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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°86 - DEZEMBRO DE 2004

Mercado - Japão

Mercado moveleiro japonês aponta oportunidades

Os móveis importados são cada vez mais consumidos no mercado japonês, indicando uma alternativa para os fabricantes brasileiros. As importações do produto vêm aumentando nos últimos anos. Em 2003, os japoneses compraram de fornecedores externos o equivalente a US$ 3,3 bilhões em móveis — 10,3% mais em relação ao ano de 2002. Na década anterior, o patamar de valores importados era mais baixo, em 1999 somou US$ 2,4 bilhões. Em volume, houve aumento de 5,7% sobre o ano de 2002, para 1,1 milhão de toneladas.Os dados são de estudo de mercado realizado pela Embaixada Brasileira em Tóquio. O Brasil ainda participa com fatia muito baixa, equivalente a 0,02% do total de importações japonesas do setor. As exportações brasileiras somaram US$ 380 mil em 2003.

O consumo de móveis mais ‘ocidentais’ vem aumentando nos últimos anos naquele país, afirma o estudo. Mas o exportador deve ficar atento porque, o Japão é um mercado diferenciado e exige adaptação do fornecedor. Os ambientes são menores e, por isso, os móveis têm medidas diferentes. Segundo analistas, é possível aproveitar partes das linhas já fabricadas, mas o ideal, para atender bem ao mercado e ganhar mais espaço, é criar móveis específicos para atender às necessidades dos japoneses.

O exportador precisará fazer pesquisas de mercado para identificar melhor os gostos dos japoneses. Visitar feiras internacionais, sites de instituições e conversar com empresas que já exportam para aquele país são algumas das formas de obter informações.

De acordo com a Embaixada, a China é o país que mais exporta para o Japão. Mas o perfil das mercadorias fornecidas é diferente do nicho em que o Brasil pode atuar. Os móveis chineses são de padrões mais baratos e sem tanto acabamento.

Os concorrentes do Brasil são Estados Unidos e União Européia. Os países da Ásia detiveram 78% do mercado japonês de móveis em 2003, seguidos pela Europa (13%) e Estados Unidos (9%).

A produção japonesa de móveis teve baixa nos últimos anos porque, além das variações no perfil do consumidor, muitas indústrias se mudaram para outros países asiáticos, onde o custo de produção é menor.

As preferências dos japoneses pelos mercados se distinguem pelo design e qualidade, por um lado, quando se fala de móveis europeus principalmente, e por móveis geralmente mais baratos provenientes da Ásia.

A aparente falta de persistência das empresas brasileiras nesse mercado tem feito com que o Brasil tenha tido até hoje uma participação modesta no mercado japonês.

Por enquanto não existe nenhuma restrição quanto à origem das madeiras na confecção dos móveis, mas acredita-se que em 10 anos possa acontecer no Japão o que já vem ocorrendo em alguns países, no sentido de se dificultar ou mesmo limitar a comercialização de produtos feitos com madeiras de florestas nativas que não tenham um projeto de desenvolvimento sustentável.

Nos três últimos anos, as importações de móveis pelo Japão têm apresentado taxas positivas de crescimento, apesar da estagnação econômica que afeta o Japão desde 1992. Na opinião de especialistas, a parcela de móveis importados continuará crescendo nos próximos anos. Uma das grandes desvantagens da indústria moveleira do Brasil frente aos concorrentes

No mercado japonês é sem dúvida a distância geográfica traduzida em maior tempo de viagem e, conseqüentemente, prazos mais longos de entrega das encomendas. Outros fatores negativos seriam a baixa visibilidade dos móveis brasileiros no Japão, provocada em grande parte pela quase total ausência dos representantes da indústria brasileira no mercado japonês. Quase 100% dos executivos entrevistados em instituições de classe representantes da indústria e do comércio de móveis no Japão deixaram a impressão de desconhecerem a realidade brasileira e sua indústria de móveis. Mais recentemente, o Governo brasileiro e instituições de classe do Brasil vêm desenvolvendo um programa conjunto de melhoria e promoção da imagem do setor moveleiro do Brasil com o intuito de promover as exportações, sendo o Japão uma das prioridades desse programa.

A experiência ensina que, em um mercado tão complexo como o mercado nipônico de móveis, com protagonistas tão aguerridos como os concorrentes chineses e demais asiáticos, europeus e norte-americanos, os empresários brasileiros deverão enfrentar enormes desafios para conquistar e manter uma fatia maior de clientes no arquipélago.



Economia japonesa



O Japão tem cerca de 127 milhões de habitantes. É a segunda maior economia do mundo, com um PNB pouco acima da metade do norte-americano e cerca de oito vezes o do Brasil. No ano 2000, a renda per capita dos japoneses estava em torno de US$ 37,435.00 contra a dos brasileiros de cerca de US$ 3,327.00. O Japão vem passando por uma séria crise econômica que já dura por cerca de dez anos.

Por medida de segurança, as famílias japonesas, já por sua natureza muito preocupadas com a segurança financeira, têm cortado gastos e aumentado a poupança, cuja média por família está atualmente em torno de US$ 134,000.00.

Como dentre as principais preocupações do poupador japonês a compra ou reforma da casa própria ocupa a quinta posição, espera-se que, assim que a sensação de crise se abrandar, haja um verdadeiro surto de novas aquisições e reformas. Acredita-se que esse movimento estimulará positivamente também o mercado de móveis, tanto de fabricação doméstica, quanto importados.

O Japão, com cerca de 127 milhões de habitantes tem a segunda maior economia do mundo. Com um território cerca de 23 menor do que o do Brasil, o PNB japonês é de cerca de 8 vezes o brasileiro.

Na última década, porém, o Japão vem passando por um dos mais longos períodos de crise econômica, notadamente a partir de 1992, quando se verificou o conhecido fenômeno da “ruptura da bolha da economia”, que fez com que tanto o mercado acionário quanto o imobiliário atingissem no fim da década de 90 níveis equivalentes a 40% dos níveis vigentes no início dessa mesma década.

As conseqüências dessa crise foram, entre outras: a queda das cotações das ações das empresas negociadas na Bolsa de Valores, com enorme fuga de investidores; o altíssimo nível de inadimplência dos tomadores de empréstimos e financiamentos; o acúmulo de “créditos podres” pelos bancos credores e a queda do consumo e alto nível de retenção da poupança por medo do futuro.

A economia japonesa que, nas últimas décadas do Século XX, se caracterizava por uma alta dependência de matérias-primas e insumos importados, sendo dono de elevado nível de tecnologia, mão de obra altamente qualificada e excelentes instalações industriais, vem perdendo competitividade para seus discípulos de algumas décadas atrás, sendo a China de hoje sua principal ameaça.



Indústria de móveis



A indústria japonesa de móveis residenciais caracteriza-se pelo baixo grau de concentração territorial, com predomínio das micro, pequenas e médias empresas. Já a indústria japonesa de móveis de metal concentra-se junto aos grandes centros urbanos e opera com maior escala.

Existe uma notável sazonalidade regida por tradições culturais nas compras principalmente de móveis residenciais. Somente a partir dos anos 60 do século XX é que a população japonesa passou a adotar em maior escala móveis residenciais de estilo ocidental. A crise econômica atingiu pesadamente a indústria japonesa de móveis, tanto de madeira, quanto de metal.

Pelas próprias características do tradicional “modus vivendi” da população japonesa, sua indústria moveleira sempre exerceu forte controle sobre a demanda doméstica.

Outra peculiaridade dessa indústria é seu baixíssimo grau de concentração, predominando no setor moveleiro as micro, pequenas e médias empresas. Assim, em 1999, dos 9.691 estabelecimentos registrados como indústrias de móveis de madeira (esse número era em 1990 de cerca de 15 mil empresas), produzindo predominantemente para uso residencial, 81% do total empregavam menos que 9 pessoas, enquanto que 95,3% desse mesmo total tinham menos que 29 empregados. Assim mesmo, as maiores dessa indústria apresentam faturamentos bastante elevados, conforme pode-se observar pela lista da tabela abaixo.

No mercado japonês, além dos móveis “estilo ocidental”, existem os móveis “estilo japonês”, geralmente usados em salas ou quartos “estilo japonês”, ou seja aposentos cujo piso é revestido de “tatami” (tipo de esteira de palha), sobre o qual as pessoas sentam-se ou ajoelham-se; nesse caso, os móveis, geralmente mesas, são baixas (em média 20 a 32 cm de altura) e de dimensões reduzidas.

No Japão os móveis recebem, ainda, uma outra classificação geral:

“ashimono”, móveis dotados de pés, ou pernas, como cadeiras, mesas e sofás. Se os pés de um móvel forem de madeira, mesmo que seus componentes restantes forem de metal, ele será classificado como móvel de madeira. Caso contrário, mesmo que somente os pés sejam de metal, tal móvel será classificado como de metal; “hakomono”, “ móveis-caixa”, utilizados para a guarda de objetos ou roupas.

A classificação como móveis de madeira ou de metal depende do material utilizado em suas laterais.

As compras de móveis no Japão estão intimamente vinculadas aos principais eventos da vida das pessoas. Um levantamento realizado por uma das principais indústrias de móveis do Japão indicou que tanto casamentos quanto construção ou compra de casa nova eram responsáveis, em conjunto, por 25% cada do mercado varejista de móveis; o terceiro maior motivo eram as compras para renovação de móveis em substituição aos antigos. Dessa forma, constata-se uma íntima ligação entre os consumidores japoneses e as diferentes fases em que se dividem suas existências.

A tradição no Japão é o noivo comprar o mobiliário considerado básico do novo casal, designado como “konrei-kagu” (literalmente, “ móveis de casamento”). Móveis como cômodas ou guarda-roupas (“tansu”), feitos da cara madeira de “paulownia imperialis” (Kiri) são particularmente apreciados. Geralmente, gastam-se entre entre US$ 4,5 a 16 mil na compra desses móveis; não está aí incluída a mobília das salas de estar e de jantar, bem como as do quarto de dormir. Por exemplo, somente um jogo de sala de jantar, composto de mesa e 4 cadeiras, de bom acabamento, mas sem grande sofisticação custa ao consumidor entre US$ 1,2 a 1,6 mil.





Construçôes



Na construção ou compra de casa nova, geralmente o mobiliário é encomendado em harmonia com o projeto das paredes, piso e forro da nova construção. Recentemente tem havido grande demanda para o mobiliário destinado a salas de estar e de jantar, bem como quartos de dormir. Outras tendências são as novas construções estarem aparelhadas com guarda-roupas embutidos já instalados pelas firmas incorporadoras. Os efeitos danosos da prolongada estagnação econômica têm-se manifestado claramente na estabilização de novas construções no último decênio.

No Japão, de modo geral, os móveis de madeira de uso residencial costumam ser trocados com 20 a 25 anos de uso. A expectativa de publicações especializadas é de que haja uma retomada da demanda de móveis principalmente de “design” ocidental.

Além desses eventos marcantes na vida de cada consumidor, existem diversas festas anuais que também representam oportunidade de vendas de certos móveis específicos.

Entre esses destaca-se o hábito dos avós presentearem com escrivaninhas seus netos aprovados em exames de admissão ou vestibulares. Somente esse hábito representa alguns milhões de novas escrivaninhas por ano. As tabelas a seguir reforçam essas estimativas. A primeira tabela apresenta o número de crianças e adolescentes entre 0 a 19 anos de idade. As ocasiões em que tais presentes são dados são quando as crianças completam 7 anos (entrada no primeiro grau) e quando os jovens iniciam a universidade, aos 19 anos.

Um fato curioso é que existem japoneses que se lembram de propagandas, ouvidas durante suas infâncias, que divulgavam a venda de escrivaninhas que chegavam a durar 12 anos, que são o tempo que as crianças e adolescentes ficam na escola até entrarem na universidade. Logicamente, as escrivaninhas hoje terão que ser projetadas para uma nova realidade, incluindo a utilização maciça de computadores e outros instrumentos de comunicação modernos.

Como se acredita que essa tradição de presentear com escrivaninhas ainda perdurará por gerações, as projeções abaixo serão úteis para um planejamento pelas empresas interessadas.



Moradias



No Japão atual, as moradias podem ser divididas em três tipos básicos: casas residenciais – sobrados de dois andares, geralmente localizados nas regiões suburbanas das grandes cidades, ou no interior do país, com área média de 130 m² e divididas em 6 ou 7 cômodos; apartamentos para famílias, com cerca de 80 m² e divididos em 5 ou 6 cômodos; apartamentos para solteiros, do tipo conhecido no Brasil como “quitinete”, com áreas inferiores a 20 m².

É muito comum as moradias japonesas, hoje em sua maioria construídas segundo padrões arquitetônicos ocidentais, contarem com pelo menos um cômodo no estilo tradicional japonês, cujo piso é forrado com esteiras de palha, o conhecido “tatami”. Usado no Japão há pelo menos 17 séculos, o tatami, cujas dimensões fixas são 0,90 m X 1,80 m (1,62 m2), serve como módulo-padrão de medida de área, sendo geralmente utilizado nesse caso em sua pronúncia derivada do chinês como “djô”. Assim, o cômodo estilo japonês tem geralmente entre 6 (roku-jô = 9,72 m²) a 10 (jû-jô = 16,20 m²) “djô” de área.

Esse cômodo assume, ao longo do dia, importantes e múltiplas funções: de manhã cedo até o anoitecer, serve como sala de refeições e em seus intervalos como sala de estar ou mesmo de estudo. Para essas ocasiões, uma mesa baixa (entre 20 a 32 cm de altura) é posta no centro e as pessoas sentam-se em almofadas (“zabuton”) colocadas diretamente sobre o tatami. À noite, a mesa e as almofadas são removidas e sobre o tatami é estendido um acolchoado chamado “futon”, que serve como colchão de dormir.

Nos cômodos em estilo ocidental são distribuídos os demais móveis, em sua maioria também em estilo ocidental. No Japão, entretanto, os cômodos geralmente têm dimensões menores do que no Ocidente, e mesmo no Brasil, conforme descrito mais acima. Nesses casos, os principais cômodos dessas residências têm aproximadamente as seguintes áreas: sala de visitas (“kyakuma”) ou sala de estar (“ima”): 16 a 24 m²; sala de jantar (“dinning room”): 7 a 10 m²; quartos de dormir (“nema”, “shinshitsu”): 9,72 a 16,20 m².

Assim como muitas das casas no Japão ainda são feitas de madeira, são também preferencialmente de madeira os móveis residenciais utilizados no arquipélago. Ademais, devido ao próprio conceito modular do “tatami” em forma de um paralelogramo, o mobiliário tradicional japonês sempre privilegiou as linhas retas.

É, ainda, tradição japonesa das mais arraigadas tirar os sapatos à entrada da residência, circulando de chinelo pelos cômodos assoalhados (de madeira ou outros materiais) e descalço pelos cômodos com piso de “tatami”. Tal hábito influi na altura dos móveis ocidentais usados no Japão (principalmente cadeiras e mesas), que costumam ter alguns centímetros de altura a menos; gera, ainda, uma demanda adicional de um móvel praticamente desconhecido no Brasil – o porta-sapato ou sapateiras, localizado na entrada das residências.

Ainda no que diz respeito ao tamanho dos móveis, está havendo um aumento na estatura média da população japonesa, que ainda há poucos anos não ultrapassava 1,59 m. Entretanto, segundo o Japan Statistical Yearbook do Sômuchô (Agência de Administração do Govermo japonês), as estaturas médias dos japoneses atingiram respectivamente 1,72 e 1,59 m para homens e mulheres de 21 anos de idade.

Os móveis utilizados nos escritórios e edifícios públicos do Japão seguem os padrões ocidentais, sofrendo forte influência principalmente da Europa e dos EUA. Nos últimos anos, observa-se um grande aumento na utilização de móveis de metal, ou de materiais mistos, como madeira e metal ou outros produtos, principalmente sintéticos.

Por outro lado, estão sendo criados novos estilos de vida, o que vem estimulando o desenvolvimento de outros modelos e variedades de móveis para profissionais, que muitas vezes possuem utilidade dual tanto para residência quanto para escritório de trabalho. Dessa forma está surgindo uma nova modalidade de escritório/residência, designada como SOHO – Small Office Home Office, abrindo-se um grande mercado para a indústria de móveis destinados a esse segmento.



Fonte: Elias Antunes e José Augusto Soares de Azeredo

Coutinho. AsAmediator Consultoria de Negócios – São Paulo