de vista político foi uma conquista fundamental pois o Brasil torna-se um aliado estratégico da China na América Latina", avalia o presidente da câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico.
Produtos brasileiros
Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang a China é a saída para o Brasil aumentar as exportações. “O momento é bastante oportuno, já que os parceiros comerciais tradicionais, em especial os Estados Unidos, criaram barreiras e concorrência com os nossos produtos”, afirma.
Em 2004, a China tornou-se o segundo parceiro comercial do Brasil. As trocas comerciais entre os dois países atingiram US$ 8 bilhões em 2003. Em 2004 chegaram a US$ 9 bilhões, entre exportações e importações. “Os números não são significativos devido ao tamanho da economia dos dois países, principalmente para a China que tem um comércio de US$ 850 bilhões, o resultado brasileiro é menos de 1% do comercio bilateral da China”, frisa Tang. “Há bastante potencial a ser conquistado e disputar o mercado de 1,28 bilhões de potenciais consumidores”.
Economicamente o Brasil descobriu a China só em 2000, o que fez com que outras nações avançassem no mercado chinês. Uma prova disso é a presença do café suíço e americano na China, do suco europeu e da castanha dos Estados Unidos, embora esses países não sejam produtores.
O governo chinês espera que empresários chineses invistam mais fora do país e que parte destes investimentos sejam para o Brasil. “Não há dúvida de que a China irá investir mais no Brasil para assegurar um fluxo regular e confiável dos produtos necessários ao crescimento do País e para alimentar o povo chinês”, argumenta. No último ano, a China investiu US$ 2 bilhões para a formação de joint venture no Maranhão e nos próximos cinco anos as empresas devem investir mais US$ 10 bilhões no Brasil. Nos últimos 20 anos, a China já contratou US$ 900 bilhões com o Brasil, dos quais US$ 700 bilhões foram realizados com as reservas de divisas.
O Brasil deve “aprender” mais com a China, que leva Made in China para as prateleiras do mundo. O país asiático pretende investir em infra-estrutura no Brasil e está de olho em produtos como minério, soja, madeira, aço, aviões, leite longa vida, frango, café, entre outros produtos.
Castanha de caju, sucos naturais, camarão, móveis, e urânio são alguns produtos que os estados do Nordeste tem chance de conquistar o mercado chinês, este gigante que é considerado a segunda maior economia do mundo, com mais de US$ 460 bilhões em reservas de divisas.
Hong Kong - Fujian - é a província chinesa mais industrializada, com 35 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) superior a US$ 60 bilhões e exportações de US$ 25 bilhões. Outra província na pauta é Cantão, considerada a mais rica da China, com 100 milhões de habitantes e PIB superior a US$ 100 bilhões. Também são potenciais para relações bilaterais, Shanghai, Pequim e o Porto de Tianjin. |