Nos últimos anos o comércio mundial tem apresentado um nível de crescimento médio de 7% ao ano. Entretanto, neste ano os indicadores de crescimento deverão chegar a apenas 2% . Este fato se reflete diretamente na desaceleração da economia de vários mercados, como Estados Unidos e União Européia. Neste cenário, as empresas brasileiras estão atentas para mercados poucos tradicionais como Leste Europeu, Oriente Médio, Ásia e países latinos fora do Mercosul, além de tentar reverter o recuo com o comércio japonês.
As relações com os mercado alternativos já apresentam números promissores no primeiro semestre deste ano. Os negócios com a Rússia tiveram um salto de 200%. As vendas para a China subiram 74,8%; para África do Sul, 49,1% e as negociadas com os Emirados Árabes aumentaram 128,4%.
Essa busca por outros mercados não é apenas um reflexo da atual recessão nos principais pólos de exportação mundial. Segundo especialistas da área logística este movimento vem se desencadeando a cerca de dois anos e é decorrente da globalização. Hoje está mais fácil de procurar outros mercados, pois existem estruturas viáveis, com a informatização das empresas em todo o mundo.
Uma ferramenta importante para buscar oportunidades de comércio é a Internet, onde empresas de todos os portes e segmentos têm oportunidade de trocar idéias e até fechar negócios. Assim, é possível minimizar os custos de logística, que inibem algumas empresas brasileiras na exploração de mercados alternativos.
Mesmo com opções para reduzir valores, eles podem alcançar 20% do preço da mercadoria. Por isso, para conquistar outros mercados e compensar o custo logístico as empresas devem oferecer produtos inexistentes ou muito diferentes dos produzidos na região que pretende abastecer.
A abrangência de novos mercado está sendo estimulada pelo governo brasileiro que está se mobilizando para conseguir alcançar a meta de transformar o déficit da balança comercial de US$ 698 milhões em um superávit de US$ 2 bilhões neste ano e US$ 5 bilhões em 2002. Para agilizar os processo foi criada a Câmara de Gestão de Comércio, que terá autonomia para adotar medidas de incentivo às exportações, sem prévia consulta aos ministérios envolvidos.
O plano de exploração de mercados teve de ser repensado após os atentados terroristas aos Estados Unidos. Principalmente porque na lista estratégica constam regiões próximas ao epicentro da crise, incluindo países islâmicos, como o Irã. Com este país o Brasil já encaminhou negócios na ordem de US$ 60 milhões a US$ 100 milhões. Mas o desfecho desses negócios ainda é uma incógnita, devido a atual situação daquela região.
Os 22 países que integram o Mundo Árabe têm hoje um comércio exterior de mais de US$ 380 bilhões. E as importações em 2000 chegaram a cerca de US$ 172 bilhões, montante que cresceu quase 14% em relação a 1999. Mas ainda é um mercado pouco conhecido no Brasil. O Irã, por exemplo, importa de todo o mundo US$ 10 bilhões anuais, mas no ano passado comprou do Brasil apenas US$ 292,8 milhões (com vendas de US$ 10 milhões). Estima-se que o comércio bilateral possa superar US$ 1 bilhão a médio prazo.
Na busca de mercados promissores, empresários brasileiros estão fazendo uma série de visitas a regiões como Taiwan, Japão, Rússia, China. Malásia, Cingapura e Escandinávia, além da participação em diversas feiras.
Negócios com o Japão
Estatísticas mostram que conquistar mercado apenas não basta, as exportações requerem um trabalho contínuo. O comércio bilateral nipo-brasileiro mostra um crescimento das importações brasileiras do Japão, ao longo dos anos 90, mas também uma redução das vendas brasileiras daquele país, a partir de 1997, em decorrência do agravamento das crises econômicas japonesas e asiáticas e de seus reflexos na economia brasileira.
Atento a importância do mercado japonês, o governo brasileiro está estudando um aperfeiçoamento nas transações com o Japão, país que tem aparecido como o quarto maior parceiro comercial do Brasil, no últimos anos.
Em 1995 este País chegou a ser o terceiro comprador brasileiro, mas caiu para o quinto lugar no ano passado, fato que vem motivando preocupações. Além da estagnação da economia japonesa, o recuo foi provocado também pela concorrência enfrentada pelos bens brasileiros vendidos no Japão, provocada pela desvalorização das moedas dos países do Sudeste asiático.
Em outubro de 2000, o Comitê de Cooperação Econômica Brasil – Japão divulgou, nos dois países, o documento Brasil-Japão: Aliança para o século XXI, visando deslanchar as negociações comerciais dos países. O empresariado dos dois países acreditam no potencial de uma relação econômica consistente. Um fator que facilita é que o Brasil precisa de capital externo barato, e o Japão detém US$ 10 trilhões de poupança privada, em um PIB anual de US$ 4 trilhões.
A parceira entre os dois países ganhou forças a partir do final dos anos 60, quando o Japão passou a participar ou financiar projetos significativos no Brasil nos setores siderúrgicos, de papel, e celulose, de mineração e agricultura. Em 1986 os diferentes planos econômicos retraíram o relacionamento, que voltou a fluir no início do plano real e voltou a cair devido a fatores como a crise do Japão com a Ásia. Mas a vinda de empresas japonesas para o Brasil, desde o ano passado, e o interesse do governo brasileiro em ampliar a atuação mercadológica promete reaquecer as transações Brasil-Japão. |