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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°61 - NOVEMBRO DE 2001

Móveis

Mercado exige desenho inteligente

Muito tem se falado a respeito da importância do design como ferramenta de competitividade. Além de ser um elemento fundamental para agregar valor e criar identidades visuais para produtos, serviços e empresas, ele diferencia produtos de uma mesma marca, qualidade e preço similar. Assim, os fabricantes não podem limitar-se em copiar, principalmente quando almejam um espaço no mercado internacional.

Entre os vários tipos de design estão o tipo Industrial, que determina as formas dos objetos produzidos, abrangendo as áreas de bens de consumo, de capital, de máquinas e equipamentos, construção civil e ambiental. Este tipo contempla todos os aspectos do ambiente humano condicionado pela produção industrial. Já o design tipo gráfico consiste na elaboração de logotipos, imagens de corporações, sinalização, editoração, impressos, vídeos, sites na Internet, grafismo, entre outros.

Através dos diferentes formatos dos produtos é possível aprimorar aspectos como: inovação, confiabilidade, evolução tecnológica, padrão estético, rápida percepção da função/uso do produto, adequação às características sócio-econômicas e culturais do usuário e racionalização.

A importância do desenho para a competitividade das empresas incentivou alguns países a desenvolverem ações governamentais, visando incentivar, promover e proteger a inovação.

No Brasil, o governo federal estimulou a organização de parcerias, fornecendo ou buscando fomento para colocar priorizar o design. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) criou, em 1995, o Programa Brasileiro de Design (PBD), com o objetivo de estabelecer um conjunto de ações indutoras da modernização industrial e tecnológica, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social, melhoria da qualidade e competitividade dos produtos brasileiros.



Vários concursos são instituídos no País para encorajar as empresas a utilizarem o design próprio para realçar suas campanhas promocionais e de marketing, melhorando a imagem, principalmente no exterior. Estas ações, além de promover a percepção do desenho, valorizam a qualidade e competência dos novos designers.



Nesse sentido, a Abimóvel instituiu o Prêmio Nacional de Design de Mobiliário, que faz parte da Fenavem e da Movelsul, além de criar o Núcleo de Apoio ao Design, situado em Bento Gonçalves, RS, com abrangência nacional. O núcleo atua na prestação de apoio técnico em design aos empresários, elaboração de estudos e manuais e na capacitação de pessoal.



Para garantir maior poder de competição à indústria brasileira, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo vem promovendo, desde 1997, o prêmio Ecodesign, como incentivo ao desenvolvimento dessa cultura no ambiente empresarial. Esse tipo de iniciativa contribui para reverter a imagem negativa do Brasil em termos de preservação ambiental.



Com vistas ao mercado externo o setor moveleiro prevê um aumento nas exportações brasileiras de móveis dos atuais US$ 400 milhões para cerca de US$ 3 bilhões, depois de 2003. Para isso está movendo ações que visam criação de identidade própria associada à marca, incremento de normas técnicas de desenvolvimento de produto, selo verde para mobiliário e análises de tendências de mercado.



Situação atual



O design no Brasil tem como pontos fortes os seguintes itens:

originalidade e criatividade

infra-estrutura para formação de RH

disseminação de concursos promovidos por associações industriais

mais de 500 escritórios de design, além de indústrias com equipes próprias

existência de associações profissionais

núcleo setorial de informações, revistas especializadas e laboratórios

articulação entre instituições promotoras de design no País com centros estrangeiros e organismos internacionais de representação

reconhecimento do valor do design brasileiro no exterior, mediante premiações em concursos e eventos internacionais



Pontos Fracos



- baixa conscientização da importância do assunto junto aos segmentos empresariais

falta de conhecimento ou conceito distorcido sobre design

pouca integração das escolas com o parque industrial, com conseqüente formação profissional dissociada de conhecimento tecnológico de produção e viabilidade econômica

falta de integração das diversas ações empresariais de promoção do design

poucas oportunidades de aperfeiçoamento profissional no País

pouca articulação entre o setor produtivo e instituições de design

inexistência da cultura de design junto ao potencial mercado consumidor de produtos industriais, associada à falta de identidade dos produtos nacionais

insuficiência de padrões e normas técnicas adequadas

falta de divulgação de dados que reflitam o diferencial dos produtos estrangeiros em relação aos nacionais, sobre design



Ameaças



tendências de modismos concentrados na Europa, com reflexos diretos sobre alguns setores

volume elevado de design diferente para um mesmo produto

contratação de design no exterior

evasão de talentos

deterioração da infra-estrutura instalada



Oportunidades



abertura do mercado, obrigando as empresas a investirem na melhoria dos produtos

incremento potencial da participação do produto brasileiro no mercado mundial, por meio de investimentos em design

disponibilidade de recursos humanos na área

necessidade de baixos investimentos para fortalecer a infra-estrutura instalada

poder de mobilização dos agentes

êxito do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na disseminação da cultura da qualidade no País

conscientização dos agentes sociais e econômicos do País para a questão da competitividade

experiências bem sucedidas de agregação de valor aos produtos através do design, tanto em mercados internos quanto externos

revisão da Política Industrial e de Comércio Exterior

modernização dos instrumentos de propriedade intelectual

criação de entidades tecnológicas voltadas para a competitividade do setor